Une seule rose escrita por Mione St


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

O último de hoje



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Tenten estava do lado da cama do indigente quando ele despertou. A cirurgia havia sido perigosa, mas havia ocorrido tudo bem. Ele abriu os olhos e piscou lentamente, tentando se acostumar a claridade.
Tenten : Finalmente. Me perguntei se você ia dormir o resto do dia.
Homem: Não é esse o efeito desejado da anestesia?
Tenten : Não a dose que aplicamos em você. Como se sente?
Homem: Não sinto nada. Pareço uma pedra de tanto que meu corpo pesa.
Tenten : Ótima reação. É o que desejamos.
Homem: Por que está aqui? Achei que o trabalho de me assistir pertencessem as enfermeiras.
Tenten : Estou aqui por curiosidade.
Homem: Curiosidade sobre mim?
Tenten : Sim. Você é um mendigo, mas conversa e age como alguém que tem pelo menos um diploma nas mãos. Quem é você? Como terminou assim?
Homem: Por que quer saber?
Tenten : Curiosidade, já disse. Mas se não quiser me dizer... bem, estamos em um país livre.
Homem: Curiosidade não motiva ninguém a se interessar tanto por uma pessoa senhorita.
Tenten : Meu nome é Tenten . E o senhor está enganado. Sou uma médica, lido com a ciência. Vivo tendo curiosidade.
Homem: Isso é o que você pensa. Mas o que você sente é empatia. Se sente conectada a mim de alguma maneira. E não sabe o motivo. Por isso quer saber quem eu sou e como me tornei o que me tornei.
Tenten : Não vou discutir ciência e empatia com você. Acho que não quer me dizer quem é, então...
Homem: Eu não sou. Eu fui. Já lhe disse isso.
Tenten : E quem você foi?
Homem: Fui Neji Hyuuga .
Tenten : Neji Hyuuga ? O homem mais rico do Oriente? Criador da segurança de todos os bancos? Você é ele?
Neji: Eu fui ele.

Tenten : Como você terminou assim? Você tinha mais dinheiro do que todos os milionários juntos. Como terminou... desse jeito?
Neji: Fui roubado. Fui seduzido e roubado.
Tenten : Como?
Neji: Uma mulher me seduziu. Me apaixonei por ela... confiava nela mais do que em mim mesmo. Ela me induziu a confiar em um homem, a dar todas as minhas senhas de banco para ele. Ele me roubou, perdi a credibilidade, me encheram de dívidas... fui obrigado a vender a empresa para pagar as contas e acabei assim. Sem nada.
Tenten : Que idiotice. Se deixou levar pelos sentimentos e acabou assim. Depois me chamam de insensível quando eu digo que o amor é um mal que atrapalha a vida do ser humano.
Neji: Você realmente pensa assim? Pois se pensa assim, é uma tola.
Tenten : Perdão, mas não sou eu que estou na miséria e terei um corte de cabelo e barba em um hospital.
Neji: Não me queixo. Lhe pergunto, um homem genial como eu, que criou uma segurança inquebrável, poderia ter recomeçado. Ainda que como subordinado, poderia ter um emprego, salário alto... por que acha que permaneci indigente e nunca fiz nada para sair do buraco?
Tenten : Eu vou saber? Não sou psiquiatra nem vidente.
Neji: Pelo simples motivo que depois que eu perdi tudo eu comecei a viver. Para mim mesmo. Não havia mais reuniões, não vivia mais para a empresa. Meus amigos, com quem eu divido comida e fogo na rua, são realmente meus amigos, e não uma tropa de parasitas interesseiros tentando tirar tudo e mais um pouco de mim.
Tenten : Que comovente... pobreza como maneira de vida. Você apenas justifica a sua incompetência. Arrumamos justificativas até para o fundo do poço, mas nunca assumimos nossas culpas de que fracassamos porque somos fracos.
Neji: Você é amarga demais.
Tenten : E você é um tolo que não reconstruiu sua vida por medo de cair na mesma armadilha. Você se fechou do mundo por medo de que ao voltar a ter seu status, perderia tudo de novo por uma golpista. Somos mais parecidos do que você pensa.
Ele ficou em silêncio, a observando de cima a abaixo.
Neji: Tem razão.

