Destinados escrita por Lucy Myh


Capítulo 22
Capítulo 21. SEMANA DE SOL


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo de hoje. Comentários??



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CAPÍTULO 21 – SEMANA DE SOL

Luna POV

Esquece isso! É o melhor que você pode fazer.

“Luna... Luna, você está me ouvindo?”

“Ahn?” Despertei dos meus devaneios com a voz da Gabi me chamando. Hora de voltar à realidade e esquecer essas baboseiras.

“Pensando em quê?” Kali, como sempre, curiosa.

“Acho que o certo é em quem, não é?” Nancy insinuou, maliciosa. Revirei os olhos, mas não pude evitar corar.

“Por que tanto olha pra mesa dos Cullen?” Lisa perguntou, sempre perceptiva. Ok, talvez dessa vez, mas só dessa vez, devia estar estampado na minha testa ‘Estou obcecada pelos Cullen, onde eles estão?’.

“Ah... Não é nada, só curiosidade mesmo.” O que não era totalmente mentira. Eu estava mesmo curiosa, mas será que era só curiosidade mesmo? Claro que é! Não pense besteiras, Luna.

“É, eles sempre faltam nos dias de sol...” A resposta para minha pergunta silenciosa veio da Lisa. Ela é mesmo perceptiva, ou será que é uma secreta leitora de mentes?

Argh! O que eu disse, ou melhor, ordenei pra mim mesma, Luna? Pare de pensar besteiras! Como se alguém pudesse ler mentes... Tudo bem, mas mesmo que pareça ridículo e eu me obrigue a pensar o contrário... Eu acredito que possa existir leitores de mentes... Mas nunca vou admitir isso! É fantasia demais para ser real.

“Parece que a família toda sai para acampar.” Gabi completou. Ela sempre sabe tudo sobre todos, mas não gosta de ser chamada de fofoqueira. Não, ela prefere ser chamada de ‘fonte de informação’.

“Amantes da natureza.” Kali sintetizou em três palavras o que achava sobre o assunto.

“Acho mesmo que é só desculpa para matar aula.” Só podia ter saído da boca de uma das garotas...

“Nancy!” Lisa a repreendeu, enquanto eu reprimia um riso. Era difícil tentar imaginar os senhores perfeição matando aula para ficar dormindo no meio do mato.

“Ah, vai... Quem é que não arranjaria qualquer desculpa para faltar da escola?” De delicada, Nancy só tinha a aparência. Era muito fácil rir do que ela dizia.

“Como se eles precisassem estudar. Se não fossem tão bonitos, eu os chamaria de nerds.” Gabi completou.

“É mesmo... Até os professores desistiram de perguntar as coisas para eles. Eles sempre acertam!” Kali tomou partido.

“Acho que vocês estão exagerando.” Eu disse, mas não estranharia que até nisso eles fossem perfeitos.

“Você diz isso porque não tem aula com nenhum deles. Eles nem pensam para responder!” Disse Kali, a inteligente da turma. Hmm... Será que eu senti uma pontada de indignação?

“Tá bom. Se vocês dizem...” E todas elas concordaram com um aceno de cabeça.

“É fato, meu bem. Eles sabem tudo.” Nancy encerrou a discussão como quem diz uma coisa óbvia a uma criança que insiste em não querer ouvir.

“Que seja!” Revirei os olhos. Isso já estava me cansando. Eu queria esquecer o efeito que ele tinha sobre mim. Como é possível um completo estranho ter todo esse poder sobre as minhas reações – reações que nem ao menos eu sabia que fosse capaz de ter – quando nem mesmo os garotos com quem já fiquei e gostei tinham capacidade para me intimidar e me atrair tanto ao mesmo tempo? “Sobre o que vocês estavam falando mesmo?”

“Ah, é. Quase me esqueci.” Gabi deu um tapinha na testa. “A gente estava falando sobre...”

“La Push, baby, La Push” Nancy a cortou, dando uma piscadela. Caímos na gargalhada.

“O sol de hoje vai durar a semana toda, acredita?” Kali informou com os olhos arregalados, como se isso fosse raro – o que é verdade, tratando-se de Forks.

“Sério?” Não podia acreditar. Uma semana inteira de sol em Forks? Só pode ser um milagre! Ou não, pode ser o aquecimento global e o tempo louco mesmo.

Mas por mais que eu tivesse gostado da notícia, não me sentia inteiramente feliz, não como eu teria ficado antes do início do ano letivo. E o que mais me intrigava era que eu não sabia o porquê disso.

