Percabeth - O final está longe de chegar escrita por Storybroken


Capítulo 25
Capítulo 26 - Em um estalo de dedos


Notas iniciais do capítulo

*oie Gente!!


*Bem, eu sei que demorei mas foi porque eu não tive como postar o capítulo, mas o capítulo estava pronto, então tecnicamente não foi culpa minha, para compensar eu não dividi o capítulo, então está meio grandinho :D:D:D

*Más notícias : o próximo capítulo agora só vai sair provavelmente no próximo domingo, eu tive alguns problemas aqui em relação a net, então sinto muito pessoal, espero que continuem a acompanhar a fic :)

*Boa leitura e até as notas finais!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/440973/chapter/25

POV PERCY

Estava tudo escuro. Sabe essa sensação de abrir os olhos e não ver nada? Só o escuro, ai você fecha os olhos abre de novo e tudo continua escuro? ai você abre os olhos mais ainda, mas tudo continua escuro do mesmo jeito? pois é, não é nada legal. Eu olhei ao meu redor, olhei é modo de falar já que eu não via nada, então fiz a coisa mais estúpida que poderia ter feito, comecei a andar.

Andei para frente, ou pelo menos o que eu acho que é a frente, até que eu tropecei em alguma coisa e caí de joelho no chão. Comecei a tatear e percebi que tinha caído em cima de uma pequena escada, contei três degraus. Não tinha muito que fazer, se eu voltasse poderia tropeçar em qualquer outra coisa e acabar caindo sei lá onde.

Então subi as escadas. Voltei a andar no escuro sem conseguir ver nada, mas tive uma vontade súbita de parar e virar para o lado esquerdo, não sei de onde essa vontade veio, mas eu já estava ficando sem opção de o que fazer, então apenas virei.

No momento que eu virei, umas luzes se acenderam, luzes atrás de mim. Espera, não só atrás de mim, em todo o local. Até que percebi que eu estava parado no centro de um palco de um teatro. Bem, pelo número de poltronas ou era um teatro ou a sala de TV da maior família do mundo. Mas o que me intrigou foi que diretamente a mim do outro lado do teatro onde deduzi ser a entrada, tinha uma pessoa de costas com uma espada na mão, procurei contracorrente, mas não consegui achar, tentei andar, mas era como se minhas pernas não me obedecessem mais.

Então tudo mudou, a imagem tremeluziu como se eu estivesse apenas assistindo a um programa de TV e eu abri os olhos.

Logo uma claridade horrenda me atingiu, eu tive uma grande vontade de me abaixar e enterrar minha cabeça em um buraco, mas não fiz isso afinal não sou um tatu. Demorei alguns segundos para me situar, eu ainda estava no ginásio abandonado, quero dizer, nós.

Annabeth estava em pé, apoiada em algum tipo de mesa improvisada, eram uns três pneus e uma placa de metal em cima. Ela olhou para mim como se estivesse me conferindo se eu já tinha acordado, quando ela me viu abriu um enorme sorriso.

–Até que enfim cabeça de alga.

Eu me sentei no chão e sorri também, foi um sorriso um tanto que falso até porque eu estava extremamente dolorido, acho que por mais poderosa que sua maldição seja, ela não protege sua coluna quando você dorme com a cabeça em uma mochila e no chão.

–Você só pode estar de brincadeira – Escutei a voz de Rachel, mas não a Dare, a outra – Annabeth, eu não acredito que você fez isso.

–Rach, ela me pediu – Annabeth falou com a voz cansada, como se já tivesse explicado isso várias vezes. Eu não entendi muito bem de onde a voz de Rachel estava saindo, afinal pelo que posso ver só nós dois estávamos ali.

Eu me levantei e caminhei a passos pesados até onde Annabeth estava. Ela falava com Rachel mas mantinha os olhos fixos em um papel que tomava conta de toda a “mesa”. Papel não, mapa. Era um mapa, mas ele estava todo rabiscado, aquilo estava mais confuso que os desenhos de uma criança de três anos.

–Quando eu dormi? Eu não tinha ficado com a primeira vigília da noite? - perguntei, Annabeth sorriu.

–No meio da noite você me acordou, eu me levantei e fiquei de vigia, aí você dormiu.

Isso faz bem mais sentido do que eu imaginei.

