–O que?

–Não tem porquê eu continuar aqui -ele passou por mim e começou a descer as escadas. Fui atras dele.

–Não tem? -ele parou e olhou pra mim. Mostrei as cartas que eu segurava e ele respirou fundo.

–Não Lana, pelo que eu vi não tem -continuou andando.

–Eu não beijei ele, Nicolas -continuei seguindo.

–Não, eu que beijei -ele riu sarcástico e parou ao lado da Selena -Ate mais -deu um beijo na bochecha dela e continuou seu caminho.

–Você não acredita mais em mim, né? -ambos saimos de casa.

–Eu deveria?

–Eu não beijei, droga!

–Então devo estar ficando cego agora -ouvimos um trovão.

–Ele me beijou mas eu não correspondi -ele parou e se virou pra mim.

–Foi tão dificil assim falar isso?

–Nick, por favor... -outro trovão -Você disse que não queria mais brigar -olhei pros lados pra ele não ver as lagrimas se formando.

–Olha -se aproximou -Descupa por ter vindo.

–Não fala isso, para de drama -ele chegou mais perto mas eu ainda não olhava pra ele.

–Acho que a surpresa que eu queria fazer quando vim pra cá, acabou se tornando um pesadelo -ele deslizou sua mão pelo meu braço ate encontrar a minha. Era impossivel explicar como ele fazia eu me sentir.

Eu queria que ele ficasse, queria muito. Mas não queria prende-lo a mim. Talvez ele quisesse que eu lutasse pra fazer ele ficar mas depois do que ele disse hoje, era claro que ele queria ir. Respirei fundo e me arrepiei quando ouvi outro trovão.

–Vai -eu disse simplesmente, juntando toda força pra não voltar atras. Era isso, eu não podia prender ele.

–An? -ele aproximou o rosto do meu tentando olhar nos meus olhos que estavam abaixados.

–Vai, Nick -limpei o rosto -Daqui a pouco a chuva vai começar e vai ser mais dificil pra voce chegar no aeroporto, então é melhor você ir agora -o olhei e tentei abrir um sorriso. Sua expressão era intrigante, como se tivesse havendo uma batalha dentro dele mas seus olhos estavam calmos.

–Tá, ta bom -ele demorou um pouco mais -Te vejo la -eu assenti e ele refez seu caminho ate a ponta da calçada onde parou chamando um taxi.

Esperei ate o taxi se distanciar no fim da rua e minhas lagrimas voltaram a cair. Olhei as cartas na minha mão e começei a rasga-las em pedacinhos que joguei pelo ar.

–Minha vida caiu de um penhasco -entrei em casa e me enconstei na porta fechando os olhos.

–Só a sua mesmo pra estar pior que a minha -Selena chegou ao meu lado.

–Ta falando do Nick? -a olhei.

–Seth -ela respondeu e eu me virei pra frente de novo.

–Sinto muito.

–A culpa não foi sua -antes que eu pudesse falar de novo ela completou -Mas o que você está fazendo aqui?-me encarou.

–Como assim? -massageie meus olhos.

–A não ser que você me diga que o Nick está la fora te esperando, não acredito que você ainda esteja aqui.

–Ele não está -me desenconstei da porta e a olhei -Por que?

–Porque você está perdendo tempo aqui em vez de estar indo atras dele.

–Ficou louca? Eu acabei de dizer pra ele ir...

–Você disse?

–Disse.

–Por que?

–Porque se ele quer ir, quem sou eu pra prende-lo aqui?

–Nunca achei que fosse pensar assim -ela desencostou da porta e caminhou ate mim -É ate legalzinho ver que você pensa desse jeito, mas não tem uma parte de você que quer que ele fique?

–Tem, claro que tem.

–Olha, eu sei que o tempo está ruim. Trovões, relâmpagos e daqui a pouco a chuva vai começar -concordei sem entender nada -O aeroporto não é nem tão perto nem tão longe daqui. Em vinte minutos ele está lá -assenti de novo -Mas Lana, se você quiser que ele fique, não deixa nem o tempo nem a distância atrapalharem você de ir atras dele.

–Eu não sei...

–Vocês vão se ver em Londres de qualquer jeito, eu sei, mas essa escolha que você tem agora, pode te ajudar ou te atrapalhar daqui pra frente, então pense e escolha bem -ela apertou minhas mãos.

–Obrigada, de verdade -ela sorriu e foi em direção as escadas -Selena -ela olhou pra mim -Por que está fazendo isso? Por que está me ajudando?

–Bom, o menino por quem eu sou apaixonada veio ate aqui e beijou você -ela riu sem humor -E isso quebrou meu coração. Mas talvez ainda dê tempo de salvar o seu. Você quem sabe.

–Obrigada -saiu mais como pergunta.

–Sem problemas -ela sorriu pra mim -Apesar de termos nossas milhares de diferenças, eu nunca desejaria que você ou que ninguem se sentisse assim -voltou a subir.

Eu continuei parada, olhando pra porta tentando decidir se iria atras dele ou não. Tentando descobrir como as coisas ficariam de agora em diante.

Era estranho pensar no fato de que ele tinha vindo pra California pra me buscar e acabar indo embora pra Londres por minha causa.

Eu ja tinha decidido o que iria fazer. Só iria voltar pra Londres daqui uns dias, quando a poeira abaixasse mais e eu estivesse pronta pra ver ele novamente.

Subi as escadas novamente e entrei em meu quarto. Os livros ainda estavam em cima da cama, e sobre a cômoda tinha uma caixinha preta que apoiava um pedaço de papel, nele estava escrito: "Achei que iria gostar. Infelizmente não são as circunstancias em que eu esperava te entregar mas mesmo assim, é pra você."

Não abri a caixa, nem ao menos peguei o papel, apenas afastei os livros para a outra parte da cama, me deitei e fiquei brincando com uma parte solta da fronha do travesseiro ate conseguir dormir.