Conrad & Valerie escrita por Beatriz de Moraes Soares


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Quis fazer essa short primeiramente para mostrar como era Valerie antes da Esclerose Múltipla, em segundo lugar, para mostrar o quão Conrad Fitzgerald foi importante para ela e por último, mas não menos importante para mostrar o porquê das inúmeras esquivadas que Valerie deu antes de se relacionar com Eric e também, o porquê dela ter escondido por tanto tempo sobre sua doença. Espero que apreciem, o quanto eu apreciei escrever.

Beijinhos Beatriz Shepherd.


IMPORTANTE: O TEXTO ESTÁ SEM BETAGEM, PORTANTO DEVE HAVER ALGUNS ERROS DE DIGITAÇÃO E ORTOGRÁFICOS. MINHA BETA ESTÁ EM SEMANA DE PROVA, ENTÃO ASSIM QUE ELA VOLTAR O CAPÍTULO SERÁ REVISADO.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/446830/chapter/1

– Pronto meninas! – a Sra. Andrews diz enquanto vai até o aparelho de som posto no canto do estúdio e o desliga. Ela volta até a nossa frente e faz um sinal para que nos sentássemos e por fim fazemos praticamente nos jogando ao chão, completamente exaustas.

Era de se esperar que estivéssemos dessa forma, já havíamos passado por uma maratona de ensaios intensos durante o dia todo. A Sra. Andrews vinha pegando pesado conosco desde que surgiu a oportunidade de uma de suas alunas entrarem na Royal Academy of Dance. Apenas uma faria o teste, mas segundo a Sra. Andrews os ensaios em conjunto ajudariam o desempenho na hora da apresentação-teste:

– Bom, quero dizer a vocês – continua a Sra. Andrews – que estou muito feliz com o desempenho de vocês. Espero que todas torçam para que nossa estrela – ela olha para mim – Valerie Novack se saia bem na segunda.

Todas olham para mim também e então faço uma aceno discreto com a cabeça.

A Sra. Andrews nos dispensa e rapidamente eu trato de ir ao vestiário e me enfiar embaixo do chuveiro e aproveito cada segundo embaixo da água quente e por fim massageando com o sabonete liquido meu pé dolorido. Desligo o chuveiro e me enrolo na toalha e começo a me vestir, como é metade da primavera e o clima é de calor em Londres, coloco um vestido e uso meu cabelo em um rabo de cavalo e pego minha mochila.

Olho no relógio de pulso em meu braço esquerdo e já são por volta de 18h30. Caminho lentamente para fora do prédio da Academia de Ballet Saint Bartholomew em direção ao ponto de ônibus. Quando estou no ponto, reviro minha mochila a procuro do meu iPod e finalmente o acho, enfiado dentro da minha sapatilha, o pego e coloco meu fones de ouvido e clico na pasta do álbum Revolver dos Beatles e começo a reproduzir as faixas enquanto espero meu ônibus.

Quando o ônibus vem, subo rapidamente e vou ao meu lugar habitual, o primeiro assento do segundo andar de ônibus. Gosto da visão que tenho daquele lugar, Londres parece mais bonita do que costuma ser. O ônibus para em meu ponto e me apresso a sair, pois ainda tenho uma pequena caminhada até minha casa. Minha mãe nunca gostou que eu pegasse ônibus, na verdade ela nem sabe que eu pego, ela pensa que eu uso táxi para ir e vir da Academia Saint Bartholomew, mas eu gosto da liberdade que o ônibus me faz parecer ter.

Estou a poucos metros de casa, quando miro um Mini Cooper vermelho estacionado a frente dela. Apresso meus passos até que vejo quem é a pessoa, ou melhor, as pessoas que estão dentro do veículo, meus melhores amigos; Meredith Pieruzzi e Conrad Fitzgerald.

Há uma pequena nuvem de fumaça dentro do carro, mas é impossível não ver que são ambos. Assim que me veem, eles ficam agitados e parecem esconder alguma coisa e nesse momento eu bato no vidro e eles abrem, a primeira coisa que sinto é o fedor da fumaça entrando em minhas narinas:

– Vocês estão fumando maconha? – eu grito e rapidamente os dois riem.

– Fale mais alto, Valerie – grita Conrad, ainda rindo – Não ouviram lá de Yorkshire.

– O que estão fazendo aqui? – pergunto impaciente.

– Viemos te sequestrar! – diz Meri animadamente.

– Vocês o que?

– Cala boca e entra nesse carro, Valerie Novack – Meredith que está no volante sai do carro e me empurra para o banco de trás, vejo os “negócios” que os dois usavam jogado no assoalho do carro em frente ao banco de Conrad, assim que Meredith entra e da a partida n carro, me jogo no colo de Conrad, pego o saquinho e jogo pela janela. Meredith quase perde a direção, me chacoalhando de um lado para o outro, mas Conrad me segura e então volto para o banco de trás:

Valeria è pazzo? Vuole ucciderci! – grita Meredith

– Vocês dois não deveriam usar essas porcarias! – digo

– Madre Teresa de Calcutá, guarde sua santidade para você mesma!

– Ei, Meri – protesta Conrad – não é pra tanto!