–Mas mesmo assim! Ele é um ciclope, um dos ciclopes que tentou matar a gente, e você deixa ele escapar porque aquela princesinha pediu?

Eu olhei ao redor e percebi que a voz vinha de um dos caixotes.

–Ela está... – eu ia perguntar, mas sou interrompido pela própria Rachel.

–Achei! – ela gritou e levantou a mão. Eu olhei e vi que ela tinha alguma coisa na mão – Vocês acham que o Nico vai gostar dessa camisa?

–É sério isso? - Annabeth riu em tom de deboche. Rachel bufou.

– Annabeth, essa é bem a milésima camisa que eu lhe mostro, eu estou começando a ficar sem opções, não posso fazer nada se aqueles ciclopes idiotas estragaram os presentes que eu comprei.

–Estragaram? - perguntei e olhei para Annabeth, ela acenou as mãos do tipo “deixa pra lá” e voltou a fitar o mapa.

–É, estragaram – Rachel disse enquanto tentava sair do caixote – Tem muita tralha aqui, meus deuses, sim os ciclopes! Aqueles idiotas começaram a fuçar minhas sacolas e rasgaram todas as blusas que eu comprei de Dallas para vocês tentando entrar nelas.

Ouvi Annabeth murmurar um “obrigada ciclopes”.

–Ele vai ter que se contentar com essa mesmo – Rachel se aproximou de onde estávamos – e você torce por algum time?

–Não sou muito ligado ao basquete – respondi.

–Eu disse “time” e não “time de basquete” – ela respondeu – Você fica com essa.

Ela me entregou uma blusa azul e vermelha, eu fiquei tentado a recusar, mas alguma coisa, e por alguma coisa eu quero dizer a cara dela, me fez apenas jogá-la para perto da minha mochila.

–Obrigada – disse ela sarcástica - Ok, então Boston Celtics para Bia, Chicago Bulls para o Nico, Detroit pistons para o Percy, só falta você Annabeth.

–Eu não curto muito blusa de times de basquete – ela deu um sorriso sem graça.

–Não dê a dos Celtics para a pobre da Bia, pegue uma dos Lakers, muito melhor.

Rachel me fitou como se estivesse me estudando.

–Pensei que você tinha dito não ser muito ligado ao basquete.

–Não é preciso ser muito ligado ao basquete para saber que os Lakers são melhores que os Celtics.

Ela deu uma risada falsa.

–Os Celtics têm 17 títulos na NBA.

–Os Lakers têm 16, só um a menos – respondi me achando no assunto, o que não era nada verdade. É o seguinte, eu realmente não curto muito basquete, mas meu padrasto Paul Blofis é o maior torcedor dos Lakers que você pode imaginar na sua vida. Ele passa boa parte do dia xingando os Celtics, e dizendo como foi injusta a final de 2007-08 em que eles conquistaram o título.

–O Lakers é um time tão bom que ultimamente tem ficado atrás dos Clippers, que, aliás, nunca foi campeão – eu ia interromper, mas ela aumentou a voz e continuou – os Clippers ganharam com 36 pontos de vantagem, e para a maior vergonha o Lakers só marcou oito pontos no terceiro quarto. E para melhorar as coisas, o Clippers estavam sem o jogador principal.

Até Annabeth, que estava concentrada no mapa, olhou para ela incrédula.

–Fã dos Clippers? - perguntei. Ela negou com a cabeça.

–Só uma Hater dos Lakers – disse ela – Não suporto esse time.

–Ah – eu ainda estava meio incrédulo e Annabeth soltou um risinho – am... que blusa é essa aí?

Tentei mudar de assunto e apontei para uma camisa (eu imaginei ser uma camisa) meio acinzentada na outra mão dela.

–Isso aqui é para que vocês não digam que eu sou muito má com a – Ela hesitou por alguns segundos e fez uma cara de nojo – Rachel.

Fiquei surpreso com a “generosidade” dela, mas Annabeth não parecia surpresa, e sim intrigada. Ela puxou a camisa cinza da mão dela e abriu.

–Essa nem é uma camisa de time, é a blusa de algum faxineiro – ela aproximou uma plaquinha verde do lado esquerdo – Um faxineiro chamado Ben!