Tenten : Eu sei que tenho. (falando como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo)
Neji: E claro que a modéstia não é uma qualidade sua.
Tenten : Eu não tenho motivos para ser modesta. (sorriu de leve) Sou o que sou e não é negando o que eu sou que terei uma qualidade. E ter razão e entender da vida, é uma das coisas que faço melhor, além da medicina, claro.
Tenten ainda fitava Neji, próxima da cama.
Neji: Agora que você já sabe o que eu fui... não vai mais aparecer não é verdade? Sua curiosidade já foi saciada.
Tenten : Sou médica residente, você ainda verá minha cara por aqui. Mas apenas no quesito profissional. Somos parecidos, talvez tenhamos o que as pessoas chamam de ligação mas... não quero ter nenhum tipo de envolvimento com ninguém.
Neji: Ou seja, não quer fazer amigos.
Tenten : Amizade...É algo perigoso. Leva a confidências, a intimidade...
Neji: E qual é o problema disso? Você tem algo a esconder?
Tenten : (o olhando de lado) Mais do que você pensa. Todos temos algo a esconder. Eu só tenho mais do que a média.
Ele ficou em silêncio. A conversa havia sido encerrada. Tenten ia abrir a boca para se despedir, mas uma enfermeira entrou rapidamente no quarto do paciente.
Enfermeira: Tenten , a doutora Sakura quer falar com você.
Tenten suspirou. Sabia que estava encrencada. Mas havia feito o certo. Era a única residente, tinha que salvar vidas antes de pensar em burocracia ou bem estar.
Tenten : Já estou indo. Bem Sr. Hyuuga , nos vemos amanhã para a sua revisão da cirurgia. Terá que ficar aqui por algumas semanas, até termos certeza do seu estado.
Neji: Entendo. Será como quiser senhorita... você me disse o seu nome?
Tenten : Você acabou de escutá-lo. É Tenten . E não me pergunte do que. Sobrenome nada mais é do que um rótulo que nunca podemos nos livrar. Até logo Sr. Neji Hyuuga . (sublinhando as palavras)
Ela saiu. Neji ficou pensativo. De onde conhecia aquela personalidade? Tenten , Tenten ... o nome ficou ecoando em sua mente. A conhecia de algum lugar... mas não sabia de onde.

Ino encarou Gaara por um momento. Ela sorriu, mas não disse nada. Se voltou para a rosa e a tocou com a ponta dos dedos, verificando se ela estava firme. Gaara a encarou. Queria tanto reencontrá-la e agora que a havia reencontrado não sabia o que dizer. Por onde começar? Ino aparentemente era dona da mesma indecisão. Os dois ficaram calados, ele fitando as costas dela, ela fitando a rosa.
Ino: (tomando a iniciativa e começando uma conversa) Pensei em reencontrá-lo... mas não imaginei que seria tão rápido.
Gaara: Nem eu... digo, não pensei que fosse reencontrá-la. Achei que ia ficar alguns dias no hospital.
Ino: Você lembrou... isso quer dizer que eu de alguma forma marquei você. Bom, não fiquei no hospital. A médica disse praticamente que eu não tenho mais solução e que é melhor eu curtir meus meses de vida do que perder tempo em um hospital tentando prolongar algo que não tem solução.
Ela se voltou novamente para ele. Ele a observou bem. Não havia reparado na beleza dela na primeira vez. Não como a via agora. Mesmo pálida, ela era de uma beleza fenomenal. Se perguntou como ela era antes de ter a doença que a consumia.
Ino: Me desculpe. No fim não precisei da rosa e o privei de levá-la para a sua mãe. Mas a replantei... então se ainda quiser, ela, pode pegar.
Gaara: Não se preocupe. AS pétalas que você me deu fizeram o efeito desejado. Obrigado.
Ino: Agora você entende...
Gaara: Agora eu entendo.
Ela se sentou na grama e esticou as pernas. Gaara se sentou do lado dela.
Gaara: Eu precisava falar com você... não sei o motivo, mas precisava revê-la.
Ino: Eu sei o motivo. Você é uma pessoa amarga. E eu, sem querer, amoleci um pouco o gelo que recobre seu coração. E você tem medo disso. Não sabe se volta a se proteger ou se se deixa levar pelo que eu fiz. (ela brincou com a corrente) É uma decisão difícil.
Gaara: Você é sábia demais... e jovem demais.
Ino: Tenho 20 anos e estou morrendo. Talvez seja esse o motivo da minha sabedoria.

Gaara: Morrendo? Você me disse que estava doente, não que estava morrendo.
Ino: Tumor no cérebro. De nascença. (ela deu um sorriso triste e olhou para o céu) Vão tentar me operar daqui a sete meses, quando eu fizer 21 anos... mas as chances são pequenas. A cirurgia é arriscada e eu... talvez eu nunca acorde.
Ele ficou em silêncio, observando ela falar aquilo com uma grande coragem e serenidade. E para ele. Um completo desconhecido. Agora entendera aquele jeito impulsivo. Ela não se preocupava com aparências, sociedade, conveniências. Não tinha tempo para aquilo.
Gaara: Sinto muito. Deve ser difícil... e eu que achava que tinha problemas. Perto do que você está passando... são apenas besteiras.
Ino: Não são se os deixou tão amargo e duro com o mundo quanto é nesse momento. O que houve com você?
Gaara: Problemas familiares. Você não iria querer ouvir.
Ino: Você acabou de ouvir meu desabafo sobre tumores. E não saiu correndo, o que lhe deu vários pontos. Posso ouvir você. Sei que os cancerígenos gostam de ser o centro do espetáculo, mas passo. Odeio ser o centro de qualquer coisa.
Gaara: (depois de uma pausa) O que dizer? Minha mãe morreu há alguns anos... meu pai nos deixou antes mesmo de eu nascer... moro com a minha tia paranóica e meu tio bêbado... não, não vale a pena incomodá-la com isso.
Ino fez ele se voltar para ela. Com uma delicadeza extrema, tocou o rosto de Gaara com a palma da mão, fazendo um carinho de leve. Ele a fitou surpreso e ela apenas sorriu, delineando o rosto dele com cuidado.
Ino: Você sofreu demais. Tenta transformar tudo em uma simples casualidade, mas já viu coisas demais. Vejo isso em seus olhos...
Gaara: Por que está fazendo isso? (pegando a mão dela)
Ino: Isso? (olhando para a mão) Bom pelo menos é assim que eu penso que as pessoas passam conforto uma para as outras. Mas eu entendo... você mal me conhece, tem seus receios. Peço desculpas (retirando a mão com simplicidade) mas não costumo perder tempo com bobagens como o chamado "tempo para nos conhecermos melhor".

