Inesperado escrita por Rocker


Capítulo 18
Capítulo 17




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Capítulo 17

– Sim? - perguntou Caspian, percebendo o breve embaraçamento que a prima teve ao notar que ele não estava sozinho ali no camarote.

Selena respirou fundo, acalmando-se e reunindo a coragem que tinha arranjado mais cedo, em seu próprio camarote. Mas uma coisa era conversar sobre o assunto com Caspian à sós, outra era ter Edmundo observando-a atentamente, como fazia naquele momento.

– Eu queria conversar com você. Decidi seguir pelas lembranças. - disse ela, sorrindo docemente para o primo.

Edmundo ficou confuso. O que seria aquilo? Aquelas palavras por um momento ativaram uma pequena luz na mente do menino, mas ainda não conseguia se lembrar. E então, enquanto ele relembrara algumas conversas que teve com Caspian sobre Selena, ele se recordou.

Eu sei, você sabe, e Lena também. Ela sabe das consequências, ela convive comigo desde quando assumi o trono. Agora basta ela sofrer sozinha quando forem embora ou ter lembranças boas para amenizar essa dor, dissera ele.

Será que, por algum motivo, ele tivera a mesma conversa com a menina e havia dito a mesma coisa?

Caspian sorriu, orgulhoso da decisão da menina. - É assim que se fala! Agora eu preciso ir atrás de Drinian, para saber como está indo o percurso.

E ele se retirou, mas tanto Selena quanto Edmundo sabiam que não era esse o motivo. O motivo era nada mais do que deixá-los à sós. Um clima consideravelmente desagradável se instalou ali naquele camarote. Ambos queriam dizer alguma coisa, para quebrar todo aquele silêncio desconfortável instalado, mas tinham medo. De que, nem mesmo eles sabiam. Apenas sentiam uma vontade desesperadora d preenchê-lo com algum assunto leve. Mas Selena sabia que seria algo forçado demais e Edmundo queria finalmente acabar com toda aquela situação confusa em que se colocaram desde que eles se beijaram. E, mais do que tudo, ele sentia uma necessidade imensa de experimentar aquela sensação de ter os lábios os dela novamente. Era uma vontade tão desesperadora que quase chegava a doer fisicamente.

Mas quem quebrou o silêncio foi Selena.

– Olha, Eddie... - ela começou a dizer, olhando envergonhadamente para o chão, mas então sua voz agarrou.

O que ela diria a ele? Não podia simplesmente chegar e dizer a ele que estava apaixonada! Primeiramente, ele a chamaria de louca, ou riria dela. Ou os dois. Ela não sabia como começar esse assunto e isso era fato. Um fato que Edmundo percebeu, mas logo deixou de lado. Pois ele logo percebeu uma outra coisa: seu apelido. Ela dissera seu apelido e seu corpo reagira de uma maneira completamente nova. Um arrepio excitado percorrendo seu corpo. E então, quando ele percebera a atmosfera de nervosismo que a cercava, ele teve medo.

– Por favor, não diga que foi um erro. - ele pediu em voz baixa, dando um passo à frente e ficando um pouco mais próximo dela. Sua garganta secou e ele mal conseguira dizer tal frase, receoso de que ela confirmasse.

– O quê? - ela perguntou, confusa. Ela esperava qualquer reação dele. Menos essa.

– Eu não vou suportar se você disser que aquilo foi um erro. - ele sussurrou, aproximando ainda mais dela, colocando suas mãos em sua cintura.

Selena sentiu todo o seu corpo se arrepiar com apenas o singelo toque dele em sua cintura. Ela finalmente levantou seu olhar e encontrou com os lindos olhos castanhos dele, e quase se afogou ali, perdendo a concentração. Mas então ela percebeu um brilho de dor naquele mar infinito de castanho. Dor? Eu não vou suportar se você disser que aquilo foi um erro, ele dissera. Aquilo o quê? Selena então teve uma boa teoria do que seria "aquilo".

Selena sorriu docemente, erguendo sua mão e acariciando sua bochecha. - Eu nunca falaria isso da melhor coisa que já me aconteceu.

O brilho no olhar de Edmundo se modificou e ele não conseguiu esconder um sorriso que aparecia em seus lábios.