“Aham” Lisa confirmou. “Vi na previsão do tempo ontem. Parecia que eles estavam anunciando que o natal chegou antes e foi prolongado porque descobriram que Papai Noel existe.” Ri da comparação, todas rimos, muito criativa.

“E então? Você vai?” As meninas perguntaram juntas, ansiosas por um ‘sim’ da minha parte.

“Hmm... E quem vai?” Perguntei só para enrolar elas e deixá-las na expectativa.

“A turma toda: eu, Lisa, Rick, Kali, Ryan, Nancy, Tom e Peter.” Gabi respondia animada, levantando um dedo a cada nome que dizia. “Ah, claro.” Sua animação diminuiu quando prosseguiu, pude até sentir no tom de sua voz alguma coisa como... hum... raiva contida? “Sara vai também. Peter a convidou.” Ah... sim, entendi. Ciúme.

“Ah, tá...” Achei melhor não prolongar essa parte do assunto. Sara era morena, cabelos escuros e lisos, olhos igualmente escuros, com quem Peter dividia a bancada na aula de biologia. E como eu, Lisa e Gabi tínhamos essa mesma aula, pudemos acompanhar de perto o progresso da paquera ao mesmo tempo em que Gabi morria de ciúmes. O que mais magoava ela era que desde o início do ano letivo, Peter não dava a mínima para Sara, mas foi só ela voltar das férias sem aparelho nos dentes e óculos fundo de garrafa para ele cair de quatro pela menina.

“Mas, então?” Lisa continuou. “Você vai?”

“Vou sim.” Sorri. “É só pedir para os meus pais, mas tenho certeza que eles me deixam ir a La Push com vocês.”

O sinal bateu, encerrando o almoço e a nossa conversa.

“Depois a gente combina direitinho, ok?” Todas concordaram e seguimos para nossas aulas.

 

A semana toda se passou ensolarada demais para Forks. Não chegava a ser quente como Phoenix, mas o céu estava somente com uma fina camada de nuvens brancas de algodão que não cobria todo o céu azul. Não precisava mais usar tantos casacos para me sentir aquecida.

Aproveitei bem todo o sol e a vitamina D que pude. Sempre que dava, eu ficava no jardim, estendia uma manta na grama e, sob a luz do sol, lia e fazia meus deveres da escola. Fazia tempo que eu não sentia esse calor, em outras palavras, fazia tempo que eu não me sentia tão... seca.

As noites sem chuva me fizeram bem, pude dormir um pouco melhor. Assim como na minha antiga cidade, as noites sem chuvas não me traziam pesadelos, elas não me traziam sonhos e eu estava mais tranqüila. Consequentemente, as noites bem dormidas me deixaram de muito bom humor. Exceto talvez por algumas situações do dia em que eu estava sozinha, mas podia jurar que não estava, como se eu estivesse sendo vigiada.

Ok, talvez tanto sol devesse estar afetando a minha cabeça, acho que me desacostumei. Bom, pelo menos isso explicaria a estranha sensação de olhos captando cada mínimo movimento meu nas sombras do bosque que tem na frente de casa enquanto eu estou estirada no gramado tomando sol. Era muita paranóia. Deve ser o costume. A minha vida está boa demais, calma demais, para eu ficar tranqüila. Até parece que eu estava caindo menos, nessa semana foi só uma queda da cama por ter dormido muito bem e acordar atrasada e um tropeço correndo para a aula de Estudos Sociais nesse mesmo dia, adivinha por quê? Por estar atrasada. Mas fora isso, eu não tive acidentes maiores. Como disse, era calmaria demais.

Entretanto, era só tocar o sinal encerrando a terceira aula do dia e iniciando o horário do almoço para que a paz fosse embora por pouquíssimos segundos, só o suficiente para lançar um único olhar de relance na direção da mesa dos Cullen e constatar que ela estava vazia e que eles não viriam mesmo à escola. Foi assim todos os dias, pode ter certeza, eu conferi.

Mas, afinal, por que eu ficava verificando isso? Eu não tinha nada com eles, tinha? Então, por que tanta vontade de vê-los? Nem mesmo eu entendo, mas além do fato óbvio de a beleza deles não cansar os olhos – só a auto-estima –, eu não conseguia não manter meus olhos longe deles, especialmente do mais novo, e não saber o porquê disso me irritava profundamente.