Ele se vira e sorri para mim, eu sorrio de volta.

Conrad em minha humilde opinião era o garoto mais lindo do colégio – ou melhor, continua sendo mesmo agora que concluímos o ensino médio – , sempre muito simpático, divertido e muito sexy, ele sempre chamava atenção, junto de Meredith e eu, formávamos o Fab Three como eu costumo dizer, sempre muito juntos, apesar de nossas particularidades, nossa amizade sempre foi muito forte. Claro, que cada um vivia em seu mundinho particular: Eu, sempre focava no balé – focada demais segundo Meredith – nunca liguei muito para festas e namoros, já Meredith era o oposto, sempre querendo curtir festas regadas a muitas coisa ilícitas e garotos com testosterona saindo pelas ventas e Conrad, ah... O que eu poderia dizer de Conrad? Ele era apenas Conrad. Nosso Con:

– Meredith, para onde diabos estamos indo? Eu tenho que descansar esse fim de semana, sabia?

– Val, minha querida, Val – suspira ela – hoje é sexta-feira, apenas relaxe...

– Relaxar com vocês dois chapados e a mais chapada ainda dirigindo? Impossível – olho para Conrad que não tira o sorriso dos lábios, parecia aquelas velhas que haviam feito Botox, a maconha ainda estava fazendo efeito – Con, onde estamos indo?

– Na festa de Monise.

– Sua irmã? – olho para Meredith.

– Ela está se formando também – a observo confusa e depois ela se corrige – só que na faculdade e vai dar uma festa em seu apartamento! Oh Dio! Vários universitários ali. Imagine Valerie? Vamos fazer a festa! E quem sabe você não perde de vez esse... – pigarreio e com os olhos aponto para Conrad que nos observa alheio a conversa – Esse seu medo de gente! – suspiro completamente aliviada – Eu já liguei pra sua mãe, ela acha que você vai dormir em casa.

Eu era virgem. Esse era o problema, ou parte dele.

Na verdade nunca liguei muito para essa história de perder a virgindade, para mim era algo que se poderia esperar com calma. Eu pensava assim, até que aos poucos minhas amigas foram perdendo a delas e eu continuava estagnada. E então veio o desespero, eu era caloura no colégio e provavelmente a última das virgens e começara ali a corrida contra o tempo ou como Meredith dizia: A busca pelo bastão de Ouro.

Eu nunca muito ligada nessa história de fazer com quem você ama, para mim era mais como a pessoa certa, Meredith me dizia que para eu achar essa tal “pessoa” certa eu tinha que procurar, então ela me arrumou inúmeros encontros, mas durante os mesmos nada parecia haver sucesso, eu não parecia me identificar com nenhum garoto e todos, absolutamente todos me achavam um tanto estranha por ser tão focada na minha carreira no balé.

Meri com sempre, dizia que eles que eram uns trombadinhas sem futuro e que não entendiam de arte, somente para me animar, mas a verdade era que eu era uma negação com garotos. Eu já ficara com vários garotos, mas não passavam de beijos e paixonites platônicas. O único garoto com que eu tinha uma boa relação, ou melhor, uma ótima relação era com Conrad, nem mesmo quando nos beijamos isso foi estragado. Sim, nós no beijamos, foi algo estranho, mas um estranho bom.

Na noite do baile de formatura, Conrad havia sido meu par e ele fez a boa ação de me acompanhar. Ele nem queria ao menos ir, segundo ele achava uma tremenda besteira bailes da escola, mas como eu queria muito ir e não havia ninguém para me acompanhar, Conrad decidiu o fazer. Enquanto uma música lenta tocava, estávamos na pista de dança, Conrad com suas mãos em minha cintura e eu com os braços em volta de seu pescoço, ele me encarou e eu o encarei e depois de alguns segundos estávamos nos beijando. Depois que nos separamos, novamente nos encaramos de novo e começamos a rir e dizer o quão estranho havia sido. Depois fomos beber com o pessoal, fingindo que nada havia acontecido:

– Chegamos! – diz Meredith assim que desliga o motor de seu carro, estamos no conjunto de apartamento universitário da Universidade de Londres é um lugar grande e luminoso. Meredith sai do carro e Conrad em seguida, acompanho os dois meio destrambelhada, noto que meu cabelo ainda está em um rabo de cavalo e o solto, ajeito meu vestido que está amassado.

Conrad nota que estou para trás e pede para Meri me esperar, ela me vê e vai até mim me puxando pelo braço e então começa a tagarelar de quanto está feliz que estamos aqui. Subimos até o nono andar e seguimos até o apartamento de Monise.

Ao chegarmos lá, encontramos o lugar lotado e conforme adentrávamos parecia ter mais, a música era alta e o cheiro do ambiente era forte. Já havia vindo umas duas ou três vezes com Meri aqui e o lugar era um cubículo. Como era possível ter tantas pessoas em um lugar tão pequeno como esse? Era fisicamente impossível! Finalmente no meio da multidão Meredith encontra Monise:

– Você veio mesmo, irmãzinha? – diz Monise abraçando Meredith.

– Você acha mesmo que eu iria perde uma festa dessas? Lotada de universitário? Só sonhando!