Eu peguei a camisa e vi um nome prata “Ben” estampado em uma plaquinha verde, Rachel sorriu.

–Ei, mas combina com ela – Rachel argumentou – imagina “Para uma casa limpinha, contrate já os serviços da ruivinha Ben” Chama atenção, hum?

–Coitada dela- disse eu – aliás, cadê ela?

Annabeth suspirou.

–Ela saiu para dar uma volta hoje de manhã, ela acordou estranha.

–Estranha?

–É, Ela parecia meio tensa com alguma coisa.

–Quem parecia tensa? - Uma voz atrás de nós perguntou, eu me virei e dei de cara com uma Rachel sorridente.

–Você parecia tensa hoje pela manhã – Disse Annabeth fitando-a com curiosidade, a expressão da Rachel que estava sorrindo logo se fechou, e ela pareceu um tanto tensa.

–Am... é que... – ela gaguejou e parou um tempo, como se estivesse pensando em uma boa desculpa – Não é todo dia que uma mortal passa pelo que eu passei.

Annabeth continuou a olhar para ela com a cara fechada, eu não acho que ela tenha acreditado nessa história assim como eu, mas resolveu apenas ficar desconfiada.

–Finalmente, a princesinha de coração puro que salvou o ciclope de um terrível destino no tártaro, amável- Rachel não poderia ter sido mais sarcástica.

–Depois de terem me chamado de sua amiga e filha de Afrodite, eu acho que princesinha definitivamente não é o pior apelido – Dare disse. Annabeth sorriu, eu também, a Rachel só bufou, pegou uma bola de basquete e começou a quicar no chão.

–Você não vai trocar de roupa? - Dare perguntou olhando para mim, depois voltando seu olhar para Rachel. Eu não entendi do que ela estava falando então olhei para baixo e vi boa parte da minha roupa rasgada.

–Droga! – exclamei quando vi minha blusa estragada. Digamos que os Beatles agora ficaram sem o George. Fui a passos pesados com a minha mochila nas costas para o vestiário do ginásio e troquei de roupa. Voltei com a minha camisa estragada nas mãos.

–Ei, não fique assim – Annabeth tentou me animar enquanto eu enfiava a camisa na mochila – a gente dá um jeito nisso.

Ela deu um sorriso tão doce que era meio impossível não retribuir. Ela me puxou de volta para perto da mesa e continuou segurando no meu braço, ela não parava de olhar para mim e sorrir. Tá, não tem como ficar de mau humor assim.

–Um passo para trás e eu duvido você acertar – Dare desafiou Rachel, ela sorriu presunçosa, deu um passo para trás lançou a bola, uma cesta perfeita.

–E então? - Rachel olhou para Annabeth.

–Quinquagésima sétima – Annabeth respondeu – Foi um recorde de tempo e distância.

Rachel sorriu e jogou a bola mais uma vez.

– Eu não entendo como os filhos de Apolo são tão bons em basquete – Disse eu olhando Rachel fazer mais uma cesta.

–Eles têm boa mira – Annabeth ressaltou – e gostam de se exibir.

Rach deu a língua para ela, que apenas sorriu.

–O que é isso? - apontei para uma pilha de cinzas situada bem abaixo da cesta de basquete.

–O resto daquele quase ensopado de semideus feito pelos ciclopes- Dare respondeu – Nós tiramos o caldeirão daí hoje pela manhã.

–Mas, como eles não perceberam que você não era uma semideusa? - perguntei, ela deu de ombros.

–Eu realmente não sei, talvez eles fedessem tanto – ela sugeriu – ou o ginásio estava tão cheio de fumaça que só sentiram o cheiro dela e deduziram que nós duas éramos semideusas.

–Decisão precipitada – Rachel ressaltou e quicou a bola.

–Mas afinal, como vocês vieram parar aqui¿ - Perguntei, Annabeth levantou a cabeça desconfiada.

–Essa é uma ótima pergunta – disse ela como se estivesse perguntando a si mesma se tinha sido feita mesmo por mim – Como vocês foram pegas¿

–Vai, conta – Rachel disse obviamente irritada.

Dare respirou fundo, ela parecia pensar se dizia ou não a verdade.

