Não se apaixone por um idiota escrita por Lua Barreiro


Capítulo 23
Família Mackenzie, uma ordem de garanhões.


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu demorei para caralho.
Desculpe, mas eu não posso recusar pedidos da minha avó. Acredito que eu esteja com centenas de quilos a mais, minha cadeira abaixa sozinha. Mas, tudo bem... Pelo menos me empanturrei de doces.
Cara, eu comi lanche/pizza/pastel/sorvete/pudim/torta de bis praticamente todos, T-O-D-O-S os dias.
Mas cá estou eu, com um capítulo estupidamente pequeno.
Não me julguem, meu pc está uma badalhoca. Demorei dois dias pra escrever esse pequeno capitulo, por que? Por que ele desliga toda hora e a salvação automática é de um em um minuto no minimo e eu digito rápido minha gente, então eu perco boa parte do texto e tenho que reescrever tudo de novo -.-



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— Conhece? — Philips indagou.

O homem pensou segundos antes da resposta.

— Deve ser bobagem de minha cabeça — Ele riu.

— É deve ser — Refutei nervosa.

Ajustou a maleta em seu corpo, sem que amassasse uma mínima parte de toda sua roupa branca. Por fim despediu-se com um aceno e deixou-nos lá, ainda trêmulos com a situação.

Tentamos acelerar os passos, mas logo desistimos com medo de que isso estugasse o processo de morte da minha mãe.

Pensar que nós só temos dois dias, que logo após isso nunca mais poderei trançar seus longos cabelos negros ou abraça-la me traz aperto colossal em meu coração. Mas, seria estupido eu passar esse período terminal chorando, tudo o que quero é preencher sua alma com sentimentos harmônicos.

Quando chegamos ao carro regulei seus aparelhos respiratórios no banco traseiro, ela sentou-se ao lado deles. Abanquei ao lado de Mackenzie, para que pudesse explicar como ir ao destino que eu desejo. Demorou nada menos que dois minutos para que ele começasse a contrariar minhas ordens.

— Philips, caso você vire mais uma vez em uma rua que eu não pedi arrancarei todos os pelos que lhe restam nesse seu rosto — Afirmei puxando um pelo de sua barba, quando digo barba quero dizer três ou quatro fios.

Soltou um grunhindo de dor.

— Julie Taylor Martins, eu aguardei meses para que essas pestanas crescessem, caso você as puxe serei obrigado a contar a todos que você tem pelos nas axilas.

— Todas as garotas tem pelos nas axilas — Meu rosto corou — Seu idiota, eu não tenho culpa que você aparece na minha casa sem que eu te convide.

A feição de Mackenzie demonstrava nojo, isso fez com que Sra. Martins e eu caíssemos nas risadas.

Philips nos deixou no parque em que eu havia pedido, forramos o chão com uma toalha florida e colocamos algumas guloseimas por cima dela, não demorou para que as formigas nos fizessem companhia.

— Bom, tem muitas formigas aqui — Ele levantou-se rapidamente — Acho melhor eu ir.

— Fala sério, você vai embora por formigas? — Indaguei.

— Na verdade tenho que escolher meu terno — Coçou sua nuca. — Lembra-se? Baile de formatura.

Digamos que eu não me recordava desse inusitado fato ou me auto neguei em pensar nessa asneira. Despedi-me dele com um gesto qualquer enquanto minha mãe citava seu enorme discurso de agradecimentos, posso dizer que de cinco frases sete possuíam a palavra Deus.

Não, eu não sou um lixo em matemática só usei uma hipérbole.

Tá, eu sou um lixo em matemática.

Quando Mackenzie saiu sentei-me ao lado de minha mãe, ficamos em silêncio por um bom tempo. Exprimo que quando ela começou a falar desejei para que o silêncio retornasse, assim eu não precisaria responder perguntas constrangedoras como:

— Filha, vocês são namorados? — Seus olhos brilhavam como enormes jabuticabas.

— Não.

— Vocês são amigos coloridos? — Riu como se estivesse orgulhosa por usar gírias adolescentes.

— Não.

— Já se beijaram?

— Não.

