“Desde o dia em que acordei daquele sonho louco não consigo mais pensar em outra coisa, eu quero te ver de novo mesmo que seja fruto da minha imaginação, você me fez sentir tão bem... E agora que te deixei só posso-me sentir culpada, me desculpe, Dimitry, eu queria ficar, queria ter lhe dado a resposta, mas agora a única maneira de vê-lo de novo é sonhando... Eu não tenho mais nenhum outro sonho desde aquela noite, é sempre a mesma coisa: Eu encontro sua figura solitária olhando para o túmulo de sua falecida amada... Dói-me, mas não por ciúmes, e sim por fazê-lo sofrer novamente, me perdoe escrever isto é a minha única saída, pois sempre que tento falá-lo ou tocá-lo você parece não ver que estou ali, parece não me escutar. Espero que encontre esta carta.”

Grace.

Dia 1: Para Dimitry.

“Você a encontrou! Fiquei tão feliz ao ver que o papel mal dobrado que deixei perto do túmulo de Mary já não estava mais lá e você parecia mais atento quando caminhava pelo cemitério... Mas por que não me respondeu? Fiquei o sonho todo procurando por sua resposta, mas era sempre a mesma coisa, você ajoelhado ao lado do túmulo sem mais nem menos. Responda-me, Dimitry, eu sinto sua falta e se eu puder ao menos ler suas palavras ficaria feliz. Queria poder ficar aqui mais tempo, mas estou acordando agora. “

Grace.

Dia 2: Para Dimitry.

“A carta foi mexida novamente, mas sem uma resposta... Essa noite você parecia tão abatido. O que está acontecendo? Eu estou te incomodando? Escrevi esta carta ás pressas porque o tempo todo fiquei te observando se lamentar e perdi a hora, estou ficando preocupada. E se eu nunca mais sonhar com você? Responda-me, por favor, eu te amo.”

Grace.

Dia 3: Para Dimitry.

“Você já não é mais o mesmo, ontem lhe vi derrubar louças, quebrar vidros e gritar maldições libertando toda a sua raiva pelo castelo, o que aconteceu? Eu te segui enquanto escrevia e lhe vi pegar um diário empoeirado de dentro da gaveta da escrivaninha, não consegui ler, mas vi que a cada página você ficava mais abalado. Hoje o sonho foi bem longo e eu fiquei feliz, mas depois do que vi... Talvez eu possa ajudá-lo se você me responder, diga-me o que está acontecendo, já não agüento mais te ver se lamentar o tempo todo e agora já não é só melancólico, mas perigoso. Já não o vejo como antes, você fez meu sangue esfriar, congelei de medo quando andou em minha direção, mas me ignorou para golpear um espelho que cortou-lhe a mão. Você continua lendo minhas cartas... Não estou entendendo porque não me responde, não estou entendendo porque tanto ódio. Perdoe-me por não conseguir ajudá-lo. “

Grace.

Dia 4: Para Dimitry.

“Por que está chorando tanto? Mudou de humor tão rápido que mal posso me lembrar o que fez ontem, se idealizo qualquer imagem vista no sonho de ontem não consigo imaginá-lo. Você leu minha carta novamente, desta vez eu pude vê-lo pega-la do túmulo, e após Lê-la você a jogou fora... Por quê? Eu lhe contei algo errado? Eu só quero mostrar qual era a minha escolha, não deixá-lo com raiva. Você está estranho de mais, posso vê-lo apertar o pescoço com as mãos de vez em quando, como se quisesse parar de respirar ou algo em sua garganta o incomodasse. Dimitry, fale comigo.”

Grace.

Dia 5: Para Dimitry.

“Você não leu a minha carta, você nem ao menos a tirou do lugar! Você está muito pálido... Não o vejo mais sair para caçar, só fica de joelhos na frente do túmulo de Mary até o nascer do sol, quando corre de volta para seu castelo e lá se esconde da luz. Você precisa se alimentar! A palidez de sua pele é de dar pena, e está ficando cada vez mais magro. Ei, por que você queimou o seu diário ontem? O que havia nele, afinal? Ontem eu só pude ficar tempo o suficiente para ver isto”.

Grace.

Dia 6: Para Dimitry.

“Está ficando doente. Se você pudesse me ver, e soubesse o quanto desejei que você pudesse beber de meu sangue novamente para se fortalecer, acharia que eu estava ficando louca. Dimitry, por favor, levante-se! Não quero mais vê-lo deitado nessas condições. Nem vai visitar mais o túmulo de Mary. Agora preciso deixar as cartas no criado mudo.”

Grace.

Dia 7: Para Dimitry.

“Ontem, depois que coloquei a carta no criado mudo e sentei ao seu lado na cama, você olhou em meus olhos, mesmo não sabendo que eu estava lá... Quando se levantou e cambaleou até o criado para pega-la eu quase chorei, pude ver seu sofrimento, você está tão fraco para quando te encontrei pela primeira vez, em que as maçãs de seu rosto ainda eram saudáveis para alguém que ficou muito tempo sem se hidratar... Começo a achar que agora já não é mais pela falta de sangue, e sim por desgosto pela vida, mesmo sabendo que assim só sofrerá mais com a dor e a fome e nunca morrerá. “

Grace.

