For Loving escrita por AlexManzano


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa é a minha última oneshot sobre ele. Durante esse tempo todo em que eu o amei andei escrevendo algumas oneshots sobre... Agora é hora de dar um último adeus ao passado antes de enterrá-lo numa cova rasa. É bem melhor enterrá-lo assim porque não sei quando precisarei desenterrar e resgatar algumas coisas do passado.. É sempre bom se precaver... Mais ainda quando você entra no mundo obscuro da vingança.



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FOR LOVING

Até onde você iria por amor? Dizem que uma pessoa apaixonada, que ama alguém, é capaz de cometer loucuras em nome do amor. Eu nunca havia concordado nem discordado disso até que aconteceu isso comigo. Bastou eu sentir na pele o que era essa "coisa" que todos diziam que sentiam mas não sabiam explicar para eu pudesse concordar com o que diziam sobre esse tal de amor. Seria ele um vilão?

Eu considero o amor como algo perigoso. Bem que minha mãe sempre dizia que nada em excesso fazia bem. E não é que ela estava certa? O amor é como uma droga: ele chega de mansinho, te conquista, te faz feliz, causa dependência e de uma hora pra outra te dá uma rasteira. As consequências que a droga do amor pode causar na vida de uma pessoa podem ser irreversíveis.

Por falar em consequências e danos irreversíveis, daqui a um mês estarei "comemorando" o dia em que eu tomei uma decisão sozinho, sem ajuda de terceiros e aguentei as consequências que a minha escolha carregava consigo e que eu sabia muito bem quais eram. Se eu pudesse escolher uma música para definir o ano passado escolheria Fifteen da Taylor Swift.

Tem dias que penso que tudo hoje poderia ser diferente. Nada disso teria acontecido. E o que seríamos hoje se eu não tivesse feito o que fiz dezembro do ano passado? Eu ainda seria aquele amigo nerd que estaria se matando fazendo um trabalho escolar enquanto ele flertava com vadias do meu lado e ficava com elas na minha frente sem notar na minha mudança de expressão e no rio de lágrimas sufocado dentro de mim. E é por isso que eu fiz o que fiz no último dia do ano de 2012.

Naquela tarde, assim que eu vi a bolinha verde se fazer presente ao lado do seu nome no painel de bate-papo do Facebook, rapidamente e com o coração quase saindo pela boca despejei tudo o que havia guardado por tanto tempo uma vez que ele estava viajando com a mãe e o padrasto e não haveria chances dele sair de sua casa, que ficava uma rua atrás da minha, para esclarecer isso olho no olho. Por quanto tempo sobrevivi com aquilo me sufocando? Um, dois, três anos...? Não fazia ideia. – a reação dele diante do meu desabafo fora quase, hum, normal. Eu havia pedido pra ele não contar pra ninguém. Ele me prometeu...

Eu não conseguia tirá-lo da minha cabeça. Eu, sinceramente, não sabia e hoje ainda não sei o que foi que eu vi de tão especial e encantador nele. Mesmo depois de tanto tempo sem sentir o calor do seu corpo não consigo esquecê-lo. Como esquecer da pessoa que me dava motivos para sorrir e para chorar, como esquecer aqueles cabelos curtos encaracolados, de cor castanha bastante sedoso e que possuíam um brilho parecido com o cabelo daquelas modelos das propagandas de condicionador?

Seus olhos escuros e penetrantes pareciam sorrir junto com seus lábios quando conversávamos sobre assuntos diversos que iam desde imitar algumas pessoas barraqueiras que conhecíamos – arte da qual ele dominava – a quando ficávamos em silêncio e ele me olhava com um olhar sedutor e provocativo e comentava algo sobre ter pensamentos maldosos sobre aquele momento. Ele dizia ter devaneios sexuais comigo. Amigos tinham desejo sexual pelo outro? Héteros fazem isso? Naquela época eu estava bastante confuso, menos do que hoje porém ainda confuso.

No início desse ano letivo, assim que havia passado pelo portão da escola sentia minhas pernas tremerem. Eu estava ansioso e tinha medo da reação de Henrique. Como será que ele me receberia? Nossa amizade continuaria a mesma, não continuaria? E os outros, já sabiam? Ele havia mantido segredo, não havia? NINGUÉM deveria saber. Ele havia prometido.

Avançando um pouquinho a história, Henrique começou com o tempo mostrando sinais de que ficou sentido depois de eu contar pra ele sobre o que eu sentia. Um tempo depois, uma amiga dele me procurou. Ela havia me dito que ele havia contado pra ela sobre... nós. Eu não conseguia acreditar que ele havia feito aquilo. Foi difícil para eu conseguir digerir tudo. Eu não precisei de água para me ajudar. Eu tinha sede, porém minha sede não era de água, e sim, de VINGANÇA.

"A dúvida é uma doença. Contamina a mente, gerando desconfiança dos motivos alheios e das próprias percepções. A dúvida tem a habilidade de questionar tudo o que você já acreditou sobre alguém. E de reforçar as suspeitas mais sombrias ao nosso redor."

