Lágrimas de Amor escrita por XxLininhaxX


Capítulo 13
POV Esme




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/444428/chapter/13

– Ela acordou. – disse Jake.

Senti como se meu coração tivesse batido. Minha florzinha acordou. Até estranhei o fato de ela acordar tão rápido. Mas logo senti uma tristeza me invadir. Será que ela estava bem? Eu sabia que Carlisle ia lotar a garota de perguntas. Ele estava certo. O que vimos naquele dia foi algo muito sério. Não vimos alguém tentando se defender, vimos uma assassina matar alguém a “sangue frio”. E essa assassina agora era nossa filha. Precisávamos saber o que tudo aquilo significava ou não saberíamos como agir. Por outro lado, imagino o quanto minha florzinha estava sensibilizada. Querendo ou não, termos visto aquilo provavelmente só a faria pensar que agora desistiríamos dela. Justo agora que eu tinha pensado que ela estava abaixando a guarda com a gente. Ela voltaria a levantar aquela barreira que nos impedia de alcançar seu coraçãozinho. Fora que Carlisle disse que ela seria punida se voltasse a lutar. Oh meu Deus! Proteja minha florzinha.

– Eu vou subir com Esme. Vocês esperem aqui. – Carlisle disse sério.

– Não! Eu quero vê-la! – Jake disse.

– Jake, eu preciso... – Carlisle foi interrompido.

– Não, Carlisle! Eu preciso vê-la. – Jake parecia aflito.

– Querido, deixe que ele a veja. – disse me compadecendo de meu lobinho.

Carlisle suspirou. Eu sabia que ele estava ansioso para acabar com aquele mistério todo. Mas ele tinha que entender o lado de Jake.

– Tudo bem. Você pode vê-la, mas por pouco tempo. Eu tenho muito que conversar com ela. – Carlisle falava sério.

Subimos os três. Sentia que meu coração ia sair pela boca. Fiquei imaginando que tipo de respostas ela nos daria. Tantas coisas poderiam ter acontecido com ela. Talvez ela não conseguisse nos contar tudo, mas qualquer coisa que ela falasse seria triste o suficiente para me deixar em pedaços. Minha florzinha, minha menina! Que tipo de vida ela poderia ter levado para que chegasse a desenvolver um lado assassino tão assustador? Eu queria saber as repostas, mas tinha medo delas. Como olharíamos para ela depois de saber a verdade? Se ela sentisse que estávamos com pena dela, com certeza ficaria ainda mais arredia. Eu achava aquilo estranho, pois isso demonstrava certo orgulho. Apesar de se menosprezar daquela forma, ela não queria que outros sentissem pena dela. Talvez tudo que ela quisesse era que as pessoas lhe estendessem a mão, mas por gostarem dela e não por caridade.

Entramos no quarto e ela estava sentada. Seu olhar era vazio. Aquilo partiu meu coração de tal forma que não me contive.

– Oh minha florzinha! – disse a abraçando e a enchendo de beijinhos. – Como você está? Melhor? Eu fiquei tão preocupada. Não faz isso com a mamãe. – eu a apertava em meus braços.

Ela não respondia nada, apenas continuava olhando para o vazio. Jake se aproximou de nós e também a abraçou.

– Eu odeio essa sua mania de querer lutar sozinha. Por que não deixou que eu a ajudasse? – ele perguntou sério, segurando o rosto dela.

– Não é da sua conta, Jacob. – ela ainda mantinha o olhar no nada.

– É sim! É sim e você sabe por que! Não me exclua da sua vida! – ele falava sério e procurava fazer com que ela lhe olhasse dentro dos olhos.

– Jake, preciso que saia agora. – Carlisle falou sério.

– Só mais um...

– Não Jake! Agora! – Carlisle se mantinha sério.

