Can I love you? — Clary & Jace escrita por Giovana Serpa


Capítulo 4
Another Table


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o capítulo, espero que gostem ♥ Boa leitura.



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Dizem que domingos são feitos para serem entediantes, e eu acredito nisso com todas as minhas forças. Principalmente quando você está proibida de sair de casa.

Eu ainda me lembrava da noite anterior, quando minha mãe havia dito:

— Você não vai sair dessa casa até criar juízo e decidir me obedecer.

Eu não protestei, apenas assenti e segui cansada para o meu quarto. Precisava de uma boa noite de sono.

Quer dizer, eu sabia que estava totalmente errada. Não deveria ter permanecido tanto tempo com Jace no Java Jones, nem sequer deveria ter ido com ele. Pode acreditar, também não sei o que deu em mim.

Assim que acordei já estava sentindo tédio. Um vento forte entrava pela janela, fazendo um calafrio percorrer minha espinha. Fui até o banheiro e escovei os dentes.

Depois voltei para o quarto e me coloquei dentro do casaco mais quente que eu tinha.

Seria ótimo se eu pelo menos tivesse o número do celular de Jace. Eu poderia ligar para dizer que não iria ao Java Jones, mas pelo menos ele deveria presumir que eu havia ficado de castigo.

Assim que fui para a cozinha, a fim de preparar alguma coisa para eu comer, percebi que ficaria o dia inteiro presa em casa. Quer dizer, eu já sabia disso, mas nesse momento eu percebi que não tinha nada para fazer ali. Nada, nada, nada.

Droga. Eu deveria ter voltado mais cedo.

— Bom dia, Clary.

Me virei e vi minha mãe, o cabelo ruivo preso num coque no topo da cabeça e o rosto cansado. Ela suspirou e abriu a geladeira, aparentemente procurando alguma coisa.

— Bom dia – respondi. – Mãe, eu já disse o quanto sinto muito pela noite passada?

Ela inclinou a cabeça para mim e levantou uma sobrancelha.

— Não – respondeu.

— Bem, então. Eu sinto muito pela noite passada, mãe.

— Não adianta, Clarissa. Você está de castigo.

— Mas você disse que eu poderia sair do castigo quando criasse juízo e decidisse te obedecer! E agora eu decidi te obedecer, e até criei algum juízo.

— Em apenas uma noite? Que curioso.

Mãe.

Ela revirou os olhos e balançou a cabeça, pegando uma jarra de suco de laranja na geladeira e a colocando sobre o balcão da cozinha. Olhou para mim como se estivesse prestes a dizer alguma coisa, mas pareceu mudar de ideia.

— Se você deixar eu sair juro que fico o final de semana inteiro em casa – tentei negociar. – O próximo final de semana, claro.

— Talvez se você me dissesse por que se atrasou ontem – murmurou.

Droga. Era melhor ficar o dia inteiro trancada em casa do que ter que falar sobre garotos com a minha mãe. É terrível falar sobre isso com ela, porque ela parece o tipo de pessoa que nunca amou ninguém a não ser a mim (e isso só porque eu sou filha dela) e Luke (não do jeito que você está pensando, ok?), minha mãe nunca entenderia.

Bufei e obriguei a mim mesma a ser otimista.

— Eu quase fui assaltada ontem – falei, e minha mãe pareceu prender a respiração.

— O que?

— Calma, eu disse quase. Enfim, tinha um cara que eu havia visto no Java Jones, e ele apareceu lá de repente, porque morava perto de onde eu estava. Ele afastou o cara que estava tentando pegar minha bolsa e me convidou pra voltar ao Java Jones – suspirei. – Ele salvou minha bolsa, eu poderia pelo menos tomar um café com o cara.

Minha mãe pareceu por um momento considerar a ideia de prolongar meu castigo por eu estar mentindo (eu aposto que ela pensou que eu estava), mas depois suspirou e olhou para o copo de leite dela.

— Me parece uma razão bem... considerável – ela disse, ainda encarando seu copo. – Mas por que você não me disse isso ontem?

— Sei lá – murmurei. – Acho que eu me sentia culpada por deixar você e Simon preocupados, me desculpe.

