Molly & Arthur escrita por Thiago, Thiago II


Capítulo 19
Momento constrangedor


Notas iniciais do capítulo

Hei, demorei e finalmente estou postando.
Capitulo para vocês.
Boa leitura.



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10 de Julho de 1964

Molly teve a sensação de que acabara de se deitar para dormir no quarto de Septimus quando foi acordado pela Sra. Weasley. A ruiva havia acabado por adquirir uma cama de armar daquelas dobráveis e com um colchão fino mesmo assim não tirava o conforto e aquela boa temporada que tivera desde o momento em que chegara ali.

A jovem não se importou afinal teria que dividir o quarto com Danielle e por ela estar grávida deveria ter alguns privilégios como poder dormir numa cama mais adequada. Mesmo assim a noite ainda tinha sido bastante agradável tanto que parecia ter sido difícil para acordar.

_ Molly, já é hora de levantar... — sussurrou Cedrella e a garota abriu apenas um pouco os olhos para fitar a mãe de Arthur - Já fiz o café da manhã, apenas apronte-se, prepare suas coisas e desça para poder comer algo antes de irmos, minha querida.

_ Obrigada, Sra. Weasley – agradeceu Molly mesmo que tivesse apenas escutado palavras aleatórias daquela frase e a mulher sorriu – obrigada pelos cobertores extras também.

_ Disponha minha querida... – falou Cedrella - Eu sei o quanto as noites de Londres podem ser frias algumas vezes - Então se afastando para poder acordar Danielle que dormia em outra cama.

Molly tateou a procura do relógio despertador e ao encontra-lo trouxe até si mesmo que não pudesse ver nada naquela escuridão. A garota pegara a varinha e usando o feitiço de iluminação pode ver o horário marcado pelos ponteiros. Era realmente bem cedo mais do que costumava acordar quando estava em casa. Suspirando foi que a garota puxou as cobertas para longe e se sentou na cama.

Ainda estava escuro lá fora como pode ver pela fresta da janela. Danielle resmungou alguma coisa quando a mãe de seu noivo a acordou sendo que ela estava envolta num amontoado de cobertas que ocupava a cama toda.

Cedrella então saiu do quarto deixando as garotas para trás. Danielle estava com o rosto inchado ainda pelo sono assim como o cabelo despenteado e Molly teve uma ideia que deveria olhar de uma maneira semelhante. A garota de cabelos castanhos então se moveu em seu lugar.

Aos pés do colchão da garota começou a se mover algo. Molly apontou a ponta luminosa da varinha para ver o que poderia ser. E para espanto dela foi que ela viu uma forma grande emergindo de um emaranhado de cobertas. Era uma cabeça conhecida que surgia por detrás do ombro de Danielle.

_ Já está na hora? — exclamou SJ tonto de sono então se voltando para a ruiva e sorrindo meio bobo pela situação embaraçosa que era aquilo – Olá Molly.

_ Oi – disse Molly sentindo seu rosto corar ao perceber o que tinha acontecido e pode perceber que Danielle estava igualmente sem jeito. SJ bem que tentou se inclinar para beijar a noiva para deseja-la um bom dia só que a garota simplesmente o parou no meio do ato e lhe bateu com o travesseiro.

_ Hei – falou SJ colocando a mão no rosto para se proteger dos golpes aplicados com o travesseiro – Pare Danny... – a garota então parou mesmo assim seu rosto ainda não era dos melhores - O que foi que eu fiz? - o ruivo parecia estritamente confuso.

_ Teve sorte de sua mãe não ter dito nada – falou Danielle.

_ Ela nem percebeu que eu estava aqui – disse SJ – Está escuro demais.

_ Quanto a ela? – perguntou Danielle olhando para Molly que apagou a varinha para que a garota não pudesse ver seu rosto corado de vergonha.

_ Molly? Ela não vai dizer nada – falou SJ parecendo bastante certo disso.

_ Não mesmo – respondeu Molly automaticamente para ser sincera ela tinha vontade de poder esquecer tudo àquilo porque era constrangedor demais.

_ Você deveria ter ido para seu quarto quando eu pegasse no sono – falou Danielle.

_ Eu quis ir só que eu preferi ficar com você – disse SJ então olhando para Molly – O bebê chutou essa noite e ela acordou para me dizer... – um sorriso se abriu no rosto do rapaz - Ficamos um tempo esperando para ver se iria fazer de novo e ele fez. Realmente tem um bebê ai dentro.

_ E você achou que fosse o que? – perguntou Danielle parecendo irritada enquanto puxava as cobertas para longe - Um filhote de hipogriffo? – Então voltou para olhar para o ruivo - Ou estava sugerindo que eu estou apenas gorda hein? – ela bateu no peito do rapaz – Responda-me Septimus Weasley Jr.

