Redenção escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 11
Capitulo 10 - Emergindo em sentimentos




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Ser convidado para o coquetel dos Cervantes era considerado uma honra, apenas as famílias mais prestigiadas e importantes personalidades possuíam a entrada permitida em tal evento que realizava-se, religiosamente, todos os anos no salão de festas de um hotel importante e renomado. Dentre todos os convidados que compareceram apenas um mantinha-se sentado em uma mesa no canto, local onde conseguia enxergar tudo o que acontecia a sua volta. Alguns fotógrafos e jornalistas registravam o que acontecia, entretanto alguns flashes eram direcionados a ele, pelo fator de estar sozinho, mais uma vez. Nikko levou a taça de champagne aos lábios, sorvendo o liquido gelado esquecendo-se, momentaneamente, de tudo. Apenas olhou para a frente sem focar em ninguém, mas tudo mudou ao avistar o seu irmão entrar acompanhado por uma mulher. A mulher possuía olhos marcantes que reluziam a luz, seus cabelos castanhos encontravam-se presos em um coque e a sua roupa, um vestido tomara que caia na cor salmão, drapeado, chamava a atenção para o seu corpo proporcional. Os fotógrafos tiravam fotos, enquanto ela se mantinha agarrada ao braço de Fabriccio. Seus passos demonstravam a insegurança, ao contrario do seu olhar. Nikko levantou-se deixando a taça cair, fazendo um barulho que chamou a atenção para si. Se pôs a caminhar em direção aos recém-chegados incrédulo pela coragem, ou loucura, de seu irmão.

–O que está fazendo? – Nikko perguntou ao parar em frente ao casal mantendo a sua atenção em Melanie.

–Vim lhe ajudar – Fabriccio disse simplesmente ao sorrir para Melanie – ela agora é sua, aposto que todos devem estar surpresos.

–Como... não devia fazer isso – reclamou ao virar-se para Melanie – Vá embora, apenas vá antes que eu me arrependa de ser tão gentil contigo.

–Quando usou gentileza comigo? Acredito que perdi esse gesto – Melanie tornou séria ao sorrir para Fabriccio em seguida – Se não se incomodam, preciso ir ao toalete – disse ao olhar ao seu redor.

–Basta seguir em direção a esquerda após o grande quadro cubista – Fabriccio disse sem olhar para Melanie, enquanto encarava o seu irmão, o qual sustentava o olhar – espero que não se perca – tornou sem perceber que ela já havia se afastado.

–Quando se tornou tão impulsivo? – Nikko perguntou sério sem importar-se com os olhares em sua volta.

–Quando percebi que estava pondo tudo a perder por nada.

–Eu sempre sei o que faço.

–Não, está enganado – afirmou – trazê-la é a única chance que tem de continuar na presidência, pelo menos ate conseguir se defender dos diretores.

–A empresa é minha.

–Todos sabemos disso, mas infelizmente, os diretores possuem poder de decisão.

–Está me dizendo que devo usá-la? Não sou fraco a esse ponto.

–Nem eu espero que seja.

–Então o que pretende?

–Apenas que tudo termine – Fabriccio disse evasivo ao se afastar de Nikko, apesar de sentir a mão dele em seu braço – Você não deseja uma cena aqui – sorriu ao soltar-se e ir em busca de Melanie. Nikko permaneceu parado com a fúria em seu olhar.

–Não serei tomado como um tolo – murmurou ao seguir Fabriccio. Melanie olhou-se no espelho do toalete ficando surpresa com o resultado. Fabriccio havia a levado a um salão e tudo já estava preparado para ela. Nada faltou ou estava em tamanho errado. Roupas de grifes esperavam por ela assim como sapatos e bolsas.

–Tudo foi planejado como uma peça de teatro – percebeu ao rir sem vontade para a sua imagem – e isso faz de mim, uma cinderela ou a chapeuzinho vermelho? – se perguntou ao afastar-se do espelho e seguir para a porta, aparentando a confiança que estava longe de sentir. Ao passar pela porta sentiu olhares sob si, e em resposta apenas sorriu com escárnio. Um sorriso que aprendera a fazer com o tempo. Caminhou com a cabeça erguida e postura ereta ate parar em frente a um quadro. Sem perceber começou a admirá-lo ao ponto de esquecer-se de onde estava. Deu um passo para trás e antes que pudesse perceber o que acontecia, escutou um barulho no chão sentindo um corpo atrás de si, segurando-a. Seu olhar se voltou para a taça caída e o liquido vermelho, e em seguida virou-se.

