Alvorada

Dariu se espanta ao ver que a cor da fumaça era verde, o que significava o cancelamento da missão. Eles seguem em direção do quartel.

– Dariu você poderia me fazer um favor?

– Depende. Se estiver ao meu alcance, não vejo o porquê negar.

– Se você não pode ser o mesmo… se afaste de Myriam não quero que você a magoe.

– Clarie eu... tudo bem, ninguém quer ser amigo de um selvagem mesmo, ninguém precisa visitar um bicho na sua jaula, né!

Dariu avança deixando Clarie para trás demonstrando raiva, ela abaixa a cabeça, mas não retira suas palavras. Ao chegar ao quartel, Tracey se encontrava dando um recado ao esquadrão. Ela parecia estar à espera de Dariu. Assim que ele chega, Tracey dispensa todo o esquadrão e pede a ele que a siga junto com um pequeno grupo de soldados.

– Eu reuni vocês para dar um anuncio. Todos foram convocados para formar uma nova tropa. Para maiores informações, vocês devem decidir se vão entrar para essa tropa ou não, então qual é a resposta?

– Como assim? Você não vai nos dar nenhuma informação do que seremos ou faremos? – Dariu olha ao seu redor e reconhece os soldados.

Todos ali faziam parte dos melhores soldados que haviam se formado, poucos ali eram desconhecidos.

– Dariu... você poderia se retirar? Acho que não é uma boa ideia participar desse grupo.

– Eu? Mas por quê? Eu fui indicado e você não quer que eu participe?

– Sim, mas você já faz parte da tropa de exploração, já realizou seu sonho! Não precisa fazer parte disso.

– Não, agora que estou aqui eu vou em frente. Ninguém me quer na tropa de exploração e não tenho motivos para ficar lá.

– Mas se você entrar na tropa vai tem que se manter perto deles, depois de tudo o que aconteceu você ainda quer se manter perto deles?

– Se eu não entrar para esse grupo vou ter que ficar perto de qualquer jeito mesmo.

– Vem aqui quero falar com você a sós.

– Tudo bem.

Tracey e Dariu se afastam dos soldados, assim que ficaram sozinhos Dariu demonstra estar muito magoado com algo e muito tremulo.

– Dariu você está bem? Aconteceu alguma coisa?

– Eu... eu não sei ao certo, Nyahmaru morreu. Ele estava lá me protegendo e por quê? Em troca de que?

– Ele estava apenas seguindo ordens... Se ele pudesse escolher, não te protegeria. Eu vivo dentro dessas muralhas por um bom tempo, tempo o suficiente pra ver que essas pessoas nunca mudam, elas apenas fingem para nos apunhalar pelas costas, só porque somos diferentes.

– Sabe, não existe diferença entre quem vive aqui e quem vive lá fora, todos passamos por riscos, Mas as pessoas daqui agem como se fossem tão superiores.

– Elas fazem isso por que sabem que nunca vão nos superar em nada, somos melhores fisicamente e superiores mentalmente.

– Eu... Você tem ração. Quem vem de fora consegue enxergar que esses muros não os protegem, apenas aprisiona.

– No final das contas somos todos humanos, matando, vivendo ou morrendo.

– Eu vou me retirar e deixar você fazer seu trabalho. Tracey, obrigado por ficar do meu lado. Está tudo acontecendo muito rápido e eu não tenho ninguém ao meu lado além de você.

– Dariu, amanhã você tem que fazer seus exames e também será o enterro de nyahmaru. Após o enterro haverá o alistamento dessa tropa, venha me mostrar seus exames para que eu possa reportar suas observação tudo bem?

– Certo.

Dariu se retira ao sair ele escuta Tracey dizendo que os soldados podiam dar suas respostas até o dia seguinte, o dia do alistamento.

No pátio do quartel ele encontra com Adam que estava aparentemente abatido.

– Dariu, amanhã será o enterro dos soldados abatidos desse mês, espero que você tenha o mínimo de caráter para aparecer no enterro dos seus ex-companheiros de equipe.

– Meus?

– Sim, Carlos e Nyahmaru cara seus amigos morreram e você não faz nem questão de saber quais foram. É, você realmente não passa de um animal, bicho do mato mesmo.

Adam esbarra em Dariu e vai embora. Ele fica abismado em saber que Carlos também havia morrido. Assim, partiu pra casa, coberto de pensamentos e um pouco de culpa. Ao chegar não consegue tirar da cabeça da perda de seus companheiros, Tracey não retornaria para casa nessa noite e teria que ficar no quartel com os seus afazeres. Assim Dariu passou a noite em claro pensando em tudo que aconteceu.

Ao amanhecer; ele se arruma, corta o cabelo e vai a igreja para se confessar. Ele entra devagar na igreja vazia com o padre de costas.

– Bom dia padre, eu não sei muito bem como isso funciona, mas eu vim me confessar.

– É muito cedo para se confessar, não acha? Mas pode vir. Não existe hora pra essas coisas.

Assim que o padre se vira e olha para Dariu, o padre se espanta demonstra medo. Antes que Dariu começasse a falar alguma coisa, ele corre e desaparece em meio a igreja. O garoto fica assustado com a reação do padre, assim que ele sumiu. Assim, saiu da igreja e correu em direção ao enterro de seus companheiros. Tudo estava confuso ou estava fazendo sentido? Mal chegou e foi abordado por um homem de cadeira de rodas, que com olhos cheios de água estende sua mão com uma coisa em direção a Dariu.

– Mas o que é isso senhor?

– Meu nome é Haiaki Maru, sou o pai de Nyah Maru, meu filho queria entregar-te isso há muito tempo, mas foi proibido de manter contato com você. Certo, Daiu?

– Mas o que? Quando?

– Assim que houve a formatura, você estava preso. Por isso ele e o resto da equipe fizeram isso pra você. Contudo receberam uma ordem dos superiores para se manterem afastado de você até segunda ordem.

– Como você sabia que era eu?

– Uma garota de cabelo vermelho me disse que era você assim que o viu – o homem olhou em volta antes de continuar – Garoto existe uma coisa horrível acontecendo dentro desses muros, eu sei que mal te conheço, mas queria te pedir um favor? Encontre o traidor que matou meu único filho?

Dariu olha para aquele homem e vê em seus olhos um ódio estremo misturado com tristeza, toda essa negatividade passou para Dariu. Com a mão trêmula de raiva, pegou a caixa e saiu andando em direção ao caixão de Nyah. Seus olhos começaram a lacrimejar enquanto retira sua capa com o logo da tropa jogando-a sobre o caixão. O tempo muda como o comportamento do soldado, ele fecha e começa a chover. Clarie e Myriam se aproximam de Dariu. Ele virou-se e lançou-as um olhar de desdém e vai embora. Ao passar por Haiaki Dariu diz: Encontrar esse assassino tornou-se meu novo objetivo de vida.

Dariu deixou o enterro, fez seus exames, passou em casa deixando a caixa de Nyah em um lugar seguro. Com toda determinação que tinha, seguiu ao quartel chegando a tempo para se alistar na tropa, A NOVA TROPA A TROPA TATICA.