— Clary, você pode sair se estiver em casa exatamente às nove da noite. Eu não quero saber se você for assaltada, um cara te salvar e você ir tomar um café com ele, não quero saber. Se não estiver aqui às nove ficara o resto do ano indo de casa para a escola e da escola para casa.

Sorri e balancei a cabeça positivamente.

— Mãe, você é demais – falei, dando um abraço nela.

— Eu sei disso.

***

— Te vejo às nove, mãe – gritei para ela, da porta.

— É bom que seja isso mesmo – ela gritou de volta da cozinha.

Ri um pouco e me virei para as escadas, descendo-as rapidamente. Por que eu estava tão ansiosa? Por que eu estava achando péssimo ter que encontrar Simon para ir ao Java Jones? Pois é, eu teria que ir com Simon porque, segundo a minha mãe, “era muito perigoso”.

Simon estava me esperando em frente a porta de entrada, olhando para seu celular como se ele fosse o amor da vida dele. Eu não duvidava muito. Ele era o tipo de nerd que prefere computadores a pessoas, eu não sabia por que havia decidido ser amiga dele.

— Antes de tudo – falei, colocando as mãos nos bolsos do casaco –, me desculpe por ontem.

— É, talvez agora você possa me explicar o que aconteceu – ele falou, levantando as sobrancelhas.

Olhei para o céu nublado e contei para ele a mesma versão “mais ou menos verdadeira” que havia contado para minha mãe. Ele pareceu acreditar, e também pareceu não gostar nada da história. Eu apenas não imaginava o por quê.

— Bem, pelo menos ele salvou a sua bolsa – falou. – Sei que você a ama.

Sorri e assenti.

— Tem razão – falei.

Nós caminhamos em silêncio o resto do caminho, o que me deixou meio incomodada, mesmo assim não achei algo que pudesse falar, então deixei para lá e segui andando.

À medida que chegávamos mais perto do meu bar preferido, o frio no meu estômago ia aumentando. Será que Jace havia ido? Eu esperava que sim, mas ao mesmo tempo não queria que Simon visse o verdadeiro motivo de eu ter aceitado voltar ao Java Jones com Jace.

Chegamos ao bar alguns minutos depois. Simon entrou na frente e arranjou uma mesa para nos sentarmos. Não pude evitar olhar em volta e sentir um sorriso se abrir no meu rosto quando vi Jace... e os primos dele.

Suspirei. Talvez se eu ficasse encolhida ele não me visse.

Como você pode presumir, não deu nada certo. Jace se levantou de onde estava sentado e veio até minha mesa, fazendo Simon franzir as sobrancelhas.

— Olá, Clary – ele disse, ignorando Simon totalmente.

— Oi, Jace – falei, corando.

— Pelo jeito você não ficou de castigo – falou ele, se sentando na cadeira em frente a minha.

Simon olhou para mim com uma expressão que dizia “Por acaso alguém convidou esse cara a se sentar com a gente?”.

— Pois é, não fiquei – falei.

— Acho que já deu pra perceber isso – murmurou Simon, bufando.

Dei uma leve cotovelada nas costelas dele sem olhá-lo.

— Ei, que tal vocês se sentarem conosco? – Jace disse, apontando a mesa onde estavam os tais Alec e Isabelle.

— Não, não dá – respondeu Simon.

— Simon – murmurei –, pare de se distanciar das pessoas. Nós precisamos mesmo conhecer gente nova, porque faz anos que eu não tenho amigos além de você e você não tem amigos além de mim e aqueles caras da sua banda.

Ele suspirou, mas sabia que eu tinha razão. Nosso “grupo de amigos” era bastante limitado. Simon assentiu.

— Tudo bem – falei, me virando para Jace, que sorriu.

— Ótimo – falou, se levantando.

Me levantei também, puxando Simon comigo. Nós caminhamos hesitantemente atrás de Jace na direção da mesa onde ele estava sentado antes.

Os dois adolescentes morenos levantaram o olhar com desinteresse para nós.

— Izzy, Alec – falou Jace, apontando para mim –, essa é Clary, eu salvei a bolsa dela ontem. – Depois ele apontou para Simon. – E esse é o amigo estranho dela cujo nome eu não sei.


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Notas finais do capítulo

Vou tentar postar o próximo capítulo hoje, mas se eu não conseguir de amanhã não passo, ok? Mandem reviews!