Para Lembrar escrita por Beatriz Dionysio


Capítulo 21
Algo como um pássaro


Notas iniciais do capítulo

Um pouco de felicidade não faz mal, certo?



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As palavras dele ecoavam em mim.

“– Sempre. Eu morreria por você Bu.”

“ - Nós lutamos pelas coisas que acreditamos, sofremos por coisas banais, complicamos o que é simples e morremos por aqueles que amamos.”

“– Você é muito estranha Erin Everly.”

Nós humanos somos feitos de memorias, por isso me agarrava as poucas que tinha. Era doloroso pensar com o calor dos braços dele a minha volta. Mason dormia serenamente então me permiti olha-lo um pouco mais. Ele era lindo, mesmo enquanto babava. A suavidade em seu rosto, o ritmo de seu coração batendo abaixo de mim, tudo, tudo fazia com que eu quisesse tê-lo para sempre.

Uma lágrima escorreu por minha bochecha e rapidamente a limpei. Já estava na hora de deixa-lo ir. Rezando para não acorda-lo, sai de seu abraço, com certo esforço afastei suas pernas para longe de mim, e corri para meu banheiro, parando apenas para olha-lo mais uma vez.

Tirando minha lingerie, entrei no box, liguei o chuveiro, deixando que a água fria castigasse minha pele enquanto as lágrimas caiam.

Um homem como Mason era a personificação do perigo, com seu rosto másculo, sua aura brilhante, seu sorriso de menino e sua voz hipnotizante. Não era uma surpresa saber que Jade se apaixonara por ele, mas isso também não fazia com que doesse menos.

O barulho da água, e sua aspereza, me entorpeciam. Até que senti os braços dele me envolverem.

– Deus, Erin, você vai ficar doente. – não me importei com a preocupação em sua voz, ou quando ele mudou a temperatura da água e voltou a me abraçar. Apenas fiquei lá, com os olhos fechados, desfrutando da sensação dele contra mim. Deixei-me relaxar enquanto ainda derramava algumas lágrimas. Lágrimas que ele nunca veria, lágrimas que ele não entenderia, afinal somente aquele que sente sua dor pode compreendê-la. – Eu sinto muito Bu.

Engraçado é o quanto uma pessoa pode lhe machucar e depois voltar para dizer que sente muito. Ela pode realmente sentir, ela pode até mesmo se arrepender, mas este pequeno fato não mudará o que ela fez a você e a dor que lhe causou.

– Eu também sinto Mason. – o sussurro que escapou de mim, escondia muito mais do que ele nunca saberia.

Suspirando, Mason me virou e segurando meu rosto, fez com que eu o encarasse.

Seu perfume, sua proximidade e seus olhos, faziam com que meus joelhos bambeassem. Eu queria correr, eu sabia que o mais inteligente era correr, mas não podia, não quando ele me olhava assim, como se eu fosse tudo para ele.

– É você Erin, sempre foi você, só você. – fechei meus olhos, enquanto as palavras dele faziam com que o que restou de meu coração, reclamasse, pedindo mais. – Eu não a toquei da forma que você esta pensando. Eu nunca a tocaria sabendo que isso machucaria você Bu.

Imagens dele e Jade ainda passeavam pela minha cabeça, era difícil acreditar quando tudo gritava o contrario.

– Olhe para mim. – suspirando, abri os olhos, encontrando a escuridão dos olhos dele, que suplicavam silenciosamente. – A mãe dela piorou, e quando cheguei ao meu apartamento ela estava lá, sentada em frente a minha porta. Não pude deixa-la, então entramos. Disse a ela que estava esperando você, e quando mais o tempo passava e você não aparecia, mais eu bebia. No fim da tarde eu já estava bêbado e acabei derramando cerveja em Jade. Enquanto ela tomava banho, eu adormeci. Isso é tudo. Eu juro.

Eu podia ver a sinceridade em seus olhos, ou na maneira como ele parecia desesperado para que eu acreditasse em suas palavras. Mason estava falando a verdade, eu sabia.

– Acredita em mim?

Apenas assenti, eu não tinha mais forças para brigar.

