Capítulo 40 – Please, Be Alive

“Por favor, esteja viva”

– NARRAÇÃO –

– E então Mary? – perguntou Alessa assim que Violet desceu as escadas do dormitório até o Salão Comunal, onde Gemma e Mary esperavam.

– Eu já acionei os galeões que usamos para nos comunicar com o AD e marquei de nos encontrarmos no banheiro da Murta em dois minutos... São 8 horas, então ainda estamos dentro do horário permitido.

– Vamos logo... – disse Violet firmemente passando pela saída do dormitório e cruzando os corredores rapidamente.

Ela já não chorava, não havia espaço para dor e sim para raiva. Seu peito formigava de ódio e queria mais que tudo matar Voldemort e quem mais viesse à sua frente. Ela precisava.

Segundos depois Violet, Mary, Alessa, Gemma e Sophie entraram no banheiro da Murta e encontraram Luna, Rony, Hermione e Harry esperando ansiosamente.

– O que aconteceu? – perguntou Harry ao perceber as olheiras profundas e os olhos avermelhados de Violet, que carregava uma expressão de puro ódio.

– Voldemort pegou Minerva. – respondeu ela com a garganta raspando.

– O-o quê? – surpreendeu-se Hermione – Mas... Mas a professora McGonagall é uma excelente bruxa! Nunca se deixaria ser pega...

– Eu vi Hermione, assim como vi o Sr. Weasley ser atacado, eu vi a Minerva ser torturada e morta! – exclamou Violet com a voz furiosa.

– E como sabe que é verdade? Como sabe que não é apenas um truque de Você-Sabe-Quem? – rebateu a castanha.

– Eu não sei, e é por isso que vou atrás dela. Não posso permitir que algo aconteça à Minerva, ela é uma segunda mãe para mim e farei o que puder para impedir que Voldemort a mate!

– Como vamos? – perguntou Harry em apoio à irmã.

– Pela rede de flú. – respondeu Sophie recebendo as atenções – Minha mãe faz isso o tempo todo e sei como passar pela segurança do Ministério caso precisemos. Pelo que a Violet disse, Voldemort e Minerva estão no Departamento de Mistérios, é fácil chegar lá e eu conheço o lugar...

– Mas a rede de flú é controlada pela Umbridge... – começou Rony.

– Nem todas. – interrompeu Hermione – A única que não é vigiada é a da sala dela.

– Como se fosse fácil entrarmos na sala da direção! – disse o ruivo novamente.

– Na verdade é simples. – interrompeu Mary – Rony e Alessa vão impedir que alguém passe no corredor que dá acesso à diretoria. Gemma vai afastar a Umbridge da sala dela enquanto Hermione e Sophie ficarão de guarda.

– Eu posso dizer que o Pirraça está destruindo alguns equipamentos de quadribol, e se eu o encontrar no caminho acho que consigo convencê-lo a fazer isso... – disse Gemma. – A sala dos equipamentos é nas masmorras, garanto uns 10 minutos para vocês.

– Ótimo, então eu vou avisar a Ordem enquanto Luna e Harry vão na frente com a Violet... – concluiu Mary.

E assim foi feito. Gemma procurou a diretora e disse exatamente o planejado, conseguindo tirá-la de sua sala. Rony e Alessa não tiveram muitos problemas, afinal, era quase o horário de recolher, poucos alunos circulavam nos corredores da diretoria. Enquanto Sophie e Hermione ficaram na porta, Violet, Harry e Luna invadiram a sala da Umbridge.

O plano tinha tudo para dar certo se não fosse por Umbridge saber que o fantasma Pirraça estava limpando uma das salas da torre de astronomia naquele momento. A Brigada Inquisitorial foi rapidamente chamada e em poucos minutos todos os membros do AD foram capturados e levados à sala da Umbridge, onde os outros quatro foram pegos.

– Ora, vejam quem temos aqui! Vocês realmente acham que eu deixaria qualquer um entrar em minha sala sem o meu consentimento? Eu tenho inúmeros feitiços sensoriais escondidos em minha sala... Achei que fossem mais espertos Sr. Potter... – disse Umbridge levantando a varinha e prendendo Harry à uma cadeira, afinal, ele estava á frente dos demais. – Vocês iam ver Dumbledore, não é?

