Blood Slaves escrita por Jéssica Aurich


Capítulo 2
Bipolaridade


Notas iniciais do capítulo

Hey, estou de volta o/

Ainda não mudei muita coisa, mas já dá para notar (muito mesmo) a personalidade e características de cada personagem.

Boa leitura



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O dia seguinte foi quase melhor que o primeiro. Quase. Dessa vez eu já conhecia algumas pessoas ali e já sabia me localizar na escola. Mike se sentou ao meu lado na aula de inglês o que tornou a aula mais interessante, já que ele fazia piadas do que o professor falava. Percebi que o encontro de sexta seria ótimo.

Entre as aulas o tal de Eric sempre me acompanhava. Aliás, foi assim que conheci Ângela. Eles eram amigos e Eric nos apresentou. Gostei da menina logo de cara: era um rato de livros assim como eu, assunto que dominou a conversa.

No almoço, Jessica me acompanhou, como antes. Mike nos convidou para sentar em sua mesa e ela ficou toda lisonjeada com isso. Suas amigas não demoraram a ser juntar a nós e logo tivemos que juntar outra mesa. Apesar de toda essa agitação, o que chamava minha atenção naquele momento era a mesa dos Cullen/Hale. O tal Edward não estava com eles hoje e tive um mal pressentimento sobre isso.

Comecei a ficar ansiosa pela aula de biologia. Ao entrar na sala, meu olhar correu para nossa mesa, mas ele também não estava lá. Foi bom não ter alguém ao seu lado que parecia querer distância, mas aquela sensação estranha não me abandonou.

A educação física me recebeu com um adorável jogo de vôlei. Depois de três toques perdidos e uma bolada na cara, as meninas perceberam que não deveriam passar a bola para mim. Eu era o que chamam de café com leite. Depois do jogo, troquei-me no vestiário e encontrei Mike lá fora.

— Nossa, seu rosto está muito vermelho!

— Quando chegar em casa coloco gelo em cima para desinchar.

— Melhor mesmo.

Entrei em minha picape e saí do estacionamento. Por onde passava todos se viravam para encarar devido ao rugido maravilhoso que ela fazia. Eu não podia reclamar, tinha um carro e ele saiu de graça. Acho que ainda não agradeci Charlie o suficiente por isso.

Estava indo para o mercado no intuito de abastecer nossa cozinha. Apesar de ter amado o café da manhã de ontem, pude perceber que se dependesse do Charlie sobrevivemos de comida pronta, o que não era bom para a saúde nem para o bolso. Eu não gostava muito de fazer feira, porém faria aquilo por Charlie, que me recebeu em sua casa mais que bem.

Quando cheguei em casa, preparei o jantar e depois liguei meu computador. O meu rosto já estava melhor, então nem incomodei em colocar gelo em cima. No facebook, umas cinco atualizações da minha mãe me esperavam.

Renée havia postado uma foto de nós duas com a legenda “já estou morrendo de saudades”. Como eu não havia curtido, um tempo depois marcou meu nome novamente nos comentários. No inbox, mais mensagens.

“Ei meu amor, fez boa viajem? Me ligue assim que chegar!”

“Bella, por que não ligou? Se não fosse por Charlie eu estaria morrendo de preocupação! Já cheguei em Paris, estou prevendo uma lua de mel bem romântica. E você, já fez algum amigo? Está gostando de morar aí?”

E por fim:

Isabella Swan, acho bom você começar a responder minhas mensagens!”

Minha mãe era o drama em pessoa. Eu tinha que lembrar de todos os dias entrar naquele negócio. Tratei de curtir, comentar sua foto e então responder suas mensagens.

Calma mãe, estou viva. Apenas não sou uma viciada em internet que não desgruda do facebook nem na lua de mel. Falando nisso, que bom que está gostando de Paris (estou morrendo de inveja). Eu conheci uma galera legal por aqui, até que Forks não é tão ruim. Saudades ♥”

Bom, aquilo não era inteiramente mentira. Forks era péssima, mas as pessoas ali eram legais (tirando o fato de todos conhecerem a vida alheia).

