Os Filhos do Olimpo escrita por Larissa Haguiô, Noah Rinns


Capítulo 24
Try a daughter of the god of war.




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LUCY

Meus olhos ardiam de tanto chorar. Cabelos cinza e sem vida caíam sob meus ombros e desciam até a metade de minhas costas. Já fazia dez minutos que eu estava debruçada sobre o corpo de Annie chorando. Ela era minha amiga.

Senti mãos tocando meus ombros e percebi quando alguém se agachou ao meu lado. Fiz o possível para conter o choro e enxuguei minhas lágrimas, em seguida olhei para o lado. Alastor estava agachado ao meu lado, mas não chorava.

– Me desculpe. – Disse ele me abraçando. – Eu deveria ter tentado salva-la, mas fiquei preocupado demais com a possibilidade de deixar Lara cair. Me desculpe.

Ele me abraçou novo e eu o afastei. Então era isso? Ele havia deixado Annie morrer para salvar Lara? A garota por quem ele estava apaixonado? Senti a raiva me subindo à cabeça. Senti que meus olhos e meus cabelos mudavam de cor, mas não me importei.

– Saia daqui. – Disse, tentando usar o tom de voz mais firme que consegui.

– Lucy eu...

– Saia daqui! – Gritei colocando as mãos em seu peito e empurrando-o para longe de mim.

Como ele podia declarar abertamente que havia deixado Annie morrer pra salvar outra pessoa? Ele nem havia tentado salva-la! “Ele é um idiota”, pensei. No começo, bem no começo, eu pensei que ele fosse um cara legal. E eu gostava dele, de verdade. E então apareceu Lara. Ele ficou encantado, como qualquer outro garoto fica quando vê uma filha de Afrodite e desde então tem agido como um idiota.

Alastor estava prestes a falar quando um barulho muito alto nos interrompeu. Saímos de perto da piscina onde estávamos e corremos em direção ao barulho. Cambaleei para trás. Um enorme leão devorava e destruía tudo a sua frente.

– Leão de Neméia! – Gritou Dianna pegando sua lança e avançando contra o monstro.

Desembainhei minha adaga e corri com os outros em direção ao monstro. Pedaços de tobogãs estavam jogados por todos os lados, além de mesas, espreguiçadeiras e guarda-sóis. A neve insistia em cair cada vez mais, dificultando nossa visão.

Dianna correu e cravou sua lança nas costas do monstro. O leão se virou e a atacou, não tinha sofrido nenhum dano. A filha de Ares foi arremessada para trás e chocou as costas contra um toboágua.

– Como a gente mata ele? – Gritei para Adam.

– Tente acertar os olhos! Os olhos são o ponto fraco!

Assenti com a cabeça e corri em direção ao leão. Mais de perto consegui ver sua aparência de um jeito mais detalhado: o monstro era maior que um carro, seu corpo parecia ser feito de algum material duro e resistente e acima de sua cabeça um enorme e afiado par de chifres se encontrava pronto para matar qualquer um que cruzasse seu caminho. Mas os olhos estavam indefesos.

Vi Lara ao meu lado disparando flecha atrás de flecha em direção ao rosto do monstro, mas até mesmo para ela era difícil. Ele se movia muito rápido.

A neve começou a cair ainda mais rapidamente deixando o chão escorregadio e cobrindo tudo com uma espessa camada branca.

– Vou chamar a atenção dele – Gritou Dianna correndo em direção a mim e Lara – e vocês tentem acertar os olhos dele.

Concordamos com um aceno de cabeça e Dianna correu para frente do monstro.

– Ei, seu monstro estúpido! Porque não tenta me devorar? Descubra o gosto de uma verdadeira filha do deus da guerra!

O leão se virou para Dianna e deixou Alastor, Adam e Charlie lutando contra o vento. Ele estava a apenas alguns metros de nós. Dianna saiu de sua frente e ele nos viu, ficou nos encarando por uma fração de segundo até correr em nossa direção.

– AGORA! – Berrou Dianna.

Sem saber o que fazer arremessei minha adaga contra o monstro rezando para que o acertasse em algum lugar. A lâmina cravou-se no enorme focinho do animal que começou a se debater tentando retira-la.

