The G-files - depois do Filme escrita por giveluvbadname
Santuário Scully encontrou o parceiro dormindo profundamente em uma poltrona na pequena sala. O ar da casa estava agradavelmente morno, em contraste com o vento que já começava a esfriar lá fora, com o pôr do sol. Não pretendia demorar tanto no laboratório, mas esteve tão entretida conversando com Aiolia que nem percebeu a tarde passar. "Você demorou." Scully apenas baixou o olhar, o tom dele a fez sentir-se culpada. Mas sabia que na verdade não tinha satisfações a dar, já que ambos estavam em ambiente seguro. "Estava no laboratório até agora?" - Mulder insistiu. "Sim, estava." - Scully respondeu, impassível. "E demorou todo esse tempo para uma coleta de sangue?" "A coleta do material foi rápida, Aiolia é bem habilidoso. Acontece que aproveitamos e dispusemos nossas idéias sobre o acontecido, e sabe, Aiolia tem alguns argumentos bastante interessantes sobre aquela nave e a vacina que me curou do que quer que fosse.." "Ah..." - Mulder não pôde conter a sensação ruim que lhe dava ao ver a expressão de contentamento da parceira ao falar do cavaleiro e de como seus argumentos eram bons - "Espero que você se lembre de que ele é apenas um rapazinho, e que não tem método pra investigações como nós, Scully." "Ele pode não ter método, mas é extremamente inteligente e perpicaz, assim como os demais. Você não deve subestimar estas pessoas, Mulder, estes são jovens especiais. E nem tudo tem que se basear nas suas teorias, ou mesmo nos métodos investigativos do FBI." - Scully defendeu, um pouco mais ríspida do que pretendia. "Essa não é você, Scully. Você jamais acreditaria em jovens com dons especiais ou coisas do tipo. Só está falando assim porque está com raiva de mim, de eu ter falado sobre o que aconteceu a você..." Mulder recebeu um olhar de advertência como resposta e Scully saiu da sala, indo para o quarto e fechando a porta atrás de si. Pensou se deveria ir atrás dela e se desculpar, mas parou ao ouvir pessoas se aproximando. Logo viu Shura, Mu e Shaka entrando pela varanda. "Já acordado?" - Shura saudou, sorrindo, e voltou-se para os outros dois - "Eu o deixei dormindo como uma pedra." "Descansou?" - Shaka perguntou, polidamente. Mulder assentiu, ainda tenso com o clima entre ele e a parceira. "E a srta Scully, já está descansando?" - Mu perguntou, deduzindo que a agente estivesse no quarto, já que ele mesmo a deixou na porta da casa minutos antes. "Ela está lá dentro." - Mulder respondeu. Mu olhou para Shaka, que tinha uma expressão desconfiada. Shura decidiu acabar com o silêncio, mostrando a sacola que tinha nas mãos. "Bom, trouxe umas coisas que acho que vocês podem precisar. Esta casa está com a despensa meio vazia, já que só eu uso. Me acompanha até a cozinha, Mulder? Assim posso mostrar como funciona tudo lá dentro." Mulder seguiu Shura até a pequena cozinha sem responder. Mu voltou a olhar para Shaka interrogativamente. "Sente a tensão?" - Shaka comentou, olhando para a porta do quarto. "Estranho, não é?" - Mu respondeu, procurando sentir o cosmo da agente no outro cômodo - "Ela tem um cosmo bem pequeno, mas pelo que dá pra sentir, acho que está um pouco zangada." "Acho que discutiram." - Shaka constatou, suspirando. "Mas por que será?" - Mu estava intrigado, mas Shaka parecia não compartilhar da mesma curiosidade - "O que é, não está nem um pouco curioso?" Shaka sentiu vontade de praguejar, mas se conteve. "Ele se preocupa demais com os outros, é só isso." - pensou. Decidiu ajudar, já que Mu iria ficar preocupado o tempo todo se não soubesse do que aconteceu. "Eu vou lá dentro. Se ela estiver acordada, eu descubro o que houve. E acho que provavelmente não é nada." - Shaka disse, e caminhou até a porta do quarto sem muito ânimo. Shaka bateu suavemente na porta fechada, três vezes. Com a certeza de que havia anunciado sua entrada dessa forma, abriu e entrou, fechando novamente a porta. Olhou para a cama, onde estava a agente