– E vejo que trouxe sua sombra – diz Monise olhando para mim e logo após seu olhar vai para Conrad – e esse bebezinho lindo – ela se aproxima de Conrad tentando sensualizar – você cresceu, bebê...

– Ei, ei Mona – diz Meredith entrando em sua frente – lembra-se das regras: Nada de pegar os amigos da irmã!

– Como você é chata, Meredith! – ela diz se afastando – aproveitem a festa e... – ela se vira rapidamente e pisca para nós – usem caminhas!

– Bom ver você também, Monise – brinca Conrad

Reviro os olhos e digo:

– Sua irmã tem sérios problemas!

– Vou pegar uma bebida ali – diz Meredith sumindo na multidão.

Olho para Conrad e ele dá de ombros, não sei bem o que se faz em festas, mas acho que vou fazer o mesmo que Meredith, pegar algo para beber. Digo a Conrad e ele assente. Vou me espremendo entre as pessoas até chegar a cozinha, enquanto pego uma lata de Heineken, quando em viro sou surpreendi por uma boca me devorando. Sinto o gosto de tabaco e álcool em minha língua. A boca se afasta com a mesma rapidez que veio, finalmente acho que vou conhecer o dono da boca, ele dá meia volta em some, consigo apenas ver que ele usa jaqueta de couro preta e que sua pele é escura.

Dou de ombros: Deve ser o que acontece normalmente em festa...

Vou voltando e no meio das pessoas sinto alguém levantar meu vestido por trás, viro num movimento rápido e dou um tapa na cara de um loirinho com cara de galês, safado! Estou no mesmo lugar onde estava com Conrad a poucos minutos, mas ele não esta mais aqui Deve com certeza estar se atracando com uma universitária gostosa, vou para a algum canto do apartamento e bebo minha cerveja sossegada.

A hora parece não passar e já estou querendo ir embora, quando o localizo no meio da multidão, eu estava certa, ou parcialmente. Ele está dançando com uma garota, enquanto segura uma garrafa de cerveja – que de vez enquanto toma uma golada. Ele está alegre e feliz:

– Oi, docinho – um sotaque americano grave diz, olho para o lado e vejo o dono da voz, um homem alto, com olhos cor de mel, pele negra e... Uma jaqueta de couro preta? Arqueio a sobrancelha tentando raciocinar e ele abre um sorriso e vejo seus dentes perfeitos.

– Oi – digo confusa.

– Aqui está ela – diz Meredith surgindo atrás do cara – Essa é minha amiga Valerie, Valerie esse é Killian Jones, colega de apartamento de Mona – diz sorrindo e depois vem ao meu ouvido e sussurra – ele americano.

Meredith sempre teve uma queda por americanos, apesar de nunca ter ficado com um, ela os achava muito sexy. Vai entender...

– Eu meio que percebi – digo desconfortável.

– Eu já conheci há alguns instantes na cozinha – diz e tenho a confirmação de ele era o Cara da Boca.

– Já? – pergunta Meri.

– É – confirmo – ele meio que enfiou a língua na minha boca.

Oh Cristo, eu disse isso mesmo?

Meri arregala os olhos e Killian sorri maliciosamente:

– Bom, se vocês já tem toda essa intimidade... Acho melhor eu deixa-los a sós – diz se afastando e sumindo na multidão.

– E então... – Killian diz e em um segundo já está me prensando na parede e eu quase me desequilibro, sinto seu membro se esfregar em minha barriga, viro meu rosto dando espaço para que ele beije meu pescoço e então sinto o aroma de tabaco vindo de sua jaqueta – o que você faz?

– Balé! – digo e então solto um gritinho quando ele do nada enfia a mão por baixo de meu vestido e desliza pela parte de dentro de minhas coxas .

– Então você deve ser bem flexível!

– Um pouco – digo sorrindo.

– Vamos pro meu quarto então – ele pega minha mão e vai me arrastando, assim que chegamos ele fecha a porta e me empurra fazendo com que eu caia na cama, ele joga sua jaqueta no chão e pula em cima de mim, acariciando meus seios enquanto me beija – que delicia... – ele começa a deslizar para cima meu vestido e sinto meu coração disparar.

– Killian... – sussurro.

– Acalme-se, docinho. – ele diz tapando minha boca – na hora certa você vai sussurrar meu nome.

– É que eu tenho que te contar que eu... – ele para – sou... Meio que virgem, sabe.

Ele pula para trás:

– Como assim “meio que virgem”?

– Eu sou virgem – finalizo.

– Olha, sinto muito, gatinha, mas eu não faço caridade – ele pega sua jaqueta jogada no chão e abre a porta saindo, me deixando ali. Com cara de tacho.

Está certo, eu ia fazer uma besteira e foi até melhor, porque ele apesar de ser um gato, ele não parecia ser “O Cara”. Ajeito meu vestido e meu cabelo e em seguida vou até saindo pelo quarto, quando Meredith me agarra pelos braços e pergunta:

– Mas, já? E aí, como foi? – o cheiro de álcool entra em minhas narinas e me deixa um pouco tonta, ela já deve ter bebido muito.

– Não aconteceu nada, Meri – respondo.

– Valerie, você é uma banana! Um homem daqueles e você dá esse mole?

