Dean levou o corpo de Damon para o porão, dentro da cela onde os Salvatores já passaram por muitas dificuldades. Stefan se recusava a enterrá-lo a qualquer custo, mas se torturava por dentro toda vez que via o corpo de Damon dentro da cela. Elena ficara ainda pior desde a morte do mesmo, e agora quase não levantava mais da cama pela fraqueza e pelas dores abdominais.

Sam demorou quase uma semana para visitar a casa de Stefan, que o recebeu repugnantemente, ignorando-o até o fim da visita. Ele queria mata-lo, mas de forma planejada e torturante. Até Bonnie ficara abatida com a notícia, mesmo não sendo muito próxima de Damon.

–Será que ele foi para o Inferno? – Dean pergunta à Katherine.

–Com certeza. – Katherine diz, sentindo a voz engasgar.

–Veja pelo lado bom... Ele poderá pegar um bronzeado.

–Dean, não é hora de fazer suas piadas sem graça.

–Sempre achei que isso era coisa do meu irmão.

Dean então se levanta e vai até a geladeira para comer algo. Sam está sentado no balcão e aproveita para comer algo também. “Talvez comendo alguma coisa, a consciência fique mais leve” era a sua ilusão.

–Quem comeu os burritos? – Sam olha para Dean, que está com um pacote em mãos.

–Talvez tenha sido um dos Cavalheiros... Fome. – Dean ironiza – Entendeu? Fome, Burritos...

–Dean, me dá logo isso. – Sam arranca-lhe o pacote das mãos.

–Por que está de mau humor? Porque matou Damon? Não vejo motivos.

–Dean, pare com esse seu humor frio!

–Ele abusou da minha mulher! – Dean se exalta – Ele podia ter sido o pai daquela criança se fosse humano! E me enganou desde o começo! Ele queria me matar desde a primeira vez que me viu!

–E quem acabou morto foi ele. E por MINHA causa.

–E por que Elena não morreu ainda?

–Eu dei uma dose bem pequena à ela... – Sam murmura.

–Então você não é totalmente o santo da história, irmão. – Dean resmunga e dá as costas.

**

Damon está conversando com duas mulheres esbeltas de vestes brancas, quando um homem alto, musculoso, usando apenas uma calça branca, lhe toca o ombro. As meninas suspiram e Damon o encara incrédulo.

–Não vê que eu estou ocupado? Por favor, se retire. – Damon se volta para as meninas.

–Isso não é jeito de se falar comigo. – Ele cruza os braços e Damon volta a olhá-lo.

–Olha aqui senhor Hércules, eu não sou preconceituoso e nem nada, mas eu prefiro ficar com as meninas... A sós. – Damon sorri em deboche.

–Meu nome é Rafael, e eu sou o mensageiro da boa notícia.

–Então me dê uma. – Damon o olha como desafio.

–O Divino quer falar com você. E isso é muito bom, porque Ele sabe quem está realmente precisando de ajuda, e então o chama para que resolvam isso de uma maneira rápida e agradável.

–Ah, e onde Ele está? – Damon olha em volta.

–No seu coração. Você precisa apenas se ajoelhar e lhe chamar pelo nome.

–Então com licença que eu preciso fazer uma ligação... – Damon se levanta – E não se aproveite da minha ausência, Hércules, as meninas são minhas.

Enquanto se endireita para seguir caminho, ouve as risadas meigas das duas moça e só então Damon caminha pelo trilho de pedras azuis porque acha que elas vão leva-lo ao Divino. Ele então percebe que sua mente está muito mais tranquila desde que chegou ali e que sente uma paz interior imensa. Coincidência ou não, o que falam do Céu é verdade.

Damon então chega a um campo de grama enorme, com apenas uma árvore imensa no centro. Os raios de algo brilhoso passavam pelas folhagens rosadas da árvore e iluminavam o local perfeitamente. O campo estava vazio e parecia ter esperado por Damon todo o tempo. Mesmo sem saber direito o que fazer, caminha até a árvore e a analisa por um tempo. Então põe-se a ajoelhar vendo que não haveria outro jeito, e de algum lugar, coisas boas invadem seu coração e suas palavras.

–Divino, eu estou aqui como o Senhor me pediu. Ainda não sei o porquê, mas... Me chamaste pelo nome, me acolheste em teus braços puros e me guiaste até aqui. De novo, por alguma razão desconhecida. Não mereço tamanha bondade vinda de ninguém depois de tanto sofrimento que causei às pessoas. Mas por favor, enquanto eu estiver aqui, cuide dos que estão lá embaixo por mim... Em especial, Elena que ainda está em agonia. Não sei como terminar isso então... É isso aí. – Damon termina e abre os olhos, não vendo nada de diferente a sua volta.

–Damon? – Uma voz grossa diz seu nome e ele espantado, se levanta rapidamente, olhando para trás.

–Caramba! – Damon olha em volta – Quem... O que... Espera aí, quanto tempo você está aí?

–Desde sua primeira palavra diante da oração, quando me chamaste.

–Então era só me ajoelhar e dizer “Ó Divino”?

–Sim. – O homem sorri.

–E por que não me interrompeu? Falei isso tudo em vão?!

–A mensagem estava tão bonita, eu não queria estraga-la, mesmo faltando seu “amém” no final da oração. E meu filho, nada foi em vão. Mesmo que sei o que passa dentro de ti, tuas palavras são importantes pra mim. – Ele toca o ombro de Damon. – E se tens algo a me dizer, diga.

–Por que eu estou aqui? – Damon pergunta indignado – Você se enganou de pessoa. Eu sou Damon Salvatore! Eu mato pessoas!

–Não. É o vampiro Damon que mata pessoas. O Damon humano não mata nem uma barata. – O homem ri, constrangendo-o.

–Mas...

–Você vai voltar logo para a Terra. Eu só queria mesmo é bater um “papo-cabeça” com você pessoalmente. Eu também não deixei que te levassem para o inferno, porque você não sabe o que aquelas diabetes podem fazer com você, meu caro. Mas espero que tenha aproveitado o momento de paz interior aqui de cima, porque irás voltar. E quanto você voltar, ficará... Diferente.

–Diferente como? Por favor, tenha o bom senso de não me fazer virar gay! Eu gosto é de mulheres.

–Não desse jeito! Apenas... Voltará ao normal. Será uma lição e espero que aproveite.

Damon esfrega os cabelos, agoniado e quando volta a abrir os olhos, o Divino não está mais ali. Ele suspira pesadamente e vê um homem carregando uma flecha em mãos. Tinha cara de ser o Cupido, mas ele não tinha os cabelos loiros e enrolados.

–Quem é você agora?! Estou em dúvida entre Cupido e Hobbin Wood. – Damon diz, irritado.

–Sou quem vai te mandar de volta pra Terra. – Se aproxima ainda mais.

–Não, sai fora! Eu preciso me despedir das garotas...

Uma flecha é lançada em Damon, fazendo com que desmaie.