Jake olhava para Sophie de maneira sofrida. Ela, finalmente, olhou para ele como se dissesse para que saísse, pois tudo ficaria bem. Ele suspirou e saiu do quarto. Carlisle esperou que ele saísse e fechou a porta. Eu suspirei pesado. Na verdade, se fosse por mim, gostaria que aquela conversa fosse adiada. Eu não tinha o dom do Jasper, mas eu podia sentir que ela estava tensa. Ela estava muito tensa. E não era tensa por medo de apanhar. Era tensa por medo de mostrar quem ela era de verdade. E era uma tensão totalmente agonizante. Eu preferia que ela estivesse com medo de apanhar, eu saberia lidar melhor com isso.

Eu estava sentada ao lado da minha florzinha. Carlisle estava parado em frente à porta, com os braços cruzados e com o semblante bastante sério. Ele olhava firmemente para minha menina, que parecia achar suas mãos mais interessantes. Carlisle descruzou os braços e veio se sentar próximo de nós. Ele pegou nas mãos de Sophie e, com a outra mão, ergueu seu olhar para ele.

– Como você está? – ele perguntou carinhosamente.

– Estou bem. – ela respondeu seca. – Mas não é sobre meu estado que você quer conversar, não é?

– Não, não é. E se você sabe disso acho bom que colabore.

– Eu não tenho mais como esconder, não é? – ela sorriu nervosa.

– Não. E eu quero a verdade. Nem pense em mentir para mim. Fui claro? – ela apenas afirmou com a cabeça. – Muito bem. Em primeiro lugar quero saber o que aquele vampiro e Jake sabem que nós não sabemos.

Ela ficou em silêncio durante um tempo. Tanto eu como Carlisle sabíamos que seria difícil para ela falar, mas ele não estava disposto a não saber a verdade.

– O que aquele vampiro falou é verdade. Eu não sou vítima nessa história toda. Talvez eu seja a grande vilã, na verdade.

– O que quer dizer com isso, florzinha? – perguntei.

– Eu venho de uma família muito antiga. Ela era muito conhecida por ser caçadora dos demônios chupadores de sangue.

– Quer dizer que... – não consegui continuar.

– Sim. Eu era uma caçadora de vampiros.

Ficamos em silêncio por um momento, como se estivéssemos digerindo aquela revelação. Ela era como Carlisle. Este, por sua vez, parecia intrigado com alguma coisa.

– Agora consigo me lembrar! Por isso seu sobrenome não me é estranho. Lembro-me de que minha família liderou algumas caças a vampiros com membros de sua família. Você é natural da França, não é? – Carlisle perguntou, me surpreendendo.

– Sim. Nasci em Lille, uma cidade ao norte da França.

– Ouvi muito da sua família quando era humano. Vocês eram muito famosos no que diz respeito à caça de vampiros. Tanto que meu pai fez questão de entrar em contato com vocês para uma grande busca, na qual lideraríamos em Londres. Naquela época fiquei realmente admirado, pois vocês sabiam realmente como encontrar vampiros. Bem diferente do meu pai. – nesse momento Carlisle deixou que um sorriso triste escapasse e eu acariciei seu braço.

– É verdade. Minha família era especialista nessa área. – Sophie também usava um tom bastante triste, porém nostálgico.

– Mas estou um pouco confuso. Talvez seja por isso que não consegui reconhecer seu sobrenome de cara. Quando trabalhamos junto com vocês só haviam homens. Eu cheguei a perguntar para o líder da época e ele me disse que somente homens eram permitidos como caçadores. Então, como você se tornou uma?

Nesse momento Sophie abaixou a cabeça. Logo percebi que aquela era uma lembrança extremamente dolorosa para ela. Ela começou a soluçar e chorou de maneira bem silenciosa. Eu voltei a abraçá-la. Aquele choro estava repleto de dor, angústia, mágoa. Era muito mais carregado que todas as outras vezes que a vimos chorar. Era como se nem as gotas de veneno que escorriam por sua face fossem suficientes para demonstrar a dor que carregava em sua alma. Carlisle segurou seu rosto e obrigou-a a olhar para ele. Seus olhos estavam cheios de compaixão, mas mantinham uma firmeza que só ele conseguiria ter diante daquela cena.

– Eu sei que dói, minha pequena. Mas entenda, eu preciso saber. Eu só quero te ajudar.