Eu não queria contar que ele havia me deixado por que eu era virgem.

– Eu vou embora, estou cansada. – digo me desvencilhando de seus braços e ela me puxa novamente.

– Nada disso, dessa noite não passa, vou arrumar alguém para você!

– Meredith – olho diretamente para seus olhos verdes, totalmente séria – eu não quero mais que você me arrume ninguém, se for acontecer, vai acontecer com alguém que eu quero!

– Mas, se você não procurar você nunca vai achar!

– Eu vou achar, pode ter certeza!

– E ai, gata – surge um cara não sei de onde e agarra Meredith pelas costas, ela solta meu braço para que ele a abrace completamente.

– Oi Bryan – diz Meredith se virando e o beijando.

– É Brysson – ele a corrige.

– Que seja!

– Vamos? – ele diz e me olha e eu assinto.

Vou caminhando entre as pessoas em direção a porta, eu vou embora, estou cansada e essa música que está tocado me irrita. Quando estou quase na porta, alguém agarra meu braço e estou prestes a gritar e dar um tapa na pessoa, quando vejo que é Conrad:

– Calma, Vale – diz agarrando os olhos.

– Que susto, Conrad – digo.

– Onde está indo?

– Embora.

– Com assim?

– Eu não quero ficar, Conrad – ela disse.

– Ah, vamos lá, Val! Você mal sai, se não fosse eu e Meredith te arrastarmos para fora de sua casa, você mal sairia – e então ele faz aquela cara de cachorro sem dono, que segundo ele, era sua arma secreta com as garotas e realmente ele ficava uma graça, mas eu era imune aos encantos de Conrad Fitzgerald – por favor?

– Não. – ele insiste com a cara e eu suspiro pesado – Está bem! – talvez eu não seja tão imune assim.

Ele me puxa e me abraça, e então me leva de volta a cozinha, onde pegamos outra Heineken. Vamos até o meio da sala de estar do apartamento – ou apertamento como brincou Conrad – e começamos a dançar, eu:

– E então, quantas hoje?

– Como assim?

– Quanto o Don Juan DeMarco já pegou hoje? – brinco.

– Cinco e foram em legitima defesa – brinca de volta – e Bailarina? Já pegou alguém hoje?

– Americano – dou de ombros – olhos cor de mel.

– Grande avanço para quem já ficou comigo.

– Eu só penso evoluir! – brinco e então ele faz uma careta.

E então eu sou empurrada e Conrad me segura, olho para trás e vejo Meredith rindo abraçada a um outro rapaz:

– Cuidado, Val – diz entre gargalhadas – com esses seus dois pés esquerdos, você vai acabar tropeçando. – olho confusa para ela pois ainda não entendi a graça que ela viu e mais ainda em sua piada sem graça – olha, eu vou ali, passear com Marcos – ela diz ela dando um beijo em seus lábios.

– É Michael.

– Que seja – ela ri – então não precisam me esperar! E você – ela diz apontando para mim – acho melhor dar uma volta pelo apartamento e achar logo alguém! – ela fica séria por mais alguns segundos e depois começa a rir novamente – Beijos galera!

Michael a arrastada e ela desaparece no meio das pessoas, assim como ele:

– O que ela quis dizer com achar alguém? – pergunta Conrad curioso.

– Bobagem – digo envergonhada.

– Não pareceu bobagem, Valerie – diz – você sabe que pode me contar.

– É vergonhoso, Conrad.

– Tão vergonhoso que não pode contar a seu melhor amigo?

Eu posso contar a Conrad, não é? Ele é meu melhor amigo e eu posso contar tudo a ele.

– É que... – ele arregala os seus olhos castanhos para mim – eu sou virgem e Meredith e eu estamos procurando alguém para que eu possa perder minha virgindade – digo tão rapidamente que ele me olha confuso – eu não disse que era vergonhoso.

– Acalme-se, Valerie – diz ele me puxando para o canto da sala de estar.

– É que... Eu tenho 18 anos, Conrad e parece que eu não sei nada da vida. Eu curto como vocês: Não bebo, eu fumo... Eu não uso drogas – sussurro a ultima frase e ele ri, com certeza se lembrando do episodio mais cedo com a maconha – e não faço sexo como uma adolescente normal. A única coisa que eu sei é dançar – uma lagrima cai de meus olhos.

– Valerie, a vida não se baseia somente nisso – ele diz passando os dedos em sobre meu rosto, limpando a lagrima que caiu – não se sinta pressionada porque as pessoas dizem que você não curte, porque não faz tal coisa.

– Mas, não é porque dizem. Eu sinto isso.

– Se você sente que tem fazer isso, faça.

– Mas, como eu posso fazer se parece que o mundo conspira contra mim?

– Sabe que Meredith e eu podemos ajuda-la com algumas coisas dessa sua lista mirabolante de coisas para curtir a vida, não sabe? – diz sorrindo – apenas acalme-se.

– Eu não ligo muito para essa lista, eu só ligo para o que está no topo dela.

– E o que seria?

Coro e Conrad ri no mesmo instante.

– A coisa mais vergonhosa do mundo – eu começo a gargalhar.

– Cale a boca! – ele começa a rir também – não é tão vergonhoso assim. É lindo!