Naveguei pelo Facebook mais um pouco, mas aquilo só me fez mal. Ver as fotos de meus amigos em Phoenix, como pareciam felizes, suas mensagens para mim... Tudo isso me deu saudades de casa. Eu tinha que me lembrar constantemente do quanto minha mãe estava feliz e de como merecia aquilo.

Ouvi a porta sendo aberta no andar de baixo e encontrei meu pai entrando em casa. Corri para arrumar a mesa e esquentar a comida.

— Nossa Bells, está com uma cara ótima — comentou em relação à comida.

— Espero que não seja apenas a aparência.

Eu podia ser um desastre nos outros aspectos da minha vida, mas definitivamente sabia cozinhar. Conversamos muito pouco durante o jantar, falei das pessoas que tinha conhecido e meu pai sabia sobre a vida de cada uma delas. Novidade. Aproveitei que ele estava me contando tudo para perguntar:

— Pai, o senhor conhece os Cullen?

— Claro que conheço. Por que, fez amizade com eles também?

— Na verdade não. Estava curiosa, eles são tão isolados do resto das pessoas...

— Deveria tentar falar com eles — disse meu pai. — É uma boa família. E não acredite em um grama do que as pessoas dizem, é apenas inveja.

Não entendi muito bem o que ele quis dizer, mas tentaria seguir seu conselho, principalmente porque fiquei extremamente curiosa. E eu realmente gostaria de saber por quê aquele Edward agiu tão estranhamente ao meu redor. Foi uma pena eu não ter tido a chance de descobrir.

O ruivo faltou no dia seguinte, e no outro e assim por diante pelo resto da semana. No começo fiquei frustrada, sentia como se ele estivesse fugindo de mim, mesmo que isso não fizesse sentido. Entretanto acabei me acostumando à sua cadeira vazia na aula de Biologia.

O que não livrou seus irmãos de mim. Sempre fui uma garota tímida, só que o interesse naquelas pessoas falou mais alto que eu. No intervalo de duas aulas vi a baixinha morena acompanhada do loiro. Corri para perto deles.

— Com licença. — Eles olharam para mim com o que percebi ser curiosidade. A morena tinha um pequeno sorriso no canto da boca — É que sou nova por aqui e ainda estou meio confusa. Poderiam me mostrar onde fica a sala 7?

— Mas é claro. Bella, certo? Sou Alice e este é Jasper. — Bella?

— Prazer. Posso fazer uma pergunta?

— Já não está fazendo? — retrucou Jasper, recebendo um olhar feio de Alice em reprimenda. Ele não parecia nem um pouco arrependido. Decidi apenas ignorar.

— Por que me chamou de Bella?

— Não sei, parece combinar mais com você. Prefere Isabella?

— Todos os meus amigos me chamam de Bella — respondi com um sorriso.

Não era mentira, todos em Phoenix me chamavam assim. Minha família me chamava assim, era como eu gostava, porém se havia algo que eu detestava era forçar as pessoas a me dar um apelido. Isso era algo que deveria acontecer naturalmente. Sim, todo esse drama por conta de um apelido.

Fomos conversando até minha sala, Alice e eu. Jasper continuava com cara de quem comeu e não gostou. Fiquei imaginando se aquela era uma tendência dos machos Cullen/Hale, me detestar antes mesmo de conhecer. Deu vontade de conhecer o ultimo irmão, o grandalhão, só para comprovar minha teoria.

— Bom, é aqui. Te vejo mais tarde.

— Espero que sim — respondi.

Valeu a pena enfrentar minha natureza introspectiva apenas para conhecê-los: de perto eram ainda mais interessantes. Alice tinha uma voz suave, quase como sinos tocando, era extremamente envolvente. Seus olhos cor de carvão pareciam esconder algum segredo e era absolutamente linda.

Com Jasper não era diferente. Apesar de ter deixado claro a sua infelicidade por minha presença, havia um impulso dentro de mim que clamava por aproximação. A voz grave e sedutora, os olhos que guardavam o mesmo mistério.

Todas aquelas características pareciam um convite irrecusável.