_ O medibruxo disse que são os hormônios que estão fazendo o humor dela oscilar – respondeu SJ para Molly – Já estou acostumado com esse tipo de coisa – Então se voltou para Danielle – Eu só estava dizendo que estou emocionado por saber que vou ser pai e a ideia de que esse momento foi um dos mais marcantes pelo que já passei.

_ Mesmo? – falou Danielle parecendo mais calma e emocionada.

_ Mesmo – disse SJ dando um beijo rápido nos lábios dela antes de se levantar da cama e seguir rumo ao lado de fora do quarto – Nos vemos lá embaixo – então saiu.

_ Até mais – falou Danielle e Molly desviou o olhar quando a bruxa voltou seus olhos para ela – Acho que nós nunca nos falamos de verdade, não é mesmo... Molly? Posso te chamar de Molly não?

_ Acho que sim – respondeu Molly se voltando para fita-la – Eu realmente não vou contar nada pode ter certeza disso – a morena sorriu para o jeito com que a adolescente havia falado.

_ Eu imagino o que deve ter pensado quando viu o SJ aqui e foi natural que pensasse mal de nós - falou Danielle - afinal na situação em que estamos não é como se as pessoas fossem ser agradáveis ou nos vejam como as pessoas mais responsáveis de todas.

_ Não há problema nenhum em estar indo para se casar grávida – disse Molly – vocês se amam e é isso que importa – a bruxa sorriu para a garota certamente pensando em como tudo aquilo surgia tão apaixonante.

_ Eu não me arrependo de estar grávida até porque já amo esse bebê desde o momento em que soube que ele estava aqui dentro de mim – falou Danielle – É uma sensação que só saberá quando for mãe porque não há como se explicar de uma forma melhor – ela fez uma pausa e Molly pode ver seu rosto pela luz que passava pela porta – só que não é assim que o nosso mundo vê.

_ Danielle – disse Molly olhando para a grávida e se inclinando para poder tocar nas mãos dela – Não precisa se importar com os outros é apenas com o bebê que deve pensar agora.

_ Eu sei é só que... – falou Danielle - Quando olham para mim tudo que veem é apenas mais uma garota que simplesmente foi rápida demais porque ainda sou solteira – ela apertou mais firmemente as mãos de Molly - não importa para eles se eu e SJ vamos nos casar porque tudo que veem é uma gravidez concebida fora do casamento – então voltou-se para olhar a garota – você mesma deve ter pensado por alguns segundos que eu e ele poderíamos ter feito alguma coisa essa noite.

_ Eu... – disse Molly parecendo sem jeito.

_ Não se envergonhe – falou Danielle parecendo mais controlada e Molly pensou que era verdade o que SJ tinha falado sobre os hormônios – Eu na sua situação teria pensado a mesma coisa.

_ Olha, eu não me importo por você está indo para se casar grávida porque isso não é importante para se julgar quem é de verdade – falou Molly – Você e SJ serão felizes. E a vida que cresce em você é apenas parte dessa vida que vocês juntos porque agora será uma família.

_ Pessoas voltaram as costas para mim – disse Danielle – alguns tios se afastaram e perdi amigas porque seus pais acharam que eu simplesmente não era com quem deveriam andar – ela estava esfregando seus dedos contra os de Molly - Primeiro porque sou uma grávida solteira e segundo porque estou envolvida com um Weasley.

_ São uns idiotas – falou Molly – você não precisa deles e acredite isso poderia ser pior.

_ Como o que? – questionou Danielle.

_Tios não são nada – disse Molly - Seus irmãos poderiam virar as costas para você como os da minha mãe fizeram com ela – a ruiva se endireitou em seu lugar – quando souberam que ela estava grávida.

_ Sua mãe também engravidou antes de se casar? – perguntou Danielle.

_ Sim – disse Molly – E o fato de ser de um homem mais velho também não ajudou muito nas coisas – ela suspirou pesadamente – Meus avós aceitaram e não viraram as costas para ela afinal era filha deles só que seus irmãos não iriam aprovar o que aconteceu e eles meio que foram tentar tirar satisfação com meu pai sobre isso.

_ E o que aconteceu? – perguntou Danielle.

_ Meus tios levaram a pior já que meu pai era um bruxo muito bom em duelos tanto quanto é com poções – disse Molly – Eles cortaram laços com minha mãe por não aprovarem o que aconteceu – ela fez uma pausa - Mesmo depois da morte dela... Nada mudou. Porque ainda é meio que difícil essa aproximação do meu pai com qualquer um deles e suas famílias.