O corpo dele relaxou contra o meu e seus braços se apertaram ao meu redor enquanto eu estremecia pelo contato. Fazia muito tempo desde que ele me tocara assim, e eu ansiava pelo toque dele. Sua mão direita percorreu todo o comprimento de minhas costas até meu pescoço, fazendo com que a maldita centelha dentro de mim, queimasse.

– Você pode respirar agora Erin. – a luxuria em sua voz, e a maneira como ele me olhava antes de finalmente me beijar, eram demais.

Ele engolia meus gemidos enquanto me beijava como nunca havia beijado. Havia fome ali, medo, desespero. Não pude deixar de corresponder da mesma forma, eu o amava, e a falta dele me matava.

Mason me levantou, não perdi tempo, enlaçando minhas pernas ao redor dele enquanto ele nos levava de volta a minha cama, nunca deixando de me beijar. Cuidadosamente ele me depositou no centro da cama, cobrindo seu corpo com o meu.

Suas mãos me tocavam carinhosamente, como se ele tentasse gravar cada parte minha. Seus olhos nunca deixavam os meus, mesmo quando ele segurou o anel que estava preso em meu colar. Não pude deixar de ficar tensa, este era o anel que eu encontrara em seu cofre quando ele partiu. Mason trouxe seus lábios para meu pescoço, beijando-me com adoração, antes de sussurrar.

– Eu amo você Erin Everly.

O beijei suavemente enquanto ele fazia seu caminho para dentro de mim.

...

– Mason? – gritei de dentro do box, eu havia esquecido a maldita toalha. Como não obtive resposta, sai do banheiro. Encontrei meu robe, o vesti e sai para a sala.

Me assustei quando vi Holly entrando com algumas sacolas.

– Olá senh... – seus olhos se arregalaram para algo atrás de mim. – PUTA MERDA ERIN, TEM UM HOMEM PELADO NA SUA COZINHA!

Um o que?

Virando, me deparei com a bunda de Mason, que usava apenas um avental e cantava enquanto fritava alguma coisa no fogão.

Sério?

Corando como um pimentão, tentei dizer alguma coisa, mas não consegui, não quando Holly gargalhava.

– Uau! E que bunda!

Não pude deixar de rir também. Acho que Mason nos ouviu, pois parou de cantar e se virou.

– Mase, essa é Holly, Holly, Mason Evans. – foi engraçado e fofo vê-lo envergonhado.

– Olá Holly.

Ela ainda ria, o que o fez corar um pouco, o que era adorável.

– Bom, vim trazer algumas coisas, mas tenho que voltar, Adam precisa de ajuda... – deixando a frase morrer ela correu para o elevador, me soprando um beijo e fazendo sinal de positivo.

O cheiro que vinha da cozinha era divino.

– O que temos para o café? – perguntei, enquanto dava uma boa olhada no homem extremamente gostoso em minha cozinha, usando apenas um avental.

– Depende ao que você esta se referindo. – ele respondeu, sorrindo maliciosamente enquanto vinha até mim. – Temos ovos, bacon, chantili...

...

Passamos o resto do dia vendo filmes e comendo em minha cama. Nunca estive mais feliz até que algo veio à tona. Quase cuspi o chocolate quente que estava bebendo.

– Merda Mason.

– O que? Você esta bem? – ele me olhava preocupado.

Droga, como fui tão estupida?

– Nós, hum..., não fomos muito cuidadosos. – falei, corando.

Entendendo ao que me referia, ele começou a sorrir, o que me irritou.

– Por que esta rindo? Estou falando de algo extremamente sério. – eu não estava pronta para ser mãe, e apenas a ideia disso me deixava enjoada.

– É que a ideia não me parece tão má. – ele estava brincando, certo?

– Filhos? Você ficou louco. – falei emburrada, o que foi um convite para ele. Mason pegou meu copo e o colocou no criado mudo ao lado da cama, em seguida, ainda sorrindo abertamente se atirou em cima de mim. Eu sabia o que aquele olhar dizia. – Não. Nem pense nisso Mason. – falei, tentando parecer irritada, o que não adiantou, pois ele começou a fazer cocegas em mim.

Eu odiava quando ele fazia aquilo, eu ficava toda mole e risonha, era irritante.

