*Hermione POV*

Acordei meio confusa e com muito frio. Ainda estávamos na praia, e eu havia adormecido abraçada com o Draco, sentados na neve, apoiados numa pedra. Cutuquei o braço dele para acordá-lo, por que ele também devia estar com muito frio.

– Draco? Draco, acorda.

– Mione?- falou ele, meio grog- nós dormimos?

– Acho que sim. Eu to com muito frio.

– É, eu também. Vamos entrar.

Nos levantamos e fomos até a casa de praia.

– Eu vou me enxugar e colocar outra roupa, você espera? Quer que eu te traga uma toalha?- falei, pois apesar de grande a casa só tinha um banheiro.

– Não precisa, eu te espero.

– Tem certeza? Você deve estar com frio.

– Não, eu espero. Vou fazer alguma coisa pra comer.

– Ok então. Eu não vou demorar- falei, subindo as escadas.

*Draco POV*

Eu estava pensando seriamente em fazer uma coisa que, provavelmente, seria a melhor e mais estúpida coisa que eu faria na vida. Mas eu queria fazer isso, queria tentar. A Mione é tão linda, tão legal, beija tão bem. Eu a amo. Não há mais dúvidas.

Agora era só pensar em como fazer isso e esperar ela descer. Cara, eu não fazia ideia de como fazer isso. Me sentei na mesa e fiquei imaginando as várias possibilidades e separando as melhores. Ou as menos ruins.

Ouvi os passos da Mione descendo as escadas. Me levantei rápido, e fiquei olhando ela descer.

– O que foi, Draco? Por que está me olhando desse jeito?

– Que jeito?- falei meio nervoso.

– Como se estivesse com medo de mim- falou ela, se aproximando mais devagar.

– Ah, é que... sabe, é que... eu queria, hã...

– Draco, calma, eu não mordo- ela estava rindo de mim.Tava dando tudo errado, eu tava tão nervoso que esqueci o que eu ia falar.

– Mione- falei, depois de um longo suspiro- eu queria falar com você. Senta aqui.

Ela se sentou de frente para mim na mesa. Eu estava pronto, calmo, e já sabia o que ia falar.

– Mione, eu queria saber se você quer...- fui interrompido por um estrondo. A porta tinha sido arrombada.

Vários homens entraram com varinhas em punho. Na frente deles, um rosto familiar. Harry Potter. Eles haviam me achado.

Hermione sacou sua varinha e ficou na minha frente. Ela iria lutar por mim, iria me defender, ela sabia que eu não tinha varinha, não mais, mas isso estava errado, ela não podia lutar sozinha.

Os homens começaram a lançar feitiços contra ela, provavelmente para tirá-la do caminho e chegar até mim.

– Mione, vai se esconder, rápido, leva a sua varinha, eu dou um jeito neles- gritei para ela, em meio ao barulhos dos feitiços e das coisas quebrando em toda parte. A última coisa que eu queria era que Mione se machucasse.

– Eu não vou... te deixar aqui com eles- falou ela, desviando de mais um feitiço- eles são aurores do ministério, Draco! Querem te levar para Azkaban!

– Eu não vou te deixar lutar sozinha!

Harry estava gritando para que eles pararem de lançar feitiços. Ele gritava que conhecia a Hermione e que ela o ajudaria a me capturar, mas eles não o estavam ouvindo.

Por um segundo tudo parou. Eu só vi um jato de luz e uma Hermione caindo no chão. Eles a haviam acertado. Ela estava ferida e a culpa era toda minha. Não é possível. Ela estava caída, imóvel. Logo, meu estômago se encheu de raiva e eu fui tomado pela adrenalina.

– Ela é minha namorada, seus idiotas!- gritei e peguei a varinha da Mione, e joguei feitiços contra os homens e me defendi dos feitiços lançados com uma rapidez incrível.

Apenas Harry não estava lançando nenhum feitiço. Ele estava com uma expressão confusa no rosto, provavelmente pelo que eu acabei de dizer. Então ele fez a coisa que eu menos esperava. Ele começou a lançar mais feitiços contra os aurores, até que em pouco tempo todos eles estavam estuporados, jogados no chão.

– Rápido, Malfoy, corre. Leva ela daqui, aparata para algum lugar, cuida dela, antes que eu me arrependa do que eu fiz. Mas não pense que eu sou seu amigo. Eu vou continuar te cassando, e acredite, eu vou te achar.

Não respondi, apenas segurei a Mione no colo e aparatei para o primeiro lugar que me veio na cabeça. O buraco na parede do shopping, onde nós tínhamos nos conhecido.

Por sorte não havia ninguém lá. Coloquei a Mione deitada com cuidado em cima da grama e da pouca terra daquele terreno baldio. Alisei sua cabeça, tirei os cachos castanhos de seu rosto, tirei meu casaco e coloquei embaixo de sua cabeça, como um travesseiro.

Seus olhos estavam fechados, parecia que ela estava apenas dormindo, mas eu sabia que não era só isso. Eu não fazia ideia de qual feitiço a atingiu, não sabia se ela iria sequer acordar.

Esse pensamento me fez chorar. Enterrei rosto nas mãos, as lágrimas escorrendo pela manga da minha blusa. Como eu tinha deixado aquilo acontecer com ela? Por que eu liguei justo para ela naquela manhã? Eu havia metido ela naquilo, e olha onde isso levou. Ela estava desmaiada, deitada na terra, podendo nunca mais ver o nascer do sol.

A última coisa que ela vira era um homem com a varinha apontada para sua cara e uma luz. Ela fez aquilo por mim, e eu permiti. Eu devia ter abraçado ela, envolvido ela nos meus braços, protegido ela, devia ter deixado aqueles homens me levarem para Azkaban, e agora a Mione estaria bem.

Cheguei perto dela e a beijei. Não queria perde-la. Só queria dizer a ela o quanto a amo, o quanto ela é importante para mim.

– É tudo minha culpa- falei, com o rosto novamente enterrado nas mãos- é tudo minha culpa, tudo.

– A culpa não é sua- uma voz sussurrou muito fraca- é culpa da neve. Tudo é culpa da neve.

Olhei para ela. Ela estava acordada. Era a Mione. Um largo sorriso se abriu no meu rosto e eu a abracei. Abracei forte.

– Draco, deixa eu levantar- falou ela, rindo.

Ajudei-a levantar e a abracei mais uma vez.

– Onde você estava com a cabeça fazendo aquilo?! Você podia ter morrido!

– Eu estava com a cabeça em você.

Rapidamente eu soube o que fazer. Dei um beijo longo e ardente nela. Era tudo que eu precisava fazer. Quando nossos rostos se separaram eu soube que era a hora certa.

– Hermione Jean Granger, você quer namorar comigo?

– Seria um prazer- falou ela num tom formal e começou a rir.

A abracei forte e a beijei. Agora era oficial, nós estávamos namorando.

– Draco, como você escapou?- falou ela depois e alguns segundos.

– Foi o Potter. Ele estuporou os aurores e me mandou aparatar para um lugar seguro.

– Por quê?

– Meio que eu posso ter dito que você era minha namorada- falei, ficando meio sem jeito.

– Sério?- ela começou a rir, o que me fez rir também.

– Mas... para onde nós vamos- ela disse depois de um tempo, interrompendo a gargalhada.

– Eu não sei, Mione. Eu não sei.

E era isso. Eu tinha voltado à estaca zero. E ainda trouxe a Mione junto. Ela não merecia isso, eu merecia.

A nossa jornada havia começado. Eu não sabia até quando teríamos que fugir. Mas eu não deixaria nada acontecer com ela. Nada.