Sob o Brilho da Lua escrita por Bia Kishi


Capítulo 22
Capítulo 22 - Cárcere


Notas iniciais do capítulo

            Andei um pouco mais e encontrei um cemitério, perdida entre as árvores, uma tumba – claro! Porque não se esconder em uma tumba? Que lugar poderia ser mais horripilante do que uma tumba abandonada?             Entrei e encontrei um lance de escadas. Desci. Lá embaixo, uma câmara fria e escura, mármore talvez. Andei com cuidado, evitando qualquer ruído. —           Acha que eu não posso sentir você?         
            A voz musical da minha mãe me fez dar um pulo. Eu me virei e a vi, no canto da câmara. Seus cabelos louros estavam soltos, caindo pelos ombros estreitos. Sua pele brilhava delicadamente. Ela era absolutamente linda. Linda e perigosa, porque o poder que emanava dela não era nem um pouco celestial. —           Seja esperta e fuja daqui, logo! – minha mãe sussurrou – Katherine vai voltar logo. —           Não sem Stefan!             Minha mãe circulou o espaço entre nós, pisando suavemente com o salto no piso de mármore. —           Não entendeu ainda, garota? É exatamente isto que ela quer – ela chegou bem perto e tocou meu cabelo com os dedos, segurando uma mecha entre eles – você! É você que ela quer, sempre foi! —           Eu não vou deixa-lo! – eu resmunguei. —           Então vai morrer com ele. —           Se este for o meu destino, então vou morrer defendendo as coisas que eu acredito. E as pessoas que eu amo. Minha mãe sorriu. —           Alaric teria adorado ouvir isso!



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          Voltei para a pensão sozinha. Damon precisava se alimentar. E isto era algo que eu realmente não queria presenciar. Quando tomei forma dentro da pensão, Elena estava lá. Meu coração doeu no momento em que meus olhos encontram os da menina. Ela tinha os olhos vermelhos e a bochecha molhada. Eu me abaixei ao lado dela, tocando seu rosto com a palma da minha mão.

-         Eu vou trazê-lo de volta - eu sussurrei - eu prometo.

          Elena não respondeu nada. Apenas me abraçou e deixou o rosto pender contra meu peito. Eu ainda estranhava o contato tão próximo com um humano, mas Elena, assim como Matt, de alguma forma sempre foram mais que humanos para mim.

          Eu a ajudei a se deitar em minha cama e ela adormeceu - imagino que a pobre garota não havia dormido desde que tudo aconteceu. Liguei para a tia dela e avisei que Elena ficaria comigo, para tranqüilizá-la. Abri o guarda-roupa e olhei para minhas roupas. Eu me sentia tão diferente que nem sabia se conseguiria usar as mesmas coisas. Peguei uma calça preta e um corpete sem alças da mesma cor - se eu ia caçar vampiros, tinha que me vestir adequadamente.

          Parei em frente ao espelho do quarto e olhei meu reflexo - tão parecida com a minha mãe. Apesar de fisicamente, eu me parecer muito mais com Alaric, ali, vestida para caçar, eu me parecia com ela. Minha mãe. Minha mãe. Alguém que eu havia fantasiado por tanto tempo. Eu suspirei fundo. Por mais que eu quisesse odiá-la, eu não conseguia. Apesar de tudo, ela era minha mãe e eu era diferente dela. Nunca seria fácil para mim, esquecer o que tal coisa significava.

          Desci as escadas fitando o chão - ir atrás de minha mãe e possivelmente ter que destruí-la não era algo que estivesse ansiosa para realizar.

          Meu pai estava na sala, junto de Matt.

-         Onde vai, querida? - Alaric me perguntou.

          Eu o encarei por alguns minutos - ele sabia exatamente onde eu iria.

-         Preciso ir pai. Preciso salvá-lo. Ele precisa de mim.

          Alaric se aproximou mais de mim e segurou minhas mãos. Seus olhos eram um misto de amor e carinho e cuidado; misturados a muita preocupação.

-         Não pode ir lá sozinha, Ayllin.

-         Eu preciso - eu respondi.