– Lindo? Lindo ser chamada de Virgem Maria e falarem que você vai ser canonizada?

– Tá, é meio vergonhoso, mas não é tão vergonhoso para você quanto é para mim...

– O que? – pergunto catatônica.

– Ai meu Deus – ele vira seu rosto para o lado, visivelmente envergonhado.

– Con... Eu entendi bem o que você quis dizer?

– Eu não disse que é mais vergonhoso para mim? – ele diz dando meia volta e andando entre as pessoas.

– Con, espere! – digo tentando alcançá-lo e então ele para e me olhar – desculpa, eu não quis te ofender, é só que fiquei surpresa...

– Por quê?

– Porque, oras, você é Conrad Fitzgerald. O cara mais gato do colégio!

– Exatamente – disse – porque eu sou Conrad Fitzgerald todos acham que eu comi meio mundo, mas não é bem assim, Valerie.

– Mas, você não...

– Claro que eu quero, Valerie. Eu sou um homem, eu tenho minhas necessidades.

Ele abre a boca para dizer algo, quando alguém me empurra e ele me segura em seus braços, eu me sinto como naqueles filmes antigos. Ficamos no encarando por alguns segundos e então tenho a mesma sensação que tive durante o baile, segundos antes de Conrad me beijar. E é isso que ele faz.

Retribuo sem ao mesmo pensar nas consequências, ele grava suas mãos enormes em minhas coxas e me puxa para perto de si, sinto meu vestido subir e tento me movimentar para abaixá-lo, mas não consigo, pois Conrad tem suas mãos muito firmes sobre mim. Quero respirar, mas não consigo, quando sinto que vou desmaiar por falta de oxigenação no cérebro Conrad para o beijo e eu o encaro, ele morde seu lábio inferior e eu sinto algo formigar entre minhas pernas, abaixo minha cabeça envergonhada.

Ai meu Deus, o que é isso? Eu nunca senti isso!

Levanto minha cabeça e vejo que Conrad continua a me obervar, ele espera uma resposta e eu dou:

– Vamos embora daqui – sussurro em seu ouvido pegando sua mão e o levanto para fora do apartamento de Monise.

Conrad diz estar com as chaves do carro de Meredith e já que ela com certeza irá passar a noite fora, não vimoos problemas em pegar seu carro. O percurso até ele é um pouco difícil, pois é complicado andar sem se desgrudar um do outro, quando finalmente conseguimos essa façanha, entramos no carro e Conrad com um pouco de dificuldade – noto que suas mãos estão tremulas – coloca a chave no carro, liga o motor e segue para onde quer que seja.

Enquanto ele dirigi sinto uma vontade inenarrável de tocá-lo, não sei como isso passou por minha cabeça, mas ocorreu que eu o fiz, deslizei minhas mãos por suas coxas e comecei a alisá-la, bem lentamente... Conrad olha de canto e solta um suspiro pesado, ele parece gostar, pois em seguida tira sua mão direita da direção e a põe em minha coxa também, só que ela desliza para a parte de dentro dela, por baixo do meu vestido. Solto um gemido baixo, quando olho para frente na estrada e vejo que estamos na contra mão e um carro vem em nossa direção:

– Conrad! – berro.

Ele rapidamente desperto e gira o volante para o lado oposto a tempo:

– Melhor pararmos... Por enquanto. Vamos para minha casa, meus pais não estão – ele diz e concordo com a cabeça.

Depois de alguns minutos chegamos à mansão Fitzgerald, Conrad me conduz em meio a escuridão até seu quarto rapidamente, quando dou por mim estamos já nos agarrando e Conrad me joga em sua cama, sobe em cima de mim e começa dessa vez, lentamente despir-me:

– Con? – uma voz amedrontada chama seu nome.

Rapidamente Conrad sai de cima de mim e eu me levanto de sua cama, miro a garotinha com longos cabelos e belos olhos castanhos na porta do quarto, a irmã mais nova de Conrad, Alba. Alba é mais nova que minha mãe Charlotte, ela tem seis anos, enquanto Charlie tem doze. Alba é um doce de menina, mas nesse instante eu a odeio ferozmente:

– Alba, o que faz aqui? – pergunta Conrad.

– Eu ouvi barulhos, achei que fossem papai e mamãe.

– Mas, eles só voltarão amanhã, Ab – ele se aproxima de Alba e se ajoelha a sua frente, ela estica o pescoço para me observar, mas eu me escondo entre os lençóis de Conrad – vá para seu quarto. Onde está Carlota?

– Ela está dormindo.

– Bom, já é hora da senhorita estar dormindo também – ele dá uma olhada por uma fração de segundos em mim e depois se volta para Alba – Vamos eu a levo para dormir! – ele a pega no colo e mais uma vez ela olha para mim.

– Con, quem é aquela?

– Uma amiga.

– É Valerie?

– Não, não... - diz Conrad saindo do quarto, mas eu ainda posso ouvi-los no corredor – É a... Valentina, ela é uma amiga do Con e ela veio dormir aqui.

– Por quê? – pergunta Alba curiosa.

– Por que ela é pobre e não tem onde dormir.

