Não Me Deixes escrita por Kyara


Capítulo 6
Capítulo 6




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Afinal não eram uma dúzia, afinal... não iria demorar dois minutos a despachá-los.

 

 

Defendia-se como podia, retaliava como melhor sabia, no entanto a sua mente estava longe. Hinata acabara de ser levada por Kabuto mesmo diante dos seus olhos e nada fez, porém o que mais o afectava era saber que esse nojento podia estar agora a tocá-la, a saciar as suas necessidades, segundo as suas próprias palavras.

 

 

- AARRGHH! – gritou enquanto pontapeava um e o atirava para bem longe.

 

 

Voaram kunais, shurikens e rasengans por todo o lado, árvores foram derrubadas, partidas ao meio, outras completamente desintegradas; o chão outrora liso e plano estava agora cheio de crateras provocados pelos sucessivos jutsus.

 

 

«Mas quando é que isto acaba?», perguntou a si mesmo enquanto se desviava de um pontapé do ninja inimigo para de seguida lhe cravar uma kunai no peito.

 

 

As suas mãos estavam cada vez mais ensanguentadas e dormentes devido aos rasengans, fizera mais de vinte nesse um quarto de hora e tudo porque pensava ser a maneira mais rápida de acabar com os ninjas, infelizmente não foi esse o caso.

 

 

Fazendo um shinobi, que saltara em cima dele, tragar uma bola de rasengan, destruindo-lhe o crânio durante o processo, reparou, para sua satisfação, que só restavam dois. Dois shinobis e já poderia resgatá-la.

 

 

 E se ela não quisesse ser salva?

 

 

A interrogação assombrou-o de tal modo que deixou a kunai que tinha em mãos cair, vindo-se a aperceber da porcaria que tinha feito quando ouviu o som metálico que esta produziu ao atingir o chão. Quando deu por si estava preso a uma árvore e a ser o saco de pancada dos dois shinobis. Recebia a torto e a direito pontapés e murros, foi submetido a todo o tipo de jutsus da qual nem sequer se preocupara em proteger-se ou saber dos efeitos no seu corpo e mente, para ele era simplesmente indiferente porque algo lhe moía por dentro, uma dor que superava e ridicularizava todas as outras e essa dor resumia-se à hipótese de Hinata estar a trair Konogakure no Sato.

 

 

- Vamos acabar isto? – virou-se o shinobi, que acabara de pontapear o loiro, para o companheiro.

 

 

- Claro, até porque tempo é algo que não temos... – dizia enquanto desembainhava a espada e preparava-se para acabar com o sofrimento do loiro.

 

 

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Afastou-se da janela e dirigiu-se à sua secretária, a pilha de papéis estava à sua espera e pela primeira vez agradeceu o facto de esta existir. Sentou-se e começou a analisá-los um por um, com todo o rigor, verificando cada detalhe minuciosamente. Teria continuado o seu trabalho se não tivesse ouvido os passos apressados de Temari no corredor. Pela forma de andar, só podia estar zangada, deduziu o ruivo.

 

 

- GAARA!

 

 

- O que é Temari? – disse enquanto vasculhava no monte de relatórios.

 

 

- O QUE É? – perguntou claramente indignada com a sua atitude. – TU DEIXAS-TE A IR!

 

 

- Eu estou ocupado, não vês? – disse elevando os papéis no ar. – Volta mais tarde.

 

 

Se havia coisa de que a loira não gostava era de ser ignorada e o ruivo à sua frente estava a fazer justamente o que ela tanto odiava. Num acesso de raiva tirou-lhe os relatórios da mão e a pilha de papéis que quase tocava no tecto desafiando as leis do equilíbrio estavam no chão. Gaara olhou para as folhas de papel todas espalhadas no chão e reparou como umas rodopiavam com um vento e saiam janela fora, por último olhou em direcção à responsável de tanta bagunça que parecia incrivelmente satisfeita por ter conseguido prender a sua atenção:

 

 

- E agora, ainda estás ocupado?

 

 

- Temari faz-me um favor e sai por aquela porta antes que eu perca a cabeça.

 

 

- Não saio enquanto não ouvires o que eu tenho para te dizer.

 

 

- Eu já sei o que é, e acredita... não estou nem um pouco interessado!

 

 

 - Pois ouve bem: o que acabas de fazer é a coisa mais incrivelmente estúpida que vi alguém fazer, tu praticamente entregaste-a de mão beijada, tu...

 

 

- Temari... – esta se o ouviu, simplesmente ignorou e continuou a falar.

 

 

- ... tu nem sequer lutaste para a manter cá, ao teu lado. Eu já nem sei se...

 

 

- Foi a coisa certa a fazer, ela é de Konoha e nunca seria feliz aqui.

 

 

- ERRADO! ELA SERIA FELIZ!– disse debruçando-se dobre a mesa e agarrando-o pelo colarinho.

