Destinados escrita por Lucy Myh


Capítulo 4
Capítulo 3. REFLEXÕES


Notas iniciais do capítulo

Seria pedir demais pelo menos um comentário?



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CAPÍTULO 3 – REFLEXÕES

Alasca, 12 de Março de 2081.

Edward POV

Há exatos 76 anos, levei Bella à clareira. À nossa clareira.

Lembro-me de tudo, com todos os detalhes, como se o tempo não pudesse apagá-la de mim. Mas, de fato, ele não pode. Bella mudou a minha vida tão radicalmente, como se gravasse em minha existência a sua passagem, sua presença.

Eu travava uma batalha muda em meu interior. A ansiedade por estar com ela tentava me dominar, enquanto o medo de ela se negar a ficar comigo me ameaçava e a preocupação com a sua segurança me assegurava que, se ela negasse, seria o melhor para ela, para sua segurança. A sede que o monstro em meu peito sentia estava saciada pela caçada do dia anterior, mas eu sabia que a qualquer descuido meu, esse monstro explodiria e machucaria Bella. Naquela hora eu sabia, os nossos destinos dependiam daquele dia.

Quando Bella finalmente abriu a porta, a felicidade falou mais alto, embora eu não demonstrasse isso, e logo me reprimi por ser egoísta demais para não me preocupar com sua segurança, mas sim com meus desejos. Ao me ver, lembro-me de seu suspiro de alívio. Mesmo que uma parte de mim ficasse extremamente feliz em ver que eu era a causa desse alívio, repreendi-a com o olhar. Como ela podia confiar sua vida e segurança nas mãos – ou melhor, presas – de um predador como eu?

Entretanto, toda essa tensão se dissolveu quando a analisei melhor. Nossas roupas combinavam, como se nossas próprias escolhas estivessem em sintonia, como se houvesse uma conexão profunda entre nós, um verdadeiro casal. Era o que eu mais queria naquele momento. Por mais que eu me reprimisse, ter Bella como minha era meu maior desejo. E aquela visão de nós como um casal parecia uma brincadeira do destino, me dando o vislumbre de que meu desejo pudesse se tornar real.

Naquele dia, mostrei à Bella todas as faces de Edward Cullen. Edward, o humano. Edward, o monstro. Edward, o homem. Edward, o vampiro vegetariano apaixonado pela garota humana com o melhor perfume que já senti em minha existência.

Naquele dia, destruí todas as barreiras que separavam a essência da minha existência de Bella. Me abri para ela para que visse o monstro que era, para que ela percebesse todo o amor que eu sentia e todo o perigo que eu representava. Para que, com essas revelações, ela fugisse de mim, ficando segura. Mesmo que no meu íntimo, eu a quisesse comigo para sempre, eu deveria fazê-la perceber que seu destino não era se tornar o monstro que eu era, que Alice tanto mostrou com suas visões do futuro dela.

O certo era fazê-la perceber que eu somente destruiria sua vida, sua alma. Mas ela nunca reagia como eu esperava que fizesse. Ela não fugiu. Ela me aceitou como eu era e aceitou o destino que eu daria à sua vida. A partir daquele dia, eu percebi que nossos destinos estavam entrelaçados e eu faria de tudo, até mesmo me privar do meu maior desejo, para manter Bella a salvo.

Depois daquele dia, daquela tarde, daquele beijo, o nosso primeiro beijo, eu não podia mais negar: Bella era a coisa mais importante do mundo para mim, ela era minha vida, minha heroína, minha droga e salvadora. Ela me salvou da minha existência vazia e me viciou com sua presença, eu perfume. Mas num ato desesperado para protegê-la do meu mundo, da minha família e até de mim mesmo, eu a deixei e a pedi para sempre.

Será como se eu não existisse, essa era minha intenção. Não interferir mais na vida de Bella, não destruí-la como eu vinha fazendo. Dando a ela a vida humana que ela teria se eu não tivesse entrado nela e a colocado em perigo. Manter Bella a salvo do meu mundo, de um destino tão terrível como era o meu. Era isso o que eu queria, que a vida tão preciosa que corria por suas veias não deixasse de existir. Mas, como sempre, ela não reagiu como eu esperava.

Esperava que ela retomasse a vida dela. Mas parece que, assim como ela mudou irremediavelmente minha vida, eu mudei a dela, e ela não retomou. Desde o dia em que a deixei, não fui mais o mesmo. Não fui o mesmo Edward que tinha Bella ao seu lado porque ela não estava lá. Não fui o mesmo Edward de antes de Bella porque sua passagem pela minha existência é inesquecível. Nem mesmo minha família era a mesma.

