A Question escrita por Lacking World


Capítulo 1
Peace and Dissatisfaction




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O silêncio dominava a imensidão quadriculada e hipnotizante. Somente repleta de planícies, as únicas falhas eram os enormes pedaços de destroços do passado. Peças abandonadas que haviam marcado a alma das moradoras daquele mundo. Bonecas, brinquedos, celulares, pedaços de prédios... Tudo estava quebrado, como o coração das provedoras e os ossos das guerreiras.

O que era tudo aquilo?

Era o mundo para onde se destinava o sofrimento das provedoras. Garotas traumatizadas, marcadas, reféns da própria humanidade, repletas de arrependimento, raiva, tristeza e outros sentimentos “ruins”.

Desde quando aquilo existe?

Quem sabe? Talvez fosse recente, que surgiu graças aos novos tipos de agonia da juventude, julgadas pelos cérebros quebrados, dos seguidores da mídia. Esses cretinos e burros e cegos seguidores da mídia. Ou então, era um fenômeno antigo, que existe desde o início da nossa raça e da angústia.

O ser humano evolui tanto físico, mental e racionalmente, graças aos desafios. É assim o ciclo da vida, assim os fortes dominam os mais fracos, fadados à inexistência, e assim cria-se a hierarquia. Não importa o sistema, seja político, social. Sempre haverá os mais especiais.

Esse mundo era um pouco diferente. Os que eram considerados “fracos” e “menos desenvolvidos” que imperam ali. Era um mundo destinado às fêmeas padecedoras, as provedoras, incapazes de destinar o ódio aos outros na realidade. As “outro lado”, as guerreiras, lutavam entre si, sem ferir a realidade. Cada uma tinha seu próprio território, arma, força, e uma cor, a da alma.

Quanto maior a dor da provedora, mais forte seria a guerreira. Às “outro lado” mortiças e derrotadas, só restava desaparecer, e às “reais” restava uma vida falsa, sem dor, sem felicidade, perfeitamente falsa.

Um dia, esse mundo mudou. As provedoras e guerreiras estariam conectadas, porém não seriam punidas caso fracassassem. Seriam independentes. Tudo isso se deve à chama azul, a pacificadora e zeladora dali.

Black Rock Shooter.

Black Rock Shooter fitava o vasto cenário, belo e exótico do território, mas ao mesmo tempo entediante. Apoiada a um destroço de uma igreja do estilo gótico*, deixava o braço repousado sobre uma perna dobrada, enquanto a outra estava reta e relaxada.

Tudo era calmo. O som do silêncio, da ventania, da jaqueta e dos cabelos balançando, da respiração lenta. Finalmente havia alcançado a paz, sem ter de ficar o tempo inteiro vigiando-se, verificando se o inimigo estava próximo e sempre pronta para lutar. As batalhas eram somente um passatempo e não aconteciam o tempo inteiro. Por um lado, era bom, mas ela ainda não se sentia completamente satisfeita, faltava algo.

*Estilo gótico: estilo arquitetônico da Idade Média que surgiu no norte da França, entre os anos 1050 e 1100, também conhecido como "Obra Francesa" (Opus Francigenum).


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.



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