– Não.

– Mentira! – gritou aplicando-lhe um tapa no rosto, o que irritou Violet profundamente.

– Tire suas mãos dele! – gritou a garota repentinamente vermelha.

– Calada Srta. Snape! – rebateu Umbridge, prendendo-a à outra cadeira com um meneio de sua varinha – Muito bem Potter, como isso é questão ministerial, você não me deixa outra alternativa... A Maldição Cruciatus vai soltar a sua língua...

– Mas é ilegal... – tentou Hermione.

– O que Cornélio não vê, Cornélio não sente... – respondeu a professora abaixando um dos retratos do Ministro em sua mesa.

Violet fechou os punhos com força tentando controlar a raiva que cada vez mais aumentava. Umbridge pegou sua varinha e aproximou-se vagarosamente de Harry, porém, antes que dissesse uma única palavra a garota conseguiu se soltar e avançou na professora, pondo-se entre Harry e ela.

– Violet não! – pediu Harry.

– Chega! – gritou Umbridge – Crucius!

– Protego! – gritou Violet no mesmo instante, formando uma poderosa camada protetora ao seu redor usando apenas as mãos. – Ascendio! - novamente usando as mãos, Violet lançou Umbridge para o outro lado da sala, onde bateu violentamente na parede e caiu no chão - Ninguém toca no meu irmão! E da próxima vez que tentar algo parecido, lembre-se que eu também sei conjurar as Maldições Imperdoáveis. – exclamou furiosamente.

– Você vai se arrepender por isso Srta. Snape, garanto que vai! – gritou Umbridge levantando-se e empunhando a varinha, porém, Mary foi mais rápida e a estuporou.

– Ela fala demais... – comentou Mary.

– Incarcerous! – exclamou Sophie, prendendo todos da Brigada Inquisitorial em fortes cordas.

– Sophie...

– Desculpe Draco, eu realmente sinto muito...

– Vamos logo, já perdemos tempo demais... – disse Violet enquanto soltava o irmão.

– Obrigado Vi, por...

– Somos irmãos Harry, eu nunca deixaria alguém lhe fazer mal... – respondeu ela sorrindo fracamente – Se um de vocês contar á alguém para onde vamos, juro que se arrependerá... – ameaçou seguindo até a lareira. – Estamos em nove, então vamos nos separar. Harry e Luna, vocês vêm comigo. Alessa, Sophie e Rony vão depois seguidos por Hermione e Gemma. Mary, avise a Ordem. – disse ao lado de Harry e Luna já nas chamas da lareira – Departamento de Mistérios, Ministério da Magia!

Mary ficou para trás e logo tentou entrar na lareira, porém, Umbridge já havia acordado e quase conseguiu impedi-la, se não fosse por Draco lançar um feitiço estuporante na diretora.

– Cuide da Sophie sim? – disse ele antes que Mary pudesse perguntar algo.

A garota apenas assentiu e entrou nas chamas esverdeadas da lareira com destino à sua própria casa, afinal, os pais eram membros da Ordem.

Enquanto isso, Violet e os amigos já percorriam o grande corredor do Departamento de Ministérios à procura da porta prateada dos pesadelos da garota. Violet aproximou-se rapidamente e levantou a mão para a maçaneta fria, exatamente como no sonho, o que deixou-a nervosa e extremamente preocupada.

– Vi? – chamou Harry, trazendo-a de volta à realidade.

Assim que abriu a porta e deu o primeiro passo para dentro, uma brisa gélida arrepiou-lhe a espinha e o mesmo medo que sentia nos sonhos a invadiu.

“Por favor, esteja viva, esteja viva...”, sussurrava enquanto corria pelos corredores repletos por globos de vidros. Porém, quando chegou ao último corredor, ficou paralisada.

– Ela... Ela estava aqui... – murmurou apontando para o chão vazio à sua frente.

– Violet, ela não está aqui... – começou Hermione, novamente pensando racionalmente.

Inúmeras coisas passaram pela cabeça de Violet, talvez o corpo de Minerva fora retirado dalí, talvez ela nunca tenha sido pega e talvez, apenas talvez, tudo tenha sido uma armadilha.