–Nós estávamos procurando ao banheiro, eu apontei para aqueles banheiros químicos de rua, e ela quase vomitou. Então, ela sugeriu que usássemos o banheiro do Mcdonalds que não era muito longe. Nós estávamos indo para lá, mas eu senti uma coisa estranha.

–Coisa estranha? - Annabeth perguntou, Dare fez que sim com a cabeça.

–Eu me virei e olhei o beco escuro, e lá no final do beco observei uma porta.

–Você, hum, costuma sair andando em becos escuros pelas cidades? - perguntei, ela me olhou.

–Não é isso, eu senti como se... – ela parou por um segundo – como se aquele fosse o lugar certo para estar.

–Aí, essa inteligência deu a brilhante ideia de entrar no beco – Rachel disse e acertou com força uma cesta – Eu insisti para não entrar porque eu estava realmente apertada, mas você acha que ela me ouviu?

–Eu acho que não... – respondi, embora alguns segundos depois eu tenha percebido que era uma pergunta retórica.

–Nós adentramos no beco e chegamos perto da porta, eu não consegui abrir parecia que estava...

–Emperrada? - Annabeth perguntou olhando para mim, eu sabia o que ela estava pensando “Era só empurrar para o lado”.

–Enfim, quando ela se aproximou para tentar abrir – Dare apontou para a Rachel – os ciclopes chegaram sem eu nem perceber e um deles me segurou de cabeça para baixo.

–E então você deixou sua adaga cair – Annabeth completou, Dare assentiu e pôs a mão no bolso, procurando a adaga presumo. Annabeth tirou a adaga do bolso, perto de onde a sua própria estava. Dare não disse nada, mas sua expressão era quase um “obrigada”.

–Quando ela se virou e percebeu os ciclopes – Dare continuou – Acertou uma flecha no olho de um deles, acho que era a maior. Ela não ficou muito feliz antes que Rachel tentasse transformar o arco em espada, a ciclope já tinha acertado uma boa batida em sua cabeça, aí ela desmaiou.

Rachel ficou quieta, como se não quisesse mostrar nenhum sinal de fraqueza, ou simplesmente não acreditasse que por mais real, aquela história não fosse verdadeira.

–Então você desmaiou e deixou o arco cair?- ressaltei. Ela fez que sim com a cabeça relutante.

–Quando eu acordei já estava pendurada em cima daquele caldeirão estúpido e comecei a gritar com aquele bando de imbecis – ela fez uma cesta que quase derrubou a tabela. Não me surpreende o fato de que ela estava com uma mordaça na boca.

–Espera aí – Annabeth disse – Tinha mais um ciclope, ontem à noite, antes de nós atacarmos um dos ciclopes saiu atrás de rabanetes, eu acho. Ele ainda não voltou, bem, não me lembro dele na luta noite passada.

Rachel sorriu.

–Eu disse que ele ia pagar por tentar pegar meu arco.

Todos nos olhamos sem entender. Ela continuou.

–Ontem, no meio da batalha, seja lá como você chama. Quando eu saí para pegar meu arco, adivinha quem eu encontrei voltando para o ginásio?

Eu ia responder, mas dessa vez fui mais rápido e entendi que era uma pergunta retórica.

–Bem, digamos que ele pegou um expresso direto para o tártaro – ela sorriu e largou a bola que quicou até, bem, até parar de quicar.

Um silêncio incomodo se estabeleceu, talvez todas estivessem tentando raciocinar a história.

–E agora? - Perguntei para descontrair.

–Agora nós seguimos com a missão para a próxima parada – Annabeth respondeu.

–Que é...

–Tucson – disse ela. Minha mente ficou um pouco confusa.

–Tucson... tipo, o carro? - indaguei, ela sorriu.

–Tucson, Arizona, estou certa? - Dare perguntou, Annabeth fez que sim com a cabeça e voltou a olhar o mapa.

–Como você sabe que é lá? - Perguntei, Annabeth me fitou, mas tudo que fez foi suspirar.

–Eu não sei, quero dizer, tenho evidências para desconfiar que seja lá – ela apontou para o mapa – Todos os locais dos supostos ataques tem uma ligação reta com o próximo, se já ouve um ataque a leste, então tem que ser uma ligação reta com o Oeste.

Ela fez uma linha invisível no mapa de Dallas até Tucson.

