Mystic Falls escrita por Larissa Armstrong


Capítulo 19
A ida com Blaine ao cinema




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V

–Você está linda. – Blaine disse assim que eu abri a porta pra ele. Sorri, meio que encabulada, olhando pra minha roupa.

Percebi que ele estava com dois capacetes, isso significava que ele tinha moto. Um sentimento de receio me invade imediatamente. Eu nunca tinha andado de moto. Vai que eu solto a cintura dele e sou caio da moto quando ela estiver em alta velocidade? Vai que meu capacete voa, e sei lá, quebre o vidro do carro que está trás? Eu nunca andei de moto por medo. E aquilo já estava me dando náuseas. Eu balancei a cabeça afastando meu pensamento pessimista. Ele mordeu os lábios, ainda sorrindo pra mim, me puxou pela cintura com dificuldade por causa dos dois capacetes na mão, me abraçando. Virei pra porta, acenando pra Hayley que acenou de volta, mostrando o polegar pra mim, num sinal de legal.

–Eu acho melhor você trazer uma jaqueta.

–Por quê?

–Você vai entender depois – ele me deu um sorriso misterioso. Fiz cara de confusa, mas acabei cedendo. Entrei no quarto de novo, pegando minha jaqueta de couro. Me despedi de novo da Hayley.

Já no meio do corredor ele volta a falar, espantando meus pensamentos focados em Stefan.

–Que é que você acha de nós dois passarmos em um restaurante? – ele sorriu pra mim.

–Hm, a gente pode comer no cinema – sorri pra ele dando de ombros.

Primeiro fez cara de confuso, mas depois prosseguiu até o estacionamento. Eu queria adiantar esse encontro com ele. Mesmo que ele seja um gato, educado e gentil, eu sei que na verdade eu não gosto dele. Eu gosto do garoto que me perturba, que me faz rir, que me faz revirar os olhos, o cara que me seduz sem me dizer uma palavra, o cara de pele branca e cabelo dourado, eu gosto do cara que disse que nunca vai se apaixonar por mim.

–Já andou de moto? – Ele me deu o capacete roxo, sorrindo. Fiz cara de medo, ele riu.

–Não nunca andei. Você tem certeza que é seguro? – cerrei os olhos, analisando a moto bem desconfiada. Ele riu mais ainda.

–Relaxa, você vai gostar. E é só não ter medo que você não cai da moto. – aquilo me fez ficar apavorada. Percebendo minha reação, ele riu.– Tô brincando. Vem que eu te ajudo. – ele chegou bem perto de mim, colocando meu capacete com cuidado. Ouvia a sua respiração controlada, segura. Bem diferente da minha, que estava totalmente sem controle. Ele terminou de colocar o meu e logo depois ele colocou o dele, sentando na moto e dando a partida. Ele olhou pra mim e bateu na parte traseira da moto, pra eu sentar. Respirei fundo e pus minhas duas pernas em cada lado da moto (o que era extremamente desconfortável, não era nada bom ficar com as pernas arreganhadas daquele jeito), apertando com força sua cintura. Ele riu por causa do meu medo.

–Vai devagar Blaine. – eu disse pra ele. Me repreendo por meu tom tão mandão. Ele olhou pra trás sorrindo.

–Pode deixar. É melhor usar a jaqueta. – cerrei os olhos, mas o obedeci.

Ele saiu devagar do estacionamento como prometido. Meu coração batia forte e eu aposto que ele podia sentir através da minha blusa, por que eu o agarrava como se precisasse dele pra viver, minha cabeça estava enterrada nas suas costas. Eu devo estar sendo patética.

Mas cara! Eu tenho medo de cair!

Blaine chegou à estrada, acelerando o ritmo aos poucos. Minha mão estava gelada, meu coração quase saindo pela boca. Eu tava com muito medo mesmo. Aí o Blaine foi acelerando, e eu fui soltando aos poucos sua cintura, deixando o vento bater no meu rosto, e aos poucos eu desenterrava minha cabeça das suas costas, e fui sentindo o vento no meu rosto. O ar puro entrando pelos meus pulmões, meu coração batia forte ainda. Mas não por causa do medo, e sim pelo sentimento de liberdade. Ao sentir que eu tava curtindo o Blaine acelerou a moto me fazendo rir que nem uma boba. Aquilo era muito legal! Ele fazia curvas doidas, fazendo a moto dançar na estrada escura e vazia. Inclinava a moto pro lado, quase tocando no chão. Eu realmente estava me divertindo com ele. Ele deixou a moto ao ‘’normal’’ e acelerou o ritmo. Agora entendia o porquê da jaqueta. Pela velocidade que estávamos eu morreria de frio por causa do vento. Eu quase aposto que estávamos a mais de 120km/h. o vento chicoteava meu rosto e meu cabelo fazia uma dança louca por baixo do capacete. A paisagem da floresta agora eram só borrões verdes, tirei meu braços de sua cintura, abrindo-os como se fossem asas, a ultima vez que me senti assim tão viva, sentia tanta adrenalina eu nem me lembro mais. Pra muitos pode parecer que foi só uma viagem de moto, mas pra mim foi como se acendesse a velha Valentina que estava adormecida dentro de mim.