– Hmm... Harry, Violet... Tem o nome de vocês dois aqui... – disse Gemma apontando para dois globos na prateleira mais próxima.

Harry aproximou-se e pegou o pequeno globo nas mãos, porém, o mesmo não passava de um simples globo de vidro. Quando ia finalmente devolvê-lo, algo soou em seus ouvidos. “O Lorde das Trevas marcará aquele com o poder de derrotá-lo como um igual. Um não poderá viver enquanto o outro permanecer vivo.”

– Violet –

Aproximei-me do globo com meu nome e o toquei vagarosamente. Uma fumaça começou a se formar dentro dele e uma baixa e suave voz soou em minha mente. “A batalha final se aproxima e apenas o Escolhido poderá decidir a vitória. A partir de uma escolha o destino do mundo bruxo será tecido. O escolhido terá poderes que até mesmo o Lorde Das Trevas desconhece.”

Aquilo confundiu minha cabeça completamente.

Como assim escolha?

– Muito bem Potter, agora dê-me a profecia... – disse alguém logo atrás.

Instantaneamente escondi o globo em minhas roupas e virei-me, dando de cara com alguém de preto vestindo uma máscara escura. Mas nem mesmo a máscara de Comensal impediu-me de reconhecer a voz.

– Onde está Minerva Lúcio? – perguntei em voz alta.

– Você deveria saber a diferença entre sonhos... – começou tirando sua máscara e mostrando um cínico sorriso em seu rosto - ...e realidade. Você viu o que o Lorde das Trevas queria que você visse. Agora Sr Potter, entregue-me a profecia... – estendeu o braço.

E então a ficha caiu. Minerva nunca fora pega e Voldemort nunca a matou.

Era uma armadilha e eu caí como uma perfeita idiota.

– Afaste-se, ou eu a quebro... – ameaçou Harry.

Uma risada fina e estridente invadiu o lugar, dando espaço para a imagem de uma mulher de trajes negros e cabelos encaracolados.

– Ora, ora, ora... Ele sabe brincar! Que gracinha... – debochou.

– Bellatrix...

– Olá Violet querida, quanto tempo... Como está? – debochou, porém, algo em seu tom de voz denunciou que havia algo a mais.

– Com raiva, muita raiva... – respondi apertando a varinha em minhas mãos – E acho que sabe o que acontece quando estou com raiva não é?

– Vamos nos acalmar sim? – interveio Lúcio após encarar Sophie por um momento – Vamos Potter, você nunca se perguntou o motivo de sua conexão com o Lorde? O porquê de ele não ter conseguido te matar?

Nesse momento vários outros Comensais surgiram das sombras. Estávamos encurralados.

– Não quer saber os segredos envolvidos em seu passado? Todas as respostas estão aí, em sua mão... – continuou Lúcio aproximando-se lentamente com a mão estendida enquanto Bellatrix me encarava – Tudo que precisa fazer é entregá-la para mim... Posso te mostrar tudo, te dar todas as respostas...

Por um momento desviei a atenção de Bellatrix e encarei Harry, que parecia extremamente tentado a aceitar.

– Eu esperei 14 anos...

– Eu sei... – concordou Lúcio.

– Harry... – tentei.

– Acho que posso esperar mais um pouco. Agora! – gritou.

– Estupefaça! – gritaram os membros do AD em uníssono, fazendo com que todos os comensais desaparecessem. E então corremos. Muitos de nós se separaram, e para onde quer que íamos havia um nos seguindo. Vários feitiços foram lançados e conseguimos ultrapassar cada comensal.

Está muito fácil... Fácil demais...

Olhei para o lado e percebi que Luna estava sangrando, porém, não dava tempo de ajudá-la, afinal, Hermione atingira um comensal que, por sua vez, colidiu com duas estantes formando um movimento em cadência. Logo todos os globos começaram a despencar das estantes e fecharam nosso caminho.

– A porta! – gritou Harry apontando para uma pequena porta preta no fim do corredor.

Aquela não era a saída, eu sabia, mas era a única opção. Sem ao menos pensar todos nós corremos em direção à porta e a ultrapassamos, caindo num grande e terroso salão e colidindo com o chão. Outra armadilha.