–Tucson – ela concluiu – bem, essa é uma lógica. Se pelo menos tivéssemos uma pista, qualquer uma, talvez ajudasse.

Ela olhou para Dare que parecia tensa, como se estivesse prestes á contar algo, mas hesitasse por alguma razão.

–Nós temos – ela murmurou entre dentes.

–O quê? - Annabeth perguntou.

–Nós temos, quero dizer, eu tenho. Eu tive um sonho, não foi bem um sonho, estava tudo escuro e eu só escutava uma coisa.

Annabeth se levantou, sua expressão deixava claro que era aquilo que queria ouvir.

–O quê? - Annabeth parecia um pouco exaltada.

–Era uma frase– ela hesitou por alguns segundos – Uma velha amizade será restaurada, ou recuperada, não me lembro muito bem.

Annabeth olhou agora diretamente para Dare. Ela parecia querer entender o que aquilo quer dizer, mas não dava em nada.

–Uma velha amizade será restaurada¿ - Ela repetiu.

–Sim – disse Dare- a mesma frase, várias e várias vezes. É como se fosse incompleta, como se isso fosse apenas um fragmento da frase, mas eu não consigo lembrar o resto.

–Uma manifestação do espírito de Delfos? - sugeri. Queria saber de onde aprendi essa palavra, manifestação.

–Não, é diferente – disse Dare – Eu sei como é quando ele se manifesta.

Tudo ficou quieto. Eu pensei em algum momento contar sobre o meu sonho, mas o que uma amizade que vai ser restaurada tem a ver com o palco de um teatro?

–Bem isso não é exatamente uma pista – conclui – não nos leva a lugar algum.

–Talvez não agora, mas depois – disse Annabeth – pode fazer alguma diferença.

Annabeth parecia saber mais, bem mais que apenas isso. Mas não quis dizer, ou talvez não tivesse certeza do que falar, embora eu duvide muito disso.

–Então – ela me tirou de meus pensamentos – Vamos para Tucson Certo?

Ninguém tinha nenhum argumento, muito menos uma ideia melhor que a dela então todos simplesmente dissemos sim em um murmúrio.

–Eu vou comer – disse Rachel, Annabeth olhou para ela – O que foi? Eu estou com fome! Minha barriga clama por comida.

Ela foi andando até onde estavam as mochilas. Annabeth sorriu de leve.

–É, eu também – disse Dare. Rachel a encarou, eu sabia bem que ela queria dizer que “esse é o melhor plágio de todos os tempos!”, mas se limitou a fazer uma careta e se sentou perto das mochilas.

Eu devo admitir que também estava com fome, muita fome para falar a verdade, afinal eu nem tomei café da manhã, mas isso não importa. Essa é a minha chance de falar a sós com Annabeth.

–Você sabe mais que isso – disse eu me aproximando de Annabeth, ela me fitou surpresa e se apoiou na mesa.

–Eu, eu... talvez, eu – Ela gaguejou, voltou a me olhar e percebeu que eu falava sério. Ela respirou fundo – Talvez eu saiba, mas não é nada concreto. Eu tenho minhas suspeitas é claro.

–E você não vai me dizer.

–Não ainda – ela segurou minha mão – Percy, são apenas suspeitas, só serviriam para deixar você mais preocupado e nós definitivamente não precisamos disso. Eu juro que quando tiver certeza absoluta, eu conto.

–Jura pelo Rio Estige?

Annabeth hesitou por alguns segundos. Ela ia dizer alguma coisa, mas acabou sendo interrompida.

–Annabeth! – Dare chama – Você não vai comer?

Annabeth suspirou aliviada.

–Am... Agora não, depois talvez. Agora eu preciso de – ela olhou para o mapa – uma caneta, alguém tem uma caneta?

–Quem traria uma caneta para uma missão? - murmurei.

–Eu tenho uma – Dare gritou e começou a fuçar dentro da sua mochila – tenho preta, azul e vermelha, quer qual?

Rachel suspirou.

–É sério isso? Você vem em uma missão para derrotar monstros e traz uma caneta?

–Uma não, três. Não me julgue. Eu nunca vim em uma missão antes, não fazia ideia do que trazer – ela jogou as três canetas para Annabeth – Quero dizer, já vim em uma missão, mas esses dois ai me pegaram desprevenida, eu estava em um hotel então só o que fiz foi pegar a minha mochila lá e ir.