Eu sentia que naquele momento nada nem ninguém poderia me parar, e eu pensava: que se foda Stefan, que se foda a sua falta de amor e que se foda tudo o que tivemos.

É claro que se estávamos a 120km/h nós chegaríamos, infelizmente, rapidíssimo a área urbana. Assim que ele foi entrando na cidade foi desacelerando, andando mais devagar. Até que paramos em frente de um pequeno cinema. Ele saiu primeiro da moto, me ajudando a sair também. Me espreguicei, ele me admirava com um sorriso de ‘’iaí? Gostou?’’ eu me atrapalhei pra tirar o capacete, e ele veio em ajudar de novo. Ele deve me achar uma retardada, só pode! Blaine levantou o banco da moto, guardando os dois capacetes dentro.

–Que é que achou da moto? – ele sorria orgulhoso, como se já soubesse minha resposta.

–Eu... Eu simplesmente... – eu não tinha palavras pra decifrar o que eu sentira em cima daquela moto agora a pouco.

–Você simplesmente descobriu que você nasceu pra uma moto e ela nasceu pra você, é isso. – ele disse rindo, pondo o braço por cima do meu ombro, me conduzindo até o cinema.

–Exatamente! Eu me senti como um pássaro que tinha se libertado da gaiola, ou mesmo um escravo que teve a sua carta de liberdade escrita. Eu me senti... Sei lá! – eu disse quase pulando de empolgação.

Ele riu com toda minha alegria.

–Pode deixar que quando a gente voltar eu vou te ensinar a pilotar uma moto.

–Você tá brincando né? – eu disse boquiaberta. Eu estava parecendo uma criança, assim que ganha um presente de natal. Santo Deus! Primeira vez que eu saio com o cara e já me comporto como uma idiota! Limpei a garganta, me endireitando. –Agora é sério. Você vai mesmo me ensinar né? – cerrei os olhos pra ele.

–Palavra de escoteiro! – ele fez um gesto com a mão. Cerrei os olhos.

–E quem me garante que você é um escoteiro? – olhei pra ele desconfiada ele gargalhou.

–Tá, então palavra de... – ele olhava pros lados, procurando alguma coisa pra jurar. Aí ele se soltou de mim, abraçando um poste. – Eu juro por este poste que eu. Blaine Anderson , Ensinarei Valentina – ele olhou pra mim me como se estivesse em duvida do meu sobrenome

–Sanches. – eu disse me segurando pra não rir.

–Então como eu dizia – ele limpou a garganta. – Eu, Blaine Anderson , juro que Valentina Sanches a menina da qual ama motos a partir de agora – eu estava gargalhando muito alto - Irá aprender a como pilotar uma moto. Ou não eu não faço mais parte do grupo: ‘’Caras que abraçam um poste para jurar para mulheres chamadas Valentina que irão ensinar como pilotar uma moto’’. Muito obrigada a todos. Tenham uma boa noite.

Bati palmas como se estivesse em uma plateia, e ele fez reverência, agradecendo. As pessoas nos olhavam sem disfarçar, o que me fez rir mais ainda. Ele deixou de abraçar o poste e me abraçou, logo depois passando os braços sobre meus ombros.

Entramos no cinema, ele me levou logo pra a seção que vendia lanches. Ele comprou chocolates, balas, dois copos de refrigerante e um saco de pipoca grande. Hayley adoraria estar aqui.

–E aí? Que filme você quer assistir? – ele me perguntou, abrindo o saco de jujubas e enfiando uma na boca, estendi a mão e ele me deu outra.

–Não sei... – eu disse colocando uma jujuba na boca também. –Contanto que não seja um filme de terror tudo bem. – enquanto eu falava a jujuba pulou da minha boca, eu fiz uma cara exagerada de: ‘’ OH MEU DEUS’’ nós dois rimos muito alto, chamando atenção de todo mundo. Ele jogou outra jujuba pra mim, e eu peguei com a boca. Ele segurou em minha cintura enquanto andávamos.

–Que tal de suspense?

–Não... Até de suspense eu tenho medo.

–Hm, que tal ação? – eu não gostava de filme de ação. Aqueles caras matando um ao outro, aquelas balas que atravessavam várias paredes, todas aquelas mentiras de filmes americanos me deixavam entediada. Mas ele vai me achar uma chata se eu recusar tudo o que ele diz, então simplesmente dei de ombros sorrindo pra ele.

Aí ele comprou duas entradas pro filme Duro de Matar 4. Me segurei pra não revirar os olhos. Sério? Aquele filme mesmo? Respirei fundo. Mantendo calma. Entramos na sala do cinema. Não era muito grande, estava bem fria e vazia, no máximo umas 20 pessoas numa sala que comporta 70. Subimos os degraus, sentando no fundo da sala. Sentei e me aconcheguei na cadeira. Enquanto Blaine estava com a maior dificuldade pra ajeitar todas as coisas que ele comprou pra comer e ainda sentar. Revirei os olhos, rindo. Conseguir arrumar, e ele conseguiu sentar, me olhava com uma cara de impressionado, e eu com uma cara de ‘’ eu sei que sou inteligente’’. Ele passou o braço sobre meu ombro, mas não cedi e continuei no meu lugar. No começo dos trailers o sono já estava batendo. Não adianta, a fórmula para o sono é: lugar frio + escuro = eu dormindo.

