Já era noite e eu estava esperando Annabeth atrás do chalé de Poseidon, um lugar ótimo, pois, sempre estava vazio e não tinha ninguém pra atrapalhar, ela estava atrasada 15 minutos.

Ela estava a semana inteira falando o quanto queria uma folga do acampamento, o quanto queria descansar e então eu tive uma ideia... Tinha certeza que ela iria adorar de cara, embora eu estivesse passando dos limites do acampamento, literalmente.

Dezessete minutos se passaram então eu ouvi passos ao lado da parede, mas antes que eu pudesse me virar Annabeth tocou com os indicadores em minha cintura:

–Boo!

Eu dei um pulo de susto e um frio percorreu minha espinha. Eu me virei e Annabeth estava rindo com a mão na barriga. Ela estava com a blusa do “Acampamento Meio Sangue” um short jeans claro e o cabelo encaracolado preso em um rabo de cavalo alto.

–Ah que ótimo, até que enfim você resolveu aparecer!

Ela continuava rindo

–Annabeth!

Ela deu leves risos colocou o cabelo atrás da orelha de falou sorrido:

–Caham... Tá, bem. Oque você queria falar comigo?

Pensei e... Talvez aquela não aquela não seja uma boa hora pra contar. Decidi esperar um pouco e fazer uma surpresa.

–Bom –Eu disse- Vamos caminhar na praia?

–Percy, oque você está inventando? Eu conheço você...

Eu a puxei pelo braço e á levei para a praia.

Durante os três minutos do acampamento até a praia, Annabeth não deixou de reclamar um segundo se quer. “Percy, oque você tá fazendo “Para de me puxar” “Vamos voltar pra acampamento agora” e blá, blá, blá. Quando chegamos á praia, eu á puxei para minha frente e soltei-a falando:

–Tudo bem, você pode parar de reclamar agora?!

–Argh, você me chama e me arrasta pra cá e quer que eu pare de reclamar?

Ela cruzou os braços e me olhou com os olhos semicerrados

–Eu estava tentando... -Falei

Mas, antes que eu pudesse terminar ela saiu andando com os braços cruzados batendo os pés com raiva.

–Ei! –Disse eu- Eu estava falando!

–Não comigo! –Gritou ela de longe, com raiva, enquanto entrava na floresta.

Eu sentei na areia e coloquei a cabeça entre os joelhos. Porque ela era tão difícil de lhe dar? Ás vezes, não tinha como ter paciência, eu tentava, mas... Era impossível!

Olhei o relógio do meu pulso e vi que já se passara quinze minutos que ela havia ido embora e meia hora do toque de recolher do acampamento. Em pouco tempo, provavelmente, eu estaria lutando com uma Harpia. Levantei-me, tirei a areia da calça e sai correndo de volta ao acampamento antes que começassem a me procurar. Quatro ou cinco campistas ainda estavam, escondidos, conversando entre si, mas quando cheguei eles saíram e perceberam que já deveria estar na hora de ir pros seus chalés. Ninguém pareceu me notar. Avistei um meio irmão de Annabeth e corri para falar com ele.

–Onde está Annabeth? –Perguntei

–Hã... Com você.

–O-oque? Mas... Ah, não!

Sai correndo de volta á praia.

–Espera. Aonde você vai Percy? –Gritou um dos meio irmãos de Annabeth

Entrei na floresta e comecei a gritar o nome de Annabeth e a procura-la desesperadamente.