Era como se eu me sentisse dependente dele e, sinceramente, ser dependente era um risco muito grande a se correr, principalmente quando o seu objeto de dependência, a sua droga, tivesse um grande potencial de ‘arrasar corações’. A última coisa que eu quero na minha vida é ter meu coração quebrado, estralhaçado por um amor não correspondido, ou pior, um amor esgotável, que pode te trocar por uma garota melhor, mais bonita, como se troca um carro antigo pelo modelo do ano.

Os Cullen podiam não ter culpa de serem, assim, tão perfeitos, mas não conseguia conter uma pontada de ressentimento e admiração ao pensar neles. Admiração, pois eles, apesar de serem lindos, ricos e inteligentes, não tratavam as pessoas de um jeito mesquinho como eu tenho certeza que muita gente na situação deles faria. Ressentida, pois... ora, nem mesmo eu sei direito. Outro ponto que me irrita. Eles nunca fizeram nada que pudesse me deixar ressentida, mas é algo como um sentimento que me magoava somente pelo fato de eles não virem conversar comigo, como se o fato de eu não ser especial para eles fosse uma tremenda traição.

É, era muito estranho, extremamente incompreensível e eu queria parar de me sentir assim tão mal. Então, por que eu insistia em manter a esperança de eles virem à escola? Eu devia era estar feliz por eles não aparecerem. Ai, que raiva! Por mais que eu tentasse, eu não conseguia!

E foi assim que a minha semana perfeita de sol não se passou tão perfeita assim. Mas passou. Ótimo! Amanhã iríamos a La Push. Já estava tudo acertado. Nancy viria me buscar em seu carro. Sorte a dela, nascer em janeiro, mas é só pensar que em meio mês eu estarei com meu carrinho novo que a inveja passa longe. As meninas, eu quero dizer, todas as meninas – e isso inclui a Sara também – iriam com Nancy, a única motorizada entre as garotas da turma. Rick levaria os garotos no seu carro, já que Tom, apesar de ter a carteira de motorista, só tem carrinho de brinquedo.

Marcamos de nos encontrar lá mesmo, no estacionamento da praia, a First Beach, às 9h30 da manhã. Isso mesmo, 9h30 da manhã, ou seja, cedo, pelo menos para mim. Então, decidi arrumar a mochila hoje. Alguns itens não podiam faltar, como, por exemplo, um kit de primeiros socorros para o caso de eu tropeçar ou escorregar e cair, uma troca de roupa para o caso de eu me molhar e meu mp4 velhinho, tipo herança de família, para o caso de não ter nada o que fazer. Além disso, também separei um par de tênis para caminhada que eu usaria amanhã, era velho, mas ainda servia.

Amanhã seria um dia longo, sem chuva e com muita energia para gastar, então, para não perder a hora e nem ficar caindo de sono na praia, fui cedo para a cama.

 

A luz verde da floresta me dava arrepios. Há algum tempo, eu evitava pensar em qualquer ambiente verde demais, cheio de árvores ao meu redor, mas essa é uma situação que eu não consigo evitar nos sonhos. Não consigo controlá-los, nunca consegui.

Desde pequena sempre fui consciente dos meus sonhos. Muitas vezes eu sonhava com uma família grande e perfeita. Era como se eu não fosse filha única, como se eu não ficasse mais sozinha. Mas com o tempo – mais precisamente depois da minha experiência de quase afogamento aos 7 anos –, os sonhos começaram a mudar, se transformando em pesadelos. Lembro que eu não quis mais dormir e meus pais tiveram que me levar numa psicóloga até eu superar aquele trauma. Depois de muita terapia, eu consegui dormir tranquila, mas nunca mais voltei a sonhar com a minha grande família perfeita. A partir de então, evitava sonhar para não ter pesadelos, mas como eu disse, eu não consigo controlá-los e vez ou outra os sonhos e os pesadelos voltavam para me assombrar.

Dessa vez, havia algo de diferente nesse sonho. A floresta não era tão sombria quanto a dos meus pesadelos, mas, mesmo assim, não queria ficar naquele lugar. Percebi ao fundo o barulho de ondas batendo em rochas de algum lugar próximo e sabia que se eu seguisse esse som, provavelmente chegaria a uma praia onde encontraria o sol.

Passei a caminhar na direção que eu julgava ser a certa, mas logo senti que não estava sozinha. Apertei o passo, quase correndo, para sair o mais rápido possível daquele lugar. Enquanto lutava com meus pés para avançar sem tropeçar e cair, eu ouvia sussurros, vozes baixas, dentro da minha cabeça. Tentei expulsá-las de lá, mas elas não saíam, pelo contrário, se tornavam cada vez mais altas. “Corra”, eu ouvia, “Você precisa correr”, elas ordenavam, mas não diziam para onde ou por quê.

