Guinea P escrita por Gaby Molina


Capítulo 11
Capítulo 11 - Espreita


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente ;3 Então, esse capítulo na verdade saiu ontem, mas eu postei na fic errada S2 Se você lê 90 Dias e passou algum tempo se perguntando wtf, pois é. Ah, e o Chalé de Atena me expulsou depois dessa, então estou atualmente sem nenhum lugar pra morar. Quem se habilita? HAUSHAUSH
Ah, e muito obrigada pela Vivi por me avisar antes que as coisas piorassem



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Jess

Eu sabia que estava prestes a passar vários minutos falando sobre James e Derek, mas não imaginei que Cora fosse ser tão controlada quanto ao assunto.

— Então, em resumo... — ela me encarou. — Você fica com o James porque tem medo de se envolver demais com o Derek, ou fica com o Derek porque tem medo de se envolver demais com o James?

Abri a boca, mas logo a fechei. Ótima pergunta.

Deus, eu gostava daquela garota. Talvez porque ela me lembrasse Sarah, talvez porque fosse surpreendentemente esperta, talvez porque sempre visse o melhor em todo mundo... Eu não tinha certeza. Mas eu gostava daquela garota, e de jeito nenhum escaparia daquele lugar sem ela.

* * *

—... E realmente gosto de pêssegos — completou Derek, em uma de nossas sessões/tentativas de nos conhecermos melhor.

Mas havia algo errado. Havia algo muito errado, e eu finalmente percebera o quê.

"Se está curioso, pergunte alguma coisa."

"Não é assim que funciona, e você sabe disso."

Aquele Quatro Olhos idiota estava certo.

— Pare — pedi, inspirando fundo.

Derek franziu o cenho.

— Tudo bem?

— Estamos forçando. A informação deveria vir naturalmente, é assim que as pessoas se conhecem. Eu sei tudo o que preciso saber, está bem? — fitei-o. — E se achar que preciso saber de mais alguma coisa, me diga. Mas não tudo de uma vez.

Ele assentiu, segurando minha mão.

— Tudo bem.

Ficamos em silêncio por tempo o suficiente para se tornar constrangedor.

James

— Resumindo, 007 — Rick, um cara do Delta que estava lá por tentativa de fuga, me encarou. Ele estava debochando por meu nome ser James e eu estar dando uma de agente secreto há pelo menos meia hora. — O Setor Um fica no primeiro andar, e assim por diante.

— O que tem no terceiro andar? Afinal, o Setor Três é no subterrâneo.

— Escritórios — respondeu ele. — Provavelmente algum tipo de vigilância, mas não deve ser o único. No entanto, se quer saber minha opinião — ele abriu um leve sorriso. — Você está indo na direção errada.

— O que quer dizer?

— E se, ao invés de subir — ele virou o mapa ao contrário. —, você descesse?

— Mas o Delta é o andar mais baixo antes do Ômega, não é?

— Não posso afirmar nada — ele me encarou. — Mas provavelmente valeria uma visita. Não acho que o Ômega seja tudo o que você pode encontrar. E mesmo que seja... Há muitas lendas sobre aquele lugar. Pode encontrar algumas respostas lá, talvez.

— Ou posso acabar morto.

— Você provavelmente vai acabar morto de qualquer jeito, Bond. Melhor começar a aceitar a possibilidade.

Por isso eu amava o Delta. As pessoas de lá tinham um otimismo que não se encontrava mais tão facilmente!

— Algo mais a acrescentar ao meu obituário? — ergui uma sobrancelha, me levantando.

— Uma coisa: cuidado com quem confia.

Eu não mencionara Woopert para ninguém exceto Gregory. Então Rick não se referia a isso.

* * *

Contei tudo a Gregory na refeição seguinte.

— Só há duas pessoas em quem confio aqui dentro — falei. — E elas jamais fariam qualquer coisa contra mim.

— Nem se o namorado de uma delas pedisse? — ele abriu um leve sorriso, levando uma colher grande cheia da comida do Delta até a própria boca.

Parei por um minuto. Ele tinha razão em um ponto. Se Jess tivesse de escolher um lado, hesitaria em tomar o meu?

— Ele não é namorado dela — murmurei.

— Bem, você também não é. Sequer sabe o que você é?

Abri a boca, mas logo depois fechei.

— Sou... um pouco importante? Greg bufou.

— Isso não é suficiente se ela tiver de escolher entre salvar a própria bunda e salvar você. E, considerando em que vocês estão se metendo, sacrifícios serão frequentes.

Apoiei meus cotovelos na mesa, passando as mãos por meu cabelo despenteado e soltando um longo suspiro.

Jess

Era a quarta vez naquela semana em que eu e Derek cedíamos ao silêncio constrangedor. Eu queria apenas que ele falasse qualquer coisa, me beijasse, não importava. Eu só não podia ficar sem nada em mente, porque então meus pensamentos iriam direto para James e aquilo nunca acabava bem.

Não era culpa de Derek. Ou de James. Ou talvez fosse. Eu não sabia dizer.

— Há quanto tempo Rivers está lá embaixo? — perguntou Derek.