 

 

- CHEGA TEMARI!

 

 

A voz era inconfundível e só pertencia a uma pessoa: Kankuro. Este entrou pela sala adentro captando a atenção do irmão, mas não de Temari, esta continuava a segurar o ruivo e não parecia largá-lo tão cedo.

 

 

- Ele sabe o que faz. – disse enquanto a afastava de Gaara – E a ti como irmã e shinobi desta aldeia só te resta aceitar. – acrescentando, quando viu que esta iria começar a protestar – Quer queiras... quer não.

 

 

- Eu não me conformo... – continuou.

 

 

- Estranho seria se não fosse o caso. – riu-se Kankuro – Vá, anda que temos coisas a fazer. – disse empurrando-a em direcção à porta.

 

 

O especialista em marionetas tentava tirá-la da sala de modo a deixar o irmão sozinho pois acreditava que se havia coisa de que ele necessitava era de uns minutos sozinho para se poder recompor e reflectir na consequência e estupidez das suas acções.

 

 

- Eu não me lembro de nada... – refilou Temari indiferente às palavras de Kankurou.

 

 

Surpreendentemente, com muito esforço e muito palavreado, lá consegui convencê-la a abandonar a sala e a deixar Gaara em paz, nem que fosse por duas horas.

 

 

- Temari...

 

 

Temari e Kankurou, já em frente à porta, olharam para o ruivo que acabara de falar e ficaram asfixiados com o olhar penetrante e resignante do ruivo.

 

 

- Era uma batalha perdida. – explicou-se.

 

 

A kunoichi não conseguia exprimir o que sentia, o homem à sua frente subitamente despertou nela uma cólera colossal, mas mais que isso foi a desilusão: de todas as razões do mundo, essa era aquela em que não contava em ouvir.

 

 

- Patético... – foi a única coisa que disse antes de violentamente fechar a porta.

 

 

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O loiro contemplou como os poucos raios de sol que atravessavam a penumbra criada pelas enormes e soberbas criptomérias eram reflectidos pela superfície polida da espada e sorriu. Não importava se Hinata se tivesse realmente aliado a Kabuto, coisa de que duvidava, tinha escolhido ser shinobi para defender o que achava certo e justo, para mostrar ao mundo que até mesmo os falhados como ele podiam triunfar na vida e não se iria render agora, quando nunca o tinha feito na vida. Render-se agora seria deitar por terra todo o seu sacrifício para chegar onde chegara.

 

 

O shinobi correu impetuoso até o loiro convencido de que este fosse morrer nas suas mãos, perfurado pela sua espada, porém assim que desferiu o golpe final reparou que o que pensava ou tinha como certo não se realizou; a espada perfurara a árvore e não o loiro.

 

 

Aproveitando o facto da espada de momento encontrar-se emperrada no tronco da koyamaki (pinheiro), golpeou-o no maxilar partindo-o no processo. O shinobi caiu ao chão revirando-se no chão tamanha a dor.

 

 

Mal o shinobi começou a revolver-se, Naruto sentiu uma dor enorme nas costas e foi violentamente projectado contra a árvore à sua frente. Levantou-se já quase sem forças e reparou que o shinobi tinha agora na mão a espada que outrora pertenceu ao companheiro, agora, inconsciente no chão. Reunindo as forças, as poucas que o restavam, desviou-se de todos os ataques: por cima, por baixo, à direita, à esquerda... O shinobi farto de apenas conseguir rasgar o ar com a espada e nem uma vez conseguir cortar um cabelo que seja do loiro, recorreu a um jutsu que apanhou Naruto completamente desprevenido.

 

 

 

- AAAHHH – gritou.

 

 

Assim que sentiu a corrente eléctrica percorrer o seu corpo contraindo todos os seus músculos e paralisando-os, acabou por cair no solo áspero e duro.

 

 

- Isto acaba aqui e agora. – disse levantando a espada no ar.

 

 

Vendo a espada no ar e incapaz de se mover observou como uma kunai vindo do nada o atingiu em cheio no coração do shinobi matando-o instantaneamente.

 

 

- Naruto-kun!

 

 

Aquela voz... assim que a ouviu foi como se um enorme peso tivesse sido levantado das suas costas.

 

 

- Gomen, gomen... – repetia Hinata enquanto o ajudava a levantar-se. – Vou-te tirar daqui, isto é tudo culpa minha...

 

 

Sentado e apoiado nela, tentou chamá-la, mas não conseguia mexer a boca, raios, nem sequer conseguia pestanejar, o choque eléctrico que recebera tinha-o paralisado por completo.

 

 

- Naruto-kun passa-se alguma coisa?, estás muito calado... – silêncio foi o que a recebeu – Eu compreendo que estejas zangado, demo... não me ignores. – pediu como se o mundo dependesse disso.