Lara ainda estava ao meu lado e retirou uma das últimas flechas de sua aljava. Não demorou mais do que alguns instantes para mirar e disparou. A flecha passou zunindo por todos nós e acertou em cheio um dos olhos do leão. A fera recuou e balançou a cabeça desesperadamente para se livrar da flecha e da adaga até que Dianna lhe cravou a lança e o fez se desfazer em cinzas.

– Leão idiota. – Disse, dando as costas para o monstro enquanto rodava a lança.

Adam, Alastor, Charlie, Connor e Collin se aproximaram de nós. Todos estávamos ofegantes e cansados com tudo o que havia acontecido. Nos sentamos no chão e só então percebemos o quanto estava frio. A adrenalina da luta não havia permitido que sentíssemos isso, mas agora estávamos tremendo.

– Precisamos encontrar esse filho de Quione. – Disse eu, levantando-me e balançando a cabeça para livrar-me dos flocos de neve.

– Venham. Vamos para um lugar aquecido. – Charlie se levantou e esperou que todos os outros se levantassem, em seguida saiu andando. – Minha casa não fica muito longe daqui.

Atravessamos todo o parque e passamos por algumas ruas até chegar a uma pequena casa. Sua fachada era amarela e o chão do quintal estava coberto de neve. Charlie se aproximou da porta e se abaixou, retirou de baixo do tapete de entrada uma chave e abriu a porta.

A casa por dentro não estava tão aquecida como achei que estaria, mas também não estava ruim. Dois sofás nos esperavam, além de duas poltronas. Uma televisão enorme se encontrava no meio de uma estante cheia de enfeites e livros.

– Sentem-se. Eu já volto. – Charlie atravessou um curto corredor e entrou em uma das portas.

Sentei-me no aconchegante sofá e estiquei os braços e as pernas. Os outros haviam sentado em poltronas e bancos ali perto. Encostei a cabeça no encosto do sofá e fechei os olhos. Há um dia estávamos numa fazenda, agora eu havia perdido minha amiga.

– Precisamos falar com Quíron, mandar uma mensagem e dizer que não estamos tão bem assim. – Disse Adam.

“Lucy, use a mensagem de Íris”. Lembrei-me das últimas palavras de Annie e cutuquei Lara que conversava animadamente com Alastor ao meu lado.

– Lara, o que é uma mensagem de Íris? – Perguntei, timidamente.

– É uma forma de comunicação. Você cria um arco-íris, oferece um dracma à Íris e diz em voz alta com quem você quer se comunicar. Por quê? – Perguntou. Antes de deixar que eu respondesse abriu um enorme sorriso e me abraçou. – Lucy! É isso!

– Isso o que? – Perguntou Charlie voltando pelo corredor com casacos e uma pilha de cobertores.

– Podemos enviar uma mensagem de Íris para Quíron. – Respondi enquanto vestia um dos casacos.

Levantei e caminhei em direção a Alastor.

– Me dê um dracma. – Pedi estendendo uma das mãos.

Ele enfiou a mão no bolso das calças e retirou alguns dracmas, em seguida separou um e o colocou na palma da minha mão.

– Venham.

Saímos da casa e voltamos para o parque aquático, dessa vez mais rápido já que a neve havia diminuído e o sol estava deixando tudo mais quente. Chegamos ao parque e nos aproximamos de uma piscina ainda cheia. Não sei porque, mas fechei os olhos e me concentrei na imagem de um arco-íris bem na minha frente, em seguida os abri e vi que um arco-íris havia realmente aparecido por ali.

“Tomara que dê certo.”, pensei.

– Ó deusa Íris, aceite minha oferenda. – Disse, como Lara havia me ensinado. – Mostre-me Quíron.

Por alguns instantes nada aconteceu e eu temi ter feito algo errado, mas então uma névoa começou a se formar na nossa frente e o rosto de Quíron apareceu.

Quíron estava sentado em sua cadeira de rodas em um lugar familiar. Pareceu não notar nossa presença até que uma mulher de vestido comprido e florido apareceu. Deméter.

– Ah, Quíron, veja! Meus queridos, fico feliz em saber que estão bem. – Disse a Deusa se aproximando da névoa.

O centauro nos olhou com uma expressão curiosa e eu balancei a cabeça.

– Não, não estamos tão bem.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Deixem seus comentários!