_ Você já falou sobre isso com alguém? – questionou Danielle e a ruiva negou – Nem com Arthur? – e a garota tornou a manear a cabeça negativamente – Isso é tão... – ela parecia tão surpresa - Merlin... – a bruxa não tinha palavras certas para dizer naquela situação - Molly... Eu...

_ Eu não me importo – disse Molly – Sou feliz o suficiente com a vida que levo e com a família que tenho. Eu queria que fosse diferente é claro só que não acredito que algum dia vá ser possível... Eu tenho primos que não convivo e meus irmãos nem ao menos sabem dessa historia – ela se levantou da cama e foi até sua janela para abri-la - sendo que eu também não deveria saber se não fosse por meu Tio Ignatius contar-me quando perguntei sobre a família da minha mãe.

_ Obrigada – respondeu Danielle.

_ Pelo que? – disse Molly sem entender.

_ Por me fazer perceber o quanto as coisas poderiam ser piores – falou Danielle – Sei que soa egoísta isso só que... – a ruiva riu com o quanto a garota parecia sem jeito por se sentir melhor depois de ouvir aquela historia triste.

_ Tudo bem, de verdade... – disse Molly enquanto abria sua mala para tirar as roupas que iria usar – Eu só lhe contei isso porque achei que iria servir de exemplo mesmo apesar de toda essa situação é sortuda por ter pessoas mais importantes para você que lhe apoiem.

_ É verdade o que dizem – falou Danielle – Você é adorável.

_ Quem fala algo assim? – perguntou Molly parecendo um pouco sem jeito imaginando de quem pudesse se tratar e a bruxa sorriu para a ruiva – Quero dizer... Eu apenas tento ser legal com as pessoas.

_ Não, você não tenta Molly – rebateu Danielle – você é legal de uma forma tão doce que acaba que é quase impossível que alguém não goste – ela se levantou da cama e começou a tirar a camisola – Quem lhe chamou de adorável? Foi a Sra. Weasley quando nos disse que você viria.

_ Bem, ela podia estar sendo gentil... – falou Molly ainda meio sem jeito – Mesmo assim é bom saber que ela gosta de mim tanto assim.

_ Pode ser surpresa para você ou não – disse Danielle – Mas já conquistou essa família, não é apenas Arthur que tem carinho por você além dele parece que outras pessoas se não todos eles gostam muito dessa garota chamada Molly Prewett. Devo dizer que até de inicio fiquei um pouco enciumada.

_ Enciumada? – questionou Molly.

_ Ela parece gostar mais de você do que de mim e isso meio que me fez... Sabe? Ter ciúmes porque afinal sou eu que estou quase ingressando na família e que está junto de um dos filhos dela – falou Danielle – meio ridículo, eu sei só que acho que só não entendia muito bem que você esteve por perto deles em várias ocasiões enquanto eu meio que apareci do nada de repente me metendo na família.

_ Eu não sou assim... – disse Molly - da família...

_ Oh, não seja boba Molly – falou Danielle – você está chegando sorrateira para tomar seu posto e já conseguiu – ela riu – basta que o Arthur perceba isso e lhe confesse logo o que todos já perceberam. Alias, quer uma dica? Tome a atitude.

_ Tomar a atitude? – questionou Molly.

_ É, garotos Weasleys são meio lerdos para tomar a iniciativa – disse Danielle – falta de segurança se é que consegue compreender. Eu sei muito bem, SJ nunca que teria me chamado para um encontro se não fosse por eu dar o primeiro passo e convidá-lo para ir a Hogsmeade comigo.

_ Arthur e eu já fomos a Hogsmeade – falou Molly e Danielle pareceu interessada – como amigos – e a bruxa pareceu revirar os olhos para aquele comentário – Não sei se ele sente a mesma coisa por mim...

_ Então, você gosta dele? – sorriu Danielle e Molly não respondeu – Oh, vamos lá...

_ Eu acho que sim – disse Molly insegura enquanto se sentava na cama e via a bruxa trocar de roupa a sua frente – quer dizer... Nós somos amigos e eu posso estar confundido as coisas... Talvez acabe perdendo a amizade dele se falar alguma coisa.

_ Bobagem – falou Danielle enquanto sua cabeça surgia no buraco de sua blusa e depois vestindo as mangas – você pode estar apenas atrapalhando as coisas para você... Tome uma atitude Molly – ela calçava os sapatos agora - vá e chame o Arthur para um encontro que aposto que vai impressioná-lo.

_ E se ele achar que é uma piada? – falou Molly – Ele pode achar que estou brincando e não levar a sério – ela realmente não iria conseguir suportar caso ele risse ao seu pedido – Ou posso amedronta-lo, afinal o certo é os rapazes chamarem as garotas para os encontros e não ao contrário.