Aproveitando-se de minha vulnerabilidade, ele beijava e fungava em meu pescoço.

– Eu adoraria.

Ele não podia estar se referindo a filhos, mal podíamos manter o que quer que tínhamos juntos. Mentalmente me belisquei por esquecer de algo tão importante como usar camisinha, mas acabei esquecendo quando ele começou a me beijar, deixando evidente o quanto me queria, outra vez.

...

Na sexta feira, três dias depois, percebi que não podíamos, ou melhor, que não devíamos continuar em meu apartamento enquanto eu tinha tanto a fazer.

– Mase?

Mason como de costume, insistia em dormir praticamente em cima de mim, como se temesse que eu fosse fugir no meio da noite ou algo assim. Com um sorriso idiota estampado em meu rosto, tentava afasta-lo.

– Mason?

– H-hum? – seus olhos se abriram, preguiçosos. – Bom dia princesa.

Revirando os olhos, o beijei.

– Preciso levantar.

– Só mais dez minutos? – ele quase me convenceu quando fez bico. Afinal, ficar a semana toda na cama com um cara tão lindo como ele não era assim tão difícil.

– Tudo bem, durma mais dez minutos, ou venha comigo para o banheiro. – falei enquanto pulava para fora da cama.

– Isso foi baixo Bu.

Não precisei olhar para trás para saber que ele me seguia.

Eu sentia falta de meus banhos gelados, mas banhos quentes com Mason Evans, eram bem melhores. Enquanto ele se esfregava, parei para admirar suas tatuagens, uma em especial chamou minha atenção.

“- Se pudesse escolher, o que seria? – perguntei, distraída com as ondas.

– Algo como um pássaro. – Mason cutucava a areia, suspirando algumas vezes. – Eles podem voar para longe quando as coisas ficam difíceis, ou quando não podem suportar o frio.

Mason Evans era um garoto estranho, um garoto pálido e um tanto tímido. Ele atraia olhares por onde passava, sua altura sempre assustava as pessoas, porém aquelas que o conheciam, sabiam que ele na verdade era como um grande urso de pelúcia.

– E você? – a pergunta dele me pegou desprevenida. Eu nunca havia parado para pensar no que seria se pudesse escolher.

– Algo como um pássaro. – respondi, sorrindo para o oceano.”

O pássaro era pequenino, e estava escondido em meio às outras tatuagens de Mason, mas vê-lo ali foi reconfortante.

Não percebi que o estava tocando até que levantei os olhos, e o encontrei me olhando com ternura.

– Algo como um pássaro. – falei sorrindo.

Quando finalmente saímos do chuveiro, ouvi o elevador.

– ERIN?

Correndo para meu closet, vesti um vestido, calcei meus chinelos e fui para a sala. Derek parecia desconfortável, mas quando me viu, abriu um sorriso.

Mason já estava lá, e tinha Claire nos braços, claro. Ele ainda estava com apenas uma toalha presa em sua cintura, corei quando olhei para Derek novamente.

– Temos novidades... – ele parecia genuinamente feliz.

– Estamos indo para um parque aquático! – Claire exclamou, extasiada.

Sorri, a vendo tão feliz.

– Nosso voo sai às 8h.

– Nosso? – Mason disse, antes que eu pudesse formular a pergunta.

– Sim, vocês estão vindo conosco, certo? – Derek parecia desconfortável com o “vocês”.

Não, nós não estávamos.

– Claro, seria maravilhoso. – Mason sorria, enquanto me puxava pela cintura. Que merda ele estava fazendo?

Não tive tempo de questiona-lo, pois a porta do elevador se abriu, revelando Holly e Adam.

Claire, saltando do colo de Mason, correu para Holly.

– Olá Holly.

– Oi Claire.

– Nós vamos para um parque aquático amanhã, você pode ir também, você acha que podemos levar o Sammy também?

Holly parecia confusa, enquanto Adam ria.

– Hum, nós adoraríamos Car.

Sorrindo como um gato que acabara de se deliciar com um canário, Mason encostou seus lábios em minha orelha e sussurrou:

– Parece que estamos todos de férias.

Perfeito!

E ainda nem era Natal!


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Notas finais do capítulo

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