Terceira pessoa.

O mês foi difícil para ambos, embora Beckett não quisesse admitir. Sempre que perguntavam a ela como ela estava lidando com a ausência do escritor, ela respondia que já trabalhava sem ele antes. Claro, ela não enganava ninguém, varias e varias vezes os amigos reparavam no olhar perdido que ela lançava para a cadeira vazia de Castle.

Mesmo com a correria que estava com a turnê para o lançamento do livro, Castle não parava de pensar nela. Sentia falta de segui-la e de solucionar os casos com ela, e principalmente do sorriso que ela dava para ele todas as manhas quando ele lhe entregava o café.

Era a ultima semana da turnê, Castle podia voltar a qualquer momento, ele não havia avisado quando voltaria, não o dia exato, o que deixou Beckett ansiosa.

POV KATE

Okay, eu me rendo a mim mesma, eu estava mesmo sentindo falta de ter o Castle me seguindo para todos os lugares, mas foi porque criamos uma boa amizade e uma parceria forte, e não pelos motivos que todos achavam, mas eles não pareciam acreditar em mim, e isso me deixou mal humorada durante alguns dias, e claro, eles ligaram esse mau humor ao fato da ausência do Castle.

– Você sabe que esta apenas se enganando com essa historiazinha de “boa amizade e parceria forte” não é?

– Lanie...

– Não me venha com “Lanie” – ela disse me censurando – se você quiser continuar se enganando, tudo bem Kate, mas, garota, não deixe esse momento passar, sim?! O menino escritor te faz bem e gosta de você.

Eu não respondi, e continuei a olhando contrariada, mas ela tinha razão em uma coisa, ele realmente me fez bem.

O telefone de Lanie tocou, e eu esperei que o meu tocasse também, mas não tocou. Fiquei olhando interrogativamente para ela, que sorriu desligando o celular.

– Garota, pense no que eu te falei, certo? Agora vou indo, que tem alguém me esperando – falou se levantando.

– Esposito? – perguntei com uma sobrancelha arqueada, Lanie sorriu e assentiu – Certo, até amanha.

Levei-a até a porta e assim que ela foi eu subi para o meu quarto, Lanie tinha me dado assunto para pensar pelo resto da noite.

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– Surpresa – ele berrou e um copo de café apareceu no meu campo de visão – Bom dia Beckett.

Olhei para cima e o vi parado me encarando com um sorriso gigante no rosto, o que me fez sorrir.

– Bom dia Castle, seja be...

– Hey brô, você voltou – Ryan me cortou, passou na minha frente e cumprimentou o amigo.

– Sentiram muito minha falta? – perguntou presunçoso.

– Nem tanto assim – Esposito foi o cumprimentar – Seja bem vindo novamente cara.

– Bom, como eu ia dizendo – falei rindo e olhando para Ryan, que sorriu envergonhado – Seja bem vindo – falei e estiquei minha mão para ele.

Quando sua mão tocou na minha, uma corrente de calor percorreu meu corpo, o que me fez sorrir timidamente e soltar nossas mãos. O que realmente tinha sido isso?

– O que temos de novo? – perguntou animado.

– Nada por enquanto – respondi sentando e pegando o café.

Castle sentou em sua cadeira e ficou me contando sobre a turnê, e em como os fãs tinham gostado da personagem Nick.

E assim se passou o dia, com Castle falando a maior parte dele e eu tentando terminar alguns relatórios, volta e meia Castle colocava a cabeça na frente do computador, lia o que eu escrevia e formulava uma historia que envolvia o FBI ou a CIA sobre ET’s ou máfia, e dizia que o relatório ficaria mais interessante se eu acrescentasse essas teorias.

Sem nenhum caso novo, fomos para casa no final do expediente. E okay, eu confesso, te-lo ali novamente foi bom.

Eram 23 horas quando meu celular tocou, era Esposito avisando que tínhamos um caso e me mandando o endereço. Eu então liguei para o Castle que prontamente atendeu o telefone e disse que já estava a caminho.

Quando cheguei a cena do crime, Castle já estava lá, ele veio até mim sorrindo e disse.