_ Ah, pelo amor de Merlin... – disse Danielle – isso é tão careta – ela fitou a ruiva – Nós estamos no século 20. Uma garota tem todo o direito de chamar um rapaz para sair sem que haja problemas.

_ Mas é estranho – respondeu Molly.

_ Não – disse Danielle – É diferente – e se levantou da cama e se aproximou da garota - você sabe o quanto Arthur gosta de coisas diferentes.

_ Eu... – falou Molly.

_ Pense sobre isso – disse Danielle – Apenas tente cogitar essa ideia.

_ Eu farei – prometeu Molly enquanto se levantava para ir mudar de roupa.

_ Sabe, acho que nunca conversamos de verdade antes de hoje – falou Danielle – acredito que tenha sido porque temos essa nossa diferença de idade – e a ruiva concordou – Até que é legal não? – ela começou a pentear o cabelo antes de amarra-lo em um rabo de cavalo - Digo, somos mulheres num circulo quase que todo masculino fora é claro a Sra. Weasley.

_ Eu também gostei – disse Molly – E entendo o que quer dizer... Sou a única garota da minha casa e as mulheres mais próximas de uma convivência são minhas tias que tem tipo umas várias décadas a mais do que eu.

_ Posso agir como uma irmã mais velha – respondeu Danielle – Eu tenho irmãs caçulas já e convivo muitíssimo bem com elas – olhou para a ruiva que agora tirava seu pijama - mas que mal pode fazer se eu quiser adotar mais uma postiça? Eu prometo ser uma boa influencia – então fez uma pausa parecendo pensativa - só desconsidere o fato de eu ter engravidado antes do casamento – e as duas riram.

_ Pode deixar – falou Molly enquanto terminava de colocar suas sapatilhas após já ter colocado sua saia e meia-calça – Acho que já devem estar preocupados com a nossa demora – e a morena assentiu enquanto olhava para o relógio despertador.

_ Hei Molly... – disse Danielle se voltando para a garota – Você é legal.

_ Obrigada pelo elogio – respondeu Molly sorrindo enquanto colocava sua blusa – você também não é uma má pessoa – então percebeu que a bruxa estava fazendo uma expressão meio estranha parecendo até mesmo tendo perdido a cor por conta da palidez em sua face – Alguma coisa errada, Danielle?

_ Enjoo matinal – falou Danielle e a ruiva pareceu compreender.

Molly se aproximou de Danielle indo para apoia-la e então abrindo a porta para que pudesse levar a garota ao banheiro. Ao abri-la foi quando viu que Arthur estava ali fora como se tivesse próximo de bater na porta. A grávida apenas empurrou o garoto para fora de seu caminho enquanto seguia para o banheiro apressadamente deixando os dois adolescentes para trás se olhando.

_ O que... – disse Arthur então olhando para Molly – Oh, bom dia Molly.

_ Bom dia – respondeu Molly olhando para Arthur e percebendo que tinha colocado naquela manhã uma camiseta xadrez de flanela com um par de calças jeans do tipo que trouxas usavam – acabou de acordar?

_ Não, apenas vim chama-las porque mamãe estava estranhando a demora de vocês – falou Arthur olhando para Molly.

Ele a encarava nos olhos só que então acabou descendo um pouco o olhar parecendo por alguns segundos ao encarar o fato de que aparentemente Molly tinha esquecido de abotoar a blusa. Arthur engasgou um pouco com o fato de estar encarando parte do sutiã da ruiva e ficar preso ao fitar por mais do que o necessário.

_ Arthur? – chamou Molly ao perceber que o garoto lhe encarava – o que você está... – ela abaixou o olhar para o ponto que o rapaz olhava e não completou a frase ao perceber do que se tratava.

E então Arthur desviou os olhos quando ela percebeu. O garoto corou furiosamente enquanto mantinha as mãos nos bolsos e tentava imensamente fazer com que o chão se abrisse com o seu olhar e o engolisse tamanha era a sua vergonha. Ele levantou o olhar para fita-la pelo canto deles.

Molly parecia igualmente seu jeito já que sua face irradiava uma coloração avermelhada de pimentão enquanto a garota tentava nervosamente fechar os botões de sua blusa. E Arthur se voltou de costas para de alguma forma que aquilo não parecesse tão ruim. Ele ainda tinha a visão em mente do que havia visto.

Estúpida, aquela era a palavra que vinha a mente de Molly repetidas vezes. Como podia ter sido tão estúpida por não ter tido tempo em abotoar a blusa? Certo que como que iria adivinhar que Arthur estava ali fora e fosse vê-la daquela forma. Como estava se sentindo envergonhada que apenas queria enfiar a cabeça em um buraco no chão.

