Remember Me escrita por Tamy Black


Capítulo 14
Impulso


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que não demoraria, não disse?
Capítulo com algo que todos já estavam morrendo de ansiedade.
Falo com vocês mais abaixo.



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No capítulo anterior:


Deixei o diário da Liz em cima da cama e saí de meu quarto, desci as escadas e já encontrei uma grande parte de meus convidados, era à hora da festa.


-x-


Edward POV.


O dia treze de setembro chegou e com isso trouxe toda a minha dor de volta. Hoje, se a Elizabeth tivesse viva, ela estaria completando vinte e oito anos. Estaríamos bem, com nosso filho ou filha – que foi perdido no meio do caminho – e continuaríamos nos amando como sempre.

 

Eram datas como essa que me deixavam melancólico. Acordei cedo como sempre, tomei banho, vesti-me e fui tomar café. Mas hoje, eu não iria direto para o hospital, passei numa floricultura e comprei os lírios brancos preferidos da Liz, e rumei para o cemitério de Forks.

 

Cheguei à frente de sua lápide e já estava chorando, depositei o buquê de lírios brancos e toquei a lápide de mármore gelada. Eu queria muito que ela estivesse aqui, queria muito ela em meus braços novamente, dizendo que me amava e sempre com um sorriso largo a me ver, queria tocar seus cabelos loiros e fitar intensamente seus olhos verdes.

 

Minhas lágrimas escorriam por minha face e eu não as parei, eu precisava disso. Chorei, chorei... Até perceber que já estava quase na hora da minha entrada no hospital. Despedi-me dela e saí do cemitério, limpando minhas lágrimas.

 

Dirigi atordoado até o hospital, eu odiava ficar assim, mas era inevitável. Comecei a trabalhar normalmente. Até que me lembrei que hoje também era aniversário da Isabella e que fora convidado para um jantar, o convite não era restrito só a mim, era para a minha família inteira. Mas eu não vou, não tem cabimento... Comemorar o aniversário de uma enquanto a outra está morta.

 

Eu estava tão concentrado em meu trabalho que nem percebi quando o fim do expediente chegara. Estava terminando de fazer um relatório, quando vi James entrando em minha sala.

 

- Ei cara. – ele disse, sorrindo.

- Oi. – respondi, sem tirar os olhos do computador.

- Vai à festa da Bella? – perguntou.

- Quem? – desviei os olhos da tela.

- Bella Swan, irmã da...

- Sei quem é. – interrompi-o, ríspido.

 

James revirou os olhos.

 

- Enfim, você vai?

- Não. – respondi e voltei a olhar a tela.

- Fala sério, Edward. – ralhou – Quando você vai acordar pra vida? – bufou.

 

Eu encarei o meu amigo de infância seriamente. Apenas suspirei e passei a mão no cabelo, nervoso. Eu não gostava de falar nesse assunto e ainda mais no dia de hoje.

 

- Não vou discutir com você, James. – disse a ele.

- Eu só acho que você deveria acordar, Edward... – ele disse, calmo – As coisas passam ao seu redor e você nem percebe... O mundo não gira em torno da Elizabeth, Edward. Ela morreu, já foi e isso aconteceu há oito anos. – suspirou – Enfim, estou indo.

 

Eu não disse nada, ele não me deu oportunidade de falar. Saiu batendo a porta da minha sala e eu voltei a fazer o que estava fazendo.

 

As pessoas não entendem que o meu sentido de viver não existe mais, que a minha vida acabou quando ela se foi. E por mais que dissessem que eu deveria viver, eu não consigo. É mais forte que eu. Terminei de digitar, salvei o documento e desliguei o computador. Peguei minhas coisas e saí de minha sala. Fui até a garagem e destravei o alarme do meu Volvo.

 

Dirigi até chegar à saída de Forks. Eu iria fazer o que sempre fazia no dia treze de setembro, a única coisa que me permitia esquecer por um momento o caos que era a minha vida. Estacionei meu carro no estacionamento do bar e saí. Assim que entrei fui direto para o balcão e me sentei.

 

- Dr. Cullen. – o barman já me conhecia.

- Boa noite George. – saudei-o.

- Meus pêsames, doutor. – ele disse, eu assenti com a cabeça – O de sempre?

- Sim. – murmurei e suspirei.

 

Bella POV.