-         Não gosto da idéia de vê-la perto de Lenore. Não quero correr nenhum risco.

          Meu pai deslizou a mão pelos cabelos e fechou os olhos. O assunto "Lenore" para ele era triste e sofrido demais.

          Eu o abracei.

-         Pai, não precisa se preocupar - eu sorri - eu sei me cuidar, vai dar tudo certo.

          Ele me abraçou carinhosamente e descansou meu rosto em seu peito. O toque da sua pele, o cheiro. Era tão bom estar com ele.

-         Eu morreria - Alaric sussurrou em meus cabelos - eu morreria se algo acontecesse a você.

          Eu beijei seu rosto.

-         Nada vai acontecer, pai. Eu prometo.

          Ele me apertou contra si por mais um tempo e em seguida me soltou, como se não quisesse. Matt sorriu e abriu os braços para mim. Eu corri para ele.

          Matt sempre foi doce e carinhoso comigo, mesmo antes de sabermos de nossa “herança genética” parecida, mas hoje, ele também estava diferente. Ele me olhava com um sorriso bobo no rosto, como se tivesse alguma novidade maravilhosa para me contar e não pudesse.

-         Vou estar por perto - ele advertiu.

-         Não tão perto, Matt. O elemento surpresa é minha maior arma.

-         Não se preocupe, eu sei como fazer. Alaric e eu estaremos o mais perto possível, para que você não corra riscos - ele acariciou minha bochecha com as mãos - precisamos protegê-la - e então completou - principalmente agora.

          Embora eu não tenha compreendido muito bem o que significava o "principalmente agora", fiquei feliz que eles se preocupassem tanto comigo, mesmo eu estando mais forte.

          Saí pela porta carregando a chave do BMW na mão - eu queria chegar lá de maneira normal. Quando coloquei a chave na porta, senti uma respiração em minha nuca.

-         Ia sair sem despedir-se de mim, amor? - a voz musical de Damon ressoou pelo jardim.

          Ele me virou de frente para ele. Seus olhos eram de verde-esmeralda límpido e sua pele parecia cetim esticado sobre o vidro. Os cabelos escuros levemente despenteados. Por um momento, eu o observei. Por mais que eu não quisesse, o pensamento me veio: E se aquela fosse a última vez que eu o veria? Engoli em seco o medo e sorri.

-         O que foi? - Damon me perguntou.

-         Eu te amo - sussurrei.

          Damon sorriu de lado, com seu olhar profundo.

-         Também te amo, mas não foi isso que eu perguntei.

          Deixei meus olhos encontrarem o chão.

-         Estou com medo.

          Damon me abraçou. Minhas mãos tocaram o tecido da camiseta preta, por baixo da jaqueta de couro. Ele deslizou os lábios em minha pele, suavemente.

-         Não quero que vá sozinha. Eu quero estar lá com você.

          Eu suspirei fundo.

-         Também queria que estivesse, meu amor, mas aí então eu me preocuparia com você também.

          Abri meus olhos e encarei os dele.

-         Não posso correr o risco de perder você.

-         Nem eu Ayllin, nem eu. Você trouxe minha vida de volta. Trouxe de volta o que eu costumava ser. Não posso viver sem a minha luz.

          Eu sorri.

-         Eu volto logo.

          Entrei no carro e parti. Eu não tinha idéia de onde encontrar minha mãe, mas eu sabia que sentiria o poder assim que me aproximasse delas.

          Parei o carro, alguns quilômetros á frente, em uma velha fazenda abandonada. Andei pelo campo, abrindo caminho no mato alto. 

         Quanto mais eu andava, mais o poder aumentava, pinicando minha pele – será que algum dia eu seria tão poderosa assim?

            O cheiro de Stefan me veio em uma lufada de ar. Eu sorri – ele estava vivo! E perto!

            Andei um pouco mais e encontrei um cemitério, perdida entre as árvores, uma tumba – claro! Porque não se esconder em uma tumba? Que lugar poderia ser mais horripilante do que uma tumba abandonada?

            Entrei e encontrei um lance de escadas. Desci. Lá embaixo, uma câmara fria e escura, mármore talvez. Andei com cuidado, evitando qualquer ruído.