Ela olhou de relance para frente para ver se o garoto tinha desviado o olhar dela e concluiu que com um ato de cavalheirismo foi que Arthur havia virado de costas. E então acabou que a ruiva se voltou de costas para o rapaz também talvez não vê-lo fosse diminuir seu nervosismo e ela conseguisse fechar aqueles botões. Funcionou afinal e ela conseguiu abotoar sua blusa.

_ Mamãe mandou vocês descerem assim que estivessem prontas – disse Arthur ainda de costas – Falou que eu devia ver o que aconteceu com vocês para atrasarem e dizer que o café da manhã já está pronto.

_ Tudo bem – falou Molly também de costas para ele – Eu só vou esperar por Danielle para descermos juntas.

_ Certo – respondeu Arthur então olhando por cima do ombro – Tudo bem... – ela também olhou para encará-lo - Acho que já vou descendo então.

_ Tudo bem... – falou Molly e Arthur pareceu que fosse dizer mais alguma coisa antes de fechar a boca e se voltar para ir em direção ao corredor e as escadas.

Arthur ficou se perguntando se deveria se desculpar ou simplesmente deveria fazer de conta que nada tinha acontecido. Achou melhor pela segunda opção e agradeceu imensamente por Molly não ter feito nenhuma cena com aquilo. Aparentemente tinha sido um momento constrangedor para os dois.


O rapaz acabou encontrando Billius que havia sido o último a acordar da casa. Ele ainda estava demasiado sonolento e apenas desejou um bom dia ao irmão quando o viu. Os garotos seguiram lado a lado em silêncio já que o mais velho estava demasiado sonolento para falar. Billius apenas abriu a boca para bocejar um par de vezes enquanto se espreguiçava e coçava seu corpo certamente ainda tentando despertasse. Os dois irmãos desceram as escadas rumo à cozinha.

A mãe dos garotos estava mexendo o conteúdo de um grande tacho em cima do fogão enquanto o pai deles estava sentado à mesa ao lado de SJ. Ambos tomavam seus cafés da manhã sendo que o patriarca da família estava com os olhos no entretidos na leitura do Profeta Diário.

Verificava as noticias virando as paginas de pergaminho do jornal e parecendo franzir a testa para alguns assuntos que lia. Ergueu os olhos quando os garotos chegaram e abriu um sorriso para os filhos pousando o Profeta Diário na mesa em seguida removendo os óculos de leitura da face. SJ olhou no relógio de bolso para verificar as horas e então se levantou de seu lugar.

_ Está na hora, preciso escrever uma carta para o meu chefe e explicar que estarei fora esses dias – falou SJ - e que qualquer caso terá de contar com outra pessoa para resolvê-lo ou esperar que eu retorne.

_ A Danielle parece estar enjoada – disse Billius enquanto servia-se de café puro em uma caneca na tentativa de acordar – Eu a ouvi indo ao banheiro vomitar – então pegou a caneca com ambas as mãos e sentiu o aroma da bebida antes de bebe-la – Você deveria dar uma olhada nela, SJ.

_ Enjoo matinal – falou SJ – quando ela terminar eu levo uma poção para que beba... – ele pegou uma torrada indo mastigando para as escadas - Mamãe fez uma que tem ajudado nisso – então desaparecendo de vista.

_ Isso explica a demora delas – disse Cedrella então se voltando para o filho mais novo – você chegou a falar com Danielle ou Molly? – e o caçula assentiu – E então?

_ Molly falou que iria esperar Danielle para ver se ela precisasse de alguma coisa – respondeu Arthur – que dai as duas desceriam juntas.

_ O que você está vestindo? – questionou Billius ao olhar para o irmão.

_ Oh, isso? – falou Arthur esticando os braços para eles poderem ver melhor suas roupas – nós ganhamos algumas vestes trouxas na escola é meio que um dever prático que o professor de Estudo dos Trouxas passou. É para nos vestirmos como eles e escrevermos uma dissertação sobre como nos sentimos usando isto.

_ Não é tão incomum que bruxos usem roupas trouxas – falou Septimus – vários bruxos mestiços e nascidos trouxas usam apesar de serem bem poucos ainda – ele deu um gole em seu café então olhando atentamente o que seu filho usava - E olhando assim, até que parece confortável.

_ Aposto que já até fez o dever e só está usando essas roupas porque gostou delas – disse Billius e Arthur não respondeu – Eu já imaginava – deu gole em seu café - você não ia deixar para depois uma tarefa da sua matéria favorita.

_ Que é que vocês acham? — perguntou Arthur — Estou parecendo um trouxa ou não?