Annabeth sorriu, acredito que ela estava se lembrando desse dia. A Rachel vestida de estátua, até hoje eu não entendo porque essas duas não se davam bem. Eu ainda olhava desconfiado para ela, ela não jurou pelo rio estige.

–Eu não tenho só caneta sabe – disse Dare – tenho várias coisas, papéis, lápis, um grampeador, alguns anéis, um prato. Mas, não acho que trazer um prato aqui dentro tenha sido uma ideia muito inteligente.

Ela tirou alguns cacos brancos obviamente rachados de dentro da mochila. Rachel suspirou.

–Vamos logo, não temos tempo para ficar admirando o quanto as pessoas são idiotas – ela indicou Dare com a cabeça.

Annabeth riu.

–Vamos – ela recolheu o mapa, foi até onde as meninas estavam e o guardou na mochila.

Eu me dirigi até a minha mochila, minha fome tinha passado. Annabeth está escondendo alguma coisa e não quer me contar, isso é estranho.

–Percy – Annabeth estalou os dedos na minha frente. As outras duas já estavam na porta do ginásio com mochilas nas costas, aparentemente à minha espera. Annabeth segurou na minha mão, eu correspondi. Nós fomos andando e assim saímos do ginásio, deixando as memórias do encontro com os ciclopes para trás, ou talvez não.

Voltamos para as ruas de Dallas, não faço ideia de para onde estamos indo ou de como nós vamos para Tucson, mas presumi que Annabeth já tenha pensado nisso pois ela parecia ser a única que sabia para onde estava indo.

Rachel parou abruptamente de andar.

–O que foi? - Annabeth perguntou preocupada.

–Ainda quero ir ao banheiro.

–Agora?

–Ei, eu estou segurando isso desde ontem á noite, sim agora!

–Por que você não foi no ginásio? - Dare perguntou.

–Digamos que a visita do Percy com os ciclopes deixou os vestiários um pouco impossibilitados de se usar.

Annabeth suspirou.

–Ok, mas bem rápido, não temos tempo – disse Annabeth. Interessante, não temos tempo, mas passamos uma boa parte da manhã ali no ginásio sem fazer nada, só conversando.

–Onde é o banheiro mais próximo? - Dare perguntou olhando ao redor.

–Que tal o da biblioteca Central J. Erik Jonsson? – sugeri. Todos olharam para mim com expressão de surpresa, sem exceção. Eu apontei para um grande prédio meio marrom bem na nossa frente onde se lia o nome “biblioteca Central Erik Jonsson”.

–Bom, suponho que banheiros de bibliotecas sejam limpos, então vamos – Rachel seguiu em direção à biblioteca, eu, Annabeth e Dare logo atrás. Nós entramos e eu fiquei simplesmente surpreso com a magnitude do lugar.

Logo quando você entra, você dá de cara com um imenso salão revestido em mármore branco com diversas janelas espalhadas pelo local, mas o que chama atenção não é isso. Depois de uma grade de vidro de segurança você consegue ver milhares, repito, milhares de estantes, uma maior e mais colorida do que a outra. Eu como um semideus com TDAH não fico lá muito empolgado com livros, afinal já é uma dor de cabeça só em pensar em lê-los. Talvez biblioteca não seja muito bem o meu local ideal de passeio, mas isso aqui é de surpreender qualquer um.

Basta dizer que Annabeth estava maravilhada com a visão de todos aqueles livros, ela provavelmente estaria imaginando se ali não teria uma sessão especial para arquitetura. Rachel seguiu correndo para o segurança que estava sentado antes da grade de vidro.

Ela tentou passar por ele, mas foi barrada.

–Identificações, por favor – ele pediu. Imaginei que ele estava pedindo algum tipo de cartão de biblioteca ou alguma coisa do tipo, ela se virou.

–Vocês tem alguma? - ela não precisou de uma reposta, até eu sei que é meio óbvio que nós não temos o Green card dessa biblioteca – foi o que pensei.

Eu imaginei que ela fosse matar o cara ali com o arco que estava nas costas, mas tudo que ela fez foi estalar os dedos. O som foi nítido e forte. Logo senti uma rajada de vento invadindo o salão, uma rajada que vinha da mão dela. O vento passou por cima de todos nós e escutei algumas páginas de livro sendo arduamente passadas.