Assim que desci as escadas, Alice e Rosalie foram as primeiras a me abraçar. Eu realmente aprendi a gostar muito das duas, parecia que eu as conhecia desde sempre. Estávamos construindo uma boa amizade, posso dizer, depois o Emmett me abraçou e o Jasper em seguida. A pequena Anna me abraçou e me deu um beijo estalado na bochecha, ela era uma graça e parecia muito com a Elizabeth e comigo, quando éramos pequenas.

 

Esme e Carlisle me abraçaram e me felicitaram, eu aprendi a amar aquele casal como se eles fossem os meus pais, eram únicos. James estava presente também, com um sorriso gigante dançando em seus lábios. Abracei-o apertadamente e sorri, eu gostava dele, era um cara incrível e um grande amigo. Também cumprimentei algumas pessoas, amigos da Lizzie, que fizeram questão de me conhecer, estes eram a Angela e o Ben, são noivos e eram grandes amigos de infância da minha irmã.

 

Meus pais estavam felizes, pude notar, mas apesar da felicidade, sei que eles queriam que minha irmã estivesse entre nós. Eu peguei a minha mãe chorando mais cedo, e meu pai a consolava, chorando também. É difícil, mas tudo que acontece na vida tem um acaso e um por que.

 

À medida que a noite ia passando, as conversas eram ótimas e descontraídas, mas eu estava dispersa e a todo instante olhava para a porta. Quem eu quero enganar? Eu sei que Edward foi convidado, eu sei que hoje também é o aniversário da minha irmã, mas eu queria que ele viesse a minha pequena festa. Mas eu também sei que hoje deve ser um dia estranho e doloroso pra ele, como será que eles comemoravam a data de hoje? Com certeza era regado a muito amor.

 

Por que pensar nisso me deixa estranha? Ok, abstrai Bella... Eu preciso de ar, pedi licença as pessoas ao meu redor e fui para a varanda da frente, e encontrei Alice falando alterada no celular.

 

-... Quando você vai acordar meu irmão? Quando? No dia que você perceber que é tarde de mais? Acorda Edward! A Lizzie morreu! – disse ela, completamente histérica.

 

Eu escutava apenas os ruídos do celular, ele devia estar respondendo a ela. Eu não queria dar uma de intrometida escutando a conversa alheia, mas não resisti.

 

- Eu não quero saber Edward Cullen! – ralhou com ele – Eu não vou te buscar bêbado na porcaria desse bar, eu estou grávida, peça ao Emmett! – bufou – Se você quer se matar bebendo feito um idiota, mate-se, mas não me incomode! Eu estou farta disso! Todo o ano é a mesma coisa, cansei! – exaltou-se mais uma vez e desligou o aparelho, enfurecida.

 

E então ela se virou e me encontrou, ofeguei.

 

- Me desculpe Alice, não quis escutar a conversa... Eu apenas cheguei aqui e vi você falando alterada no celular.

- Tudo bem, Bella. – ela suspirou e passou a mão na testa – Eu não devia me alterar assim, ainda mais grávida... Edward não entende! – grunhiu – Eu só quero saber até onde isso vai...

- É difícil pra ele. – falei, sem pensar.

- Difícil pra ele? – sua voz saiu esganiçada – Será que não passa na cabeça daquele imbecil que ele definhando a cada ano, nós, a família dele, definha junto? – seus olhos estavam cheios de lagrimas.

- OMG! Não quis que você se alterasse, Alice... Eu só... – balbuciei, nervosa, ao vê-la chorar.

- Não é culpa sua. – fungou – É só que desde que a Lizzie morreu, ele não vive... Já são oito anos, Bella... E isso está complicando a cada vez mais, ele não aceita ajuda. Repulsa qualquer coisa, tentamos conversar, mas não adianta nada... Entra por um ouvido e sai pelo outro. – desabafou.

- Eu não sei nem o que dizer. – murmurei – Eu não convivi com a minha irmã, eu não a conheci para falar a verdade. – suspirei – Me arrependo muito disso, mas não posso mudar os fatos... Ela se foi, mas ela sabe que eu independente de todas as coisas que aconteceram, eu a amo.

- Oh Bella... – ela murmurou, soluçando mais ainda – Nem imagino como deve ter sido pra você, quando descobriu que tinha irmã e tudo mais.

- Foi complicado, mas... – meneei a cabeça.

 

Então, Alice me abraçou. Nós nunca nos abraçamos nem nada, senti um alivio ao falar essas coisas para ela, ainda mais que ela estava grávida. Acabei chorando também, soltamo-nos depois de um tempo e ela limpou as lágrimas, eu fiz o mesmo.