– N-Não. Você n-não sabe. Não d-diga que s-sabe. – ela ainda chorava, mas limpou as lágrimas tentando demonstrar uma força que, claramente, não possuía. – Eu admirava minha família, mas ao mesmo tempo a odiava. Salvamos muitas vidas, mas dentro da família era um inferno. Aqueles homens eram tão ou mais cruéis que muitos vampiros. Sempre fomos monstros matando outros monstros. Não diga que sabe!

– Amorzinho, seu pai pode não entender, mas ele passou por algo parecido. Então ele pode imaginar. – eu disse tentando mediar à situação. Eu era o campo neutro naquele momento.

– Não, Esme! Eu ouvi sobre a família de Carlisle. Eu sei que eles mataram muitas pessoas inocentes, mas era por pura ignorância. É diferente! Na minha família eles... – ela não conseguiu terminar, caiu em prantos.

Doía tanto vê-la daquela maneira. Saber que ela nunca tivera uma vida normal. Saber que fora obrigada a viver em um mundo sujo e cruel desde o nascimento e depois da morte continuou envolvida naquele martírio, era realmente desesperador. Todos naquela casa tiveram vidas humanas complicadas, com exceção de Bella, mas depois da transformação encontraram o amor necessário para viverem felizes para toda a eternidade. Ela não. Mesmo depois da transformação continuou sofrendo como se tivesse morrido e ido para o inferno. Realmente, nem Carlisle nem eu poderíamos sequer imaginar a dor e as feridas que aquela garota carregava. Mesmo que ela dissesse, eu não conseguia imaginá-la como a vilã daquela história. Mesmo tendo se tornado uma assassina capaz de matar daquela maneira, não tinha como vê-la como alguém má.

– Meu bem, acalme-se. Está tudo bem. Já acabou. – Carlisle tentava tranquilizá-la.

– Não! N-não acabou! Eu vou carregar esse nome até o fim! Serei perseguida até que não possa mais lutar! Até que apareça alguém forte o suficiente para acabar com essa palhaçada!

– Não, minha florzinha. Aqui você terá um novo nome. Não vamos permitir que nada lhe aconteça. – eu disse a abraçando ainda mais forte.

– E você acha que EU vou permitir isso?

– Você não tem que permitir nada! Somos seus pais agora! Quem manda somos nós! – Carlisle falava sério.

– Não será assim por muito tempo! Diga-me: vocês pretendem mesmo manter uma assassina nessa família? Querem mesmo viver a eternidade sendo atacados por outros vampiros? Eu sei que não! Ninguém quis! Por que vocês seriam diferentes? ACORDA!

Agora sim ela começou a chorar alto e desesperadamente. Eu olhei para Carlisle como se pedisse para que adiássemos a conversa. Ela estava mais transtornada do que eu imaginava. Não conseguiríamos nada daquele jeito. Mas Carlisle continuava firme. Chegou a me irritar um pouco.

– Eu não vou começar essa discussão novamente, Sophie. Já disse que vamos lhe provar que não vamos lhe abandonar nem desistir de você. A conversa aqui é outra. Você não respondeu minha pergunta! Como – você - se tornou – uma – caçadora? – Carlisle persistiu e ela tentou engolir o choro.

– Você quer saber? Ótimo! Não me responsabilizarei pelo resultado disso. Mas quero que saiba que se eu sentir um pingo de pena sequer em seus olhos, eu saio dessa casa e vocês JAMAIS me encontrarão novamente.

Você não dita as regras aqui, mocinha! Só sairá dessa casa por cima do meu cadáver!

Você que pensa! – ela disse atrevida e rosnou logo em seguida.

Carlisle inspirou profundamente. Eu sabia que ele estava se segurando para não disciplinar minha menina naquele momento. Ele precisava terminar aquela conversa.

Escuta bem o que eu vou dizer! Você vai se arrepender desse tom e dessa falta de educação comigo! Pode ter certeza que sua hora vai chegar! – ele inspirou novamente. – Mas agora eu preciso que me responda. Quero saber a verdade! Por isso, trate de engolir esse atrevimento e comece a explicar logo!