– Ah... Você está fazendo, tipo, caridade... Igual papai e mamãe?

– Aham... E...

Solto uma gargalhada da desculpa esfarrapada de Conrad. Valentina? Pobre? Caridade? Isso foi realmente horrível. Depois de alguns minutos, Conrad estava de volta com um olhar envergonhado, ele se senta ao pé da cama e diz:

– Desculpe-me por Alba, achei que ela estivesse dormindo.

– Tudo bem...

Arrasto-me por sua cama e indo a sua direção, seguro seu rosto em minha mãos e lentamente o beijo, ele me segura pela cintura e vai me deitando em sua cama, subindo em cima de mim, mas de repente ele para e olha para a porta e lá está Alba, novamente. Suspiro pesadamente e balança em negativa, quase não acreditando:

– Con, não consigo dormir. Pode me contar uma historinha?

Não pode ser! Isso era algum tipo de piada?

Conrad me lança um olhar se desculpando e segue em direção à Alba, me deixando ali sozinha. Me sento na cama realmente irritada, parece que a sorte não está a meu favor, acho que essa noite não vai mesmo acontecer. Levanto-me, ajeito minhas roupas e vou saindo do quarto de Conrad, passo pelo corredor escuro de sua casa, tudo bem rápido e silencioso, quero sair antes que Conrad me veja, mas então olho ao relógio, são quase duas da manhã, não poderei voltar para casa já que meus pais acreditam que vou dormir na casa de Meredith e não posso ir para casa de Meredith, já que perdi Meredith. Paro um instante no alto das escadas refletindo sobre minha situação, quando Conrad aparece atrás de mim:

– Para onde está indo? – pergunta.

– Não vai dar certo aqui, Conrad – digo – acho melhor eu ir embora.

– E vai para onde?

– Não sei.

Ele segura minha mãe com firmeza e olha diretamente em meus olhos: - Nós vamos conseguir, custe o que custar... Isso se você ainda quiser...

– E eu quero! – digo rápido, rápido demais, pois parece que estou desesperada, bom, eu realmente estou desesperado, mas Conrad não precisava saber. Ele me lança um sorriso e eu sei o porquê, com certeza devo ter corado.

– Vamos! – ele me segura pelos braços e sai me guiando.

– Para onde vamos?

– Para o carro de Meredith.

Menos de dez minutos estamos no carro de Meri nos agarrando, em pleno no estacionamento de carros dos Fitzgerald. Eu já perdi meu vestido e Conrad está apenas com sua calça jeans e de meias. Há mãos pra lá, pernas pra cá, tudo muito apertado e claustrofóbico. De repente sinto o volante em minhas costas e algo cutucando minha bunda e não era nenhuma parte do corpo de Conrad:

– Acho que não vai dar certo aqui! – digo agoniada com tudo aquilo.

– E para onde mais podemos ir? – pergunta Conrad – estou aceitando sugestões.

– Para um motel.

Mais uma vez nos arrumamos e seguimos com o carro de Meredith em busca de algum motel aberto em Londres. Por fim, encontramos um conhecido entre os jovens londrinos, o nome era desconhecido, pois o dono não se deu nem ao trabalho de colocar uma placa com um nome, mas entre nós era conhecido com O Santuário, o lugar onde os jovens londrinos perdiam sua pureza:

– É ali mesmo que vamos! – digo a Conrad.

Conrad entra e estaciona no pequeno estacionamento do motel, vamos até a recepção onde está uma moça mascando chiclete e lendo uma revista entediada no balcão, assim que entramos, ela nos e noto que ela é estrábica, desvio rapidamente o olhar e seguro a mão de Conrad:

– Posso ajudar? – diz que a voz fanha.

Estrábica e fanha? Que falta de sorte.

– Queremos um quarto – diz Conrad.

– Que novidade! – diz soltando um suspiro.

Ela pega uma folha de papel e pede para Conrad preencher, em seguida pede nossas identidades e entregamos a ela nossas identidades falsas.* Ela observa por um instante atentamente nossas identidades e penso que novamente vai tudo por água à baixo, por fim ela diz:

– Você não tem cara de Natasha – comenta.

– Todo mundo diz – sorrio tentando ser simpática e em seguida ela nos entrega à chave do nosso quarto.

Conrad pediu um quarto para a noite toda, então teríamos muito tempo. Quando ele abre a porta do quarto, meu coração dá uma disparada do nada, acho que agora que tive um tempo para pensar eu finalmente entendi o que eu estava fazendo. Eu estava ali. Indo em direção à perda da minha virgindade. E com meu melhor amigo e também virgem: Conrad Fitzgerald. Caramba, dá pra acreditar? Acho que não:

– Está tudo bem? – pergunta Conrad fechando a porta enquanto me sento na cama tentando formular tudo.

– Não sei – respondo.

– Valerie... – diz me repreendendo e em seguida senta ao meu lado na cama – eu sei que está acontecendo algo.

– Eu só acho que talvez estejamos errando em fazer isso, Conrad – solto um suspiro – somos amigos e tenho medo de isso ser estregado por termos confundido.

– Tem certeza? – pergunta.

– Uhum – respondo – desculpe.