–Nós não precisamos de identificações, o senhor já nos conhece, eu venho aqui todo dia, assim como os meus amigos aqui – disse ela num tom adorável de voz. O guarda nos fitou como se ela estivesse louca, mas depois ficou sério como se entrasse em algum tipo de transe.

–Claro – disse ele – podem entrar.

Nós passamos pela cancela sem problemas e entramos na biblioteca. Eu realmente tenho que aprender a manipular a névoa.

–Ah droga, isso aqui é grande demais, onde fica o banheiro? - ela olhou ao redor, mas assim como eu, só via estantes e mais estandes de livros.

–Posso ajuda-los meus queridos?- uma mulher apareceu do nada, e quando eu falo do nada, quero dizer do nada mesmo. Ela era alta, deveria ter uns 30, 35 anos, era um pouco escura, talvez fosse afro-americana ou algo do tipo. Tinha longos cachos morenos caindo em suas costas e dois olhos amarelos, bem como os da Rachel. Sua voz era tão doce que eu queria ouvir mais.

–Ãhn, ok, onde fica o banheiro? - Rachel parecia impaciente.

–Ali no final do corredor, é só entrar entras as estantes 72c e 73c que você chega rapidinho lá – ela soava entusiasmada.

–Eu também vou – disse Annabeth, embora eu suspeitasse que ela estava indo pelos livros e não pelo banheiro. Então ficamos apenas eu, a Dare e essa mulher.

–Então, vocês estão em busca de algum livro em especial? - ela perguntou. Eu não sabia bem o que falar, é óbvio que eu não vou dizer “ah não, nós só viemos aqui para usar o banheiro”.

–Nós viemos para conhecer a história do lugar, trabalho de história – disse Dare – Você saberia nos contar alguma coisa?

Murmurei um obrigada mental à Rachel.

–Ah sim, mas é claro! Bem, A estrutura foi construída para substituir a antiga biblioteca central de Dallas e consiste em dez andares e oito acima do solo e dois abaixo – ela começou a andar, eu e a Dare a seguimos, eu só queria escutar mais a voz dela- É projetado no estilo arquitetônico modernista. O desenho da próxima Dallas City Hall inspirou o design da biblioteca, os seus andares superiores são orientados longe de Young Street while, simetricamente. Nos pisos superiores são orientados para Marilla Street, é ótimo não é? alguma dúvida?

Ela parou abruptamente de andar e se virou. Qualquer pessoa com TDAH tem dificuldade em ler, mas agora eu estava tão perto dela que pude decifrar em sua blusa um bordado rosa com o nome Paige.

–Não, não, nenhuma dúvida, só continue a falar – disse Dare, ela parecia ter gostado da Paige tanto quanto eu.

Paige continuou a falar, várias e várias vezes, coisas que eu não faço nem ideia, só sei que eu gostava do seu cheiro. Eu nunca pensei que gostaria de um cheiro que mistura rosas e mel de abelha, uma mistura meio nojenta, mas que dá super certo.

Nós passamos por vários seguranças, mas eles pareciam tão entorpecidos quanto eu. Eu não sei quanto tempo passou, Annabeth e Rachel estavam demorando, eu queria ir atrás delas, mas alguma coisa me segurava aqui, não sei bem o que.

Paige perguntou meu nome.

– Percy – disse eu- meu nome é Percy.

Eu podia jurar que rapidamente vi seus olhos mudarem de cor, para um vermelho vivo. Eu foquei minha visão, e vi que eram os mesmos olhos amarelos de antes. Quando eu disse meu nome, ela pareceu um pouco surpresa, como se pensasse “Sério que esse é Percy Jackson?”, mas só balançou a cabeça e voltou a sorrir. Juro que por um segundo hesitei em falar. Mas o que Hades está acontecendo comigo?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*E aí gostaram? se gostaram do capítulo deixem reviews! Se gostaram não só deste mas como dos outros, favorite! e se você acha que a fic merece, Recomende!
*Lembrem-se, que reviews, favoritos ou recomendações motivam o autor a escrever mais, ok?
*Bjss, e até o próximo capítulo!