Annabeth estava escorada em sua janela olhando o movimento das pessoas na rua refletindo sobre o que havia acontecido aquela tarde depois de sair para uma caminhada.

Flashback on

Ela estava andando em direção a um parque que ficava a poucos quarteirões de sua casa. Annabeth se sentia cansada como nunca, afinal todos os dias dessa semana ela havia brigado com pai e na maioria das vezes era por culpa de sua madrasta. Quando ia se aproximando, viu um garoto sentado em um banco próximo a ela e resolveu chegar mais perto. Então percebeu que o garoto era Luke e resolveu se sentar ao seu lado.

Ele estava com a cabeça baixa e enterrada nas mãos, seus cabelos cor de areia estavam desgrenhados e suas roupas amassadas. Quando ela senta ao seu lado ele ergue a cabeça e passa a encara-la.

– Oi. – ela diz e ele apenas suspira – O que houve?

Então ela pode perceber que seus olhos azuis agora estavam vermelhos, mas não necessariamente como se ele tivesse chorado. Ele tinha uma pequena embalagem branca em mãos. Um pensamento assombrou Annabeth e ela perguntou apontando para a embalagem:

– O que é isso? – seu tom de voz era autoritário e ao mesmo tempo cuidadoso.

– Acho que você já descobriu. – respondeu baixo sem olhar para ela.

– Luke Castellan... Eu não acredito que você foi capaz de começar a usar drogas! – ela disse incrédula. Só de pensar nessa possibilidade Annabeth estremecia, mas vendo que ele ficou em silencio, ela continuou – Como isso aconteceu? – perguntou docemente o incitando a contar.

– É uma longa história. – suspirou.

– Eu tenho todo o tempo do mundo agora.

– Tudo começou quando meu pai foi embora e me abandonou com a minha mãe. – ele pensou sobre como continuar e cada palavra que saia parecia atingi-lo como uma bofetada, já que sua voz soava dolorida – Minha mãe lutou muito para cuidar de mim e de uns tempos para cá ela começou a ficar com cada vez mais problemas de saúde. Para fugir dessa situação eu procurava meus amigos e foram eles que me fizeram experimentar essa coisa. – falou apontando para a embalagem que agora estava no chão – É uma forma de fugir dos meus problemas pelo menos por alguns minutos.

– Luke essa coisa vai acabar te matando. – comentou Annabeth- Você não pode fugir dos seus problemas, ainda mais dessa maneira.

– Eu não tenho escolha.

– Não tem escolha? Não tem escolha? - repetiu Annabeth incrédula que agora estava em pé de frente para ele – Você sempre tem uma escolha! Não jogue sua vida no lixo!

– Você não entende! – ele se levantou, agarrou os ombros da garota e olhou fundo em seus olhos – Ninguém entende.

Então ele se virou e se foi caminhando pela rua que aquela hora estava quase deserta.

Flashback off

Nesse momento ela escuta seu telefone tocar em cima da sua cama. No visor ela viu que era Percy e acabou atendendo.

– Alô? – ele pergunta do outro lado da linha.

– Oi Percy. Como vai?

– Bem e você?

– Digamos que sim. – então fez-se um silêncio até que ele o quebrasse.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntou parecendo preocupado.

– Não, eu só estou com um pouco de dor de cabeça. – mentiu.

– Bem... eu te liguei para dizer que o plano funcionou e que não precisamos mais fingir sermos namorados. – ele disse, mas não soou muito animado.

– Então quer dizer que a Raquel gosta de você?

– Foi o que ela me disse ontem. Mas e você teve algum progresso com o Luke?

Novamente as lembranças vieram a mente de Annabeth, mas ela tentou ao máximo afasta-la para longe.

– Na verdade estamos na mesma. – ela suspirou – Então a partir de agora não somos mais namorados.

– Mas ainda somos amigos né?

– Claro, por que não seriamos?

– É que geralmente é isso que dizem nos filmes quando duas pessoas terminam o namoro numa boa. – ela riu com esse comentário.

– É, mas se você não se lembra Percy nós nem éramos namorados de verdade.

– Mesmo assim. Eu só queria fazer isso direito.

– Então era só isso?

– Era.

– Então tchau.

– Tchau.

Ela desligou e se jogou na cama ainda pensando em como Luke estava péssimo aquele dia e acabou adormecendo.