— Sete dias e... — contei nos dedos. — doze horas e meia.

Eu não sabia como sabia daquilo, mas sabia.

* * *

— Cora — chamei a garota na hora do jantar.

— Sim, Jess? — seus olhos azuis se cravaram em mim.

— Estou começando a ficar preocupada de verdade com ele.

— Espera, sobre qual dos ele estamos falando?

—... Ele já estava pirando quando ficamos dois dias lá embaixo. Deus, eu não consigo parar. Simplesmente me preocupo.

Por mais que eu esteja lisonjeado — ouvi aquela voz presunçosa e irritante atrás de mim. —, não vejo o porquê de tanta preocupação, Jess.

Quando me virei para trás, lá estava James, sorrindo. Parecia um pouco mais sujo, desarrumado e cansado do que da última vez em que eu o vira, mas bem.

Sem pensar, eu me levantei e corri para abraçá-lo. James cambaleou um pouco, mas me envolveu com seus braços. Minha cabeça afundou em seu peito e eu senti seu cheiro misturado com o cheiro do Delta, principalmente da comida.

— Não faça uma estupidez dessas nunca mais — resmunguei, sem soltá-lo.

Ele beijou levemente o topo de minha cabeça. Quando percebeu que fiquei surpresa com o gesto, apenas riu e disse:

— Se você parasse de ser uma louca impulsiva por um minuto, perceberia que eles não podem me manter lá embaixo — ele disse o período seguinte em tom mais baixo, garantindo que só eu ouviria: — Sou o experimento de mais sucesso deles quanto ao soro de visão e, nos primeiros dois meses, ele precisa ser reaplicado constantemente. Gastaram muito dinheiro nisso, não podiam deixar que eu perdesse o progresso.

Assenti, já que era orgulhosa demais para dizer alguma coisa.

— Podemos conversar depois? — pediu ele. — Estou com saudade de comida boa.

— Claro — respondi, voltando a me sentar.

* * *

Depois do jantar, fiquei no quarto um tempo. Havia combinado de me encontrar com Derek, então abri a porta para sair dali. Quando fui dar um passo para fora, bati em James, que estava parado na porta.

— James? — franzi o cenho. — O que está fazendo aqui?

— Pensei que poderíamos conversar.

— Tenho que ir a um lugar agora — falei, já caminhando pelo corredor.

— Ótimo, eu te acompanho — ele apressou o passo, andando ao meu lado. — Lá no Delta, eu falei com alguns caras que conheciam melhor o resto do prédio, e pensei que...

— James — encarei-o, inspirando fundo. — Estou indo ver Derek, ok? Falo com você depois.

James

— Mas é importante — insisti. Depois vi no olhar dela que eu a havia feito repensar. Não, não. O que eu estava fazendo?! — Esqueça — suspirei. — Falo com você depois.

Jess ergueu uma sobrancelha.

— Tem certeza? Pareceu importante.

— Mas pode esperar. Divirta-se — sorri, me afastando.

Maldito momento onde decidi incluir Woopert no plano.

Jess

Os olhos verdes de Derek se acenderam ao me ver.

— Oi — sorri.

— Oi — ele se aproximou, afastando uma mecha de meu cabelo do rosto. — Sinto falta de uma coisa.

— O quê?

— Isto — sussurrou ele e me beijou nos lábios, passando os braços ao meu redor.

Dançamos pelo corredor sem interromper o beijo, e então percebemos que qualquer um que passasse podia nos ver ali. Derek abriu uma porta atrás de nós e cambaleamos para trás, rindo um pouco. Quando o fôlego acabou, nos fitamos por um momento e sorrimos.

Eu já imaginei essa cena algumas vezes — disse uma voz atrás de mim. — Mas devo dizer, é bem pior ao vivo. Porém, é legal ver que vocês dois estão se dando bem.

— James! — gritei, tentando esconder o quanto estava corada. — O que diabos está fazendo aqui?!

— Aqui é a sala de Muay Thai, eu sempre estou aqui. Como você bem sabe — ele me fitou, esticando-se no tatame.

Filho da mãe.

—... E não se esqueça de que preciso falar com você depois.

Suspirei.

— Que seja, James.

— Tchau, Rivers — Derek acenou, me puxando pela mão para fora da sala.

Ei, espere! Mais uma coisa!

— O quê? — encarei o moreno, que sorriu.

— Divirtam-se!

Lancei-lhe meu melhor olhar de Eu vou matar você e toda a sua família antes de deixar a sala.

* * *

No fim da noite, Derek me acompanhou até meu dormitório, onde fiquei até a manhã seguinte.

Eu estava indo para o refeitório quando uma mão segurou a minha.

— Oi — sorri para Derek.

— Oi! Érrr... Eu estava...

— Jess! — James correu até mim.

— James, estou no meio de algo aqui — encarei-o.

— Tá, mas eu...

— Cego, surdo e idiota — reconheceu Derek. — Um novo recorde. Sua família deve se orgulhar de você.

Antes que eu pudesse perceber, James havia empurrado Derek na parede e o segurava pelo pescoço.

