Era a primeira vez que eles entravam na Toca depois da guerra, a sensação de estar em casa era extremamente reconfortante, mas ao mesmo tempo triste, Fred não voltou com eles, agora eram apenas oito Weasleys.

Rony estava extremamente exausto, nesta manhã tinha acontecido o velório de todos que morreram na guerra, saber que o corpo de seu irmão estava no meio de tantos outros lhe causou uma dor que dilacerava seu peito.

Agora em casa, só pensava em dormir. Sua mãe, ainda abatida, movimentou a varinha e no mesmo instante, tudo ficou limpo.

– Vá descansar, mamãe – falou Rony segurando a mãe pelos ombros e a levando para o quarto dela e Arthur.

– Obrigada, querido, vá dormir também...

– Não precisa pedir duas vezes!

Ao chegar no quarto, encontrou Harry terminando de vestir a roupa. Ele pegou uma bermuda leve qualquer, uma cueca e sua toalha e rumou para o banheiro. Logo ele voltou pro quarto encontrando Harry deitado olhando pra cima.

– Tudo bem, cara?

– Eu é quem deveria estar perguntando isso, Ron – Harry se sentou na cama – como se sente?

– Fraco e vazio – Rony olhava o nada – mas sei que vai passar, não se preocupe!

– Não me mande não me preocupar, você esteve comigo esse tempo inteiro.

Rony não falou nada mais, apenas se deitou em sua cama e torceu para que o sono chegasse e se esquecesse que seu irmão estava morto.

Quando acordou, percebeu que ainda era cedo, provavelmente tinha acabado de amanhecer, logo reparou em uma coruja que esperava pacientemente por alguém na janela de seu quarto. Ele se levantou, abriu a janela e retirou o pequeno papel enrolado que ela carregava.

Era pra ele, e logo pode reparar que seu nome estava escrito na letra de Hermione, ficou preocupado e rapidamente abriu a carta. Ficou mais tranquilo quando leu o conteúdo.

Ron, falei com o novo ministro (sim, é estranho chamar o Kingsley de ministro) e ele disse que hoje iria me ajudar a encontrar meus pais, então não poderei ir à Toca hoje, me desculpe, espero que você entenda, quero logo traze-los para a vida normal que eles tinham. Não me responda, provavelmente já terei ido quando a coruja chegar a você. Assim que eu voltar, apareço na Toca, não se preocupe comigo, e manda um abraço a todos daí.

Beijos, Hermione.

Rony não sabia o que sentir, nem fazia dois dias que a guerra tinha acabado e ela já estava por aí, se esforçando mais uma vez. Por mais que quisesse, não conseguia deixar de ficar preocupado.

Só poderia torcer pra que ela encotrasse os pais logo e voltasse pra casa.

Algum tempo depois, Harry acordou e ele lhe mostrou a carta de Hermione, percebeu que Harry também ficou preocupado.

– Por que ela não nos esperou? Poderíamos ajudar!

– Foi o que pensei também, mas você sabe como ela é, ela não gosta de incomodar...

– Pior que sei, agora só nos resta esperar que ela volte! – Harry estava irritado – Droga, Mione!

– Teremos uma conversa séria com ela, vamos descer, estou sentindo o cheiro da comida que eu tanto senti falta! – Rony correu saindo de seu quarto e descendo as escadas.

Quando Harry chegou na cozinha viu que todos os Weasleys já estavam lá. A senhora Weasley estava, como ele viu tantas vezes, balançando a varinha e jogando na mesa comida para todos. Logo ele se sentou ao lado de Gina e aproveitou o café da manhã.

– Cara, vocês tem noção do quanto eu senti falta dessa comida? Não comi algo decente por meses! – Rony falou de boca cheia.

– Não deixem a Hermione ouvir isso, mas eu também senti. Não podemos menosprezar o quanto ela trabalhou pra que Rony reclamasse menos da comida.

– Hey, eu não reclamava!

– Reclamava sim, e não estava nem aí pros sentimentos de Hermione que tentava botar alguma coisa na mesa, vivia reclamando!

– Não vou discutir isso enquanto estiver comendo – falou ele ainda de boca cheia.

– Pelo menos ele aprendeu algo com Hermione – Gina falou se levantando da mesa e levando seu prato à pia.

A semana se passou e eles só receberam uma carta de Hermione, avisando que havia encontrado os pais e que logo estaria de volta, mas ia passar algum tempo com os pais antes de voltar pra Inglaterra.

Todos entenderam os motivos dela, afinal, tinha passado quase um ano sem ver os pais, e provavelmente, estava querendo descansar um pouco depois de tudo que passou.

Harry lhe respondeu dizendo que estava feliz que eles estavam bem e que todos estavam com saudades dela. Pediu também, que ela desse um jeito de avisar quando fosse voltar pra que eles fossem a encontrar no aeroporto, já que ela vinha com oa pais e as bagagens, não podia vir por uma chave de portal.

Os dias que se passaram na Toca foram de apenas arrumações, a casa estava meio danificada, tinham certeza que era obra dos comensais. Mas logo tudo estava no lugar.

