ANTÁRTICA, PÓLO SUL
HORA INDETERMINADA

A imagem do cavaleiro apareceu tão perto da cratera que poderia ter caído. Mu olhou para baixo, apreensivo. Parecia que algo havia saído alí mesmo do chão. Mal dava para alcançar com os olhos o outro lado do buraco! Mas aquele não era o motivo de ter ido até alí. Pessoas. Podia sentir as presenças, pessoas vivas estavam alí em algum lugar. Passou os olhos pela imensidão branca, logo enxergando um ponto mais escuro. Só ao chegar bem perto pôde ver que eram na verdade duas pessoas. Estavam inconscientes, a mulher segurava o homem fortemente. Pôde constatar que estavam de fato vivos, mas se não fossem levados dalí a hipotermia os mataria em breve.Anoitecia na Grécia quando Mu se materializou no meio do salão de Áries. Olhou para os dois corpos que transportava, pensando em como e onde acomodá-los até que se recuperassem. E depois, claro, no que faria quando eles acordassem e começassem a fazer perguntas. Decidiu que por enquanto aquecê-los já estava de bom tamanho. Levou os dois para a única acomodação que tinha - sua cama - e já ia começar a arrumá-los, quando sentiu que tinha visitas. Pronto, mais perguntas...

"Mu, já de volta? Pensei que só retornaria depois de amanhã..." - Era Aldebaran, claro que ele perceberia quando chegasse em casa. - "Onde está?"

"Estou no quarto, amigo! E preciso de ajuda..."

Aldebaran apressou o passo para atravessar o salão de Aries, preocupado. O que teria acontecido? Quando lá chegou, viu o amigo tentando ajeitar duas pessoas em sua cama, com dificuldade.

"Que é isso? De onde vieram?" - Aldebaran espiou, desconfiado - "Ô Mu, não vai me dizer que trouxe esses dois lá do pólo sul!"

"É, meu amigo, exatamente isso." - Mu deixou que Aldebaran terminasse de acomodar o homem na cama ao lado da pequena ruiva - "Eu ví um terremoto, resolvi checar e acabei tropeçando nos dois, quase mortos de frio. Não podia deixá-los lá..."

"Típico de você..." - Aldebaran comentou, rindo.

"Como se você fosse muito diferente..." - Mu respondeu.

"Certo, certo... mas e quando eles acordarem? O que vamos dizer? Vão perguntar coisas..."

"Preciso avisar à Atena... sei que não é bom ter estranhos dentro do Santuário mas ela há de entender que os dois poderiam morrer lá..."

"Sim... mas já anoiteceu, não vai poder falar com ela agora. E esses dois vão continuar morrendo de frio se ficarem com essas roupas molhadas." - Aldebaran observou.

E os dois começaram a despir o homem, práticos. Nesse momento, Shaka de Virgem apareceu no quarto, assustando aos dois quando se fez notar:

"O que estão fazendo?"

Aldebaran se recompôs mais depressa, e logo explicou o que estava acontecendo, enquanto Mu continuava a tarefa de vestir roupas secas no homem inconsciente em sua cama. Quando passou a tratar da mulher, os dois o olharam completamente surpresos.

"Mu, o que está fazendo?" - Shaka estava chocado - "Vai despir esta mulher sem seu consentimento?"

"Oras, Shaka, ela precisa de roupas secas, está congelando, e definitivamente não pode dar consentimento algum nesse momento. Além do mais, não a estou desrespeitando, apenas quero ajudar." - Mu explicou calmamente, enquanto terminava de tirar o macacão completamente ensopado que ela vestia.

"Opa, melhor eu ir pra casa..." - Aldebaran desviou os olhos da nudez da mulher e tratou de se despedir - "Se precisar de ajuda estou lá, vizinho, boa noite!"

"Obrigado..." - Mu terminou por vestir uma de suas túnicas na mulher, e cobriu os dois com as mantas que costumava guardar para o inverno. Ficou ainda um momento olhando os dois em sua cama e saiu do quarto. Shaka o acompanhou.

"Mu... o que vai fazer quando acordarem?"

"Eu sei, vão fazer perguntas... não sei ainda o que fazer com os dois, falarei com Atena pela manhã."

"E vai dormir aonde?" - Shaka perguntou - "Sua cama está fora de questão... se quiser pode passar a noite em Virgem, tenho lugar por lá."

"Obrigado, mas vou ficar por aqui mesmo. Não quero que acordem sozinhos em um lugar desconhecido e não tenham para quem perguntar... vou abrir um futton aqui na sala, sem problemas." - Mu sorriu, agradecido.

"Como quiser." - Mu podia jurar que viu decepção na expressão do amigo - "Vou indo então, até amanhã." - Shaka se despediu, saindo em seguida.

"Boa noite, Shaka." - Mu olhou o amigo sair do templo - "E obrigado mais uma vez."

Shaka acenou, já de costas. Mu olhou mais uma vez para o interior de seu quarto. Algo lhe dizia que os próximos dias seriam bem movimentados por alí.

Calor. Será que estava morta? Porque pelo que podia lembrar, a ultima coisa que viu foi neve muito próxima a seu rosto, e a ultima coisa que sentiu foi um frio horrível. Mas agora sentia calor, muito calor. E algo pesado sobre si. Abriu um pouco os olhos, receosa do que aconteceria. A primeira coisa que viu foi um teto de pedras muito bonito. Depois, percebeu que o peso sobre sí eram na verdade algumas mantas. E estava em uma cama extremamente confortável. Mas estava calor... tinha que sair dalí. Mas onde estava? O que aconteceu com aquela neve toda? Olhou para o lado, quando percebeu que não estava só.

"Mulder?"

To be continued...