Embora tentassem esconder, podia sentir que sentiam pena de mim. Vez ou outra, captava um pensamento. Rosalie era a que mais apoiava a minha decisão de deixar Bella, embora me reprimisse por meu comportamento depressivo. Alice era a que mais queria que nós voltássemos a Forks. Ela era, depois de mim, a que sentia mais saudades de Bella, mas respeitava a minha decisão. O meu comportamento afetava os ânimos da minha família, então, por fim, decidi me afastar deles. Eles não precisavam sofrer comigo. Foi assim que decidi fazer algo de útil: caçar Victoria.

Aquele dia, na clareira do jogo de baseball, foi um dia infeliz. Nunca deveria ter levado Bella para passar o tempo com minha família quando sabia que nômades estavam para passar por Forks, mas a euforia de ver Bella parte da família e visão de Alice de que não chegariam naquela hora me fizeram tomar uma decisão que colocou a vida mais preciosa para mim em perigo.

Embora tenhamos conseguido destruir James, a sensação de quase perdê-la me fez retornar à realidade e trouxe à tona a culpa de destruir a vida dela. No hospital, vendo-a em desespero diante a possibilidade de ficarmos separados, fiz a promessa de nunca deixá-la. Uma promessa que eu não cumpri.

Já tinha cultivado a decisão de ficar com ela o máximo de tempo possível que sua vida humana permitia, tentando proporcionar a ela todas as experiências humanas possíveis. No fundo, queria que ela soubesse o que ela não poderia ter se decidisse ficar comigo. Por mais que eu desejasse passar a eternidade ao seu lado, não queria que ela se arrependesse da sua escolha. Mas e se o perigo não fosse James ou Victoria, e se o perigo fosse minha própria família, ou até eu mesmo?

Me deparei com esse impasse no dia do seu aniversário de 18 anos. Caçar James não foi nada comparado com a decisão que teria que tomar. Antes de qualquer promessa que eu tenha feito, vinha a segurança de Bella. E naquela festa que percebi que todo o meu mundo era perigoso para ela e que a vida dela dependia, todo dia, de eu não vacilar no meu autocontrole. Foi decidido a salvá-la de minha família e de mim mesmo que eu a deixei sozinha em Forks. Um rompimento sem dor.

Por mais que me doesse aceitar que Bella pudesse retomar a sua vida, encontrar alguém que possa amá-la sem colocá-la em risco, que possa dar filhos a ela, alguém que possa envelhecer ao lado dela, eu me apegava a essa idéia. Bella merecia alguém que pudesse lhe dar o que eu não podia: uma vida normal, filhos, experiências humanas.

Desistir de ficar ao lado dela não significou esquecê-la, nem deixar de protegê-la. Com esse intuito comecei a caçar Victoria. Embora não tivesse percebido nenhuma ligação profunda entre Victoria e James no nosso primeiro encontro, algo me dizia que eu deveria tomar cuidado com ela. Victoria seguiu James em seu plano de caçar Bella e algo me dizia que ela não ficaria parada com a morte de James. Mas ela era uma boa fugitiva. Fui parar na América do Sul e perdi seu rastro. Durante vários meses, meu objetivo foi caçar e destruir Victoria. Até aquele telefonema.

Depois do retorno à casa dos Denali, depois de saber da morte de Bella, meu mundo desmoronou. Não havia mais razão para viver. Naquele dia me arrependi amargamente de ter deixado Bella, de não ter deixado Alice interferir em sua vida. Se não a tivesse deixado, ela não teria morrido. Se, pelo menos, tivesse permitido à Alice ficar de olho no futuro dela, poderíamos ter voltado a tempo e talvez tudo estivesse bem. Mas na tentativa de salvá-la de mim, não pude protegê-la dela mesma, de minhas lembranças que devem ter se tornado fantasmas em sua vida.

Bella não tinha me esquecido, não tinha seguido em frente. Como poderia? Ela me amava. Mas não tinha idéia que o amor dela pudesse se igualar ao meu. Para mim, nada era maior que meu amor por ela. Talvez esse tenha sido o meu erro, tão egoísta em querer tê-la, fui egoísta também em querer protegê-la. Desde aquele dia na nossa clareira, selamos nosso destino e, ao deixá-la, sentenciei-a à morte.

Hoje, não sou nem a sombra do que fui um dia ao lado dela. Ao tentar lutar contra o futuro que nos foi destinado, ao tentar impedir que Bella se unisse a mim e minha família como o monstro que eu sou, a perdi para sempre. O destino foi cruel e rígido com sua decisão. Ele impôs à Bella um futuro obscuro como vampira ou a morte. Ao tentar confrontá-lo, ao tentar salvar a vida e a alma de Bella de uma sede eterna e uma penosa existência, fui severamente castigado com a sua morte.


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Notas finais do capítulo

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