Como ele demora me deito no sofá e acabo pegando no sono, acordo com ele fechando a porta.
– Oi, não queria te acordar, é que eu ainda passei em casa. – ele diz enquanto entra e se senta no sofá próximo onde estou
– Tudo bem, eu estava te esperando mesmo – digo já me sentando.
– É, realmente tá meio tarde, desculpa. – ele fala se desculpando
– Sem problemas, você já comeu alguma coisa? – eu pergunto e espero que sim por que nem sei se Greasy deixou algo.
– Já sim, e você?
– Também. – digo e fico em silencio procurando as palavras certas pra falar.
Ele vem para o sofá onde estou se senta do meu lado virando o corpo pra mim, coloca alguns fios do meu cabelo atrás da orelha, me olha e pergunta:
– Qual o problema Kats? Aconteceu alguma coisa não foi? – ele junta as sobrancelhas do jeito que ele sempre faz quando está preocupado.
– Eu gosto quando você me chama de ‘’Kats’’ sabia? – eu digo tentando atrasar o assunto embora eu realmente goste quando ele me chama assim.
– Ah é? – ele pergunta sorrindo.
Então eu me aproximo dele e colo minha cabeça em seu peito, procurando as palavras pra poder falar, ele começa acariciar meus cabelos, então eu decido falar logo.
–Peeta. . . é. . . eu preciso falar com você! – eu começo ainda gaguejando
– Pode falar – ele diz se endireitando.
– É que eu tava pensando, e percebi que eu ainda tenho alguns pontos da minha vida mal resolvidos e eu não quero mais isso. – sinto seu corpo e seu rosto ficar tenso, acho que ele suspeita do que eu esteja falando, então eu continuo.
– Pra isso, eu decidi que eu vou ligar amanha pra minha mãe e ... – eu êxito em continuar mas ele continua pra mim.
– E o Gale, não é isso? – ele pergunta enquanto levanta meu rosto do peito dele e me olha nos olhos. – Pode falar Kats, eu entendo e realmente concordo com você, faça isso. Vocês ainda tem assuntos mal resolvidos e quanto antes resolver melhor não é mesmo?
Ele diz que está tudo bem e que me apoia, mas eu sei que não é verdade, quer dizer a parte que ele me apoia eu sei que é verdade, por que não importa o que eu faça ou diga mesmo que seja contrário do que ele pensa, ele me apoia, agora sobre ele estar bem em relação a isso eu sei que não está, pude sentir a tensão dele, mas eu preciso fazer isso e já está decidido amanha mesmo eu ligo pra minha mãe e pra Gale.
Decido não falar mais nada, apenas me deito sobre seu peito como eu sempre faço e ele como sempre não me rejeita, me abraça e continua mexendo nos meus cabelos, quando estou quase pegando no sono, ele me chama.
– Kats? Acho melhor a gente subir, tudo bem? – ele pergunta aguardando minha resposta.
Apenas balanço a cabeça concordando e me coloco de pé, nós subimos as escadas e nos deitamos como sempre eu me deito no seu peito e rapidamente pego no sono.
Acordo com um barulho como se fossem batidas, levanto minha cabeça e não escuto nada diferente, porém quando olho pro Peeta vejo que ele está bastante suado, seus olhos estão cerrados, sua respiração ofegante e quando coloco minha mão sobre seu peito percebo de onde vieram os sons das batidas, seu coração está disparado. É aí que eu percebo isso só pode ser um pesadelo, estranho por que ele nunca demonstra quando os tem, ah não ser que ... Ah não, droga! – penso.
Não é apenas um pesadelo são os flashes. Imediatamente me sento ao seu lado com uma mão massageando seu peito e com a outra afasto seus cabelos de sua testa, me inclino e sussurro:
– Calma! Calma, Peeta. . . Não é real, você está me ouvindo? Não é real.
Ele abre os olhos e no lugar de seus lindos e doces olhos azuis que tanto me passam segurança eu encontro seus olhos com uma sombra, suas pupilas estão dilatadas e ele permanece me olhando fixamente sem nenhum tipo de carinho e sim raiva, ódio, e isso me machuca muito mais do que me assusta.
Então volto a sussurrar pra ele:
– Não é real, por favor Peeta, se acalma. Você consegue, você é mais forte do que isso, você é mais forte do que eles, não me deixa te perder de novo, por favor...
Em seguida levo os meus lábios até tocar os seus e sinto todo o seu corpo enrijecer devido a tensão, a principio ele não se mexe mais eu estou decidida a trazê-lo de volta e mantenho nossos lábios juntos e então sinto suas mãos no meu braço, não como carinho mais com força, ele agarra meus braços pouco acima do cotovelo e o aperta com força, a dor é imediata, Peeta é forte e está realmente usando toda força quando me aperta, meu instinto me diz pra sair dali, empurra-lo, fugir, mas eu estou decidia a não perde-lo, não vou deixar Snow vencer de novo, posso sentir meus dedos já dormentes devido a força que ele me aperta, mas não vou desistir. Passam-se alguns segundos e nada acontece, quando eu estou quase achando que não vai dar certo sinto seus lábios se movendo e correspondendo ao meu beijo, começo a sentir seu corpo relaxar e sinto sua mão afrouxar em meu braço e me afasto, ele me olha nos olhos que embora não estejam mais com aquele ódio ainda não são os mesmos, posso ver preocupação e mais alguma coisa que não consigo identificar. Ele não diz nada, do modo que eu quem falo.
– Não era real. Está tudo bem, foi só um pesadelo – ele apenas concorda com a cabeça sem dizer nada, embora nós dois saibamos que não foi apenas um pesadelo antes que ele possa dizer algo me enrosco novamente nele com meu rosto na curva de seu pescoço e sussurro no seu ouvido
– Melhor voltarmos a dormir, já passou e é tarde. – ele novamente não diz nada.
Não consigo dormir mas me mantenho quietinha junto dele, embora eu sei que ele também não está dormindo, na verdade minha cabeça não para de pensar que o fato de eu ter falado na possível conversa com Gale tenha sido o motivo para os flashes voltarem. Essa questão martela na minha cabeça por horas até que o sono consegue me vencer.