 

 

Nunca quis tanto abrir a boca para falar, não ele não estava zangado, bem, talvez um pouco, mas estava sumamente feliz por ela ter voltado porque provava que ainda era a mesma Hinata, a que se preocupava com os outros e fazia tudo pelos demais. Queria sorrir e perguntar-lhe porque estava molhada dos pés à cabeça, queria que esta o explicasse tanta coisa... mas por mais que tentava a sua boca não se abria para dizer um palavra sequer.

 

 

- Diz alguma coisa... por favor Naruto-kun... – disse enquanto o abraçava – Eu sei que tens razões para me odiar, demo eu nunca quis que... – foi interpelada por um ruído surdo e sem ressonância.

 

 

Naruto tentava dizer alguma coisa, expressar-se mas só conseguia gerar sons graves e roucos confundindo ainda mais a shinobi. Hinata surpreendida com a aparente nova forma de comunicar do loiro, afastou-se e observou como este caiu para trás quando deixou de o abraçar.

 

 

- Naruto-kun... - disse perplexa com o acontecido.

 

 

Insultou-se por ter sido tão parva, o pobre homem não se conseguia mexer, por isso não respondia e como perdeu suporte quando se tinha afastado, caiu para trás como se de uma tábua de madeira se tratasse.

 

 

- Não te consegues mexer pois não? – disse sorrindo. – Gomen...

 

 

- Espera um bocado, eu já resolvo isto... – disse enquanto o puxava para cima.

 

 

Concentrou chackra e percorreu as mãos ao longo das costas do loiro tentando voltar a abrir os tenkutsus que ela própria fechara e para estimular os músculos para que relaxassem.

 

 

- Está melhor agora? – perguntou.

 

 

- Hai, mas ainda não me consigo mexer. – disse enquanto tentava levantar o braço.

 

 

-Bem se já consegues falar é porque daqui a meia hora vais poder mexer-te. – disse sorrindo.

 

 

- Meia hora? – disse preocupado.

 

 

- Vá lá, podia ser pior... – disse continuando a espalhar chackra pelas suas costas. – Normalmente demora umas duas horas mas parece que contigo é diferente...

 

 

- Hinata...

 

 

- Eu sei Naruto-kun e peço imensas desculpas por te ter metido nisto, eu não...

 

 

- Só quero saber o que ele quer Hinata, é só isso... – suspirou o loiro.

 

 

A kunoichi parou de aplicar chackra  e atendendo ao facto de que este quase morrera devido à sua teimosia decidiu ser franca e sincera. Contar-lhe ia a verdade, toda a verdade, bem... toda talvez não, apenas grande parte dela.

 

 

- Ele quer...

 

 

- Aquilo que muitos dariam o mundo para ter... – disse Kabuto, fazendo-se mostrar por detrás das árvores e aproximando-se dos dois.

 

 

Hinata virou-se rapidamente e viu-o a caminhar com toda a calma possível para junto dela com um sorriso cínico nos lábios.

 

 

- Como chegaste aqui tão rápido? – perguntou a kunoichi.

 

 

- É verdade que me enganaste com o clone de água, mas querida... – disse segurando-a pelos pulsos e afastando-a do loiro. - ... és tão previsível.

 

 

Assim que afastou Hinata de Naruto, apareceram dois ninjas que agarraram o loiro pelo cabelo e apontaram uma kunai para o seu pescoço.

 

 

- YAMETE KUDASAI, KABUTO! – gritou Hinata arrebatada com a forma como os ninjas ameaçavam cortar o pescoço do loiro a qualquer momento.

 

 

- Covarde... – disse nem um pouco intimidado com as kunais que ameaçavam tirar-lhe a vida. – O que é que queres dela?

 

 

- Creio que isso não te diz respeito, Naruto.

 

 

O loiro teria todo o prazer em desfazer aquela expressão de satisfação que adornava as faces de Kabuto, mas foi chamado à realidade quando tentou soltar-se dos ninjas e nem um músculo seu o obedeceu.

 

 

- O que é que um demente como tu quer dela?

 

 

- Penso que não estás em posição para me insultar, não te parece? – disse dando ordem para os ninjas pressionarem as kunais com mais força.

 

 

- YAMETE KABUTO, por favor pára...

 

 

- LÁRGA-ME – gritou desembaraçando-se da kunoichi que o segurava pelo braço.  

 

 

Tendo sempre em mente que se não fizesse algo Naruto seria morto ali à sua frente, viu-se sem alternativas. Tinha que contar a verdade.

 

 

- Ouve Kabuto, tu estás a perder o teu tempo...

 

 

Kabuto estagnou, a kunoichi tinha captado em pleno a sua atenção.

 

 

- Eu... eu... – engoliu em seco. – Eu já não o tenho.

 

 

O sorriso de Kabuto emoreceu nesse mesmo instante.

 


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Notas finais do capítulo

Muito mistério, eu sei XD!
Como sempre um grande muito obrigada por lerem.



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