–Quer pipoca? – Blaine me perguntou me despertando do meu leve cochilo.

–O que? – eu disse esfregando meus olhos. Ele riu.

–Você já tá dormindo? – ele me olhou quase rindo.

–Eu? O que? Claro que não! Não, não to dormindo – eu disse, despertando mais e me endireitando na cadeira.

–Sei... – ele cerrou os olhos pra mim – tenta não dormir, por que né – nós dois rimos.

O filme começou chato, como eu estava prevendo. Blaine estava com os olhos vidrados na tela. Sério? O cara desviar de todas aquelas balas? Ele enfrentar grupos de mais de 6 caras e sair vencendo? Suspirei. Que coisa idiota! E de repente mexer no meu cabelo era coisa mais interessante que existia no mundo naquele momento.

O Blaine percebeu o quanto eu tava entediada. Tocou na minha mão, fazendo carinho nela. Olhei pra ele, um pouco nervosa e torcendo para que ele não perceba minha mão se encharcando de suor.

Ele tocou no meu rosto, alisando-o de leve, fechei meus olhos com o toque da sua pele, toque macio, sedoso. Ele beijou a minha bochecha e depois encostou os lábios nos meus, várias vezes, de formas diferentes. Ele acariciava meu cabelo de uma forma firme, segura. E logo sua língua pediu espaço em minha boca. Cedi. Nossas línguas se entrelaçavam uma na outra, num ritmo perfeito, calculado. O beijo estava sendo ótimo. Só que... Eu não sentia nada. Nem um arrepio. Nem um frio na barriga, nada. O estranho é que eu senti tanta coisa só encostando os meus lábios nos de Stefan, e nesse beijo de língua com o Blaine... Nada.

Blaine puxou a minha perna e apertou de leve. Continuava a subir a mão. Joelhos, coxas, cintura. Até que pediu espaço embaixo da minha blusa e eu recuei, mordendo os lábios, ele fazia a mesma coisa.

–Hm, eu acho que a gente tá perdendo... a melhor parte do... Do filme! – eu sorri pra ele. Ele sorriu de volta. Ele entendeu que eu não tava nem aí pro filme, entendeu que eu não queria chegar tão longe com ele, não aqui, muito menos agora. Fingi estar interessada naquela merda, enquanto me aconchegava em seus braços, não consegui controlar meu sono e sim, acabei dormindo.

–Valentina? – a voz de Blaine soava no meu ouvido. Abri meus olhos devagar, olhando ao redor, a sala já estava iluminada, na tela não havia mais filme algum.

–Já terminou? – olhei pra ele franzindo a testa. Ele riu.

–Já, e você dormiu o filme todo! – nós dois rimos. –Vamos? – assenti com a cabeça, segurando na mão dele enquanto ele me levava pra saída. Eu me sentia pesada e tinha quase certeza que meu rosto estava inchado. Saímos do cinema, Blaine comentando o quanto o filme foi bom e o quanto eu perdi. Chegando lá fora ele me deu um capacete.

–Vamos a sua primeira aula?

Merda, eu tinha esquecido!

–Não... sei lá, está um pouco tarde e eu ainda estou sonolenta... – digo, esfregando os olhos.

Ele assente com a cabeça.

–Tudo bem, linda. – ele diz, se aproximando de mim e pondo uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Ele abaixa levemente a cabeça para me beijar novamente. Finjo tossir antes de ele chegar mais perto.

–Desculpa – tusso de novo. – Está um pouco frio aqui...

Ele sorri e me abraça, e depois pega o casaco no baú da moto e me veste.

–Vamos nessa?

–Claro! – forço-me um sorriso.

Eu sentei de volta na garupa da moto. Dessa vez o Blaine foi ainda mais rápido. Eu já estava muito mais segura em uma moto, então ele acelerou muito mais, mas não curti como a primeira viagem. Eu fazia um balanço do encontro, e me perguntando se ele não ficara chateado com a minha recusa de beijá-lo novamente.

Chegando ao internato ele me levou até a porta do meu quarto.

–Então... Foi muito legal sair com você. – ele sorriu pra mim de forma sincera, fazendo meus medos evaporarem.

–Eu também gostei de sair com você. Principalmente na parte do juramento, aquilo me tocou mesmo sabe?! – ponho a mão no coração, e nós dois rimos. – Então, acho que é isso –dei de ombros - boa noite. – eu fui até ele, lhe dando um beijo na bochecha, assim que eu me afastei ele me puxou pela cintura, beijando a minha boca. Retribui, mesmo não querendo. E assim como na primeira vez eu não senti nada. Ele se afastou, mas antes morde meu lábio inferior de um jeito delicioso.

–Boa noite, Valentina. – por ultimo me deu um beijo no pescoço e saiu pelo corredor, sorrindo pra mim.


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