Big Girls Don't Cry (Hiatus) escrita por Izzyff


Capítulo 2
Annabeth - A pior despedida de todas.


Notas iniciais do capítulo

Oioioi ♥

Eu não sei muito bem o que vão achar desse capítulo, mas eu espero que gostem. Uma pequena explicação: Os quatro primeiros capítulos são mais apegados a lembranças antigas delas com os meninos, depois sim começa a aventura em New York! Então, não estranhem nem nada.
Beijo beijo, e boa leitura *--*



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Prometi a mim mesma que não choraria. Que falaria com ele numa boa, e terminaríamos como bons amigos, mas até mesmo uma pessoa racional como eu sabe que não é assim. Estava contando com aquela festa para por um fim amigável no que já não era o mesmo a tempos. Na teoria, tudo sempre termina bem, mas existe a emoção, que sempre se opõe ao racional e estraga tudo. As meninas estão tratando isso como um novo recomeço em nossas vidas, deixando tudo para trás, mas quem disse que só por ser um recomeço, temos que deixar um passado turbulento? Ninguém realmente parou para pensar que tínhamos vidas lá? Eu deveria ter ficado e me tornado professora de história, como meu pai sempre sonhou. Deveria alugar uma casa perto do antigo colégio, e depois construir um relacionamento sólido com Percy. Deveria, mas não fiz. Não posso. As vontades do meu pai, a carreira que nunca desejei, até mesmo Percy, nenhum desses motivos pode me privar de correr atrás da carreira brilhante que me aguarda. Eu quero bem mais que uma vida na pacata cidade em que vivi por anos. Quero que New York me veja como a melhor arquiteta de todas, aquela que vai embelezar e construir por todos os lados. Estudei todos os mapas, decorei a maioria das ruas das regiões próximas a que vamos ficar, estudei a história, aprendi todas as maneiras e costumes, fiz as melhores rotas e sei todas as formas de me locomover e alcançar meus objetivos facilmente. Tudo isso me deixa empolgada, mas então, por que meu coração ainda dói tanto? A independência deveria me fazer feliz. Droga!

Me movi desconfortável no banco de trás. Reyna percebeu que algo me incomodava. Ela sempre percebia, hora ou outra. Eu admirava Reyna por seu jeito. Sempre séria e responsável. Acho que a mais responsável de todas nós, inclusive de mim. Sempre quis saber como ela sempre foi capaz de esconder tão bem suas emoções, de conseguir ser boa amiga e conselheira. Eu realmente admirava Reyna.

— Ninguém vai querer contratar uma arquiteta triste. — ela disse, sem me olhar.

Olhei para o lado e vi Piper dormindo. Thalia escutava música alta no banco da frente, e Luke dirigia, mas provavelmente não estava escutando nada. E sim, Luke estava dirigindo. Parece que de todas nós, Thalia foi a única que manteve uma relação completamente normal, desde o primeiro, até o último dia com o namorado. Eu me perguntava como conseguiam ficar tão bem um com o outro dessa forma sabendo o que aconteceria. Queria eu que tivesse terminado assim com Percy, mas estava bem longe disso. Diferente de Piper e Thalia, eu e Percy terminamos assim que contei que havia passado na faculdade, e iria embora. A cena toda se refez em minha mente.

Percy e eu estávamos no lago da cidade, numa madrugada quente. Naquela época, tudo era tão diferente. Ok, nunca terminamos de verdade. Eu e ele não namorávamos. Isso nunca chegou a acontecer de verdade. Nós tínhamos uma espécie de super amizade. Percy contava tudo pra mim, e eu contava tudo pra ele. Confiávamos um no outro de uma forma incondicional. Até aquela noite. Ele me puxou para dentro d’água e sorriu. Depois de ficarmos brincando de afogar um ao outro, apenas nos deitamos e encaramos as estrelas. Eu estava feliz. Queria dizer a ele que havia passado na faculdade, junto com as meninas.

— Posso te contar um segredo? — Ele disse, e segurou minha mão.

Confesso que meu corpo gelou.

— Claro que pode, cabeça de alga. Você sempre me conta seus segredos. — Sorri.

— Eu… — Ele demorou, praticamente, um minuto para terminar a frase. — Eu estou muito a fim de uma garota.

— Continue. — Disse, tentando não demonstrar o incômodo.

— Eu e ela nos conhecemos faz muito tempo, e eu simplesmente não aguento mais esconder isso dela.

Respirei fundo, e dessa vez, eu quem demorei a elaborar uma resposta. Deveria ter uma queda muito forte por ele, muito mesmo.Tentei manter a frieza na voz, e olhei para ele.

— Quem é essa garota?

Percy sorriu, e colocou a mão no meu rosto, se aproximando o suficiente para me envolver. Não tive sequer tempo de reagir, e avisar que estava tudo errado, ele simplesmente me beijou. Depois daquele beijo, as coisas começaram a dar errado. Foi quando ir embora se tornou ainda mais complicado. Antes, eu gostava dele, mas depois, me apaixonei. Como se beijá-lo fosse o que faltasse para perceber que o queria completamente.