O desespero começava a tomar conta de mim e dei um grito de horror quando uma mão quente pegou a minha, me arrastando para a parte mais escura da floresta enquanto eu lutava para me livrar daquele aperto. Mais uma vez, eu estava na escuridão, a minha mão estava livre agora, mas não conseguia mais distinguir por onde eu deveria seguir. Eu estava perdida.

Uma brisa fria atingiu meu corpo quente, fazendo-me encolher ao mesmo tempo em que um arrepio subia minha espinha. A apreensão me tomou. O cenário era totalmente diferente do que eu estava acostumada, mas, ainda assim, era algo familiar.

Vaguei o olhar cautelosamente ao meu redor, arregalando-o ao me deparar com um grande lobo de pêlo avermelhado. Seus dentes estavam à mostra, sua posição pronta para o ataque, rosnados saíam de sua garganta. Prendi a respiração, o medo se alastrou rapidamente por todo meu corpo, facilmente ele me mataria. Mas nada aconteceu, o lobo se afastava de mim, avançando para a floresta. E então, eu o vi.

Do meio das árvores, uma figura extremamente pálida e esguia apareceu para mim, a pele brilhando fracamente. Edward estava ali, com uma mão levantada, convidando-me a ir com ele. Seus olhos eram como dois lagos negros, brilhantes e profundos que gritavam perigo.

Sentindo-me tentada a segui-lo, dei o primeiro passo, hesitante.

Um rosnado alto ecoou pela silenciosa floresta, desprendendo-me do olhar negro e hipnotizante daquele garoto que mexia profundamente comigo. O lobo avançava cada vez mais na direção de Edward, seus olhos – também negros – emanavam uma faísca de raiva, sempre o encarando. Não era como nos documentários da televisão onde o lobo enfrentava um invasor. Definitivamente, não. Os olhos daquele lobo carregavam um brilho consciente, chegava a ser quase humano, não havia nada de instintivo ou irracional naquele olhar.

Edward, por sua vez, mantinha os olhos em mim e um sorriso no rosto. Ele estava, como sempre, lindo, mesmo da forma ameaçadora como se apresentava. Estava irresistível. Não pude conter a vontade de me aproximar mais de sua figura que ainda me chamava, mas assim que dei meu segundo passo, o lobo já se atirava no espaço entre nós, os caninos virados na direção da jugular.

“Não!”, eu acordei pulando na minha cama.

 

Já era manhã, a claridade entrava pela janela anunciando que o dia será perfeito para a programação de hoje na praia. Meus músculos ainda estavam tensos pelo pesadelo. O que, afinal de contas, Edward estava fazendo no meu pesadelo? Já não basta sua constante presença nos meus pensamentos conscientes, eu também tenho que sonhar com ele? Desse jeito eu vou ficar louca.

Rumei para o banheiro, decidi relaxar e, mais uma vez, tentar esquecer. Ultimamente eu fazia muito isso.

De banho tomado e já pronta, desci para tomar um café da manhã caprichado. O dia prometia.

Quando estava terminando meu copo de suco, escutei uma buzina e corri escada a cima, peguei minha mochila e me despedi dos meus pais, desci correndo as escadas tropeçando no último degrau, mas não caindo no chão, enquanto minha mãe pedia para tomar cuidado para não me machucar e meu pai dizia para não deixar nenhum garoto se aproveitar de mim.

Nancy e as meninas estavam no carro. O clima não estava tão quente quanto Phoenix, mas estava quente para Forks e embora a camada de nuvem não desapareça, manchas azuis borravam o céu. Entrei no carro cumprimentando as meninas, logo o som foi ligado e uma música pop agitada começou a tocar com o volume alto, todas cantávamos juntas, animadas com o programa de hoje.

Com um último vislumbre do céu, Nancy arrancou com o carro rumo à nossa próxima parada: La Push.


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Notas finais do capítulo

Fato! Odeio escrever conversas com mais de duas pessoas! Tem tanta gente falando, querendo falar, que eu me perco na conversa e acaba que não sai nada! ¬¬’ Ai, gente... vocês não sabem o que eu sofri para escrever esse capítulo!

Observações sobre o sonho: Sim, Bella já teve esse sonho antes e, sim, o sonho se alterou com a nova vida, porque algumas coisas mudaram.

Ah... e pode ter alguns errinhos... Por favor, me corrijam! Não tive tempo de dar uma revisadinha básica...

Próximo capítulo: La Push! E... surpresinha



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