Ela ficou calada por um tempo, o que foi bom para que Carlisle também pudesse se acalmar. Logo em seguida, após tomar coragem, ela começou sua história.

– O que você disse é verdade. Na minha família não podia haver mulheres caçadoras. Éramos vistas como meras reprodutoras. Mas o meu caso era diferente. Eu era filha do líder da época. Porém, era de tradição que o primogênito do líder fosse homem. Meu pai ficou revoltado por eu ter nascido mulher. Ele matou a minha mãe, por acreditar que ela era uma inútil que sequer conseguiu lhe dar um filho. – eu coloquei a mão na boca, espantada. – Ele ia me matar também! Mas o meu avô não permitiu. Disse que seria um insulto à família que o líder matasse seu primogênito. Apesar de ser o líder, ele sempre obedecia ao meu avô. E apesar do meu avô nunca ter me tratado mal, ele não era o meu salvador. Para que meu pai não me matasse, ele sugeriu que meu nascimento como menina ficasse em segredo e que mentíssemos sobre meu sexo. Ninguém podia saber que eu era uma menina. E foi por isso que eu consegui me tornar uma caçadora.

Eu estava chocada. Como podia haver um pai tão cruel ao ponto de sujeitar a própria filha a tudo aquilo? Eu não contive minhas lágrimas. Era pior do que eu imaginava! Eu sabia que não seria fácil, mas era demais para mim. Minha filhinha teve aquele tipo de criação! Eu não conseguia aceitar aquilo! Se aquele ser já não estivesse morto, eu o mataria com minhas próprias mãos. Olhei para Carlisle e ele também estava sério. Senti que ele apertava o punho, provavelmente sentindo a mesma revolta que eu. Sophie continuou.

– Meu nome na família era Jean Deneuve. E eu fui criada como um garoto desde o meu nascimento, apesar de que eu sempre soube que não era. Mas só porque meu pai resolveu poupar minha vida, não quer dizer que ele resolveu me aceitar. Muito pelo contrário, ele sempre fez questão de me mostrar que eu era um lixo, que eu não devia ter nascido. Ele me chamava de escória! – o veneno não parava de escorrer por aquela face pálida. – Ele nunca me chamou pelo nome. Ele sequer olhava em meus olhos. Eu vivia presa no porão da nossa casa. Só saía para treinar. E os treinamentos eram duros. Meu pai não tinha piedade só por saber que eu era uma menina. Às vezes eu pensava que ele realmente esperava que eu não sobrevivesse aos treinamentos. Ele me olhava com ódio e debochava da minha fraqueza. Então eu comecei a treinar mais. Eu queria mostrar pra ele que eu podia ser uma boa caçadora, mesmo sendo mulher. Mas ele nunca demonstrou interesse em me reconhecer. Não importando o quanto eu me esforçasse. – ela parou por um momento, apenas para limpar as lágrimas. – Quando fui ficando mais velha, meu pai se viu obrigado a me apresentar para o resto da família, que até então não me conhecia. E eu comecei a me socializar com os outros. Mas isso não me ajudou em nada. Meus primos me desprezavam, apesar de demonstrar os melhores resultados entre todos. Eu fui a primeira a aprender a usar a nossa arma. Era uma arma especial que continha uma bala que, ao tocar o corpo, explodia, causando uma combustão de dentro do corpo para fora. Mesmo que eu fosse a melhor, eles não me reconheciam. Eles eram tão covardes quanto todo o resto. Juntavam seis ou sete para me bater. E por mais forte que eu fosse, eu não suportava por muito tempo. Ninguém fazia nada para me ajudar, muito pelo contrário. Eles só faltavam aplaudir. E até então eu pensava que eles não poderiam ser mais cruéis. Até que eu menstruei pela primeira vez.

– Querida, pare! Não precisa continuar. – eu disse, já em prantos também.