– Mas... - ele tentou dizer, procurando as respostas de todo aquele afastamento, mas ela o interrompeu.

– Bem, eu não queria sofrer depois como Caspian sofrera por sua irmã, mas aí ele veio falar comigo. - ela disse, evitando olhar diretamente nos olhos dele. - Ele me disse que eu tinha uma escolha: sofrer sozinha, ou ter lembranças boas para amenizar a dor. E eu me decidi pelas lembranças.

Selena não voltou a olhar para seus olhos, receosa, e o cômodo caiu em um silêncio tenso. Tudo o que ela sentia era as mãos de Edmundo a segurando delicadamente pela cintura e a respiração quente dele soprando sobre seu rosto. Ela, então, sentiu uma das mãos dele deslocando até seu queixo e levantando sua cabeça, obrigando-a a olhá-lo nos olhos. E seu coração estufou quando viu o sorriso caloroso que ele tinha nos lábios.

– Ele teve a mesma conversa comigo durante aquela tempestade louca. - Edmundo relevou e abriu ainda mais o sorriso quando ela arregalou os olhos, assustada. - E eu terei o maior prazer em criar essas lembranças.

Seu sorriso se tornou levemente malicioso e Selena sentiu seu estômago se revirar enquanto Edmundo se inclinava e a beijava.

~*~

Noites depois, Selena se encontrava na proa do navio, próxima à cabeça do dragão. Ninguém mais estava ali no convés e ela agradeceu por isso. Precisava ficar um pouco sozinha. Estava sempre se perguntando se fizera a escolha certa. A cada beijo que trocava com Edmundo, a cada abraço e a cada carinho, ela se sentia mais e mais apaixonada. E tinha quase certeza que ele também. Nunca tinham conversado abertamente sobre a parte dos sentimentos, mas ela quase não tinha dúvidas de que ele também a amava, pois a cada vez que o abraçava, sentia seu coração batendo sobre o tecido. Batendo tão forte quanto o seu.

Mas será que valia a pena tudo isso? Estavam se aproximando da Ilha de Ramandu e assim que resolvessem o problema, ele iria embora. E ela ficaria em Nárnia, sozinha, tendo Caspian para secar todas as suas lágrimas. Será que as lembranças realmente compensariam o sofrimento que estava por vir?

De repente e se sentiu abraçada por trás, pela cintura, e nem ao menos precisou virar-se para saber quem era. Reconheceria aquele perfume onde quer que fosse.

– Em que está pensando, Sel? - perguntou Edmundo, puxando-a mais para seu peito e apoiando o queixo em seu ombro.

Selena suspirou. Não queria dizer o que pensava naquele momento, mas não podia mentir para ele. Não mais.

– Se realmente vale o sofrimento de depois. - ela disse simplesmente, acariciando a mão que estava depositada em sua cintura.

Edmundo desmanchou o sorriso que carregava até o momento. Não estava com raiva - às vezes ele também se pegava perguntado a mesma coisa. Mas ele não deixaria que essa preocupação tomasse conta dela no momento. Beijou a pele morena de seu pescoço, percebendo-a arrepiar ao seu toque, e sorriu, dizendo.

– Melhor deixar para pensar nisso depois. Vamos pensar apenas no agora.

Selena sorriu e virou a cabeça levemente para depositar um beijo singelo nos lábios do moreno. - Tem razão. Vamos nos preocupar com isso quando chegar a hora.

E voltaram-se para o horizonte, vendo a lua cheia brilhando sobre eles.

~*~

Não muito longe dali, no céu, o dragão Eustáquio sobrevoava o barco, um pouco mais afastado, e observava a cena que se desenrolava ali no convés. Ripchip, sobre a cabeça de seu mais novo amigo, sorria.

– Eles finalmente se entenderam. - comentou, dando um tapinha em uma das escamas do dragão. - Selena, mais do que ninguém que eu conheça, merece ser feliz.

O dragão grunhiu alguma coisa e o rato disse. - Concordo, meu amigo, todos os dois mereciam.

Dito isso, voltou seu olhar para baixo, para o casal que assistia à lua, abraçados.


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