– Deja vu?

Eu olhei para a cena, uma casa noturna enfeitada de hallowen e centenas de jovens e adolescentes fantasiados para a ocasião. Estavam todos com o rosto transtornado e fomos para onde avistamos Lanie.

– Oh, uma vampira – Castle me olhou sugestivamente – Ainda me lembro perfeitamente de você naquele vestidinho Beckett – ele sussurrou do meu ouvido.

– O que, sem teorias malucas Castle? – Lanie perguntou se levantando.

– Estava ocupado lembrando de outra coisa – ele mexeu as duas sobrancelhas e piscou para mim.

Bufei, ele era impossível.

– Então... – perguntei a Lanie

– A vitima tem alguns arranhões pelo corpo e alguns hematomas pré morte, houve luta, mas não foi as pancadas que a levou a morte, vou leva-la ao necrotério e fazer alguns exames, mas se quer uma hipótese, acho que foi drogada.

Eu assenti e fui em direção aos rapazes.

– Descobriram algo?

– O nome dela é Isabella Zanella, 25 anos, ela não mora aqui, pelo o que os amigos – Ryan disse apontando para um grupo de duas garotas e um garoto que estavam chorando - disseram, ela estava aqui por conta de um concurso, ou algo assim, de dança.

– Obrigada Ryan – falei e ele foi em direção a mais algumas pessoas. – Olhe só Castle, temos zumbis aqui também – falei o provocando.

Antes que ele pudesse responder Esposito chegou.

– Temos o nome de uma companhia de dança, Isabella estava treinando lá – disse e me entregou um papel.

– Otimo, amanha eu e Castle vamos lá de manha, vamos ver o que conseguimos. Espo, tente contato com a família – ele assentiu e saiu.

Castle e eu fomos até a delegacia, começamos a montar o quadro com o pouco que tínhamos. Quando Ryan e Espo retornaram pudemos colocar mais algumas pistas no quadro, assim como a causa e hora da morte, que Lanie havia acertado, foi envenenamento. Agora teríamos de esperar os peritos terminarem as analises, não tinha mais nada o que pudéssemos fazer, então eu dei o endereço do estúdio de dança para o Castle e fomos para casa.

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No outro dia, ou melhor, no mesmo dia, porem agora de manha, me encontrei com Castle na frente do estúdio de dança.

– Bom dia Beckett - Castle me disse com o copo de café na mão. Sorri.

– Bom dia Castle – tomei um gole do café e terminei com ele antes de entramos na sala de dança.

Ao chegarmos lá fomos tomado por aquela musica costumeira de estúdio de dança (http://www.youtube.com/watch?v=5NX-6A1qMVE) em um canto havia algumas bailarinas de jazz fazendo uma sequencia coreografada com a musica que tocava, em outro canto algumas bailarinas se alongavam.

– Detetive – ouvi uma voz falar e me virei – Sou Helena Pirce, dona da academia de dança Pirce, me avisaram que você viria, estou disposta a ajudar com o que eu puder.

– Sou a detetive Beckett, e esse é Richard Castle, gostaríamos de saber sobre Isabella Zanella.

– Oh sim, grande perda para a dança, era uma bailarina incrível, estava participando de um teste para ser professora na escola do Bolshoi na Rússia, junto com aquelas outras bailarinas – ela apontou para as cinco que estavam se alongando.

– Oh meu Deus – Castle arregalou os olhos quando uma das bailarinas levantou o pé até o joelho, pegou o pé com a mão e esticou a perna. Helena sorriu.

– Se chama Detiré, senhor Castle – Helena disse e nós ficamos observando as cinco garotas.

A garota que fez o Detiré me chamou a atenção, com aqueles cabelos dourados, a altura, o jeito que fazia os movimentos... Ela fez dois giros e um grand jeté perfeito. Os olhos de Castle se arregalaram ainda mais.

– É, Melanie é realmente incrível, você tem que ver ela dançando.

Eu olhei para Helena e então sorri.

– Mel? – a garota pousou suavemente no chão e ergueu a cabeça na nossa direção, eu sorri e ela também.

