Em segundos eu pude analisá-los. O terno cinza com a gravata dourada que Alice tinha comprado para todos os homens – é por isso que estranhei uma a mais – e com o cabelo bagunçado do jeito dele, o sorriso torto e a barba feita. Ele estava perfeito – a imagem dele em minha mente desaparecia, e agora, eu o achava mais belo que antes.

Ele continuou lá, longe, eu não queria ser idiota de ir me aproximar e falar com ele como uma boba apaixonada, aproveitei que minha mãe me chamou na cozinha e fui ajudá-la com alguns biscoitos, bebi champanhe com meus pais e Rosálie bufava impaciente, querendo me levar para a sala de novo. Até que Alice me puxou para conversarmos no quintal, e Emmett puxou Damon para fora.

– É incrível o trabalho, eu mudei para A empresa, então trabalho agora na administração e só me dou bem nisso, era melhor que antes. – Ouvi a voz de Damon.

– Sério? Eu bem que preciso de um administrador, Damon. Avise quando for voltar. Abri minha empresa agora, mexe com seguro de carros e até o próprio carro. O salário é bom, devo admitir, e lhe garante um futuro... Excelente. Não pensa em voltar?

Sim, volta, volta.

– Bella, quer mais champanhe?-- Alice chamou minha atenção, sorrindo maliciosa.

– Hã... não, obrigada. – voltei então para me concentrar na conversa de Emmett.

– Gosto de São Paulo – Damon disse, parando para beber algo. – não sei se saio de lá tão cedo assim.

– Entendo.

Me desconcentrei da conversa, até que Alice me mandou servir champanhes.

Fui servir Damon, que tinha o copo vazio.

– Vou buscar mais uns lanchinhos e já volto.

E então só havia eu, Damon e a garrafa de champanhe no quintal.

–-Ei, faz tempo. – ele disse. Eu sorri, fechando a garrafa e a apoiando em uma estátua que havia no jardim.

– É verdade. E como vai a vida em São Paulo?

– Agitada, como sempre. E você?

– Bem...

E a conversa rolou, tão natural, tão boa. Apesar da vontade louca que eu tinha de jogar na cara dele que o queria, e agarrá-lo ali mesmo.

Alice e Rosálie saíram e vieram até nós.

– Estamos todos indo para um campinho, quer ir?

– Hum... vou ficar, não aguento andar com esses saltos. - Apontei para meu pé.

– Não estou afim de sair. Voltem antes da meia noite! – Damon disse, rindo.

Elas sairam com os outros o seguindo, prometendo que voltariam antes de meia noite.

Ainda eram dez e meia. Eu e Damon entramos, ficamos comendo e andando pela casa e conversando um monte. Até cairmos no sofá e eu tirar o salto.

– Sinto falta de São Paulo. – e de você. Quase quis completar a frase.

– Lá é bem gostoso, mas também tenho coisas que me fazem querer sair de lá e vir morar aqui, ainda mais agora com a proposta de Emmett...

volte por mim...

– Seria lega, sua família ficaria feliz. – E eu também. Mas que raio de agonia.

Me apoiei no sofá,um pouco mais perto dele. Com os joelhos dobrados, a mão segurando o rosto. Ele se virou para mim e se aproximou mais um pouco, encostando a cabeça nas costas do sofá. Sua mão passou em meu cabelo, depois em meu rosto.

Eu juro que queria beijá-lo agora. Beijá-lo sem parar. Eu suspirei, me controlando. Não daria o primeiro passo.

Ele se remexeu, se aproximando mais. O hálito dele – com cheiro de champanhe – bateu em meu rosto, me prendi demais em seus olhos e esqueci como respirar. Ele puxou meu rosto para mais perto, não resisti e o beijei, com ele já me puxando para cima dele, fazendo-nos deitar no sofá.

Era bom sentir os lábios dele de novo. As mãos dele em mim, e estar envolvida em seu abraço. Aquele frio, aquele vazio dentro de mim foi preenchido só pelo perfume dele. Eu me sentia bem ali com ele, o beijando.

O que era para ser um beijo só de matar saudade se tornou mais forte, cada vez mais urgente. Eu já amassava a camiseta dele de tanto o beijar e meu vestido já havia subido pra cintura.

– Eles podem... estar chegando. – disse em arfadas. Ele respirou junto, me empurrou para se levantar e me puxou junto, me beijando mais uma vez.

–-Quarto? – perguntou entre meus lábios, passando beijos por minha bochecha. – Ou qualquer lugar fechado.

– Andar de cima.

Fui o puxando e quase caindo até o quarto de hóspedes, trancamos a porta e para sair de lá foi difícil. Até nos arrastar para a cama sem cair foi uma tarefa difícil, já que as roupas atrapalhavam e eu resmungava de dor por causa do brinco, até tirarmos ele rindo e o resto dos acessórios.

Sete.

Eu já estava debaixo do lençol com Damon.

Seis.

Eu ouvia as vozes animadas de minha família fazendo contagem regressiva do quintal da casa.

Cinco

Damon desgraçado mordeu meu pescoço com força demais, eu puxei seus cabelos com força e ele riu.

Quatro.

Ele não sabia se ria, se me beijava, ou se abria o pacotinho azul.

Três.

Quanta enrolação! Eu já estava vermelha de tanto rir de seu embaraço.

Dois.

– Vou te dizer uma coisa. – Disse baixo, com os lábios quase colando nos meus.

– Diga logo ou cale-se para sempre.

– Eu...

Um.

Os fogos – e o prazer súbito – não deixou que falássemos algo. Ficamos concentrado na gritaria lá debaixo e em nós mesmo e esquecemos que ele falaria algo. - Ficou no passado, não iríamos falar. O que importava era o agora.

Eu estava rindo embaixo do lençol enquanto Damon fazia caretas engraçadas, Alice havia batido na porta nos desejando Feliz Ano Novo e gritamos “O mesmo pra você” ao mesmo tempo, sem fazer menção de sair da cama.

Minutos se passavam, quase uma hora da manhã quando nos vestimos, mas ficamos sentados na cama. Até que o sono nos impediu de sair, e mesmo com o barulho na casa, conseguimos adormecer.

Foi o melhor ano novo que eu poderia ter tido em minha vida.