_ Está — aprovou Cedrella sorrindo — muito bom, querido.

_Por que acordarmos tão cedo? — perguntou Billius incapaz de reprimir um enorme bocejo.


— Ora, teremos de pegar a chave de portal para chegarmos ao campo, certo? — disse Cedrella fazendo flutuar com a varinha um panelão para cima da mesa e começando a servir o mingau de aveia nas tigelas — Logo, todos nós temos que acordar cedo já que o Tio Percy de vocês ficou encarregado de conseguir uma para nós.

_ Mas sempre nesse horário? – falou Billius chateado – Eu queria dormir mais um pouco – e sua cabeça tombou sobre a mesa com desanimo – Não podemos fazer diferente dessa vez? – sua mãe bateu em seu ombro fazendo com que ele se levantasse e aceitasse a tigela que ela lhe oferecia.

_ Pare de reclamar – falou Arthur.

_ Fala isso porque você é uma das razões para estarmos indo por chave de portal – respondeu Billius – se fosse mais velho já saberia como aparatar só que terá de espera por mais dois anos para isso.

_ Por favor, sem brigas na mesa do café da manhã – falou Septimus e os dois filhos se calaram tornando a voltar seus olhares para suas respectivas tigelas de mingau então o bruxo voltou-se para ler o seu jornal.

_ E onde foi que se meteram essas meninas? – falou Cedrella olhando para cima como se fosse capaz de ver através do teto então desviando o olhar e se voltando para servir-se de café do bulê – fiz algumas torradas caso vocês quiserem – ela empurrou um prato com algumas na direção de seus filhos.

Logo a mesa estava composta com todos quando Molly e Danielle entraram na cozinha acompanhadas de SJ e cada um deles tomaram seus lugares. Cedrella por fim sentou-se quando viu que só falta ela para que a mesa estivesse completa.

Então o café da manhã prosseguiu como deveria. Algumas conversas sobre como seria o acampamento com Septimus falando para Molly sobre como aquilo acabou se tornando uma tradição de família. Cedrella tentando se certificar que Danielle estava bem disposta para ir à viagem e se oferecendo para fazer mais um caldeirão de poção contra enjoamento.

Arthur estava calado e apenas assentia algumas vezes enquanto SJ tentava falar com ele sobre como tinha se saído no último ano que se passara em Hogwarts. Ele não estava muito interessado apenas que sua mente vagava para o outro lado da mesa tentando decifrar a expressão de Molly. Estaria a garota zangada com ele? Esperava realmente que não. Não tinha sido sua intensão.

— Então mamãe por que temos que ir todos juntos? — Falou Billius mal-humorado puxando um novo prato de mingau para perto — Por que não posso aparatar? Eu levo o Arthur comigo e outra pessoa poderia...

_ Já falei que não – respondeu Cedrella – Não está preparado para aparatar com outra pessoa até porque faz pouco tempo que você prestou esse teste então ainda é cedo para levar alguém com...

_ Deixe-me então ir sozinho – falou Billius insistente.

_ Não, você se perderia – disse Septimus para o filho do meio.

_ É muita falta de confiança em mim, hein – falou Billius parecendo indignado – vocês não acham que eu seja capaz de aparatar para um lugar que eu vou a não sei... – ele fingiu pensar por alguns segundos - Uns doze anos?

Molly estava em silêncio. Ela sabia que os pais de Billius tinham motivos para não confiar que fosse seguro para o rapaz aparatar, mesmo que fosse um lugar conhecido havia seus riscos de que ele aparatasse muito longe do que esperava assim como vários outros fatos que eram piores.

Ela sabia que aparatar era muito difícil e levando-se em consideração que o rapaz tinha aprendido muito recentemente era meio que arriscado que pudesse cometer algum erro. Aparatação era o meio mais barato e comum de transporte para os bruxos. Porque aparatar significava desaparecer de um lugar e reaparecer quase instantaneamente em outro. Poupar tempo e dinheiro.

Aparatar era perfeito para alguém que precisa constantemente saltar grandes distancias e para bruxos que não gostam de voar. Ainda mais que naqueles tempos o ministério estava severo sobre qualquer um que arriscasse ser visto voando durante o dia.

_ Eu prestei meus exames – disse Billius.

_ Na segunda tentativa – respondeu SJ – Você deixou uma parte de seu nariz para trás.

_ E dai? – falou Billius - Sempre acontece com alguém esse tipo de coisa boba – e se levantou da mesa então saindo apressado da cozinha e todos o ouviram subir as escadas.

_ Como é esse exame para poder aparatar? — perguntou Molly.