–Alex? – Melanie murmurou confusa ao reconhecer o homem que a ajudou a fugir. Alex olhava sem reação para a jovem a sua frente. Seu cérebro tentando assimilar de onde a conhecia, enquanto questionava-se o motivo dela estar ali. Olhou em sua volta, e antes que pudesse ser alvo de especulações, segurou em seu braço e a puxou, misturando-se entre os convidados. – Você é o Alex, não é? – Melanie perguntou assim que ele a soltou no centro do salão, rodeados por pessoas, eram invisíveis aos demais.

–Melanie, não é? –a viu assentir, enquanto encarava-o – O que faz aqui?

–Eu que devo lhe perguntar isso. Quem é você, afinal? O que faz aqui?

–Essa pergunta é difícil de ser respondida – tornou ao suspirar – eu sou..

Nikko caminhou pelos convidados surpreso por ver o seu irmão parado no meio do salão, tocou em seu ombro, surpreendendo-o.

–Alessandro, o que faz aqui? – Nikko perguntou dando-se conta da presença de Melanie em seguida – o que ela esta fazendo contigo?

–Vocês se conhecem? – Melanie indagou confusa ao encará-los, percebendo semelhanças antes imperceptíveis.

–O que estava fazendo com ela? – Nikko tornou a perguntar sério, ignorando-a – O que estava fazendo Alessandro?

Alessandro olhou pasmo para a menina a sua frente e em seguida percebeu o que estava acontecendo. A Melanie que havia salvado era a mesma Melanie que seu irmão torturava.

–Ela é a Melanie, então – Alessandro murmurou ao olhar para ela com compaixão – Esta mais louco do que eu pensava – disse a Nikko sem sorrir – o que acha que está fazendo?

–Algo que você nunca teria coragem – respondeu sério. Melanie encarava-os tentando compreender a situação que se encontrava a sua frente.

–Esta certo, eu nunca teria coragem de culpar outra pessoa pelo meu erro. – olhou para Melanie buscando uma maneira de lhe contar a verdade – eu sou..

–O que faz aqui, meu irmão? – Fabriccio perguntou parando a poucos centímetros deles. Sem perceber o que estava acontecendo, avistou o olhar devastado de Melanie e o sorriso na face de Nikko. – O que houve?

–Sim, ele é meu irmão – Nikko disse sério – Ele é um Nicolai, então não espere benevolência dele, Melanie.

–Nunca faria tal loucura – Melanie disse séria ao encarar Alessandro. – Então tudo foi parte do plano? Desde o inicio?

–Que inicio? – Fabriccio indagou confuso – Nikko, o que está havendo?

–Ela apenas esta se dando conta da realidade.

–Que realidade?

–A de que ela esta em minhas mãos.

Alessandro sorriu sem vontade ao segurar na mão de Melanie. Imaginou encontrar calor, mas em seu lugar o frio e tremor tomavam conta.

–Eu nunca fiz parte de seus planos. Não minta – disse sério ao olhar para Melanie – tudo o que aconteceu foi uma coincidência.

–Não é possível..

–É, eu estou lhe dizendo a verdade.

–Não tenho motivos para acreditar – respondeu ao retirar a sua mão das mãos dele.

–E é por isso que deve acreditar em mim – Alessandro tornou ao segurar em sua mão, novamente – Nikko, é tão difícil perdoar a si mesmo?

–O único que deveria fazer isso é você – Nikko respondeu sério ao olhar para Melanie – saia de perto dele e venha para meu lado. Sabe quais serão as consequências se não o fizer. – observou a surpresa no olhar dela e em seguida a resignação – Muito bem, faça antes que eu perca a minha paciência.