Seus lábios puxavam os meus, como se Percy tivesse medo que eu fosse embora. Irônico pensar assim. Deveria ter cortado, antes que ficasse pior, mas já não tinha poder nenhum em minhas mãos. Retribui, me aproximando ainda mais e o puxando seu corpo com todas as forças que tinha, ficamos colados um no outro. Estávamos molhados, talvez por isso seu beijo estava úmido, tinha um gosto meio salgado, mas que adoçou todas as partes da minha boca enquanto a língua procurava os espaços vagos. Aquela havia sido a primeira vez que beijava alguém com tanta vontade. E então, minha mente voltou a funcionar. Eu não podia fazer isso. Me soltei, com medo de que ficasse insana novamente, e usei a melhor oportunidade que pude para lhe falar a verdade.

— Vou embora. — Disse, a poucos centímetros de seus lábios macios de novo.

— O que? — Ele respirava ofegante, e estava confuso.

— Percy, eu fui aceita numa faculdade em New York.

Ele recuou no mesmo momento, e se sentou. Devia estar processando as informações. Não o culpei por isso.

— E você só me conta isso agora?!

— Eu queria ter dito antes, esperei o momento certo.

— E qual era?! Esperou eu me declarar feito um idiota, pra depois dizer que vai embora?! Você tem razão quando me chama de imbecil, com certeza!

— Percy, me deixa falar, por favor. — Supliquei, e ele apenas me olhou — Eu não sabia que você ia se declarar, eu não queria que tivesse acontecido dessa forma.

— Existem tantas faculdades perto! Tem uma na cidade vizinha! Por que você escolheu justo New York? — Ele abaixou a cabeça.

— Por que a minha vida não é aqui, ok?! Eu quero bem mais do que viver no interior. New York é o meu caminho para a felicidade. É difícil entender isso?

— Muito. — Não esperava uma resposta tão dolorosa, admito. E seu olhar não ajudava muito. — Eu me declarei, porque achei que teria alguma chance com você! Achei que poderia ser algo… Eu não sei.

— Percy… — Estava segurando as lágrimas.

— Boa sorte com a sua vida em New York. Tomara que esqueça logo toda a infelicidade da cidade. Afinal, você só vai ser feliz em New York, né?

Ele não me esperou terminar. Desde aquele dia, nunca mais me olhou, ou falou comigo, até a noite da festa. Eu já estava mais conformada, confesso. Com ele longe, conseguia me acostumar com a ideia de que não o veria mais, mas não foi assim.

Percy estava tão lindo na festa que me fez ficar boba. A roupa era simples e casual, mas eu nunca conseguia deixar de admirar os olhos verde-mar, e os cabelos escuros que ele possuía. Era completamente apaixonada por cada detalhe dele, Percy sempre foi, pra mim, um garoto muito bonito. Mas não tinha namorada. Sei que era errado, mas isso me deixava feliz.

Eu estava tentando evitá-lo, nos fundos da casa, onde conseguia ver as estrelas, e um campo muito bonito, e então, alguém apareceu do meu lado. Não alguém. Ele.

— Oi. — Ele disse, o que me surpreendeu.

— Oi. — Retruquei, ainda surpresa.

— Amanhã é o dia.

— Eu sei. Percy, olha, eu só queria dizer qu—

— Eu ainda sou apaixonado por você.

Sabe quando tudo desaba? Eu me senti destruída, com um alívio, e um peso ao mesmo tempo. Como era possível ele me dizer aquilo justo naquela noite? Desejei que ele me detestasse, que não falasse mais comigo. Ao menos, seria mas fácil que saber que na manhã seguinte, eu deixaria o garoto de quem gostava com o coração partido.

— Ah, Percy…

— Fica. É bem melhor que o seu sonho idiota de viajar e ser uma arquiteta.

Meu coração disparou ainda mais. Tanto pela tristeza, quanto pelo ódio.

— Sonho idiota? — Repeti, incrédula de que ele tinha mesmo dito aquilo — Percy, eu não vou desistir de nada! Eu não posso ficar só porque você quer que eu fique.

— Eu gosto de você!

— Gostar não é o suficiente. — Retruquei, com frieza. — Eu não posso, e não vou desistir. Se veio aqui só pra isso, vá embora!

— É, você continua não dando a mínima pra mim.

— E você continua sendo um egoísta estúpido! — Aquilo pareceu o surpreender. — Acha que tudo se resolve com “eu gosto de você”. Acha que isso me priva de querer seguir os meus sonhos! Você só pensa pelo seu lado!

— Perdi meu tempo vindo atrás de você.

— Concordo. Vai embora, e me deixa em paz.

Aquilo me doía tanto. Senti meus olhos úmidos, apenas com as lembranças de Percy me invadindo. Reyna ergueu a sobrancelha e suspirou, segurando minha mão.

— Recomeços as vezes são o que mais precisamos. — Balancei a cabeça e respirei fundo. — Vamos ser grandes profissionais, reconhecidas e bem-sucedidas. Não somos mais crianças, somos garotas crescidas. E garotas crescidas não choram.

Garotas crescidas não choram. Daquele momento em diante, aprendi.


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Notas finais do capítulo

Comentem comentem! Mega ansiosa e