Decidi que passaríamos o resto do dia no chalé. Claro, foi bem difícil. Mas preferi ficar ''trancado'' do que enfrentar os olhares curiosos dos outros campistas. O único momento em que sai foi na hora do jantar, em que fui até o pavilhão de refeições buscar algo para comermos. Antes tive que fazer Mini jurar pelo Estige que esperaria sentada em sua cama e não moveria um músculo enquanto não chegasse. Claro, depois de explicar o que era o rio Estige e oque significava o juramento.

Já era ora de dormir. Coloquei Minerva na cama de Tyson e me sentei a seu lado puxando o cobertor até a altura de seu queixo e acariciei seu rosto pálido sorrindo. Ela já estava com os olhos fechados e as bochechas ainda estavam vermelhas pelo chocolate quente.

–Irmão?

–Sim, Mini?

–Hoje, eu vi um montão de gente fazendo um monte de coisas muito legais. Tinha uma menina que fazia um monte de flores crescerem só dela tocar. É o poder dela?

–É sim. -Respondi.

–Você tem poderes? -perguntou agora com as pupilas dilatadas de curiosidade.

–Tenho sim. Consigo mexer a água. Fazer ela se mover a meu favor.

–Isso é bom?

–Depende. Agora vá dormir.

Ela se virou e respirou fundo. Inclinei-me beijando sua testa.

–Durma bem.

Subi em minha cama e peguei o chifre de Minotauro. Com a mão livre segurei também meu colar de contas e suspirei.

–Sabe que poder eu gostaria de ter, irmão?

–Qual?

–Queria ter o poder de deixar as pessoas felizes.

Franzi as sobrancelhas.

–Para que?

–Para poder deixar a Annabeth feliz com você. Eu sei que ela ficou brava por minha causa.

Abri a boca para argumentar mas fechei novamente. Então falei:

–A minha briga com Annabeth vai muito além disso. Não tem a ver com você, e sim com papai e a mãe dela.

–Espero que ela fale com você de novo. Pelo que o irmão Tyson me contou, vocês estão muito próximos.

–Eu espero, Mini. Eu espero.

Finalmente amanheceu, e antes que a pequena acordasse fui até a casa grande. As peças de Pinochle ainda estavam ali. Bati levemente e parei para ouvir os cascos de Quiron. Depois de alguns segundos os ouvi. Quando percebi, ele já estava a minha frente.

–bom dia, Percy.

–Bom dia, Quiron.

–Entre. Acredito que veio para falar sobre sua irmã.

Assenti.

***

–Me explique como a conheceu.

Descrevi tudo o que havia acontecido. Entreguei-lhe minha carta e ele leu em silencio.

–Isso não esclarece muita coisa. Algo aconteceu enquanto estavam juntos?

–Ela conseguiu fazer com que o teto do metro caísse só com um grito.

–Você sentiu algo quando ela gritou?

–Bom, tenho uma breve lembrança de que a terra tremeu.

–Faz sentido. Poseidon é o rei dos mares e dos terremotos. Seu pai poderia estar errado quanto Minerva não ter poderes.

Passamos bom tempo conversando. Depois de um tempo, fui ver como Mini estava, mas antes arrumei um presente para minha irmã. Encontrei-a mexendo no chafariz.

–O que você está fazendo? -perguntei.

A pequenina levou um susto com a minha voz. Virou-se abruptamente escondendo as mãos molhadas nas costas.

–Nada!

Olhei-a arqueando a sobrancelha. A menina sorriu.

–Trouxe algo para você.

Estendi a camiseta laranja. Os olhinhos da garota brilharam.

–Bem vinda ao Acampamento Meio-Sangue. Para semideuses e astros do rock.