Ouvi barulhos entre os pinheiros, tirei a minha caneta do bolso e a destampei. Ela alongou-se na minha mão e virou uma espada que reluzia no escuro. Segurei minha contracorrente com força e fui em direção aos pinheiros que se mexiam e faziam barulhos. Escondi-me atrás de um pinheiro e quando virei a cabeça para olhar... Annabeth estava caída no chão, em cima dela, uma Harpia mostrava suas presas; sua espada estava no chão junto á outro pinheiro, bem longe dela. Ela respirava ofegante e sua camisa do “Acampamento Meio Sangue” estava rasgada e pude ver que ela acabara de sair de uma luta devido a seus ferimentos.
Corri. Coloquei-me na frente dela e empurrei-a para trás sem olhar. Chutei a cabeça da Harpia, ela jogou sua mão contra meu corpo, eu abaixei desviando-me, deslizei para debaixo dela e finquei minha contracorrente em sua barriga. Ela gritou de dor e no momento que ia colocar suas garras eu meu rosto, desvairou-se em pó amarelo. Eu me levantei e virei minha cabeça procurando Annabeth e lá estava:
Ela chorava enquanto estava encostada á um pinheiro. Estava abraçando suas pernas com a mão direita e mexia na cabeça com a mão esquerda, quando olhou para a mão, estava toda ensanguentada. Eu havia á empurrado com força demais.

–Annabeth. –Me sentei ao seu lado, peguei suas mãos e olhei pra ela depois em seus olhos cheio de medo. -Me desculpe. Oque, oque fiz?

Ela tentou falar enquanto chorava e soluçava:

–Não, não tem problema...

–Você está assim por minha causa, eu não deveria ter deixado você ir embora, eu te empurrei e machuquei você.

Seus olhos estavam brilhando de lágrimas e, mesmo no escuro, vi seu cabelo loiro encharcado de sangue. Eu a abracei e ela ainda choramingava. Segurei-a pelos ombros e a levantei. Olhei seu braço que estava cortado, também sangrando.

–Eu estou bem - Falou ela com uma voz sofrida. –Não é nada.

–Como não é nada? Você está muita machucada.

Eu arranquei um pedaço de sua blusa, já bem estragada, e enrolei em seu machucado no braço. Ela deixou escapar um grito abafado e apertou o meu braço.

–Vamos voltar para o acampamento - Falei

–Mas, eu não... Ah, tudo bem, vamos.

–Espera. Oque foi?

–Nada, vamos logo.

Ela soltou meu braço andou pra frente, mas, quase caiu no chão e apertou minha mão quando eu á segurei pela cintura.

–Annabeth –Disse á ela- Você não está bem.

–Eu estou bem, Percy. –Ela segurou-se em mim, se levantou e se segurou pelo meu pescoço.

Eu á levei para um tronco que, provavelmente, a Harpia deveria ter derrubado, e á sentei lá. Procurei sua faca e quanto achei á peguei e entreguei para ela. Ela estendeu o braço machucado para pegar, segurei-o e coloquei sobre suas pernas. Peguei a faca e coloquei na bainha em sua cintura.

–Acho melhor agente voltar - Falou ela

Eu á levantei, coloquei seu braço esquerdo em volta do meu pescoço, seu braço direito em volta da minha cintura e a levei de volta para o acampamento.
Durante todo o caminho, não dissemos uma palavra. Chegamos ao acampamento e ele estava deserto, pensava que o meio irmão de Annabeth deveria ter avisado a todos os campistas, mas aquilo me surpreendeu. Annabeth olhou pra mim e eu sorri tentando melhorar. Levei-a para a enfermaria, segurei sua cintura e a coloquei na maca.

–Não é melhor chamar alguém? –Disse Annabeth olhando para o braço machucado

–Não. –Falei enquanto tirava o pedaço rasgado de tecido em seu braço que eu colocara. –Melhor isso nem chegar aos ouvidos de Quíron e do Sr. D. Não seria nada legal se...

Seu machucado havia piorado um pouco, procurei alguma coisa e achei uma atadura de algodão e coloquei-o em volta do corte. Lembrei-me do machucado da sua cabeça que estava bem feio. Ela pegou em minhas mãos e olhou em meus olhos.

–Percy, não fique assim. A culpa não foi sua, eu que fui muito cabeça dura.

Coloquei minha mão em seu rosto e beijei sua testa.

–Você vai ficar bem, eu prometo.

–Eu estou bem – Ela sorriu e me abraçou. Coloquei minhas mãos em sua cintura e ela me beijou.