– Tudo bem – ele se levanta, tira sua jaqueta e joga na cama e abre um sorriso pra mim – acho que já que eu paguei um tostão por esse quarto, eu ao menos tenho que usá-lo, não acha? – concordo com a cabeça – Vou passar a noite aqui e usar a hidromassagem, Jill Collins disse que é sensacional! – por fim ele segue em direção ao banheiro privativo, onde acredito estar à famosa hidromassagem.

Paro para pensar e vejo que não tenho outra alternativa a não ser passar a noite aqui com Conrad. Tiro minha sapatilha e sinto meus pés doloridos, sinto minha barriga roncar e ligo paro o serviço de quarto. Assim que eles batem na porta, Conrad sai do banheiro envolto em uma toalha, abro a porta e pego os sanduiches (única opção do menu disponível) que pedi e coloco em cima da cama, Conrad rapidamente vai direto até o sanduiche e da uma mordida enorme:

– Meu Deus, que fome! – ele diz de boca cheia e eu dou uma risada devorando meu sanduiche também, em seguida o sirvo com o champanhe que nos dão de graça por alugar o quarto – belo lanche das... – ele olha para seu relógio – quatro da madrugada!

– Sensacional! – concordo.

– Não quer experimentar a hidro?

– Assim que eu terminar esse maravilhoso sanduiche de creme de amendoim com geleia.

– Supimpa! – brinca Conrad com ironia.

Depois de terminar meu lanche, vou à hidromassagem e fico ali por incontáveis minutos, apenas relaxando na água, pensando nessa noite maluca que em breve acabaria. Após terminar meu banho, me enrolo em uma toalha e sigo até o quarto onde Conrad está deitado de costas pra mim e acredito que já esteja dormindo, me troco ali mesmo e me deito ao seu lado, ele se move lentamente quando minhas costas se chocam com as suas:

– Val?

– Sim? – pergunto sonolenta.

– Boa madrugada – diz entre um bocejo.

– À você também, Con – então eu pego no sono.

~x~

Abro meus olhos alarmada, noto que o barulho que ouvi vinha de meu celular, pego-o e olho para as horas, já são 10h07 da manhã. Há um SMS de Meredith que diz o seguinte:

Onde você está? Preciso de você e do meu carro para voltar para casa. Encontre-me no Hyde Park ás 11h30

P.S. Espero que tenha acordado com um gato lindo e nu ao seu lado.

Olho para o lado e vejo Conrad, ele não está nu, mas é um gato lindo. Solto um risinho e volto a deitar. Conrad se mexe, virando para meu lado, ficando com o rosto em frente ao meu, por fim abre os olhos, um tanto preguiçoso e sorri pra mim:

– Bom dia.

– Bom dia – respondo.

Ficamos ali nos encarando e eu realmente não sabia o que fazer, noto que estou começando a ficar ruborizada pelo olhar de Conrad, tento desviar, mas ele segura meu rosto, sério, tento me levantar, mas ele me puxa e por fim me beija e todos os medos que eu tive parecem desaparecer como num passe de mágica. Quando finalmente sinto suas mãos em mim, um tremor me invade, mas não é algo ruim, é algo fantástico, pois sei que eu não queria dividir esse momento com mais ninguém e finalmente eu me sinto pronta.

Pronta para ser amada pela primeira vez, pronto para amar pela primeira vez, pronta para tornar-me mulher e pronta para mais que quer que fosse, mas principalmente...

Pronta para Conrad Fitzgerald.

~x~

Ainda estamos abraçados, em posição de conchinha, estamos conversando animadamente, quando simplesmente ele diz:

– Eu vou ficar.

– O que? – pergunto confusa.

– Eu vou ficar. Não vou para Universidade de Yale quer, eu vou ficar. Aqui. Com você. Não quero ir para os Estados Unidos.

– Conrad, isso é loucura.

– Val, eu não sei o que foi, mas eu sei que eu não quero mais ficar longe de você. Na próxima semana, eu não quero ir para Yale, eu quero ficar com você.

– Con... – sussurro procurando palavras para descrever minha felicidade pelas suas palavras, quando alguém bate na porta. Conrad se levanta, pega o lençol e o envolve em sua cintura, em seguida vai até a porta e abre, ele papeia com a pessoa do outro lado por um alguns poucos minutos, depois fecha a porta e volta para a cama para me abraçar novamente:

– Quem era?

– A mulher da recepção, disse que temos que ir.

– Já?

– Já é meio dia, Val – ele sorri, com aqueles belos dentes brancos e perfeitos.

– Meio dia? – pergunto e depois de alguns segundos processo tudo – MEIO DIA? – grito dando um salto da cama e pegando minhas roupas espalhadas no chão.

– O que foi? Pra que a pressa? – pergunta.

– Meredith me mandou uma mensagem para encontrarmos ela no Hyde Park ás onze! – respondo, em poucos segundos estou pronta, olho para Conrad que ainda me encara imóvel na cama – anda Conrad! Meri vai querer nos matar!

E então ele salta da cama, se veste rapidamente, pega suas coisas e finalmente saímos do quarto. Ele vai à recepção entregar a chave do quarto, enquanto o aguardo no carro.

