O Sonho

Era como se o dia fosse noite, como se tudo fosse o oposto do que fosse, como se as folhas secas não fossem mais nada.

O mundo começava a virar do avesso, as perguntas não tinham mais respostas, as mentes não tinham mais propostas, a imaginação não tinha mais espaço.

Estávamos todos cansados, ninguém queria fazer a diferença. A oposição não mostrava resistência, os filósofos não filosofavam mais, os cantores não cantavam mais, os navios estavam atracados no cais.

E as crianças não existiam mais.

Só havia os adultos e suas pressas.

Ninguém pensava mais, sem crianças não existiam mais filósofos porque os filósofos são as crianças que nunca cresceram.

As verdadeiras essências morreram, as músicas não tinha mais ritmo, as letras não tinham mais sentido, as poesias não tinham vida e a nação não tinha futuro.

O mundo não tinha mais esperança.

Não nasceu nenhuma criança.

A realidade era um pesadelo.