V

Meu corpo enrijeceu ao ouvir a voz do homem que me chamou de ‘’cunhadinha’’. Virei-me devagar, minha boca se abrindo e meus olhos se arregalando pela beleza do tal homem. Ele estava com uma calça preta e apertada, e uma blusa preta que definia seus braços musculosos. Seu cabelo era de um jeito rebelde, charmoso, meio que ‘’acordei agora’’. Era lindo. Seu cabelo brilhava me fazendo ter vontade de ir até lá só pra tocar nele. Seus olhos eram de um azul impressionante. Sua pele branca e uniforme me fazia ficar envergonhada de tão bonita que era. Em seus lábios um sorriso de tirar o fôlego. Braços cruzados, me analisando com uma olhar predador. Não conseguia tirar os olhos dele.

–Que é que está fazendo aqui Damon? – Stefan perguntou se levantando da cadeira num movimento brusco, o que deixava claro que ele estava irritado com a presença de Damon.

–Vim te ver, meu irmão! – Damon abriu os braços, pedindo um abraço. Eu posso jurar que o conheço de algum lugar...

–Pronto já me viu... então, tchau. Vamos Valentina, eu te levo até seu quarto. – puxou meu braço até a porta. Damon aparece na nossa frente do nada. Isso deve ser de família. Só pode.

–Deixa de ser mal educado e me apresenta a moça. – ele sorriu pra mim. Percebi que também estava sorrindo. Me corrigi e fechei a cara.

–Não te interessa – Stefan sorriu para o irmão, que revida com outro sorriso sacana.

–Meu nome é Damon. Damon Salvatore. Ao seu dispor. – ele sorriu pra mim e puxou minha mão para beijá-la. Antes de tocar os lábios em minha mão olhou pra mim e deu uma piscadela.

Minha pele se arrepiou e não me contive. Mordi meus lábios e infelizmente ele percebeu. Riu de leve, esperando que eu me apresentasse também. Respirei fundo.

–Valentina Sanches. Prazer. – sorri tentando não parecer idiota. Tinha que perguntar. Seu rosto é muito familiar. -Hm... Eu te... Conheço de algum lugar?

Ele franziu a testa. Stefan estava do nosso lado de braços cruzados olhando para cima, como tivesse pedindo ajuda aos céus pra não poder fazer nenhuma besteira ali. Será que tudo isso foi por que ele atrapalhou o final do nosso jantar? Será que Stefan pretendia me beijar, e o irmão arruinou tudo? Sorri ao pensar em nós nos beijando. Sou trazida a realidade pela voz sedutora de Damon.

–Não... Infelizmente eu nunca te vi. Você é bem... – ele respirou fundo - bonita. Meu irmão é um cara de sorte, não é Stefan?! – ele riu. Stefan balançou a cabeça afirmativamente bem devagar, claramente querendo manter a calma.

–É sério Damon, você jura que nunca nos vimos? – Stefan deu um suspiro alto, impaciente.

–Você o viu no anúncio de roupa masculina daquela revista, no dia em que nós dois fomos ao shopping. Você ficou dizendo o quanto eu era muito mais bonito que ele, lembra? – Stefan me puxou pela cintura e me lançou um sorriso malicioso. Na verdade a história era que eu achara Damon mais sexy, mas não desmentiria Stefan na frente do irmão. Me seguro para não rir com o modo patético como ele me segurava, mas apenas assento com a cabeça.

–O quê?! – Damon exclama, revoltado. - Fala sério. Você pode até ser bonita Valentina, mas tem um péssimo gosto. Quem acha essa... criatura, mais bonita que eu? Impossível! – caio na gargalhada da maneira como ele se referiu a Stefan, e contribuo para Damon ficar mais irritado ainda.

–Fala sério. Quem é que escolhe você – aponto para ele como estivesse apontando para algo nojento – ao invés desse gostosão aqui? – passo a língua de leve pelo pescoço de Stefan que deixa escapar uma risada, claramente me agradecendo por aquilo. Damon olhava para aquela cena com os olhos cerrados.

–Você só pode ser louca.

–Ou você é convencido demais. – retruco.

–Uh. – Stefan fala, como se o que eu tivesse dito tivesse doído nele. –Enfim... depois dessa humilhação básica, nós temos que ir irmão. A gente se vê.

Não tive nem tempo pra dizer um ‘‘tchau” ou um ‘’desculpa’’ a Damon, e Stefan já estava me puxando para fora do pátio.

–Até amanhã Valentina, e eu sei que você vai mudar de ideia! – podia ouvir o som abafado da voz de Damon ecoando atrás de mim enquanto em afastava da porta, indo em direção ao meu quarto. Stefan estava com um sorriso vitorioso no rosto.

–Eu já te disse que você é demais?

Rio, um pouco envergonhada com a atenção que ele estava me dando.

–Ah, para com isso. Só queria baixar a bola dele um pouco. Vocês, da família Salvatore são uns metidos, sabia?

–Sabíamos. Mas é que a gente sabe o quão bom nós somos, apenas isso.

–Você é um bobo! – rio alto.

Eu me sentia muito feliz. O jantar foi muito agradável, e o encontro com o meu (se é que posso chamá-lo assim) cunhado foi muito menos explosivo do eu achei que seria. E além do mais eu sinto que o Stefan estava muito grato por tudo aquilo, o que me fez me sentir útil.

–Stefan...

–Hum? – ele para no corredor e se vira para mim.

–Você... não gosta dele por que?

Ele respira fundo.

–Deu para perceber?

–Mais ou menos. Antes de tirarmos onda com a cara dele, dava para ver o fogo nos seus olhos... você são inimigos?

–Somos quase. É uma longa história... ele sempre foi muito sacana comigo, e não acho que ele vai mudar... eu não gosto dele, nem ele de mim. Bom, às vezes parece que sim, parece que ele quer se desculpar, mas eu não seria capaz disso... ele é muito... imprevisível. Nunca confie nele. Ele pode parecer legal, mas ele pode dar o bote sem se importar se você vai se magoar ou se machucar. Além de imprevisível, ele é, sobretudo, egoísta. E quanto mais longe ele estiver, mais seguro nós estamos.

Um calafrio percorre minha espinha, e me pergunto se Stefan está só exagerando. Eu espero que sim.