ruiva, sentada. Teve pena dela, porque parecia tão sozinha, e estava fácil de sentir a decepção que sentia. Aproximou-se da cama e sentou-se ao lado dela, em silêncio. Scully viu o rapaz loiro entrar no quarto e fechar a porta atrás de sí, silenciosamente. Primeiro ficou confusa, o que ele haveria de querer alí? Mas quando ele sentou-se ao seu lado, percebeu que provavelmente ele viera conversar. E ela não estava com vontade de conversar. Não achava que houvesse nada a ser dito, especialmente a um rapazinho totalmente desconhecido. "Vocês brigaram. E ele disse coisas que a deixaram decepcionada e triste." - Shaka declarou, a voz suave era a mesma que usava em seus oponentes. Scully voltou-se para ele, espantada. Como poderia saber como se sentia, se ela mesma estava tendo dificuldade para distinguir se tinha raiva ou se estava apenas triste por ter ouvido o que não queria. Aquele rapaz tão angelical, sempre de olhos fechados, o que mais ele poderia saber? De repente teve medo de perguntar. Era como se ele pudesse ver através dela. "Não tema. Eu jamais exporia algo que a deixasse desconfortável." - Shaka deixou de olhar para a porta em frente e voltou-se para ela com um pequeno sorriso nos lábios - "Mu ficou preocupado porque sentiu a tensão na casa. Ele acha que você e seu amigo discutiram, e que sendo assim seria melhor que ficassem em lugares separados enquanto estiverem aqui no Santuário. Sabe o que é?" - Shaka sorriu, e continuou - "Mu tem aversão a desentendimentos." O sorriso de Shaka se alargou um pouco quando ele terminou de falar, e Scully não pôde evitar de sorrir também. Estes eram jovens especiais, e se ela não acreditava antes em tal coisa, agora tinha diversas provas vivas de que isso existia mesmo. Shaka percebeu imediatamente a abertura, e já que estava alí para ajudar, não perderia a chance. "Bom, vejo que não é o caso de separar a srta de seu amigo, não é?" - Shaka ofereceu, ainda sorrindo. "Não precisa. Depois nós nos entendemos." - Scully respondeu, sem muito ânimo. "E isso acontece com frequência? Vocês se desentenderem?" Em outra situação, Scully mandaria quem perguntasse algo assim cuidar da própria vida, mas alí era diferente, e ela não via no cavaleiro loiro nenhuma intenção ruim. "Eu e Mulder somos muito diferentes. Temos opiniões completamente opostas em quase tudo, e no trabalho isso normalmente causa discussões." Shaka parou um pouco para pensar, antes de continuar sua pequena sessão de análise. Antes esteve indiferente à agente, mas agora, mais de perto, ela lhe chamava a atenção. Era uma mulher bastante complexa, muito contida mas com muitos conflitos dentro de sí. "Mas todas as discussões a deixam assim, triste?" - Shaka perguntou, cautelosamente. Scully não tinha essa resposta. Não achava que toda discussão que tinha com seu parceiro a deixasse triste, como Shaka perguntou. Mas por outro lado, às vezes coisas duras eram ditas, e mesmo nos melhores dias não havia como evitar que estas coisas a magoassem. "Escute, se não quiser falar sobre isso, tudo bem. Apenas gostaria que se lembrasse de que algumas vezes as pessoas dizem coisas com o intuito de chamar a atenção, para o bem ou para o mal. Se seu amigo disse coisas que a magoaram, claro que a srta deve avisá-lo disso, porém, é muito provável que ele as tenha dito apenas para que a srta o notasse. Quando ele vier pedir desculpas, perdoe-o, sim?" - Shaka falava com naturalidade, como se os conhecesse desde sempre. - "Ou teremos que separar vocês dois." Scully riu gostosamente, e Shaka acabou rindo também. No fim das contas, até que ele gostava daquela americana. Levantou-se, sabendo que aquela era a hora certa para voltar para a sala e deixá-la se recompor. Ela já estava bem mais tranquila, afinal. Com um sorriso, ele caminhou até a porta. "Shaka..." - Scully chamou, e Shaka olhou de volta - "Eu sempre o perdôo. Todas as vezes." To be continued..
Atenas - Grécia
05:48PM
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