A Feiticeira escrita por rkaoril


Capítulo 33
Eu vou morrer




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XXXIII

SUZANA

SUZANA FITAVA O CORREDOR ESCURO tentando não adormecer. Não era difícil. Toda a vez que ela fechava os olhos era como se um cartaz de neon acendesse em seu cérebro.

Eu vou morrer.

Ela ainda tinha que piscar, porém. Ela tinha certeza agora, com tudo isso da mitologia grega e tudo mais, que haveria uma vida após a morte. Mas não era isso que ela queria – paraíso? Mesmo se acontecesse algum erro nos julgadores que fizesse eles pensarem que ela merecia o Elísio, ela não queria ficar parada no tempo por mais maravilhoso que pudesse ser o lugar. Ela tinha apenas dezesseis, era muito jovem.

Ela tinha conseguido bloquear esse sentimento de desespero por toda a viagem, mas era como se depois que a Feiticeira usou terror nela esses sentimentos tivessem que vir a tona. Ela se sentia fraca, desesperada. Sim, passara por situações de vida ou morte nessa viagem mas era como se tudo fosse em vão – do que adiantaria se ela estava marcada pra morrer?

Quanto tempo até ela se apaixonar depois da missão? Quanto tempo até alguém literalmente arrancar seu coração?

Ela pegou a bolinha de diamante do bolço, e a apertou na mão. Se houvesse qualquer possibilidade, qualquer.

Ah, sua mãe tinha sido tão esperta, tinha enganado ela como uma patinha. Fizera parecer que seu destino e vida era tão forte quanto a bolinha de diamante. Sim, talvez agora fosse um pouco menos fácil mata-la, mas ela era tão destruível quanto qualquer uma de suas amigas – ainda podia ser morta por métodos convencionais.

Ela ouviu um soluço atrás dela, então saiu de seu monólogo de desespero e olhou pra Sabrina.
– Sal? Você está bem? – Sabrina se sentou e pareceu realmente mal.
– Estou ótima, vai dormir.
– Tem certeza? – Suzana não queria dormir, realmente.
– Tenho.

Suzana apertou os lábios mas se deitou no chão. Se fez confortável, então fechou os olhos. Tentou manter tudo calmo, tentou não se desesperar.

Em seu sonho, Suzana estava no que parecia uma floresta. Era primavera, e as árvores mostravam lindas flores. O chão era de grama verdejante, o sol brilhava calmamente e havia um lago próximo dela.

Suzana se debruçou sobre o lado, e enxergou seu reflexo. Ela tentava ser o mais honesta possível principalmente com sigo mesma, uma vez que não queria preocupar as pessoas com seus sentimentos – seu reflexo estava lindo. Suzana tinha os cabelos cacheados sedosos, lindos cachos castanhos. Sua pele estava brilhante, seus olhos faiscavam claros como topázios. Ela então estendeu a mão e tocou a superfície do lago, onde estava seu reflexo.

A água ondulou, e quando se acalmou, mostrou um reflexo completamente diferente.

Suzana viu a si mesma com o rosto pálido de mais, sangue escorrendo por sua boca. Seu rosto tinha vários arranhões e ferimentos, suas mãos estavam calejadas e o céu acima dela era dublado como em uma tempestade.

Ela olhou para trás, e tudo tinha mudado – a floresta estava virada em um campo de batalha. Ela estava machucada, pálida e sangrando. Suas mãos calejadas seguravam Contracorrente.

Ela sentiu uma grande e dolorosa pressão na boca do estômago e tropeçou pra trás. Se sentou no chão, ainda sem ar, e viu seu agressor. Ele era um menino lindo, ela tinha que admitir. Seu rosto era pálido como o de um fantasma, seu cabelo era branco como a neve e seus olhos eram muito vermelhos.

Ele parecia um anjo.

Suzana começou a tentar fugir, tentando se arrastar de costas pelo chão. O garoto riu, puxou um arco das costas e apontou para seu coração.

Suzana fechou seus olhos e novamente as letras de neon brilharam em sua cabeça.

Eu vou morrer.

Ela arregalou seus olhos quando acordou, então sacudiu o ombro de Sabrina.
– Chega de dormir. Vamos sair daqui.


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Notas finais do capítulo

Quem vocês acham que era o cara do sonho? Uh?