Gaara: Você não tem tempo não é mesmo? Então não perde tempo com besteiras. Mas eu não estava reclamando. Apenas perguntei.
Ino: Certo. (ela fitou novamente o céu e viu que ele já estava azul escuro) Céus, conversamos demais. Já é de noite praticamente. Preciso ir para casa.
Gaara: Vou vê-la de novo?
Ino: Se quiser... sempre estou aqui. Mas para prevenir eu te dou o meu celular. (ela riu)
Ela ditou o número para ele e se preparou para sair do jardim. Quando ia se despedir, notou que ele tinha um olhar desamparado.
Ino: Vai ficar aí? Já é tarde e vai esfriar.
Gaara: Não tenho para onde ir. Não posso ir para minha casa. Não conseguiria dormir ouvindo os gritos, as acusações... (balançou a cabeça) Não posso.
Ino: O que faz nesses dias em que não dorme em casa? (já antecipando a resposta)
Gaara: Durmo na rua. Parece horrível, eu sei, mas tenho mais paz do que naquela casa. Minha vida é um inferno puro e total desde que me conheço por gente. AS vezes penso em me matar e acabar com a minha angústia. Seria bem mais fácil.
Ino: A vida é o bem mais precioso que temos Gaara. A morte nunca foi a solução para ninguém. Você quer morrer, e eu quero viver. Não menospreze algo tão importante quanto a vida. Se se matar fosse a solução, 99% das religiões não consideraria o suicídio um ato criminoso.
Gaara: Você fala isso porque não vive o inferno que eu vivo. Sei que é doente e tudo, mas... não sabe o que é a minha vida.
Ino: Há pouco tempo atrás você disse que seus problemas nada eram comparados aos meus. Eu discordo. Todo problema é um problema. Mas ninguém carrega um fardo maior do que pode suportar. Eu posso suportar minha doença. Você pode suportar sua vida. E quando chegar a nossa hora, morreremos. Mas não podemos nunca decidir esse momento.
Ele se aproximou mais dela e pegou a corrente que ela usava.
Gaara: Tantos símbolos... tantas religiões... afinal, o que você segue realmente?

Ino: Não sigo nada e tudo ao mesmo tempo. Eu tiro o melhor de cada religião e crio a minha própria. E claro, parto da premissa que temos que ser uma boa pessoa e fazermos apenas o bem para não sermos punidos.
Gaara: Explica?
Ino: (puxando a cruz) Acredito que Jesus morreu por nós. (puxou a estrela de Davi) Ao mesmo tempo, acredito que Deus poderia mandar outro dos seus filhos para nos ajudar e guiar, e que Cristo não foi definitivo. (puxou a lua mulçumana) Acredito que houve profetas quase tão iluminados quanto os filhos de Deus, que nos guia para o caminho certo até hoje. E acredito (puxando um pentagrama) que temos mais de uma vida. O que fazemos nessa, contará pontos na próxima. Estou sofrendo muito nessa vida... talvez na próxima eu tenha o que eu não tive nessa.
Gaara: Entendo. Você busca a paz para quando a sua hora chegar. (ainda tocando no colar) Eu já acredito que quando morremos viremos pó e apodrecemos.
Ino: Sua vida é amarga. Seu conceito de morte não seria diferente. Nunca rezou? Nem pela sua mãe?
Gaara: Minha mãe não acreditava em Deus. Minha tia foi quem a enterrou em solo cristão. Não, nunca rezei. Nem nunca pensei no assunto.
Ino: Um dia terá que pensar no assunto.
Ela ainda estava lá com ele. Cada palavra fazia ele protelar o momento em que ficaria sozinho.
Gaara: O que você busca na próxima vida que não teve nessa?
Ino não respondeu.
Gaara: Toquei num ponto sensível?
Ino: Pode-se dizer que sim. Bem, preciso ir para a casa. Já está tarde.
Gaara: Certo. Espero reencontrá-la por aqui... boa noite Ino.
Ino: (se voltando para ele) Do que você está falando?
Gaara: Não estava indo embora?
Ino: Claro que sim mas... você vem comigo.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima, isso se alguém ler.