-           Acha que eu não posso sentir você?

A voz musical da minha mãe me fez dar um pulo. Eu me virei e a vi, no canto da câmara. Seus cabelos louros estavam soltos, caindo pelos ombros estreitos. Sua pele brilhava delicadamente. Ela era absolutamente linda. Linda e perigosa, porque o poder que emanava dela não era nem um pouco celestial.

-           Seja esperta e fuja daqui, logo! – minha mãe sussurrou – Katherine vai voltar logo.

-           Não sem Stefan!

Minha mãe circulou o espaço entre nós, pisando suavemente com o salto no piso de mármore.

-           Não entendeu ainda, garota? É exatamente isto que ela quer – ela chegou bem perto e tocou meu cabelo com os dedos, segurando uma mecha entre eles – você! É você que ela quer, sempre foi!

-           Eu não vou deixa-lo! – eu resmunguei.

-           Então vai morrer com ele.

-           Se este for o meu destino, então vou morrer defendendo as coisas que eu acredito. E as pessoas que eu amo.

Minha mãe sorriu.

-           Alaric teria adorado ouvir isso!

Ela deixou o olhar se perder e algo em seus olhos me fizeram ver que ela também o amava. Eu me perguntei em que momento minha mãe se deixou levar?

-           Ayllin? – a voz rouca e entrecortada de Stefan reverberou entre as paredes geladas.

    Meu coração se agitou e eu pensei que fosse vomitar.

-           Eu preciso vê-lo! Eu preciso!

-           Não seja boba! Vá embora enquanto ainda pode!

Antes que eu pudesse responder, o som de passos fez minha mãe congelar. Em um instante ela estava de volta ás sombras.

-           Fiquei tão feliz quando encontrei o BMW! Vocês nem imaginam!

    Katherine fitou minha mãe com olhos desconfiados.

-           Espero que não tenham começado a festa sem mim.

Abri minha boca para começar a despejar todos os xingamentos possíveis em direção a Katherine, quando olhei para minha mãe. Ela estava congelada, com os olhos desesperados em mim, como se quisesse me proteger de alguma coisa. O olhar protetor dela, me fez esquecer tudo.

-           Sentiu saudade do seu amiguinho, querida? – Katherine me perguntou.

-           Onde ele está? – eu perguntei cerrando os dentes.

-           Em um lugar seguro.

      Katherine sorriu com um demônio.

-           Mas espero que não demore muito em nossa negociação. Sabe bem que vampiros não podem permanecer muito tempo sem alimentação. O pobrezinho está tão fraco.

-           Sua... – Katherine me interrompeu.

-           Não me irrite anjinho, ou eu acabo com seu vampirinho num estalar de dedos!

            Engoli em seco novamente. De tudo isto, o ponto positivo é que Katherine não pareceu perceber que eu havia me transformado.

-           O que você quer de mim Katherine? O que quer para libertar Stefan?

-           Não percebeu ainda?

            Ela se aproximou mais de mim, quase me tocando.

-           Eu quero o que o seu pai não me deu. Você! Quero o seu poder e a sua força.

-           Como acha que vai me convencer, Katherine? Porque eu não tenho intenção alguma de lutar ao seu lado.

-           Terá, querida! Você terá!

     Ela se aproximou mais um pouco e cheirou o meu pescoço.

-           Assim que eu morder você! Seu querido e honrado pai não lhe contou? Não lhe disse que quando um vampiro morde alguém, este alguém atende as suas ordens?

            Nesta hora eu agradeci mentalmente por Damon já ter me mordido – se eu ia ter que ser submissa a alguém, que fosse a ele!

-           Você esteve com Damon.

     Eu gelei – se ela desconfiasse, então Stefan estaria perdido.

-           Vejo que andaram se divertindo.

-           Isso não é da sua conta!

            Katherine sorriu novamente.

-           Já foi, um dia.

-           Onde está Stefan?

            Kahterine virou-se para minha mãe.

-           Traga-o, Lenore.

    Alguns minutos depois, minha mãe voltou com Stefan algemado e quase caindo.


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