_ Ah, fácil... Pelo menos eu achei bastante simples — respondeu o SJ com o braço ao redor dos ombros de sua noiva — Eu fui o primeiro da minha classe a conseguir aparatar e isso até impressionou a nossa avaliadora.

_ Ele adora se exibir sobre esse fato – disse Danielle - Eu levei mais algum tempo e esse bobo aqui – indicou o noivo - Ficou me provocando sobre isso só que assistiu todas as aulas para me dar apoio lá.

_ Eu não tinha mais nada de melhor para fazer – riu SJ e Danielle o fitou seriamente – e sabia o quanto você estava tensa sobre as aulas então achei que pudesse tranquiliza-la – e a garota sorriu depositando sua cabeça contra o ombro do rapaz.

_ Gideon e Fabian veem papai e aparatando e quando mais novos tentavam imita-lo – falou Molly – Eu sei que eles eram crianças e isso não é possível afinal mesmo assim tentamos evitar falar perto deles sobre os três D’s da aparatação.

_ E fazem bem – disse Septimus – tenho alguns amigos no Departamento de Transportes Mágicos e um deles me contou que tiveram que multar umas pessoas ainda outro dia por aparatarem sem licença. E isso serve de lição para vocês dois que ainda não podem.

_ Eu também não estou aparatando no momento – falou Danielle – Grávidas não são aconselhadas em aparatar a menos que seja por acompanhamento só que mesmo assim não é muito seguro.

_ Não é fácil aparatar e quando não se faz corretamente pode acarretar complicações desagradáveis – falou Septimus - Esses dois que estou falando racharam ao meio - todos ao redor da mesa fizeram uma careta – deixar metade do corpo para trás é doloroso e desagradável demais... Seu Tio Terence teve problemas com aparatação uma vez e perdeu as sobrancelhas. Lembro que Edmund ficou fazendo piadas sobre como ele estava parecendo um polegar agora – riu enquanto acrescentava várias colheradas de caramelo ao seu mingau.

_ Mas é claro que as sobrancelhas do Tio Terence cresceram de volta só que é meio complicado de fazer crescer membros perdidos não? – falou SJ - Esses ai que não eram licenciados, eles ficaram entalados – ele comia uma torrada - Também ouvi essa historia papai.

_Não conseguiram avançar nem retroceder e foi bom que fizessem porque quando se estruncha não é recomendado aparatar por um tempo – falou Septimus - Tiveram que esperar pelo Esquadrão de Reversão de Feitiços Acidentais para resolver o problema. E claro que também foi preciso preencher uma enorme papelada, por causa dos trouxas que encontraram as partes do corpo que eles deixaram para trás...

_ Acho que estou sem fome – falou Danielle parecendo enjoada talvez com o assunto meio perturbador para a hora da refeição e se levantando da mesa sendo seguida por SJ.

_ E eles ficaram bem? — perguntou Molly.

_ Ah, claro — respondeu Septimus — Mas receberam uma multa pesada e acho que não vão tentar fazer isso outra vez quando estiverem com pressa. E acredite não é o primeiro e nem o último caso de aparatação sem licença, infelizmente.

_ Não se brinca com aparatação – falou Cedrella - Há muitos bruxos adultos que nem experimentam. O pai de Septimus, por exemplo... Ele não confia nesse negocio de aparatar e desaparatar. Prefere as vassouras mesmo que já não esteja na idade para pilotar.

_ Segundo meu pai costuma dizer: As vassouras são mais lentas – disse Septimus - porém mais seguras. Minha mãe me diz que é um trauma que ele adquiriu com más experiências que teve.

Então, o som de alguém batendo na porta foi escutado. Todos olharam em sua direção tentando ver se alguém que não estava a mesa ia atender a porta. E depois de um tempo pareceu que teria de ser um dos quatro que ainda estavam na cozinha a fazer isso.

_ Deve ser o Percy – disse Septimus pensando em se levantar só que Arthur tocou no ombro do pai lhe fazendo um sinal de que deixasse que ele iria até a porta.

E Arthur se levantou para ir atender a porta da sala sendo que ao abri-la acabou por encontrar seu Tio Percy devidamente vestido em vestes de viagem e com seu chapéu de bruxo sobre a cabeça. Em uma das mãos estava sua mala de viagem enquanto debaixo do braço trazia um embrulho.

_ Bom dia Arthur – disse Tio Percy tirando o chapéu de bruxo em um cumprimento – quer avisar a seus pais que estou aqui? – então pode ver que todos que estavam na cozinha tinham vindo para sala assim que haviam escutado a sua voz – Oh, Septimus... – acenou com a cabeça para o irmão então olhou para a cunhada e repetiu o gesto - Cedrella, como estão todos?