À noite me preparei para sair com Mike. Meu pai parecia mais que feliz com a ideia, perguntando a todo o momento que horas eu iria.

— Credo, Charlie, assim vou acabar acreditando que quer ir no meu lugar. Os pais não deveriam ser mais ciumentos?

A única maquiagem que passei foi um rímel e coloquei um vestido não muito curto, com uma jaqueta por cima. Prendi meu cabelo em uma trança mal feita e passei meu perfume do dia a dia. Bonita, mas sem passar a ideia errada. Por enquanto tudo o que eu queria era me enturmar.

Mike chegou pontualmente e me levou à uma lanchonetezinha bem arrumada. Ele me contou sobre sua vida, que seu pai era dono de uma loja de esportes, sobre já ter morado fora de Forks, enfim, falou muito, mas não parecia interessado em ouvir.

Ele parecia a versão masculina de Jessica. Toda a aparência divertida que tinha na escola foi perdida bem ali.

Charlie trabalhou o fim de semana inteiro e eu não fiz nada além de terminar meus deveres e ver filmes. Até pensei em visitar a cidade vizinha para fazer algumas compras, porém a chuva não cessou por nenhum momento. Também conversei um pouco com minha mãe e meus amigos, mesmo que aquilo só trouxesse mais saudades.

Na segunda-feira acordei preparada para a chuva, só que Forks revolveu me surpreender: havia neve por todos os lugares. Eu nuca tinha visto neve, era a coisa mais linda do mundo. Apesar de ser sem graça, Forks tinha uma bela paisagem natural e a neve só acentuava esse detalhe. O único lado negativo até o momento era ter que tomar um pouco mais de cuidado ao dirigir, pois escorregava na pista.

Cheguei na escola com um sorriso no rosto, talvez pela primeira vez em que me mudara. Todos estavam brincando de guerra de neve, bolas voavam para todos os lados, pareciam crianças.

— É melhor se proteger, ou vai terminar toda molhada. — Alice se materializou ao meu lado enquanto eu caminhava para o prédio de literatura.

— Tem razão, vou deixar minha pasta preparada para usar como escudo — respondi rindo. No momento em que levantei a pasta, uma bola a atingiu para provar o ponto de vista de Alice. Procurei quem havia jogado e encontrei um Jasper com sorriso irônico, o que só o deixava mais charmoso. — Sabe, acho que seu... — Irmão, namorado? — Acho que Jasper não gosta muito de mim.

— Não é isso — contradisse com aquela encantadora voz de sino. — Ele apenas não é fã de novidades. Quando te conhecer melhor você irão se dar muito bem. — afirmou com certeza.

— E como você sabe disso? Mal sabe meu nome. — Ela arregalou um pouco os olhos, como se a tivesse pego de surpresa, mas logo relaxou.

— Apenas tenho um pressentimento. — E se afastou com um sorriso.

No horário do almoço tive uma surpresa ao entrar no refeitório. Olhei para a mesa Cullen/Hale (costume que eu tinha adquirido por motivos óbvios) e notei que voltaram a ser cinco pessoas na mesa. Lá estava Edward Cullen, rindo com os outros e balançando seus cabelos ruivos para tirar a água deles. Parecia estar curtindo o dia de neve.

— Terra para Isabella — chamou Jessica ao meu lado e Edward olhou para nós nesse momento, como se a tivesse escutado. Levantei a mão em cumprimento ao meu companheiro de laboratório e, como para me contrariar, ele sorriu em resposta.

— Virou amiguinha do Edward? — Isso que ouvi na voz dela foi uma pontinha de inveja?

— Não, ele é só meu companheiro de laboratório.

— Ah. — E ela passou a me ignorar, conversando com uma garota ao seu lado. Juro que nunca entenderei essa garota volátil. Vi Ângela e Eric em outra mesa e resolvi sentar com eles. Ali tinha certeza que não seria excluída. Para minha surpresa, e ainda maior dos que estavam sentados ali, Jessica me seguiu, assim como Mike e todos os outros amigos deles.