Harry, Rony e Gina passaram alguns dias limpando a casa do Largo Grimmauld, Harry tirou alguns galeões do Gringotes (do que sobrou dele) e comprou alguns novos móveis e cortinas. A casa ficou totalmente mudada.

Os quadros foram dados a monstro, que logo os colocou dentro de seu velho armário junto com as coisas que queria guardar de seu antigo senhor, Régulo.

Uma semana depois de feita a limpeza na antiga casa dos Black, uma coruja chegou e bateu com o bico na janela do quarto de Rony, que levantou apressado e logo retirou a mensagem que ele trazia.

Ron,

Como você está? E os outros? Espero que estejam aproveitando esse período calmo depois de tanta tribulação.

Estou escrevendo porque estarei voltando logo pra casa, no próximo sábado estarei embarcando em um voo com meus pais da Austrália para a Inglaterra, passarei vinte horas no avião esperando ansiosamente para ve-lo, estou com saudade. Beijos!

Hermione

Rony abriu um sorriso largo ao terminar de ler, ao descer as escadas saltitando deu de cara com Harry e Gina sentados e de mãos dadas no sofá da sala.

– Viu um passarinho verde, Ron?

– Acho mais fácil ele ter visto alguma coruja com uma carta da Mione! – Harry e Gina riram e logo depois pararam quando viram o que Rony havia jogado no colo de Harry.

Ele e Gina leram a carta rapidamente, logo compreenderam os motivos da alegria de Ron.

– Então, sábado estaremos no aeroporto a esperando, não é?

– É claro! – respondeu Rony rapidamente.

Era 23h da noite de sábado quando o avião de Hermione chegou. Harry, Gina, Rony, Arthur e Molly estavam a espera. Quando viu os amigos deu um sorriso cansado e caminhou até eles, seus pais vinham logo atrás com suas bagagens e também sorriram pros antigos amigos de sua filha.

Hermione foi recebida por muitos beijos e abraços de todos que estavam lá. Arthur, Rony e Harry logo foram ajudar seus pais com as bagagens e levando até o caro enfeitiçado, no carro também tinham feito um feitiço de extensão, todos se acomodaram bem em seus lugares.

Ao chegar na casa dos Granger, tudo já estava organizado, Arthur e Molly logo foram embora, deixando os donos da casa com uma refeição deliciosa que ela tinha feito.

Hermione insistiu que Gina, Harry e Rony dormissem lá com ela pois estava com muita saudade.

– Irão dormir no mesmo quarto? – perguntou Molly

– Sim! – responderam os quatro ao mesmo tempo.

– Mas o que...

– Mãe, Harry, Mione e eu passamos meses dormindo no mesmo lugar e nunca fizemos nada!

– Mas você a Herm... – foi interrompida novamente.

– Não se preocupe, Molly, eu sei que eles são responsáveis – falou a mãe de Hermione – eu não me importo se eles dormirem no quarto dela.

– Certo, então vamos indo

Depois de comerem, logo foram todos para o grande quarto de Hermione e conjuraram dois colchões de casal no chão. Trocaram de roupa e se jogaram nos colhões, como estavam querendo ficar conversando por muito tempo, jogaram o Abaffiato ao redor do quarto e começaram a conversar animadamente sobre tudo o que tinha acontecido nesses tempos.

– Nós limpamos a casa do Largo, nem parece mais a mesma casa – falou Gina.

– É verdade, por incrível que pareça, até monstro gostou da reforma – Harry se jogou ao lado de Gina, enquanto tirava Rony de lá.

– Verdade, a comida dele melhorou muito! – Falou Rony ainda emburrado por ter sido tirado de seu lugar.

– Você só pensa em comida, não é? – Ralou Hermione dando-lhe um beliscão no braço.

– Na verdade... – ele pensou – ultimamente eu tenho pensado mais em você do que em qualquer coisa – falou ele distraído, olhando pro teto do quarto dela, depois de ter se deitado ao seu lado.

Hermione sorriu envergonhada e olhou pra Harry e Gina que sorriam maliciosamente olhando dela pra Rony.

– Não me olhem assim! – Hermione virou o rosto corada para o lado oposto ao dos amigos.

– Só não vão ficar se agarrando na minha frente! – falou Harry pondo uma língua pra fora.

– Hunf! Olha quem fala! Vive se agarrando pelos cantos da Toca com minha irmã.

– Esteve com inveja esse tempo todo, Rony? Só porque a Mione não estava aqui pra você agarrar ela enquanto eu estava me agarrando com o Harry.

– Aff – Rony se virou para o lado oposto e Hermione só pode rir da atitude infantil dele.

– Gente, tô cansada! – falou Hermione se dietando no colchão e se cobrindo – Boa noite pra vocês!

– Também estamos indo dormir – falou Gina se agarrando com Harry e os cobrindo.

Hermione virou-se de lado e deu de cara com as costas de Rony, ela sorriu e passou o braço pela cintura dele, ele logo agarrou sua mão e ela encostou nele, se aconchegando.

Ela deu-lhe um beijo no ombro e murmurou – Boa noite, Ron...

– Boa noite, amor.