— Sabe muito bem sobre a minha família, idiota.

— Não seja sentimental, Rivers.

Quando James mirou um murro, eu gritei:

— Parem com essa merda! Inferno! — empurrei James.

— Não, esse idiota precisa de uma lição!

— Claro, porque isso acabou muito bem da última vez.

— Eu tenho tudo sob controle, Jessica — James estreitou os olhos, me fuzilando.

— Se avançar de novo eu acerto você.

— Ah é? Você vai me acertar? Vai fazer o que, me dar um tapa? — ele se aproximou de mim. Perigosamente perto. Eu podia sentir seu hálito convidativo.

Foco. Fechei o punho e acertei a bochecha dele, perto do lábio.

— Eu não dou tapinhas de vadia — cerrei os dentes.

Ele me fitou, surpreso, e levou a mão até o lábio.

— Isso foi pelo Woopert? — James provocou, erguendo uma sobrancelha.

— Isso foi por me deixar sete dias morrendo de preocupação! Idiota! — gritei e saí andando.

Ouvi passos atrás de mim.

— Jessica, aquilo foi... — começou Derek.

— Cale a boca. Só cale a boca, está bem? — disparei. Ele assentiu. — E pare de ser um imbecil perto de James. Agradeço.

* * *

Bati na porta de James à noite. Ele me fitou, surpreso.

— Seja rápido — encarei-o e entrei no quarto. — E coloque uma camisa.

— Por quê? — ele indagou, e eu tentei falar com seus olhos em vez de com seu peitoral nu.

Tentei, mesmo.

— Porque é... é...

— Desconcentrante?

Resmunguei alguma coisa que não foi nem sim nem não e abri seu armário, jogando em James a primeira camisa que vi. Ele a vestiu e sentou-se no pé da cama. Sentei-me ao lado dele.

— Você deveria passar alguma coisa nisso aí — passei as costas da mão levemente pela pequena ferida que se abrira no canto do lábio dele.

— Você soca melhor que o Woopert — ele sorriu. — Claro, aprendeu com o melhor instrutor de Muay Thai do mundo.

— Sinto muito. Eu não deveria ter feito aquilo.

— Vê, esse é o seu problema. "Eu não deveria ter feito isso, eu não deveria ter feito aquilo". Pare de se importar tanto com as outras pessoas. Você quis fazer aquilo, e faria de novo se tivesse uma máquina do tempo. Então, qual o grande problema?

— Deve estar doendo.

Ele riu.

— Deve ter doído mais em você do que em mim. Eu pediria desculpas por te deixar preocupada por causa do tempo que passei no Delta, mas não estou realmente arrependido.

— Sequer sabe o que essa palavra significa? Arrependimento? — ergui uma sobrancelha. — E eu não quero ouvir a versão do dicionário.

James ficou quieto por um momento, e então balançou a cabeça em negação.

— Eu precisava falar com Greg. Falei com vários caras que estavam no Delta por tentativa de fuga ou coisa do tipo.

— Mas isso não é tudo, é?

Ele bufou, me fitando.

— E importa?

— Não sei, James. Não sei o que estou procurando.

— Woopert vai estar lá todos os dias para te perguntar o que você está procurando. O que eu indago a mim mesmo é: E você vai responder? E vai ter alguma importância?

— Pare — pedi, baixando de voz.

— Parar com o que, Jess? Com o quê?

— De... De... Argh! — suspirei. — Sabe o quê. Eu estou com o Derek, está bem? E você está sempre... perto. Em cada lugar que eu olho, sempre com esse sorriso presunçoso no rosto.

James soltou um riso, se aproximando.

Eu estou sempre perto? — ele abriu um sorriso entretido. — Você invade meu quarto e depois fala isso?

Merda, ele estava certo.

— Vou pegar gelo para o machucado — falei, me levantando.

— Não precisa, tenho certeza de que sararia com um beijinho.

Encarei-o, censuradora.

—... Não me olhe assim. Estou brincando, Jess — Dei-lhe as costas. — Ou talvez não esteja!... Ou talvez esteja. Ou talvez não esteja.

— Vai ficar mesmo mexendo com a minha cabeça?

— Depende.

— De quê?

— Está dando certo?

Estava dando completamente certo.

— Se você quiser falar sobre o plano, podemos falar — encarei-o. — Mas estou cansada de discutir com você sobre Derek e discutir com Derek sobre você.

— Que tal parar de discutir com si mesma? — senti sua voz próxima de meu ouvido e meus pelos se eriçaram. Derek não fazia isso, e eu sabia que James tinha consciência de tal fato. — Lembra-se do que eu te disse depois que nos beijamos pela primeira vez? Não sou a segunda opção de ninguém, Jess.

— Rivers, você está flertando comigo ou só sendo babaca?

— Eu não flerto.

— Claro que não. Só grita com garotas e depois as beija.

— Não, isso é privilégio seu — ele soltou um riso baixo.

Prendi a respiração.

— Boa noite, James.

— Boa noite, Jess.

Saí do quarto sem olhar para trás e entrei em meu dormitório, soltando de uma vez o ar que havia prendido.


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