Ela veio andando até nós, com aquela postura impecável e em passos suaves.

– Becks, quando tempo, que saudade – ela me envolveu num abraço forte.

– Realmente – eu respondi sorrindo.

– Conhece a detetive, Melanie? – Helena perguntou.

– Sim senhora, ela é minha amiga de infância – Mel respondeu sorrindo.

– Hum. Bom, a detetive está aqui por conta da morte de Isabella.

– Oh, sim, é uma pena, ela teria uma carreira brilhante pela frente – Mel respondeu.

– O que você precisar detetive, é só vir falar comigo.

– Vou precisar conversar com todas as bailarinas que tinham contato com a vítima.

– Okay, eu vou chama-las – Helena foi até o local onde Melanie estava e falou alguma coisa para as garotas, que pegaram suas bolsas e saíram.

– Mel..

– Isso me inclui, sei Katie, vou me trocar, mas depois quero conversar com você

– Claro que sim – eu sorri.

– Você nunca me falou dela – Castle apareceu do meu lado.

– Tecnicamente você nunca me perguntou das minhas amigas – falei simplesmente – nos conhecemos desde os sete anos, fizemos todo o colegial juntas e fomos para a mesma faculdade, porém eu sai quando tudo aconteceu... Desde então trocamos algumas cartas.

– Cartas Beckett? Em que anos estamos.

– Há-há – ri sarcástica. – Vamos, temos trabalho a fazer.

Fui andando em direção de onde Helena nos chamava e Castle foi atrás de mim. Chegamos numa outra sala de dança, e as garotas não tinham realmente trocado de roupa, apenas colocaram uma calça por cima da meia calça, mas ainda estavam com o collant.

– A detetive Beckett e o senhor Castle estão aqui para fazer algumas perguntas sobre a Isabella, e conto com a colaboração de vocês para ajuda-los – Helena falou – Eu vou ver as meninas na outra sala, qualquer coisa me chame.

Eu assenti.

– Bom, gostaria de saber como era o relacionamento de vocês com Isabella Zanella – perguntei, preferia interrogar cada uma separadamente, mas iria fazer isso se encontrasse alguma suspeita ali.

– Ela não era a pessoa mais amada do grupo – uma garota morena respondeu, eu arqueei uma sobrancelha para que ela continuasse– Isabella não media esforços para passar por cima de qualquer um que ficasse no caminho dela.

Esperei que ela continuasse, mas ela não continuou, e formou-se um silencio na sala, até que Mel o quebrou.

– O que ela quis dizer, é que a dança não é apenas beleza. Sabe o que contam sobre as bailarinas sabotarem umas as outras? Então, era o que Isabella fazia, assim poderia ficar com o papel principal.

– Cale a boca Melanie, ela nunca fez nada para você, não pode acusa-la. – uma garota de cabelos preto respondeu grossamente.

– Não quer dizer que eu nunca tenha visto ela sabotar a sapatilha alheia por ai.

– Ela era uma grande bailarina, não precisava disso sua... – a garota se levantou indo em direção a Melanie.

– Hey, Helo, não estou dizendo que ela não era uma boa bailarina, todos aqui sabemos do potencial que ela tinha, mas você tem que concordar que ela sabotava algumas vezes, principalmente se não gostasse da pessoa.

Helo parou na metade do caminho e começou a chorar, Mel foi até ela e afagou o braço da mulher.

– Sei que ela era sua amiga, mas a policia precisa saber disso, isso pode ajudar a encontrar quem fez essa maldade com a Bella.

– Okay – falei – quem aqui já foi prejudicada pela Isabella?

Com exceção da Mel e da Helo todas as outras levantaram a mão.

– Tudo bem, vou pracisar de um depoimento mais específicos de vocês, vou pedir que vão à 12ª para que possamos pegar o depoimento e poder retirar a suspeita sobre vocês - falei e todas assentiram pegando suas bolsas.

– Nos vemos mais tarde? Tenho tanta coisa para contar – Mel apareceu do meu lado saltitando.

– Claro, eu te ligo – falei e sorri do entusiasmo dela, essa é a Melanie afinal.