_ Muito bem, meu irmão e quanto a você? – respondeu Septimus se aproximando dele para cumprimenta-lo com um aperto de mão - Então, é ela a que está ai embaixo do seu braço nesse embrulho.

_ Exato – falou Tio Percy então olhando para o relógio sobre a lareira – E nós temos vinte minutos antes que ela parta então diga para todos que se apressem – Septimus se voltou em direção dos adolescentes e Arthur entendeu o que era para fazer mesmo antes que dissessem.

_ Chame seus irmãos e Danielle e digam que já está na hora – falou Cedrella para o filho mais novo que assentiu enquanto subia as escadas sendo seguido por Molly – E peguem suas coisas também.

...

Arthur já tinha pegado a mochila que havia preparado com seus pertences para aquele fim de semana. E descia as escadas que davam para o sótão. Quando vira que Molly estava ali parada no meio do corredor. O rapaz ficou em silêncio por alguns segundos podendo ouvir ao longe as vozes de seus irmãos que deviam estar descendo em direção a sala de estar.

O rapaz terminou de descer os degraus para finalmente atingir o chão. Ele se aproximou de Molly que ainda o olhava fixamente como se esperasse para dizer alguma coisa e Arthur estava esperando que fosse a garota a dizer alguma coisa antes dele. Só que eles só ficaram ali se encarando por um tempo.

_ Eu... – disse Arthur pensando que fosse melhor que ele falasse algo – Sinto muito.

_ Tudo bem, apenas não conte para ninguém – respondeu Molly e o rapaz assentiu – Você está levando sua vassoura para o acampamento? – e o rapaz pareceu confuso com aquela pergunta que talvez fosse apenas um indicativo de que estava tudo bem mesmo ou apenas querendo mudar de assunto.

_ Sim – respondeu Arthur – mas por que está perguntando?

_ Sei lá, é que eu pensei que um acampamento fosse uma boa ocasião para voar – disse Molly – Você sabe? – ela colocara uma mexa de cabelo atrás da orelha - Um lugar isolado e esse tipo de coisa parece muito bom para praticar voo.

_ Sim, realmente é... – falou Arthur.

_ Talvez... nós pudéssemos voar juntos? – perguntou Molly e Arthur fez uma feição de estranhamento afinal a garota não era do tipo que gostava de vassouras por não as achar seguras o suficiente – Eu estou meio que pensando em tentar superar esse medo, mas se você achar que não seria capaz de... – ela foi interrompida.

_ Oh, bem... Claro, por que não? Parece uma ótima ideia – respondeu Arthur ajeitando os óculos – Eu acho que Billius pode me emprestar a vassoura dele para você usa-la.

_ É, ou podemos usar só a sua mesmo – disse Molly – já tentou voar com alguém na garupa? – e ela fitou o rapaz que parecia surpreso - Acha que a vassoura aguentaria o peso de nós dois encima dela?

_ Oh, eu não sei... – falou Arthur – acredito que sim – ele passou a mão na nuca – Apesar de eu nunca ter voando com alguém na minha vassoura antes afinal eu nem tinha uma minha propriamente dita antes desse ano que passou.

_ É, eu sei... – falou Molly – mas você voa bem.

_ Sim, eu acho que voo – respondeu Arthur - Acho que... Nós podemos tentar fazer isso – a garota sorriu e o rapaz também fez o mesmo – A pior das hipóteses nós só vamos de encontro ao chão.

_ Então, acho que vai ser bem interessante – falou Molly então olhando por sobre o ombro – Nós deveríamos ir... – ela indicou com a cabeça as escadas - Antes que acabemos ficando para trás.

_ Claro, vamos do contrário teremos que dar adeus ao nosso voo de vassoura – respondeu Arthur e os dois começaram a andar pelo corredor rumo às escadas em silêncio por alguns segundos.

_ Arthur? – falou Molly encarando o rapaz.

_ Sim? – disse Arthur olhando para a ruiva.

_ Obrigado por ter me chamado – respondeu Molly e Arthur sorriu.

_ Eu que agradeço por você ter aceitado vir – falou Arthur.


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Notas finais do capítulo

Esse foi um capitulo grande.
Enfim, espero que tenham gostado.
Pensei em fazer com que Arthur surpreendesse Molly trocando de roupa ao entrar no quarto sem bater. Claro que ela acabaria por lhe lançar um feitiço ou algo assim. Só que isso seria demais apesar de engraçado.

Acabei pegando leve aqui. Quem ficou envergonhado por eles? Alguém?

Espero que gostem. Molly deve tomar a atitude como disse Danielle ou esperar por Arthur?

Reviews são bem vindos.

Até a próxima.



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