 

- Agora entra, Alice. – falei – Está frio e você está grávida. – usei meu tom médico.

- Eu não estou doente! – ralhou comigo, eu ri – Urgh! Vocês médicos... – e entrou resmungando.

 

Fiquei ali fora, pensando em tudo que Alice falou. Mas fui desperta de meus pensamentos por uma mão em minha cintura, virei-me e dei de cara com James.

 

- O que faz sozinha nesse frio? – ele me indagou.

- Hm... Eu estava falando com a Alice. – sorri.

- Eu a vi entrando. – sorriu – Vou te entregar seu presente. – e tirou do bolso uma caixa de veludo vermelha.

 

Peguei-a e a abri. Meus olhos se arregalaram quando vi o belo bracelete de prata na caixa. Era lindo!

 

- James – encarei seus orbes azuis – Não precisava. – murmurei.

- Claro que precisava. – revirou os olhos.

 

Ele tirou o bracelete da caixa e pegou meu pulso direito, abriu o bracelete e pôs em meu braço.

 

- Uma bela jóia, para uma Bella. – ele disse, e sorriu todo galanteador.

- Obrigada. – disse por fim.

 

Inclinei-me para lhe dar um beijo na bochecha, mas o espertinho se virou e o beijo simples virou um selinho. Ele sorriu e eu retribuí o sorriso, mas constrangida. Sinceramente, eu não estou pensando em um relacionamento agora.

 

- Desculpe-me, eu não resisti. – ele disse, coçando a cabeça.

- Tudo bem. – disse e afaguei sua bochecha – Vem, vamos jantar. – peguei-o pela mão e fui me virando para sair, mas ele me impediu – O que?

- Aproveitando o momento... – hesitou – Você sairia para jantar comigo um dia desses? – indagou-me, e pelo seu tom de voz, apostaria que ele estava nervoso.

- Claro. – respondi, por que não?

- Combinamos depois então. – ele disse, um sorriso de satisfação dançava em seus lábios.

 

Eu assenti e entramos em minha casa, de mãos dadas ainda. Percebi os olhares femininos para este fato, mas dei de ombros. Eu sou solteira, livre, sem compromisso com ninguém, então posso muito bem ter um encontro com um cara, certo?

 

Minha mãe anunciou que o jantar estava pronto e todos rumamos para a sala de jantar. Cada um se sentou e se serviu, comemos em meio a risadas e conversas paralelas. Eu me diverti muito mesmo. Ben e Angela partiram depois da sobremesa, já que a Angela dava plantão no hospital bem cedo no dia seguinte, ela é enfermeira. James foi em seguida deles, pois ele dava plantão o dia inteiro amanhã, eu estava de folga – graças a Deus –; Carlisle e Esme foram logo também, pois viajariam pela manhã. Minha mãe e meu pai subiram logo, e as empregadas – Judith e Amélia – estavam organizando tudo na cozinha.

 

Rosalie e Emmett foram depois, já que a Anna ressonava tranqüila no colo do pai. Alice e Jasper foram os últimos a partir, fui deixá-los a porta. Olhei para o céu e vi que logo choveria.

 

- Desde quando você e o James Carter estão saindo? – me inquiriu, curiosa.

- Alice! – Jasper a repreendeu e eu ri.

- Tudo bem, Jazz. – sorri – Não estamos saindo. – falei.

- Como não? – a baixinha me olhou confusa – Vocês entraram de mãos dadas e tudo mais...

- E qual o problema? – indaguei, risonha.

Alice bufou e eu ri novamente.

- Ainda não estamos saindo, Alice, mas não quer dizer que não vamos. – disse, sorrindo marota – Agora vão, e descanse bastante pequena... Você vai ter trabalho dobrado. – acariciei sua minúscula de três meses e despedi-me deles.

 

Percebi que a baixinha não ficou muito satisfeita com a minha explicação, mas eu não tinha mais o que explicar. Vi-os sair e a chuva desabou. Entrei de volta e fui direto para o meu quarto, tomei um banho quente e vesti um pijama confortável. Vi o diário da Lizzie em cima da minha cama e a curiosidade tomou conta de mim novamente. Peguei o diário e desci as escadas, eu não estava com um pingo de sono mesmo.

 

Sentei-me confortavelmente no sofá da sala e abri o diário. Vi vários versos na contracapa e na primeira folha. A Lizzie tinha uma caligrafia incrível, sorri involuntariamente.

 

- Srta. Bella? – a voz da Judith me despertou.