A afirmação acima poderia facilmente ser julgada como uma mentira cabeluda, mas ele não se lembra do beijo e eu não farei questão de relembrar ou ficar tagarelando isso a todos. Depois de todo o questionário mamãe-quer-saber-de-sua-vida-amorosa ela finalmente perguntou do meu vestido de formando, respondi que não seria necessário já que não irei participar da formatura.

— Filha esse é o seu momento.

— O meu momento é com você.

— Mas, você estudou o ano todo! Está na hora de compensar o tamanho esforço.

— Escutei música em todas as aulas.

Ela sorriu.

— Sua sinceridade me cativa. — Afagou meus cabelos.

— Mãe, o que deseja fazer antes de morrer? — Talvez essa pergunta seja tola.

Pularei a parte clichê, que basicamente é o desejo de ficar comigo.

— (...) E rever uma pessoa.

— Quem? — Levantei-me entusiasmada.

Sorriu timidamente.

— Leonard Mackenzie — Sussurrou.

Esse foi o momento em que eu dei um gritinho histérico, por dois fatores singelos (a) minha mãe tem uma paixão e (b) eu conheço um dos herdeiros desse nome.

Com essa informação posso criar minha breve teoria de que a família Mackenzie se baseia em galanteadores que flertam com os Martins. Uma teoria estupida, porém não é de se jogar fora.

Liguei para Philips em busca de informações sobre Leonard, como de costume ele demorou nada mais que duas ligações e quatro toques.

— Fala Martins — O tom de sua voz soou baixo.

— Quem é Leonard Mackenzie? — Fui direta.

Ele sorriu ironicamente.

— Meu pai, aquele que quase te bateu.

— Sério? — Afastei o telefone do meu rosto— O pai do Philips, mãe? Justamente esse velho enrugado? Aposto que ele tem verrugas por toda sua pelanca — Aproximei o telefone do meu rosto — Obrigada pela informação, estou indo para a sua casa, eu acho.

— Por que? — Indagou desesperado— E meu pai não tem verrugas em sua pelanca, só duas ou três, acho que a terceira é só um pelo encravado.

— Tchau Mackenzie — Finalizei a ligação.

Minha mãe estava encostada sob o tronco de uma velha árvore, encarei-a com os olhos semicerrados, afinal seria a minha vez de fazer várias perguntas.

— Sério mãe?

— Desculpe filha, eu sei que você gosta do seu pai, mas, quando tive um caso com Leonard, fiquei completamente apaixonada — Buscou ar — Ele era um tamanho idiota, as vezes me provocava e outras se declarava de modo tão ardo, era como se a flama jamais se apagasse.

— Eu sei como é.... — Murmurei — Por que não se casou com ele? Porra, nós teríamos uma casa com banheiros enormes e um guarda-roupa com mesa de chá.

— Você seria irmã de Philips.

— Obrigada mãe, eu realmente amo o pai que tenho. — A parte do realmente amo pode ser considerada uma frase irônica.

Tentei puxa-la para ir até a casa dos Mackenzie, ela recusou. Hesitei em sua decisão e forcejei que ela mudasse de ideia, argumentos em vão. Ficamos sentadas sob o mesmo tronco da mesma árvore até que a lua interrompesse o sol.

Fomos embora de táxi, não demorou muito para que chegássemos em casa. Assistimos um pouco de TV e logo minha mãe foi dormir, fiquei deitada no sofá esperando que algo acontecesse.

Menos um dia, seria uma frase com significado pequeno caso ela tivesse meses de vida, mas, são apenas dois dias. Dias que passam como o vento, marcam alguns ou simplesmente passam. As vezes ele pode destruir coisas ou trazer o frescor em uma tarde escaldante, tudo possui dois lados.

Mas, desta vez eu estava enxergando apenas um.

Alguém bateu em minha porta, admito que o medo correu perante meu corpo (Afinal é uma hora da manhã). Olhei pela janela e pude ver aquele alto garoto de olhos claros e cabelos bagunçados. Abri a porta entusiasmada, Philips agarrou minhas mãos e puxou-me:

— Vem comigo.


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