Quando chegamos ao parque, Meredith está furiosa, quase nos bate, mas de repente ela para e pergunta o que fazemos juntos, ficamos um pouco sem graça e não sei se devo contar a Meredith que dormi com Conrad, mas, ele me salva dizendo que como Meredith havia me deixado sem teto aquela noite, eu tive de dormir em sua casa, ela acreditou facilmente e parou com suas perguntas.

Depois de toda aquela confusão, Meredith leva Conrad para casa, no momento em que nos beija na bochecha se despedindo, sinto algo diferente, pois parecia que agora tudo estava diferente, eu não era a mesma, o mundo parecia não ser mais o mesmo e principalmente, Conrad não parecia ser o mesmo. Pelo menos não para mim.

Mais tarde ela me deixou em casa e foi naquele instante que parei para realmente pensar em tudo que houve. Eu não me arrependo, foi mágico, foi único e foi com alguém que eu realmente amava. Meu melhor amigo, meu irmão, meu Conrad.

Três dias depois...

Meu corpo está dolorido, minha cabeça está martelando e eu sinto algo ruim dentro de mim. Abro os olhos e tudo está branco, depois de um tempo tudo fica claro e noto que estou em um quarto de hospital, completa e totalmente rodeada de tubos grudados em meu corpo, começo a entrar em pânico, quando alguém entra no quarto:

– Srta. Novack, você acordou!

É uma mulher alta, com ombros largos, vestindo branco, acredito ser uma enfermeira, ela segura uma bandeja com medicamentos e vem em minha direção:

– Quem é você? Porque estou aqui? Onde estão meus pais? – ela só me deixa mais nervosa conforme vai se aproximando.

– Fique tranquila, irei chamar seus pais logo. Só preciso que você relaxe – ela pega uma seringa da bandeja e vem em minha direção.

– Saia daqui! Mãe! Pai! – ela continua se aproximando – MÃE! PAI!

– Valerie, Valerie! – minha mãe entra desesperada no quarto, empurra a enfermeira e corre em minha direção, me abraça fortemente e berra – Saia daqui sua incompetente! Como você se diz profissional assustando minha filha desse jeito?

– Me perdoe, senhora, mas a Dra. Schwartz pediu para medicá-la.

– Saia daqui! AGORA!

– Bridget, menos, por favor. – diz meu pai entrando no quarto, ele olha para a enfermeira e diz – chame a Dra. Schwartz, por favor.

A enfermeira assente e sai do quarto, minha mãe olha pra mim e sorri gentilmente:

– O que houve mamãe? Por que estou aqui?

– Não se lembra de nada, Valerie? – pergunta meu pai e nego com a cabeça.

Mamãe e papai se entreolham, de repente entra uma mulher oriental, vestindo um jaleco no quarto:

– Dra. Schwartz! – chama minha mãe

– Olá, Sra. Novack! – ela olha pra mim e sorri simpática – Valerie, como está se sentindo.

– Cansada – suspiro pesadamente.

– Creio que seja normal no seu caso.

– No meu caso? – pergunto confusa.

Agora é a vez da Dra. Schwartz olhar para meus pais, nesse instante os dois assentem e ela me olha:

– Você tem Esclerose Múltipla, Valerie.

Duas semanas depois...

Estou deitada em minha cama trocando SMS com Meredith, já que ela está na Itália visitando alguns parentes. Estou um pouco sonolenta e com um pouco de dor de cabeça. Ainda estão descobrindo a dosagem certa dos meus remédios e enquanto isso, tenho que sentir os efeitos colaterais disso. É ruim, na verdade é horrível. Sinto-me um defunto ambulante, estou um caco, nada parece melhorar. Como isso tudo é possível? Como eu poderia ter Aquilo? Justo eu? Eu não queria mais viver, eu não queria mais sorrir exceto quando eu estava com uma pessoa: Conrad.

Ele está deitado na ponta da minha cama, entre meus pés, olhando para o teto. Seu olhar é sério, sem emoção e isso me entristece:

– Con? – ele me olha de lado – está tudo bem?

Ele sorri de lado e assente com a cabeça.

Tento me levantar, mas meu quadril dói, minha última crise fora nessa região e ainda sinto-a dolorida. Percebendo minha dificuldade, Conrad se aproxima de mim e fica frente a frente comigo, seu olhar ainda é triste, mas eu não ligo, eu o quero e quero agora:

– Val...

Eu não ouço, começo a desabotoar sua camisa e de repente sinto uma espasmo em meu braço, Conrad se afasta desesperado e berra:

– O que eu faço? O que eu faço?

– Só chame mamãe – digo já começando a chorar.

E assim ele o faz.

Mamãe chega e me dá um dos medicamentos que Dra. Schwartz disse que poderiam ajudar durante a crise, ainda estamos testando também. Depois que eu estava dopada, perdida entre o real e não real sinto alguém se aproximar, não consigo abrir os olhos, é realmente impossível fazer isso com seu corpo todo sedado, mas eu sinto o doce aroma másculo e adocicado e sei que pertence a ele, isso me alivia de toda tensão que sinto, por ultimo ele beija o alto de minha cabeça e diz:

– Perdão, Valerie – e sua voz desaparece no infinito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentários?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Conrad & Valerie" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.