- Oi. – encarei-a.

- Eu e a Amélia estamos indo dormir, a senhorita precisa de algo? – me indagou.

 - Não, não. – sorri – Podem ir descansar, boa noite.

- Boa noite senhorita. – ela disse e saiu da sala.

 

Fire Bomb – Rihanna

 

Voltei a minha atenção para o diário e virei à página.

 

24/02/08 – Forks General Hospital


Poderia começar com o tradicional “querido diário”, mas não sei nem como começar... Enfim. Fazia tempo que eu não escrevia. Pedi a Edward que trouxesse um caderno que eu pudesse escrever, então ele o fez... Ah... Edward, Edward... Meu único amor.


Há dois dias, eu perdi o estímulo de viver. Perdi o meu filho, meu primeiro filho e agora estou de volta a minha cidade natal. E acabei de descobrir que tenho Leucemia Mieloide. Desesperador, não?


Eu acredito que tudo nessa vida tem um propósito. Acredito que posso passar por isso de cabeça erguida. Eu só sofro com as pessoas ao meu redor. Porque sinceramente falando, elas não têm culpa de nada e eu não gosto de vê-las sofrer junto comigo. Principalmente o Edward... Eu gostaria muito de poder consolá-lo, mas ele não deixa.


Ainda estou fazendo exames e a busca por um doador de medula começou antes de qualquer resultado. Eu sei que há uma solução. Existe alguém que pode me ajudar, a minha gêmea... Bella.


Em sua primeira folha de diário ela escreveu meu nome. Não pude evitar as lágrimas. Como eu sou ignorante, idiota e egoísta. Eu poderia ter mudado as coisas...

 

Limpei as lágrimas e virei à página. A cada palavra que eu lia, não conseguia não me emocionar. Comecei a chorar silenciosamente, eu podia sentir que ela ainda estava viva com suas palavras. Percebi que minha irmã sofria silenciosamente, perante aos outros ela se fazia de forte e tinha fé. Mas por dentro, ela estava destruída e sofria mais por estar fazendo os outros sofrerem do que por si própria.

 

Passei horas absorta nas palavras de minha irmã, lendo dia após dia depois que descobriu a doença. E ainda não tinha mencionado quando nossos pais contaram a verdade a ela. De repente, assustei-me com os gritos:

 

- LIZZIEEEEEEEE, LIZZIEEEEE! ABRE ESSA PORTA, EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ AÍ! – eu conhecia muito bem essa voz.

 

Olhei para o relógio e já passavam das duas da manhã e ainda chovia torrencialmente. Enrolei-me em meu robe e abri a porta, encontrando um Edward Cullen completamente ensopado.

 

- Liz... – disse meloso a me ver.

 

Esse homem precisa de uma ajuda, urgentemente.

 

- Eu não sou a minha irmã, Edward... – disse, aproximando-me dele – Ela está morta, você sabe disso.

- Não, ela está aí! – disse teimoso.

 

Ele estava bêbado, senti o cheiro do álcool assim que ele abriu a boca. Estávamos bem próximos.

 

- Lizzie... – ele disse, encarando-me intensamente.

- Não sou sua esposa. – falei, tentando fazer com que ele voltasse à razão.

- Por onde você andou... Senti sua falta, amor. – disse e afagou minha bochecha, sua mão estava muito gelada, e me arrepiei com o contato.

- Edward... – sussurrei seu nome.

 

Nossos olhares não se desgrudaram um segundo se quer. Eu estava completamente hipnotizada por aqueles olhos verdes. Então, sem pensar, Edward tomou meus lábios nos seus. Estaquei de imediato, é claro. Do nada a pessoa vem e me beija, o que é isso?

 

Vi seus olhos fechados e me forçando a beijá-lo, tentei empurrá-lo, mas ele é mais forte que eu. Então, deixei-me levar. Deixei que ele me beijasse, seus lábios estavam gelados por causa da chuva, sua respiração estava ofegante. Suas mãos seguravam firmemente minha cintura. Entreguei-me aquela sensação... Entreabri os lábios e deixei com que sua língua passasse, encontrando-se com a minha para uma dança deliciosa. Minhas mãos foram parar, por puro reflexo, em seus cabelos, deixando-os ainda mais bagunçados.

 

Edward aprofundou o beijo e eu senti minhas pernas bambearem. Meu coração estava em disparada, parecia que iria sair pela boca a qualquer momento. Eu nunca me senti assim. Sua língua em minha boca, seus lábios tocando os meus de uma forma intensa e urgente. Eu iria fraquejar...