– Não Esme! Agora eu irei até o fim. Não era isso que vocês queriam? Pois bem, contarei tudo. – ela inspirou profundamente. – Eu não sabia exatamente o que era aquilo. Eu fiquei assustada e inocentemente fui mostrar ao meu pai. Naquele dia, ele me espancou. Ele ficou possesso de raiva. Ficava gritando que não merecia passar por aquela tormenta, que eu era mesmo uma insignificante, que não podia acreditar que nem pra ser um homem eu servia. Então, ele pegou uma faca e... – ela voltou a chorar. - ... cortou minha barriga. Ele retirou o meu útero.

Nesse momento Carlisle também começou a chorar. Ele tremia de raiva. Eu já estava em frangalhos. Não sabia se conseguiria ouvir aquilo até o final. E pensar que o ser humano era cruel a esse ponto.

– Ele fez isso e me deixou sangrando no chão. Meu avô ouviu meus gritos e ordenou que a criada de sua confiança, que sabia de toda a história, cuidasse de mim. Por um infeliz milagre, eu não morri. Eu preferia ter morrido! Eu queria ter morrido! Mas eu sobrevivi. E minha vida voltou ao normal antes mesmo que eu pudesse me recuperar. Continuei treinando para me tornar uma caçadora. – ela parou mais uma vez. Senti que ela precisava dessas pausas para conseguir reunir forças para continuar. – E minha vida seguiu dessa maneira até que eu completasse doze anos. Foi então que recebi minha primeira missão para matar um vampiro. De alguma forma eu estava ansiosa. Era uma chance de mostrar para meu pai que eu não era uma inútil. Fiquei treinando o máximo que eu conseguia, até mesmo sozinha. Porém, quando o dia chegou nada correu como o esperado. Quando me deparei com o vampiro, uma onda de medo me invadiu. Naquele dia, especificamente, íamos trabalhar junto com os lobisomens. Afinal, tinha muitos novatos na equipe e o vampiro parecia ser muito forte. Eu falhei horrivelmente. Chegou um momento crítico onde eu estava em uma posição muito vantajosa e tinha o vampiro na minha mira. Mas eu tremia muito e não consegui me mover. E por causa disso, um dos meus primos acabou sendo morto. Matamos o vampiro, mas com certeza eu não sairia impune por cometer tamanha gafe. E existia uma tradição na minha família que dizia que toda vez que uma falha de alguém ocasionasse na morte de algum caçador, essa pessoa deveria perder alguma parte do corpo. E foi assim que eu perdi minha visão do olho esquerdo. – ela automaticamente tocou seu olho. – Depois daquele dia eu decidi que jamais cometeria outra falha. E foi assim que meu lado assassino nasceu. A partir daí eu me tornei lenda, entre a família e entre os vampiros. Eu cheguei a ser considerada ainda mais forte que meu pai. E eu pensei que ele finalmente me reconheceria, mas isso não aconteceu. E para apagar essa frustração, eu comecei a matar mais e mais vampiros. Eu me tornei uma assassina profissional, perfeita. – ela parou novamente, agora sorrindo tristemente. – Até que eu completei quinze anos. Foi durante uma missão. Um Volturi. Os tão falados e conhecidos Volturi. Ele estava exterminando muitos caçadores da nossa família. Não era nenhum dos três líderes, mas era um vampiro de alto escalão na guarda. Eu e meu pai fomos encarregados de acabar com ele. Foi uma batalha difícil. E por um descuido eu acabei sendo mordida. A transformação começou, mas eu tentei me manter consciente. Meu pai conseguiu, de alguma forma que eu não me lembro, conter os movimentos do vampiro. E naquele momento, em que eu tentava manter a sanidade, tudo que consegui ver foi meu pai e o vampiro na minha frente. Não sei exatamente o que aconteceu, mas eu estava em uma posição completamente favorável. E, sem hesitar, eu atirei na direção dos dois. E-eu matei meu pai. O vampiro caiu também, mas eu sabia que ele não estava morto. Então, mesmo em processo de transformação eu terminei meu trabalho. E logo depois desmaiei. Quando acordei já havia me transformado em vampira. E a primeira coisa que vi foi meu pai caído no chão, morto.

