Dias? Tudo bem, se passaram dias. Semanas? Ta bom, também se passaram semanas. Meses? Isso já tá sendo demais, eu sei, mas é verdade. Faz quase quatro meses. Sabe quanta coisa mudou na minha vida? Coisa pra caramba. Algumas melhoraram, quase todas. Menos uma, é claro.

Quanto mais tempo eu passo aqui, com mais saudade de voltar eu fico. É normal afinal, quem não ficaria? Mas, alem da saudade, também cresce a culpa. É, a culpa que te corrói por dentro mesmo sem você ser diretamente culpada. É estranho mas é verdade. Eu me sinto culpada por ter deixado todo mundo lá e por não ter voltado ate agora. Eu quero voltar, por mais acolhedora e calorosa que seja a California.

NICK

–E ai? Como vão as coisas? -estava falando no celular com Josh.

Tenho tentado recuperar amizades antigas, porque eu preciso preencher minha vida com alguma coisa agora. Quatro meses é tempo demais pra ficar esquecido.

–Tudo bem, cara. To passando pra buscar minha irmã na escola e depois a gente se encontra na quadra?

–Beleza. To indo pra lá agora. Ate mais -desliguei.

–Winchester! Espera ai! -me virei.

–Você não consegue ficar longe de mim, não é?

–Não. Vou ate terminar com meu namorado pra ficar com você, fica esperando -ela me alcançou.

–Ta fazendo o que aqui? Pensei que você tinha ido pra França essa semana.

–Não -bufou -To cansada de ficar viajando. Deixa eu me fixar aqui em Londres de uma vez -eu ri -Ta indo pra onde?

–Pra quadra -ela me olhou estranho -Vou jogar futebol com os meninos.

–Oun, que bonitinho meu rapazinho.

–Que vergonha de você, Grace -ela riu.

–Ou, e a Lana? Como é que ela tá?

–Ela tá bem. Falei com ela anteontem... E ela parece bem feliz de estar lá, quase cancelei a surpresa.

–Ah Nicolas, larga de ser trouxa. Ela vai amar.

–Eu espero que sim.

LANA

A tarde foi boa, tranquila e relaxante. Eu não fiz nada, mas a Selena não estava aqui (por isso foi boa). Pois é, depois de quatro meses eu ainda não consigo gostar dela. Parece que ela não quer que eu goste, porque faz de tudo pra me contrariar. Mas quem liga? Eu nem ligo mais. Agora estou tranquila.

–Oi mãe -ela apareceu na tela do computador.

–Oi, filha. Como está ai?

–Como sempre -dei de ombros -E ai?

–Tudo bem. Alguma novidade?

–Hum, não. E vocês? Tem novidades?

–Temos -ela sorriu.

–Serio? -me animei com a empolgação dela.

–Aham. Mas tem outra pessoa que quer te contar isso.

–Quem? -eu perguntei quem só por perguntar mesmo porque eu sabia que era o Nick.

–Oi Lana -opa, pessoa errada.

–Oi Charles -sorri simpática mas confusa -E ai? Qual a novidade?

–Oh não, não sou eu que quero te contar. É o Nick.

–Ah! -issoooo -E ele não tá ai?

–Surpresa -apareceu uma cabeça na frente da câmera -Bu.

–Nick!

–Como você tá, pequena?

–To bem, tá tudo bem aqui e você?

–Não poderia estar melhor -ele sorriu.

–Que fofo.

–Tá pronta pra surpresa?

–Estou -sorri mas ele demorou um pouco pra falar.

–Eu vou pra NASA!

–O que?!

–O que achou?

–Você está falando serio? -eu ja ia começar a pular de emoção.

–Não, era brincadeira -ele começou a rir.

–Ah -me ajeitei -Bobão.

–Agora a real surpresa... -ele respirou fundo -Estou indo pra California, buscar você.

–Ai... -foi tudo que saiu.

–Você gostou? Por favor fala que sim se não eu vou puxar seu cabelo.

–Eu... -AH! EU AMEI CARALHO -Muito! Ai ai ai! Isso é serio?

–É super sério -meu rosto congelou. Eu provavelmente estava com a boca aberta e com os cabelos no ar -E olha só, já comprei as passagens. Vou daqui cinco dias e você -apontou pra mim -Volta comigo -ele sorriu.

–Caramba, eu to muito emocionada. Eu nem sei o que falar. Você é maravilhoso, vocês todos são.

–Estamos com saudade.

–Imagina eu! Depois falo com vocês de novo. Vou arrumar as malas -sorri -Beijo. Amo você -desliguei e comecei a dar os pulinhos que eu não dei pra NASA.

NICK

–Beijo. Amo você -ela desligou.

–Ei... ta bom, também amo você -fechei o computador. Ela gostou, ela quer voltar.

–Sabe Nick -Amy colocou as mãos no meu ombro -Quando seu pai me falou dessa ideia eu achei demais, e agora eu tenha certeza que ela também achou -sorri.

–Nada vai dar errado, vou ter a minha Lana de volta.

LANA

Aahhhh!! É claro que eu já estava fazendo as malas. Vão ser os cinco dias mais rápidos de todos!

–----

Foram os cinco dias mais demorados de todos. Literalmente. Pareceu que o tempo nem passava. Tudo estava magicamente bem. Não pensava em outra coisa sem ser Nick aqui, comigo.

–Não se preocupem. Eu vou ate o aeroporto e espero ele lá.

–Você não vai sozinha. Selena vai com você -Morgana sorriu pra mim.

–O que? -olhei pra cobra, ela sorria -Não precisa, Morgana. Serio.

–Ela insistiu em não deixar você ficar lá sozinha, filha -meu pai me abraçou -Agora vão, o voou dele deve estar chegando.

–Tudo bem -me animei.

Eu sabia que ela só queria ir por causa dele. Como se ela ligasse em me deixar sozinha no aeroporto. Entramos no carro. Eu fui dirigindo (uma coisa que esqueci de contar foi que pratiquei aqui na California). Eu estava ficando boa. Ele vai adorar saber disso. Mas quem sabe eu não podia fingir mais um pouquinho pra ter ele me ajudando...

Chegamos no aeroporto e fomos esperar ele sair do lugar de desembarque. Fiquei em pé andando de um lado por outro, enquanto Selena estava sentada e lixava as unhas.

–Quer parar de ficar indo e voltando? -pediu.

–Não dá, eu to -balançava as mãos como se pudessem completar minha frase -Sabe?

–Não -a ignorei. Começaram a sair vários passageiros. Logo ia ser ele -Quanta demora -ela virou os olhos.

–Isso, fala tudo que você quer falar agora pra quando ele chegar você começar seu teatrinho.

–Não tem teatro. Eu sou como eu sou perto dele -ela riu.

–Claro que é -me virei de costas pra ela -Vamos Nick, cade você? -andei ate grade que me separava do portão do qual ele ia sair e abaixei a cabeça.

–Lana? -me virei.

–O que?

–To com fome.

–E eu com isso?

–Argh! Só queria te falar que eu vou ali comer alguma coisa antes que eu morra -ela apontou uma lanchonete e eu balancei a cabeça assentindo.

Se passaram mais cinco minutos e nada de Nick. To começando achar que é mais rápido se eu for ate Londres ver se ele veio mesmo.

–Está esperando alguém? -sussurrou no meu ouvido. Me virei mesmo já sabendo de quem era a voz e pulei nos braços dele.

–Você tá aqui, cabeção!