Dia 8: Para Dimitry.

“No amanhecer da sua dimensão, de sua janela entreaberta uma luz atravessou as cortinas, uma luz fraca. Você colocou a mão esquerda em sua frente e depois a tirou calmamente. Você lembra quando te encontrei? Estava tão confusa e com tanto medo... E quando me perguntou qual era meu tipo sanguíneo eu quase corri, mas tive medo também, medo de que você pudesse se enraivecer comigo, mas, no entanto só estava brincando com a minha pessoa. Talvez não seja como em histórias comuns, talvez cada vampiro tenha seu próprio jeito e você sem transformar sua imagem em uma mentira é doce e gentil, ainda capaz de amar, mas tendo seus limites. Isso me encanta tanto... Meu querido, como é triste te ver desta maneira, que agora até ao sorrir ao olhar pela janela mostra fraqueza. Eu queria tanto poder abraça-lo... “

Grace.

Dia 9: Para Dimitry.

“Acho que desde que comecei a ter estes sonhos nunca fiquei tão feliz, você finalmente pegou a pena sobre sua escrivaninha, e com a pouca força que lhe restava escreveu algo, mas eu não pude ler, minha visão ficava mais turva a cada vez que tentava me aproximar de você... Você está escrevendo para mim? “

Grace.

Dia 10: Para Dimitry.

“Dimitry, você finalmente tomou coragem para sair, estou tão feliz. Você parece mais forte, decidido, e mesmo aparentando tão cansado ainda possui o olhar sereno e firme. Céus! Estaria você finalmente atendendo aos meus pedidos? Tentarei pegar a carta sobre o criado, hoje, assim que colocar esta aqui sobre sua escrivaninha.

Ps: Eu temo por mim que talvez nunca possa ficar ao seu lado, mas também, já estou feliz só por conseguir vê-lo. Eu não me importo de ter os mesmos sonhos sempre desde que você esteja neles, então por favor, não desista. “

Grace.

Dia 11: Para Dimitry.

“Dimitry, essa carta... por favor, não faça isso! Eu te amo você não pode me deixar deste jeito, por favor...”

Grace.

Dia 12: Para Dimitry.

“POR FAVOR, NÃO!”

Grace.

Dia 13: Para Dimitry.

“Essa noite eu fui testemunha da morte de alguém muito importante para mim... Alguém a quem eu nunca gostaria de ter deixado, alguém que eu tanto pedi para que lutasse por mim, mas nunca perguntei se queria lutar, alguém que com as cinzas convive agora. Essa luz cruel que aflige meus olhos... Eu queria tê-lo tocado uma ultima vez, meu amor. Minha única saída é continuar lhe deixando cartas neste lugar sombrio, esperando que isso sacie minha dor e meu ódio... Minhas saudades. Dimitry eu nunca quis deixá-lo. Perdoe-me. Eu te amo.”

Grace.

Dia 14: Para Dimitry.


POV: Dimitry.

“Eu lutei enquanto pude, sustentei em minhas costas o peso da saudade que me deixou quando se foi... Eu não a culpo, realmente não! Mas eu não posso continuar a viver essa eternidade, sabendo que está no mesmo ambiente que eu, mas não podendo vê-la. Isso me angustia a cada dia que passa, e quando leio suas cartas à vontade que me enche o coração que não deveria ter aumenta cada vez mais, gritando para livrá-la de tal dor insuportável. Um ser imortal que pode ser derrotado por uma simples luz, não existe ser mais fraco que eu, agora. Tudo que eu queria era poder impedir seu sofrimento, mas veja o que me tornei! Eu não passo agora de um corpo vazio, a alma que não me pertence e que me abandonou há tanto tempo resolveu voltar para me atormentar e agora já não posso mais agüentar a dor de ficar sozinho, um ser que não mudou, um ser que fez de tudo para salvar o que amava duas vezes e nas duas vezes a perdeu. Não pense em mim como alguém que desistiu, pense em mim como alguém que precisa descansar, a quem nem o caixão fornecerá tranqüilidade nos dias de hoje. Vivi por tanto tempo sozinho que agora já não me importo mais comigo mesmo, talvez tenha sido meu destino, ou talvez apenas a má sorte. Imploro seu perdão por retribuir todo este amor com a desgraça, mas é preciso. Deixo-lhe agora com a total certeza: A coisa mais insignificante pode fazer um imortal sofrer como um reles mortal, e essa luz que lhe cega de dia, me fará companhia. Ainda posso sentir o perfume de seu sangue, e tenho em minhas memórias a cor dos teus olhos amedrontados, essas lembranças trazidas juntas a este cheiro são tão doces que me fazem sorrir agora uma ultima vez.

Eu também te amo.

Adeus. “

Dimitry.

Para Grace.