– Departamento de Mistérios... Escolheram um bom nome... – comentou Rony um tanto atordoado após levantar-se

– Se a Mary não conseguiu avisar a Ordem, depois da bagunça que fizemos ali em cima minha mãe certamente está a caminho... – comentou Sophie limpando a barra da calça.

– Onde estamos? – perguntou Gemma com o braço ferido.

– Não sei... – respondi olhando ao redor.

Um arco de pedras estava logo ao nosso lado, era como uma grande caverna subterrânea sob o Ministério, vozes soltas gritavam e choravam, passando uma sensação terrível. Por um momento fiquei confusa com as inúmeras vozes em minha cabeça, o globo em meu bolso começava a esquentar e minha cabeça girava.

Coloquei a mão em meu bolso e toquei a quente superfície de vidro, as frases ditas ainda presas em minha mente. Fechei os olhos numa tentativa frustrada de contê-las, porém nesse momento ouvi Luna arfar. Quando finalmente os abri novamente, percebi que todos os meus amigos foram capturados, cada um deles sob os braços de algum Comensal. Harry permanecia ao meu lado e encarava todos com a expressão confusa.

– Vocês realmente acreditaram que crianças teriam chance contra nós? – disse Lúcio aproximando-se ameaçadoramente – Violet, Violet, mentir é feio sabia? Bellatrix nunca te ensinou modos? – debochou encarando-me - Um passarinho me contou que não foi apenas o Sr. Potter que retirou uma profecia hoje... Vou tornar as coisas fáceis para vocês dois, me deem as profecias agora ou vejam seus amigos morrerem... – murmurou estendendo as mãos.

Harry encarou cada um dos amigos demorando-se um pouco em Luna. Ele iria aceitar.

– Harry não...

– Desculpe Vi... – respondeu ele entregando o globo de vidro nas mãos de Lúcio Malfoy.

– Me dê a profecia Violet... – pediu Bellatrix estendendo o braço.

– Se o objetivo era pegar a profecia do Harry, por que apenas eu tive o sonho? – perguntei encarando-a.

– O Lorde tentou, ah sim... Mas parece que o Sr. Potter sempre era despertado por alguém antes da “grande visão”! Já você... – começou Lúcio - Está um pouco instável nos últimos meses não é? Vulnerável... Fácil de ser enganada...

– Não fale assim da garota Malfoy, para todos os efeitos ainda sou sua tia! – debochou uma voz extremamente conhecida atrás de mim, fazendo-me virar. – Entregue a profecia querida, e ninguém se machuca...

– Professora? – surpreendeu-se Harry.

– Vamos Violet, só falta você... Não quer ter uma ruiva a menos em seu grupinho, quer? – continuou Morgana debaixo de uma capa parando ao lado de Alessa, que era mantida presa por um homem alto e moreno.

– Não encoste nela! – rosnei ameaçadoramente.

– Só uma coisa pode me parar, e ela está em suas mãos...

Morgana levantou o rosto levemente, suas feições eram duras e os olhos verdes assumindo a colocação amarelada que eu tanto conhecia.

– Mas o que... – começou Harry confuso.

– Entregue a profecia Violet! – exclamou ela abrindo os lábios e mostrando afiadas presas o lugar de dentes. Sua pele lisa e sem marcas começou a ganhar pelos acinzentados e suas unhas transformaram-se em garras.

– Lobo... – murmurei finalmente entendendo o quebra-cabeça – Você é uma metamorfomaga e se transforma em um lobo!

– Na verdade, ela foi contaminada por um lobisomem, mas a genética da cachorra ali não vem ao caso... – debochou Bellatrix.

– Dê-me a profecia Violet... – insistiu Lúcio aproximando-se ainda mais e parando à centímetros de mim, porém, nesse momento uma luz branca prateada passou por nossas cabeças e colocou-se entre nós.

– Fique longe da minha afilhada seu bastardo... – disse Alastor aparecendo e, com um movimento da varinha, lançando-o para uma das rochas mais próximas.

Alastor puxou-me abraçou-me fortemente. Eu finalmente respirei aliviada e correspondi ao abraço o mais forte que pude enquanto mais luzes brancas surgiam no salão, tomando as formas de Sirius, Remo, Kingsley, Tonks, Catherine e George Addams, Percy Seyfried e por fim, Minerva.