O pequeno tordo Rue escrita por Isabela Furiato


Capítulo 3
Capítulo 3 - Dar o meu melhor


Notas iniciais do capítulo

Misturei coisas do filme e do livro nesse cap., não achei que ficou ruim. Comente o que achou!



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Eu estou num lugar escuro, rodeada de arbustos e árvores. Um som horrível aumentava de volume... Parecia um grito de uma garota sendo torturada. De repente, a garota apareceu na minha frente, em seus últimos segundos de vida. Ela olhou para mim e soube que a garota era eu.

Acordei com um grito e me levantei. Estava respirando muito rápido, tive que olhar durante uns minutos tudo ao meu redor para me convencer que estava na realidade. Escutei a porta se abrir e alguém caminhar rapidamente ao meu encontro. Uma das atendentes da Capital se estacionou na frente da minha cama, cabeça baixa.

– Está tudo bem, Srta. Rue? - pergunta ela. Aceno que sim, ela parece aliviada. - Seu café da manhã está posto na mesa. Com licença. - ela se retirou.

Olhei para a enorme janela que ficava ao lado da cama. Dava para ver a parte leste da Capital. Prédios enevoados, shoppings, centros e pessoas construíam a paisagem. Ah, isso não adianta.

Nada adianta pra eu conseguir esquecer as minhas especulações horríveis de mim mesma na arena. Percebi que isso não me ajudaria em nada, então lembrei o que Thresh me falou ontem: faça o seu melhor.

Lembro-me de um dia no Distrito 11 que eu estava correndo livremente pelos campos de trigo. Era tudo dourado e muito belo. Eu era só um pouco mais nova nesses tempos. Eu carregava uma sacola cheia de frutas coloridas quando de repente eu escuto um movimento. Corro os mais rápido que consigo, sou bem veloz e alcanço uma árvore grossa e repleta de folhas onde escalo ligeiramente como um esquilo. Me escondo entre as folhas e seguro a respiração. Meus olhos se assustam com o que veem: dois Pacificadores carregando um morador do 11 totalmente ferido e inconsciente, senão morto. Eles o jogam numa caminhonete perto dali e o automóvel liga e se dirige para longe. Naquele dia eu suei muito, pensando que tinha escapado mais uma vez naquela semana.

É isso. Preciso pensar no que posso fazer, não no que não posso. Não... No que eu sei e consigo fazer.

Tomamos eu e Thresh e os outros da equipe, um café da manhã silencioso. Dwub nos guiou juntamente com Milla até o centro de treinamento. Passamos por um corredor extenso de metal escuro, até passarmos por uma porta automática e entrarmos, com nossos uniformes do 11, num local enorme repleto de instrumentos e armas de luta, corredores de pulo, sistemas de treinamento para agilidade e furto.

Olhei tudo à procura de algo para mim, até achar cordas justas lá em cima do teto. Fui seguindo as cordas até o chão e vi que eram encaminhadas, ou seja, começava a escalar verticalmente e depois atravessava o centro pelo teto até o outro lado, para descer verticalmente novamente.

Perfeito, pensei.

– Não mostrem suas habilidades aos outros tributos, irão fazer isso no centro de individualidade. - disse Dwub.

Ele nos mostrou Atala, que nos instruiu:

– Em alguns dias, 23 de vocês estarão mortos. Minha dica é que não ignorem as técnicas de sobrevivência. A exposição mata tanto quanto uma faca...

Me posicionei entre os tributos atentos a Atala. Escutei tudo o que ela falou e depois fomos dispensados para treinarmos o que quisermos. Corri para treinar minha agilidade e minha resistência nas cordas do teto. Enquanto já havia feito duas vezes, rapidamente, a travessia no meio do centro de treinos, observei uma coisa.

Katniss Everdeen e Peeta Mellark, os tributos do 12 conversavam com um certo cuidado na sessão de camuflagem. Ele mostrou a ela a pintura que havia feito em sua mão e braço. Ele os colocou na árvore que estava por lá e achei incrível. Não dava para reconhecer sua mão e braço. Curiosa, desci das últimas cordas que eu estava escalando e corri direto para onde eles estavam.

Parei a uma parede que me escondia. Katniss estava de costas para mim conversando com Peeta.

– Eu confeitava bolos na padaria do meu pai. - diz ele.

– Ah.

– Hã, Katniss. Acho que tem alguém nos observando. - diz Peeta e olha para mim.

Katniss faz o mesmo. Sinto-me vermelha por ter sido pega e me escondo atrás da parede. Eu ficava perto deles quando estava na sessão de luta. Eles treinavam arremesso de lanças. Às vezes paravam e cochichavam, dando pequenas olhadas para mim. Mas eu não via nada de ruim nisso porque sempre recebia um sorriso fraco vindo deles.

Enquanto penso no que vou fazer, vejo um tributo do 2 debochando de outro que é do 3.

– Vai morrer no primeiro dia. - comenta o 2 com uma garota do 1, loira.

– Calma, Cato. - riu ela.

Cato. Este era o nome do 2 mal encarado e gigante. Observei ele discretamente e vi que portava uma faca nas mãos. Ele não desgrudava da faca em nenhum momento. Então, quando ele a deixou de lado por uns 2 minutos numa mesa, passei por lá e a peguei rapidamente atraindo olhares. Corri para escalar as cordas novamente e me enfiei por lá. Então só ouço:

– Cara, cadê minha faca? - grita Cato para um tributo. - Você pegou minha faca!

Ele empurra o garoto e começa uma revolta. Eu rio de Cato e rodopio a faca nas mãos, orgulhosa. Thresh está abaixo de mim e me olha, rindo. Katniss observa o ocorrido e me observa divertida. Vi, uns minutos atrás, que ela encarava Cato com um misto de raiva e ódio porque ele encarava Peeta ameaçadoramente.

Afastaram Cato do tributo e depois de mais duas horas de treino, somos mandados para esperar o chamado dos Idealizadores dos Jogos numa sala. E o som soa: Distrito 1, Glimmer.

Quanto tempo se passou? 4 horas? 5 horas? Metade da fila estava exterminada até chamarem o garoto do Distrito 10. Então escuto meu nome numa voz horrível de locutor. Eles pronunciavam nosso Distrito e nome com um certo... divertimento?

Estou me levantando e Thresh segura minha pequena mão.

– Vamos lá, Rue, dê o melhor. Eles querem um show, foi o que Dwub e a equipe disseram. - disse ele, sério. - Vamos lá.

Concordei e engoli em seco. Era exatamente o que queriam.


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