A Feiticeira escrita por rkaoril


Capítulo 22
O noivo cadáver


Notas iniciais do capítulo

Mais um hoje, agora só amanha :P



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XXII

ELIZABETH

ELIZABETH FOI ACORDADA NO MEIO DA NOITE (ou tarde, já que chegaram lá pela manhã). O que pelo menos desta vez, foi ruim perder o sonho. Ela sonhou algo comum antes do dia que foi atacada pelo cavalo de fogo – sonhou com Evan.

Em seu sonho, ela estava em uma espécie de igreja. A igreja era linda, parecendo ser da arquitetura gótica – pedras escuras, vidraças com mosaicos, peças de ouro e escuridão. O lugar daria arrepios em qualquer um, menos em Elizabeth, é claro. Ela caminhava pela igreja, tocando levemente a palma das mãos nos bancos de madeira escura. Usava um vestido, o que era completamente errado – ela não tinha esse costume – ele era negro como se em camadas, e longe nas portas abertas no fundo da igreja ela podia ver uma vasta vegetação. Se perguntou o que haveria lá fora, então percebeu um caixão no altar da igreja.

O caixão era simples, mas quando ela se aproximou viu que era de luxo – preto e os detalhes de diamante. Quando se aproximou perto o suficiente para olhar para o que tinha dentro do caixão aberto, se ajoelhou e se deparou com Evan deitado lá dentro. Sua pele estava translúcida como de costume, os cabelos pretos bagunçados também. Usava um terno preto, como aqueles de enterros ou bailes e tinha os olhos fechados.

Uma voz ecoou pela igreja.
– Me acorde.

Elizabeth então ouviu as grandes portas da igreja batendo, trancando ela lá. Ela se levantou, com iniciativa de correr para as portas, mas uma mão forte e fria como pedra segurou seu pulso.
– Me acorde. – disse Evan, abrindo seus olhos. Eles eram de um azul escuro muito profundo, como o céu de noite. Ela pensou que se olhasse por tempo o suficiente, veria constelações. Então ele se levantou, os cravos brancos da sua cintura para baixo caindo no altar. Ele segurou o outo pulso dela, trazendo-a para mais perto. Tão perto que ela podia sentir o cheiro dele – lenha e baunilha, mas não calor. Também não sentia seu pulso – Me acorde! – ele gritou, como se estivesse sendo torturado, como se ela fosse sua última esperança – ME ACORDE!
– Elizabeth – sussurrou alguém para ela. Ela abriu os olhos, arregalando-os com o susto. Olhou ao redor, viu Catherine debruçada sobre ela. Seus olhos negros em dúvida, porém preocupados. Elizabeth se sentou.
– Ai. Oi. – ela coçou a cabeça, sentindo nós nos cabelos. Os deixou para lá, então olhou para Catherine. Ela colocou o indicador em frente aos lábios, fazendo sinal de silencio e indicou a porta, saindo por ela.

Elizabeth estava em dúvida, mas vestiu calças, pegou a espada (por precaução) e foi em direção à Catherine. A pretora a esperava do lado de fora.

Quando Elizabeth saiu, Catherine gesticulou para que se aproximasse.
– Vamos dar uma caminhada. – elas caminharam por algum tempo. Elizabeth percebeu que estava no pôr-do-sol. Alguns romanos ainda zanzavam por aí no acampamento, a maioria terminando suas obrigações e indo para os restaurantes ou refeitório descansar. Quando estava certa de que caminharam o suficiente, Catherine começou a falar – Minha mãe falou comigo essa tarde. – ela disse. Poderia parecer uma coisa normal para se dizer, mas Elizabeth sabia que não era comum se conversar com os pais quando se é um semideus.
– Hécate disse alguma coisa importante? – ela perguntou.
– Ela me disse sobre você – Catherine disse bem-humorada, mas Elizabeth não pôde evitar pensar que era algo ruim – ela me contou que você têm sua bênção, que eu deveria te ajudar por que você vai precisar da minha ajuda.
– Hécate me abençoou? – Elizabeth estava curiosa. Até onde sabia, as pessoas (que diria os deuses) não iam muito com a cara dos filhos de Hades. Ela planejava fazer uma lista quando voltasse ao acampamento, escreveria os deuses e riscaria aqueles que já abençoaram ela.