Um silêncio sepulcral se fez naquele momento. Estávamos os três chorando. Sophie estava com o olhar completamente vazio. Ela parecia reviver cada cena à medida que falava. Eu sabia que era necessário, mas chegava a ser torturante, tanto para ela como para nós. Era muito pior do que imaginávamos. E parecia que havia mais.

– Eu queria morrer! Queria ter morrido! Mas parecia que eu estava destinada a sofrer e, pelo visto, por toda a eternidade. Várias vezes pensei em suicídio, mas eu não conseguia me matar. Eu já tinha sobrevivido tantas vezes. Alguma coisa dentro de mim dizia que não era eu quem tinha que tirar minha vida. Um dia eu pagaria por ter a audácia de ter sobrevivido tantas vezes. Por ter enganado a morte daquela forma. E eu decidi viver até que um salvador pudesse me levar ao descanso eterno. Claro que eu não me misturaria com humanos. Não queria correr o risco de me tornar mais desprezível do que eu já era. Então continuei vivendo, como vampira, na escuridão. Já que eu não poderia voltar para minha família, decidi que me assumiria como mulher. E mudei meu nome para Sophie. Era o nome da minha mãe. De alguma forma eu queria carregá-la na memória, mesmo não a conhecendo. – meu coração se apertou com aquela fala. – Mas logo comecei a ser perseguida por outros vampiros, que sabiam da minha fama quando era humana. Mesmo tendo mudado tanto, eles sabiam que era eu. Então me vi obrigada a continuar matando vampiros. Mas não foram só vampiros que eu matei. Muitos humanos vinham tentar me matar, afinal eu era uma vampira. Eu tive que matar muitos da minha própria família. E passei séculos vivendo dessa forma. Fui capturada diversas vezes, fui torturada por outros vampiros. Sem falar que minha fama chegou até os Volturi. E desde então eles tem mandado vários da guarda para tentar me capturar. Mesmo sendo uma assassina de vampiros, eu tenho uma habilidade incomum, que muito interessa aos Volturi. E apesar de nunca terem conseguido me capturar, eles nunca desistiram. E provavelmente nunca desistirão. – ela parou novamente e suspirou. – Pronto! Essa é a história que vocês tanto queriam saber! Satisfeitos?

Era muita informação para digerir. Senti que Carlisle estava muito alterado. Coloquei minha mão suavemente sob seu braço, mas ele se afastou. Ele levantou-se e saiu do quarto, batendo a porta. Espantei-me. Carlisle não era de agir por impulso. Ele devia estar bastante transtornado.

– Depois querem que eu acredite que não vão desistir de mim. – ela deitou-se e virou de costas para mim, começando a chorar novamente.

Tudo que eu consegui fazer foi deitar-me e abraçá-la, acariciando seus cabelos. Sentia-me inútil por só poder fazer aquilo. Toda aquela dor, todo aquele passado de horror, eu não poderia apagar. Suas cicatrizes eram muito profundas e eu tive medo. Medo de não conseguir fazer com que elas parassem de doer. Medo que aquelas manchas de sangue em sua alma jamais pudessem cicatrizar. Tudo que poderia fazer era esperar que o imenso amor que eu sentia, pudesse amenizar toda a agonia e angústia que aqueles fantasmas traziam a ela.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Yooo pessoitas XD

Então, finalmente a história da Sophie foi revelada XD!! E minha característica mais marcante, o drama, veio à tona... huhauahuahauahauahauahu XD!! E aí? Gostaram? Exagerei? Devo dizer que escrever esse cap foi tenso, até senti vontade de chorar... *louca* hauahauhauahauahauahau XD!! Espero que tenham gostado XD!! Eu ainda tenho mto o q fazer nessa fic XD!! Acham q me esqueci da Rose? Ela ainda vai deixar vcs tremendo de ódio XD!! Guardem essas palavras... hauhauahuahauahauahau XD!!
Bom, ta aí mais um cap XD!! Espero seus comentários ^^
Até o próximo o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lágrimas de Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.