–Sou realmente patética – Melanie disse sorrindo atraindo a atenção dos três Nicolai – Aqui estou, parada, sendo alvo de uma vingança medíocre, criada por um homem patético. – soltou-se de Alessandro sem olhar para ele – Não pense que sou um cachorro, pois estou longe de ser. Não basta me dizer para ir ao seu lado que eu irei. – deu as costas aos três caminhando ate a saída. Escutou o seu nome ser gritado por Nikko, mas não se importou. A sua raiva era tamanha que não sentia vontade alguma de ser submissa a alguém, naquele momento.

A fúria de Nikko não conseguia ser aplacada ao perceber ter sido um tolo ao cair na armadilha de seu irmão.

–Parabens, Fabriccio – Nikko ironizou ao olhar para o irmão – conseguiu o que pretendia?

–Não – negou sério – infelizmente, não. Onde está Alessandro? – perguntou ao olhar em volta. Nikko se manteve em silêncio ao perceber que seu irmão mais novo havia ido atrás de Melanie.

–Ela parece que gosta de atrair a ruína às outras pessoas – Nikko murmurou com o olhar semicerrado.

***
Melanie caminhava apressada pelas ruas sentindo dor em seus pés devido ao sapato que usava, mas não se importava. A sua raiva e frustração eram tamanhas que conseguiam aplacar a dor. Seu vestido esvoaçava com o vento, seus cabelos começavam a ser desarrumados e pela primeira vez não sabia para onde ir.

–Isso é realmente o pior – disse a si mesma ao parar em frente a um semáforo.

–Até que enfim te encontrei – uma voz ofegante atrás de si falou – Nunca mais faça isso – Alessandro disse ao segurar nos ombros de Melanie, e a virar, forçando-a a encará-lo – Odeio correr – sorriu.

–Porque veio atrás de mim?

–Alguém tinha que vir – falou sério ao olhar para o semáforo – Está vermelho, mas a única que decidirá se deseja continuar aqui parada ou seguir, é você.

–Não faz diferença. Ninguém se importa se continuou parada ou sigo em frente.

–Sempre há alguém.

–Nem sempre, acredite em mim. Eu sei disso – falou ao olhar para o semáforo e vê-lo ficar verde novamente – Esta vendo? Ninguém se importa.

–E eu pensava que Nikko era problemático – sorriu ao suspirar – a partir de hoje, eu me importarei.

–Não tem motivo para isso. Já deve saber que matei a sua cunhada, que diferença faz? É melhor voltar o seu caminho e esquecer que me viu aqui.

–Não é a melhor forma.

–É a única forma. Deixe que ele venha me caçar e leve-me como um animal pego em uma armadilha.

–Fala como se soubesse o que ele pretende.

–Todos sabem, mas sentem medo de pronunciar em voz alta – disse melancólica – aposto que é um deles.

–O que ele pretende? Diga-me então.

–Me ver morta – respondeu sem titubear com um sorriso no rosto – deveria dar essa felicidade a ele agora? – se perguntou ao dar um passo para trás e sorrir ao escutar a buzina de um carro, enquanto continuava a caminhar para trás. Alessandro não conseguia acreditar no que via, e antes que pudesse raciocinar já estava atirando-se sobre ela. O chão duro, o barulho de buzimas e a dor, eram coisas que eles haviam compartilhado naquele momento. Alessandro abraçava o corpo de Melanie, ambos deitados no asfalto, no meio da pista, e na face dela um sorriso enfeitava-o. – Não adianta me salvar, já que ele irá conseguir o que quer.

–Eu não vou deixar que perca a sua vida por algo... um erro estúpido pelo qual..

–Eu sou culpada. – interrompeu completando a sua frase. O rosto de Alessandro conseguia demonstrar toda a confusão que sentia ao segurar o corpo de Melanie contra o seu.

Os passos de Nikko não produziam som algum ao caminhar pelas ruas. Ele não estava indo atrás de Melanie por gostar dela, mas sim para mante-la ao seu lado enquanto conseguia a sua vingança. Nem ele mesmo soube o motivo de ter ido a pé, mas ao olhar para uma faixa de pedestre ficou sem palavras ao ver Melanie deitada no chão abraçada com seu irmão.

–É isso que fará, Melanie? Se usar o meu irmão, irei o usar o seu – Nikko garantiu.


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