 

O QUE MERDA EU ESTOU PENSANDO?

 

ALÔOO, ELE É VIÚVO DA SUA IRMÃ!

 

Abri os olhos de imediato e usei toda a minha força para empurrá-lo, mas não foi preciso, pois ele simplesmente desmaiou em meus braços. Gritei meus pais, questão de minutos eles apareceram.

 

Ficaram assustadíssimos ao ver Edward desmaiado em meus braços, eu estava quase caindo no chão e o levando comigo. Meu pai me ajudou a levá-lo lá pra cima, minha mãe foi pegar uma roupa seca. Nós o colocamos em meu quarto, já que a casa não tinha mais quartos. Eu ajudei meu pai a trocá-lo e a secá-lo, e Edward continuava apagado. Depois que o deixamos ressonando em minha cama, eu fui trocar de roupa, pois ele acabou me molhando, coloquei outro pijama e fui me preparar para dormir.

 

- O que aconteceu, Bella? – minha mãe me indagou.

 

Eu já estava no quarto da Lizzie, iria dormir lá. Narrei para ela que Edward havia chegado gritando, completamente bêbado, pela minha irmã e me chamou pelo nome dela, daí começou a falar coisa com coisa e simplesmente desmaiou, é claro que eu não iria dizer que ele havia me beijado.

 

- Nossa... Pensei que Edward já estava superando isso. – meu pai falou, entrando em meu quarto.

- Como assim? – perguntei.

- Desde que ele voltou a Forks, fez isso duas vezes. – ele disse – No aniversário da sua irmã e no aniversário de morte dela. – suspirou.

- Nossa. – murmurei.

- É, mas desde o ano passado que ele não faz isso e nem fez esse ano. – mamãe disse.

- É complicado. – falei.

 

Meus pais deram de ombros e me desejaram “boa noite” e saíram do quarto. Ajeitei-me na cama, afundando minha cabeça no travesseiro. Fiquei a fitar o teto do quarto da minha irmã, eu estava completamente sem sono. Revirei a cama inteira e nada de conseguir pregar o olho. Eu estava com uma vontade louca de vê-lo. E acabei sucumbindo a essa vontade.

 

Levantei-me da cama e saí do quarto, andando na ponta dos pés, não queria que meus pais me vissem ou se quer me ouvissem. Abri a porta de meu quarto e vi Edward ressonando tranquilamente. Aproximei-me mais ainda da cama e me ajoelhei ao seu lado. Pus-me a observar a bela face de anjo de Edward. Seus olhos fechados a boca entreaberta, sua respiração calma, ele estava completamente ferrado no sono, sorri sem perceber.

 

Seu cabelo de uma estranha cor bronze estava completamente bagunçado, sua mão esquerda sob a barriga e a mão direita sob o travesseiro, sua cabeça pendia para o lado. Sem que eu percebesse, meu braço já estava estendido na direção do rosto dele, mas me repreendi na hora. Eu não poderia tocá-lo. Eu só posso estar louca, só pode.

 

Mas eu o tinha beijado, não? Quer dizer, ele me agarrou e eu tentei resistir, mas não consegui... E eu ainda podia sentir o gosto de seus lábios sob os meus... Ai Deus, que dilema! Balancei a cabeça negativamente e me levantei num átimo. Saí do quarto, mas antes dei uma última olhada nele. Fechei a porta e entrei praticamente correndo no quarto da Lizzie. Joguei-me na cama e afundei meu rosto no travesseiro, meu coração batia a mil por hora, parecia que eu estava à beira de um ataque de nervos. Com muito custo, eu consegui dormir.

 

Edward POV.


Parecia que minha cabeça estava pesando uma tonelada. Forcei meus olhos a se abrirem, mas não consegui, parecia que eles estavam pregados com cola Super Bonder. Depois de muito esforço, consegui a façanha, mas fechei os olhos no mesmo momento, pois a claridade piorava ainda mais a minha dor de cabeça.

 

Sentei-me na cama e cocei os olhos. Abri-os novamente, mas dessa vez bem devagar, para me acostumar com a claridade. Quando finalmente consegui enxergar com precisão, percebi que eu não estava em meu quarto. A decoração era completamente diferente e bem feminina.

 

E foi aí que as lembranças da noite passada vieram como uma água que sai de uma torneira, forte e rápida. Eu enchi a cara como era acostumado a fazer todo o dia treze de setembro e fiz uma coisa que... Eu, definitivamente, estou me odiando agora.