Hades
Hécate

– Não é o que você pensa – disse Catherine – minha mãe é a patrona das bruxas e feiticeiras, também é a deusa da névoa. Eu posso usá-la a meu favor, confundir a mente dos mortais. – para colocar ênfase na coisa, Catherine apontou para um chafariz com estátua de um fauno cujo estava próximo. No mesmo instante, o chafariz tremulou, foi cercado por o que parecia um redemoinho de fumaça branca e se transformou em uma estátua enorme de Júpiter, parecida com a do templo.
– Nossa – disse Elizabeth – isso foi incrível. – Catherine sorriu.
– Obrigada. Agora, o que eu quero te dizer, que é um poder fantástico. Minha mãe escolhe poucos semideuses cujo não são filhos dela para ter uma habilidade natural. – Incluindo a feiticeira, pensou Elizabeth – Ela me disse que você tem o potencial.
– Mesmo? Ela não estava falando de outra menina? Quem sabe Sabrina?
– Sabrina tem outros dons. – disse Catherine – É o seguinte, ela disse que eu deveria te dar uma dica e deixar você encontrar o seu caminho.
– Certo. Qual a dica?
– As pessoas vêm o que querem ver, ou o que esperam ver. – Elizabeth levantou as sobrancelhas.
– Só isso?
– Bem – Catherine deu de ombros. Os enfeites da armadura em seus ombros e as medalhas em seu peito se mexeram, fazendo barulhinhos como aqueles mensageiros do vento – essa foi a dica que me ajudou.
– Uh – Elizabeth não sabia o que dizer – obrigado, eu acho. Mas você não podia ter falado comigo quando estivéssemos saindo? Por que me acordou e me chamou em particular?
– Duas razões – disse Catherine, voltando a caminhar. Elizabeth se perguntou quantas togas ela devia ter e que produto milagroso usava para limpá-las. Sua toga branca se arrastava na grama, a barra da toga já quase verde. Talvez seja a névoa, pensou ela –primeiro por que a minha mãe pediu para que eu dissesse imediatamente. Segundo, por que eu tenho que falar uma coisa, e acho que posso confiar em você.
– O que é? – Catherine se aproximou dela para cochichar em seu ouvido.
– Alguém está nos traindo, aqui no acampamento. Não aceite nada que qualquer um, com exceção de mim e Theo.
– Certo.
– E mais uma coisa, minha mãe disse que eu podia confiar em você então confiarei em dobro: eu não posso ordenar buscas aos meus soldados, isso faria com que eles ficassem assustados. Então eu quero que quando você falar com o deus dos ventos, também pergunte quem está nos traindo.

Elizabeth olhou para Catherine. Ela não parecia assustada, parecia confiante – e sobretudo, certa de que não estava fazendo a coisa certa.
– Por que confiar em mim? – ela perguntou – Você me conheceu hoje.
– O poder sobre a névoa me dá outros poderes – ela disse – como ver sob ela. Você não me trairia uma vez que eu te ajudei, trairia? Mesmo se tudo indicasse que era melhor me trair? – Elizabeth pensou por um momento.
– Não. Eu não trairia a não ser que estivesse com 100% de certeza.
– É por isso que eu posso confiar em você. Eu vejo que suas amigas são ótimas pessoas, mas também que me trairiam se isso significasse o melhor. Você não, você não troca seis por meia dúzia até ter certeza que seis é melhor que meia dúzia.
– Isso não é necessariamente bom – ela disse – muita coisa ruim já aconteceu por minha causa.
– E o seu defeito mortal nem é fidelidade –disse Catherine – você é apenas muito teimosa.
– Ei! – replicou Elizabeth. Catherine sorriu. Ela teve a sensação de que conhecia Catherine a muito tempo – Como você pode me conhecer tão bem? Você faz isso com todo mundo?
– Infelizmente, não. – disse Catherine – Apenas com aqueles que escondem alguma coisa. Aqueles que são um livro aberto, ah, esses sim são difíceis de decifrar. Eles tem uma realidade simplificada em seus rostos, algo que eu não posso decifrar mais do que a aparência. Já pessoas como você – ela resmungou – que se mantém atrás de um muro, são mais fáceis de se perceber os traços reais.
– Isso foi muito profundo – disse Elizabeth. Catherine começou a rir, e então deu meia-volta na direção da cabana.
– Vamos acordar suas amigas – ela disse – vocês não tem muito tempo, têm? – ela então sorriu para Elizabeth, de uma maneira mais cuidadosa. Um frio percorreu a espinha de Elizabeth.
– Você sabe...?
– Sei que têm que se apressar – ela disse – ou não vai adiantar de nada. – elas caminharam um pouco mais até que Elizabeth falasse de novo.
– Você disse que meu defeito mortal não é fidelidade. O que é? – Catherine ficou em silêncio por alguns momentos.
– Eu não acho que seria a pessoa mais indicada para apontar isso – ela disse por fim – embora você seja legível, não significa que você não é complicada.
– Wow – ela conseguiu responder – você até que é legal, para uma romana. – Catherine sorriu de todo o coração.
– Eu poderia dizer o mesmo de você, grega.




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