Hoshi escrita por Arika Kohaku


Capítulo 1
OneShot - Hoshi


Notas iniciais do capítulo

Fiz esta história ao som de One Million Roses, cover de JongHyun dos SHINee... partes da letra dessa música aparecem aqui... não revi, pq ainda estou a chorar, a história saiu uma "merda", mas eu tinha que tentar deitar cá para fora a mágoa que senti hj... e mais nao quero dizer... ainda nao revi os erros, esta foi escrever e postar... desculpem, quando o meu espirito tiver melhor eu irei rever os erros... Beijos



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Sem nenhum ódio, ódio, ódio

Quando só dou amor sem reserva

Um milhão, milhão, milhão

De rosas florescendo”

Ah, hoje a noite está fria. Mas só está mais fria que ontem, de tantos Invernos que passaram por mim, eu sei que existem noites muito, muito mais frias. Porém, hoje está mais fria. E pelo que já posso perceber da vida, vai ficando cada vez mais frio conforme o Outono avança e conforme o Inverno chega. O Inverno aqui é realmente frio e para os meus lados chove bastante, embora isso seja conforme o ano. Ás vezes chove todo o ano!

Mas hoje a noite está fria. Estou a constatar isto porque terei de me habituar à ideia: a noite está fria, para me custar menos a passar a noite (fria). E noites mais frias virão, não tenho qualquer dúvida. E a noites mais frias terei de me habituar. O Verão é uma bênção no que toca a dormir numa varanda. Bem, é uma bênção pelo menos durante certos períodos, como o fim da tarde que traz a sombra depois do sol tórrido do dia. Então, acho que cheguei a uma dúvida: o que é melhor? O Verão ou o Inverno? Talvez seja a Primavera ou o Outono... Ou talvez não seja estação nenhuma.

Esperem um pouco, acabei de ouvir a tranca da porta. Trazem-me comer. Um pouco de tudo, um requinte de ossos, peles de frango e outras coisas que não sei o que são. Mas que como. Eu como tudo, a minha boca não se faz rogada e a minha cauda abana animada. Abana por pouco tempo. Acabaram de dizer que sou um porco. Caguei a varanda. Mijei a varanda. Cheira mal, os vizinhos vão ficar chateados. Sou um porco. Serei um porco? Talvez seja, nunca vi nenhum. Em tempos disseram que eram um óptimo cão, um lindo cão, agora sou um porco. O afecto mudou um pouco, mas sendo um “cão lindo” ou um “porco”, eu ainda gosto deles. Será que eles sabem disso?

Pousaram o prato e já posso comer, mas antes de enfiar o nariz na tigela olho para aquela pessoa de quem gosto tanto. Podes dar-me uma festa? Sabes, aquilo que fazias com a mão sobre a minha cabeça e sobre o meu corpo? É isso que eu quero! Um carinho, pode ser?

Oh, oh, oh, tenho que comer, desculpem tenho de comer. Ela diz que se eu não comer que me leva o requinte embora. Não pode ser, eu adoro ossos, peles de frango e coisas misturadas. O “mix” é o melhor. Bem melhor que aquelas coisas redondas que vinham embaladas em sacos ilustrados com cães. Bem melhor do que aquelas latas de cheiros exóticos (eu, pelo menos, achava-os exóticos). Sim, sim, estes ossos são bem melhores que isso. Quem eu quero enganar talvez perguntem? Ninguém, eu não engano ninguém, eu sou mesmo assim. Amo cada coisa que me dão, cada coisa que fazem por mim. Não importa se é ração ou merda própria para o lixo. Eu sou assim. Não conheço outra forma de ser.

A pessoa que me chamou de porco já se foi embora, não fica aqui para ver se acabei de comer, ela sabe que eu como tudo. Tenho boa boca e não me faço de rogado, e a minha cauda jamais abana. Mas ela volta. Tem de lavar a “cagadeira” e “mijisse” que fiz, senão os vizinhos não gostam. Não sei quem são os vizinhos, mas também não quero saber, parece que não gostam de mim. Não sei o que lhes fiz para não gostarem mim, afinal eu nunca os vi e eles nunca me viram, nunca nos cruzamos. Pode ser que um dia me venham visitar à minha humilde varanda.

Terminei de comer e sento-me. Espero pelo momento em que a porta da varanda se vai abrir novamente. A pessoa tem que voltar para limpar a varanda do “porco”, e eu quero vê-la, porque eu adoro observá-la. Só que às vezes também tenho medo, ela traz aqueles instrumentos grandes, parecem ramos de árvores, acho que se chamam esfregonas e vassouras, e gosta de me os mostrar o que pode fazer com aquilo. Ela não precisava de mostrar tão perto, eu vejo bem!

Deito-me no meu canto. O vento sopra. Hoje está uma noite fria. E vejo daqui deste canto a minha varanda a ser limpa. Depois de limpa a pessoa vai-se embora e eu aproximo-me da porta da varanda. A luz está acesa e posso ver mais algumas pessoas lá dentro. Parece ser um ambiente quente. Ladro, apenas para que me vejam, para que olhem para mim. E olham e sei que estão furiosos, não é suposto fazer barulho, mas pelo menos olharam para mim. E falaram comigo, alto para me mandar calar, mas viram-me, sabem que aqui estou.

Fecham o estore e a imagem da família feliz desaparece. Fico apenas com a luz dos candeeiros da rua, o som de alguns carros que passam lá em baixo, o assobio do vento e a temperatura fria da noite. Esta uma noite realmente fria. Pelo menos tenho a minha varanda limpa. Mas só depois do sol nascer, e só depois de voltar a cair, ou seja, amanhã à noite é que voltarei a ver alguém a abrir a porta da varanda para me dar um prato de restos.

O meu nome era Hoshi, antes de ser “porco” para todos os sentidos, no meu nome e no meu ser. Diziam que os meus olhos eram tão  amarelos como as estrelas e, por isso, deram-me o nome de “estrela” (Hoshi). Faz muito tempo que esta varanda passou a ser o meu mundo. Nunca compreendi porquê, teria de perguntar às pessoas, mas ainda não aprendi a falar a língua delas. E talvez nunca vá conseguir aprender, o meu tempo de vida é curto, não devo ter tempo de decorar tudo o que o seu mundo complicado tem para me ensinar.

E hoje está realmente uma noite fria...

Depois de tanto tempo dando tudo

Incluindo uma vida

Aparecendo do nada durante a chuva

Tal amor me carregará nos seus braços.”


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Notas finais do capítulo

Tirem daqui as ilações que quiserem... eu apenas me quis meter na cabeça de um cão e não quis fazer juizos de valor maiores, isso fica para nós humanos, este é só sobre a cabeça do cão e não do Homem...
Beijos
Ari-chan



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