Agora tudo fazia sentido... Todos aqueles sorrisinhos de canto que ele começou a dar desde o primeiro de aula que queria dizer mais ou menos "Você está na minha mão. Eu sei o seu segredo e vou contar pra quem eu quiser". Eu precisava fazê-lo pagar. Pagar por cada noite que passei em claro pensando nele, por cada vez que havia ferido os meus pulsos por me sentir uma aberração por estar amando um amigo, que era do mesmo sexo do que eu tendo em mente que perderia sua amizade para sempre. Seus olhos faiscavam fogo e pareciam implorar "Se vingue de mim".

Eu havia me tornado a prova viva de quão longe uma pessoa poderia ir por amor. O amor é algo perigoso. Considero-o tão perigoso quanto muitos elementos químicos radioativos. Ele é tóxico. Algumas pessoas sofrem para entender sua própria culpa. Relutantes ou incapazes de justificar o papel que desempenham nele. Outros fogem da culpa, escondem sua consciência, até não sobrar nada dela. Bom, esse era o caso dele. Eu precisava o ensinar isso antes que o mundo o fizesse. Eu só fiz o que fiz para protegê-lo, eu só queria o seu bem. Mas... as coisas fugiram do meu controle.

Nós, seres humanos, devíamos aprender com os animais: com os cães, por exemplo. Um cão sempre está ao lado de seu dono. Seja na alegria, na tristeza; na saúde, na doença; na riqueza, na pobreza... Sempre ele está ali. Já os seres humanos traem a confiança de seus amigos e familiares e vendem suas almas em troca de bens materiais ou, em alguns casos, apenas pelo prazer de ver o outro em situação de inferioridade.

Ele a sangue frio havia quebrado uma promessa que fizera a mim e contado para outras pessoas um grande segredo meu. Se ele fez isso, por que eu não poderia fazer também? Pensei. Vou usar um segredo dele contra ele também. E foi a partir daí que eu comecei a destruí-lo. Eu passei dos limites, confesso, mas era minha vida que estava em jogo. Perfil fake, torpedos anônimos ameaçadores – chantagem emocional – e a minha arte de manipular pessoas foi o que me levou a destruí-lo. Causei destruição até na vida familiar dele, tanto que ele teve que mudar de escola por culpa de um outro alguém (uma pessoa que levou culpa por grande parte das besteiras que fiz). Naquela altura do campeonato eu estava tão experiente no assunto que consegui atuar por tanto tempo que até hoje ele não sabe do que eu fiz.

Por amor, eu errei; pequei. Por amor eu fiz o meu amado cortar os pulsos assim como um dia eu também fizera. Por querer tanto o proteger e ensiná-lo a lidar com o mundo lá fora acabei causando danos na vida de várias pessoas. Pena que só fui perceber isso tarde, tarde demais para voltar atrás.

Restando apenas um mês para completar um ano da decisão que mudou completamente a minha vida e me transformou no que sou hoje, essa semana quando desço a rampa do segundo andar que dava acesso ao primeiro me deparo com a única pessoa que eu consegui olhar no fundo dos olhos durante toda a minha vida: sim, ele.

Eis que ouço algo batendo sincronizadamente cada vez mais alto e mais forte. Levo a mão direita ao peito e sinto meu coração batendo aceleradamente. Isso não devia estar acontecendo. Eu ainda o amava. Concluí.

— Quanto tempo! — Henrique disse assim que eu havia passado batido pela frente. Ele me odiava, não odiava? — Ainda somos amigos, não somos? — era difícil decifrar o que se passava em sua mente.

Assim como existem dois lados de cada história, Existem dois lados de toda pessoa. Um lado que revelamos ao mundo. E outro que mantemos escondido.

Eu voltei para trás e fiquei de frente com ele. O suficiente para sentir seu cheiro de chiclete e café. Minha vontade era de... abraçá-lo e ao mesmo tempo... enforcá-lo. Ele estendeu a mão com um sorriso de canto. Ah, como eu havia sentido falta daquele sorriso.

— Para sempre. — aperto sua mão e retribuo o sorriso antes de desaparecer no meio da multidão. Essa cena me lembrou aquela bastante conhecida na história bíblica: Jesus e Judas – o traidor. O problema era que eu não sabia mais quem era quem nessa história; não sabia quem dali pra frente seria a caça e quem seria o caçador. Nessa guerra fria apenas um de nós poderia sair vencedor.

"Quando a decepção corta tão fundo, alguém tem que pagar."

~AlexManzano


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Notas finais do capítulo

Como todas as minhas oneshots sobre ele... eu deixo sempre em aberto para vocês, leitores, entenderem da sua maneira. Bom, ficou em aberto o final.. Eu tive que deixar assim porque.. eu fiz a história baseada CEM POR CENTO na minha vida e no momento eu e ele paramos na mesma cena que no final dessa oneshot, então... não sei se eu me vingarei dele, se ele se vingará de mim... Se seremos amigos de verdade.. Só sei que.. ainda o amo D: Infelizmente...

Como podem perceber também, os papéis acabam se invertendo no decorrer da trama, né? Eu desconfio de que eu seja bipolar.. Numa hora eu estou sensível no meu canto e na outra eu já estou querendo vingança contra a pessoa que eu mais amo. É realmente uma coisa sem explicação.. Mas esse sou eu...

E aí, o que VOCÊS acharam da nossa [minha e do Henrique] história? Ainda bem que ela chegou ao fim.. É horrível se apaixonar por alguém assim como eu me apaixonei. Acho que o amo ♥