Novamente, precisamos juntar várias mesas. Não estava acostumada com isso. Lá em Phoenix tinha bons amigos, mas éramos poucos. Almoçar com tantas pessoas era... estranho. Conversei com Ângela o almoço inteiro e acabamos por deixar em aberto um passeio de compras em Seattle. Jessica, como se estivesse participando da conversa o tempo todo, ofereceu-se para ir junto.

Prolonguei ao máximo o almoço. Por algum motivo que não conseguia explicar estava nervosa em reencontrar meu parceiro de laboratório. Isso se ele nos desse o prazer de sua presença.

Abri a porta da sala e lá estava ele em nossa bancada, encarando-me com seus olhos verdes.

— Oi — cumprimentou com um sorriso no rosto.

— Oi. Está melhor hoje? — Ele curvou a cabeça em questionamento. — Na última aula parecia que alguém tinha pisado no seu calo, depois sumiu a semana inteira... Sei lá, pensei que algo de grave havia acontecido. — Mordi a língua para parar de falar. Nessas horas é preciso agir com indiferença, e lá estava eu tagarelando feito Jessica.

— Ah, estou sim. Precisei visitar um amigo que se acidentou. Obrigada pela preocupação, Bella.

— Bella?

— Alice disse que preferia assim. Não é verdade?

— Claro, prefiro sim. — Então eles falaram sobre mim? Fiquei realmente curiosa para saber como essa conversa tinha se desenrolado. — Aproveitando o dia de neve? — Apontei para seu cabelo molhado.

— Adoro dias assim, é como retornar a uma infância perdida. — Seu olhar se fixava em lugar algum, indicando que ele estava perdido em alguma memória. Eu ia perguntar, porém o professor escolheu esse momento para chegar.

Ele passou um trabalho muito simples com o uso de microscópio, Edward e eu terminamos rapidamente. Devo admitir que eu já havia feito aquela atividade antes, e ele não me deixava muito para trás. Isso nos deixou com algum tempo vago até o fim da aula.

— Então Bella, o que a traz a Forks? — puxou assunto. Tantas coisas para perguntar e ele parte para a mais óbvia e desagradável delas. Pretendia desconversar até que olhei em seus olhos.

— Minha mãe casou novamente. Eu me senti como uma intrusa em sua vida, então vim morar com Charlie mesmo não gostando muito de Forks. — Certo, de onde veio aquilo? Eu falei mais para aquele cara desconhecido do que para meus pais.

— Não parece certo isso. Você fazer algo que a deixa infeliz. — Sua voz aveludada parecia me impulsionar a contar mais. Fazia com que eu ficasse meio tonta.

— Mas fazer minha mãe feliz me faz feliz. Ela me ama muito, mas precisa de um tempo longe para aproveitar a própria vida, sabe?

— Entendo.

O sinal escolheu esse momento para tocar. Edward começou a arrumar os materiais e imitei seu gesto. Mike escolheu esse momento para aparecer com o que reconheci ser um sorriso bem falso e tascou um beijo na minha bochecha. Não entendi de onde ele tirou tanta intimidade entre nós. Eu até reclamaria, não fosse a cara que Edward fez. Resolvi então entrar na brincadeira.

— Vamos? — perguntou Mike.

— Claro, me espera no corredor que eu já te alcanço.

— Vocês estão namorando? — perguntou Edward com a voz um pouco mais dura.

— Não, tivemos apenas um encontro.

— Ele parece ansiar por um segundo. — A indireta pairou no ar.

— Bom, quem sabe? O futuro pode ser tão imprevisível quanto as pessoas que nos cercam — rebati com uma piscadela de olho. Fui para a educação física com a imagem de um meio sorriso de um dos homens mais perfeitos que conheci.

Enquanto Mike tagarelava ao meu lado, tudo o que preenchia a minha mente eram aqueles olhos quentes que pareciam hipnotizar, sua voz envolvente, aqueles cabelos ruivos... e sua estranha bipolaridade. Visita a um amigo acidentado? Certo. Eu ainda iria entender o que se passava na mente de Edward Cullen.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?



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