Droga! Droga! Droga!

 

Como eu posso ser tão estúpido? Tão idiota, impulsivo e ridículo?

 

Eu simplesmente agarrei Isabella Swan, forçando um beijo que foi retribuído a altura. Eu sou um miserável.

 

- Bom dia, Edward. – uma voz feminina e conhecida por mim.

 

E era ninguém menos que a gêmea da minha falecida esposa, para piorar a situação, diga-se de passagem. Ela estava vestida casualmente: short jeans blusa branca, casaco preto e sapatilhas. Seus cabelos castanho-avermelhados estavam soltos, formando uma cascata por sua costa, óculos escuros estavam em sua cabeça e uma bolsa estava pendurada em seu ombro esquerdo. Ela continha um sorriso pequeno nos lábios.

 

- Bom dia. – me limitei a murmurar.

- Er... As roupas que você estava usando estão lavadas e secas - apontou para a poltrona que estava próxima da cama e eu vi o bolo de roupa – Se você quiser tomar banho, pode usar o meu banheiro – indicou a porta – E o café está pronto, é só você ir à cozinha e falar com uma das empregadas – suspirou – Eu preciso dar uma saída, meus pais foram trabalhar e você é da família, então se sinta em casa. – sorriu.    

 

Então, ela se virou para sair do quarto. Mas antes que ela saísse, eu a chamei.  

 

- Sobre o que aconteceu ontem à noite... – disse, minha voz rouca.

- O que aconteceu? – ela me interrompeu.

- Não se faça de sonsa. – disse, ríspido, ela revirou os olhos – Enfim, espero que saiba que isso foi um ato impulsivo de minha parte. – suspirei – Obviamente você sabe que é idêntica a Elizabeth – admiti, mesmo contra a minha vontade – Então, eu vi você e agi por impulso. – encarei seus orbes verdes.

- Claro. – ela disse, consentindo.

- Certo. – murmurei, ainda bem que ela entendia, mas eu queria que as coisas ficassem claras como água – E só para o seu consentimento, não significou nada.

 - Digo o mesmo. – ela disse, num tom de voz estranho, talvez frio – Era só isso?

- Era. – suspirei.

- Ótimo. – sorriu, um sorriso que nunca, em nenhuma hipótese, uma mulher lançou para mim.

 

Um sorriso desdenhoso.

 

- Até mais, Edward. – deu um “tchauzinho” e saiu do quarto, fechando a porta.

 

Eu bufei impaciente e confuso. Levantei-me da cama e fui direto para o banheiro dela. Tomei uma ducha rápida e me vesti. Resolvi não tomar café, então saí e procurei meu carro. Merda, o dono do bar me convenceu a pegar um táxi, já que eu estava morto de bêbado. Então, fui andando até o posto de táxi mais próximo. Consegui um e pedi ao motorista que me levasse ao bar.

 

Desci no lugar desejado e encontrei meu Volvo prata estacionado, era o único que estava lá. Destravei o alarme e entrei em meu carro, fechei a porta e apoiei minha testa no volante. Infelizmente, uma lembrança invadia minha mente: o beijo.

 

Era completamente diferente dos beijos que eu e a Liz trocávamos, era intenso, desesperado e cheio de vários significados que não tinham nexo no momento. Suspirei pesadamente, eu não podia sentir essas sensações, não mesmo. Bati a testa contra o volante e bufei. Levantei minha cabeça e esfreguei meus olhos com as mãos. Dei partida no carro e pisei fundo no acelerador, tentando banir certos pensamentos da minha cabeça.

 

-x-


n/a: êêêê! *pulinhos* Até que enfim, né? Eu disse que não demoraria tanto... *pisca* Enfim, capítulo postado e finalmente lemos algo do diário da Liz, posso adiantar que essa não é a única página que será falada. Acredito que vocês devem ficar curiosas, pois como é foi à conversa do Charlie e da Renée, contando a Lizzie toda a verdade? Da Bella vocês sabem, mas não da gêmea. *pisca*

 

Bom, como muitos já viram – eu acho – eu voltei com as fics hibernadas, e a Dangerous foi a primeira a ser postada, passem lá depois. E a ordem de postagem será assim: Dangerous > Remember Me > Garota de NY.

 

Comentem muito e desculpas pela demora.

 

Beijos,

Tamy Black.


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Notas finais do capítulo

Próxima postagem: Garota de NY.