pov. Bella.

Acordei, embora quisesse continuar dormindo, não conseguia mais. Abri meus olhos e demorei uns segundos para perceber que eu já estava em casa. Um suspiro profundo foi o que fez Rosálie perceber que eu estava acordada.

– Bom dia flor do dia. – Ela se debruçou sobre mim. Deitei de costas e sorri para ela. O cabelo longo e louro dela caia em cima de meu rosto. Completamente bagunçado.

– Bom dia. – sorri para ela.

– Como você está? – seu sorriso se transformou numa careta de preocupação.

–-Estou bem... foi só sono, estresse, mudança de ar e tudo mais.

– Sei. – deu ênfase na pequena palavra.

Eu me encolhi. Não queria pensar nas lágrimas derramadas e na pessoa deixada para trás. Queria pensar em minha vida daqui pra frente.

– Temos que conversar mocinha. Foram dois longos meses repleto de novidades. Vamos tomar um café delicioso e passar o dia inteirinho conversando. Ainda mais sobre Damon.

– Own. – me escondi dela, não querendo que ela visse como fiquei abalada com o nome dele.

Ela riu, se levantou e me puxou junto.

(…)

O café da manhã foi gostoso e cheio de risadas e novidades sobre São Paulo. Lugares que conheci, tudo perfeito. Até algumas coisas engraçadas sobre mim e Damon, sem relatar o que de fato houve.

Consegui enrolar até o almoço, fiz o prato típico brasileiro e almoçamos rindo, havia tanta coisa a contar!

E então, chegou a hora de encarar a Rosalie e Alice. Dois seres que praticamente me jogaram na cama e trancaram a porta para que eu falasse.

– Comece...

– Hã... – olhei para os lados, não havia como fugir.

Teria que me abrir para minhas duas melhores amigas...

…

E é isso. – dei de ombros, enquanto me enrolava na cama controlando a vontade de chorar.

– Bem... profundo. – Rose disse. – quando vai ligar para ele?

– Simples, não vou.

– Por que não? Vocês se apaixonaram. Um pelo outro. Tem que manter contado!-- Alice exclamou. Eu bufei.

– Não inventa. É melhor assim, cada um pro seu canto. Não foi nada. Eu tenho coisas aqui e ele lá. E não irei ser fraca e dizer que gostei dele. É melhor assim.

– É mais cômodo sofrer assim? – Ela exclamou puxando meu pé. – Isabella, é uma forma de trazê-lo para cá! De volta a família.

– Ele não vai voltar, esquece.

– Mas...

–-Alice... nem esquenta. Ela não vai abrir mão. – Rose disse. Alice bufou e saiu batendo o pé.

Eu fiquei deitada, até sentir Rose me abraçando.

– Sabe... Eu sei que é difícil para você se apaixonar, não é algo que você esteja acostumada. Mas doi bela, só que se não corremos atrás, não tiraremos o melhor proveito disso.

– Não quero filosofia amorosa. – resmunguei. Ela riu e tirou meu cabelo do rosto.

– Eu sei... Olha Bells, você tem a chance de ser verdadeiramente amada por ele! Por alguém. Da forma que contou, deixou bem claro a todos que rolou algo a mais, apesar da raiva que você jogou nele. Uma ligação, avisando que chegou bem...

– Não! Se ele se preocupa, que ligue. E não foi nada demais.

– Claro que foi. E homem não é de ligar.

– E eu também não.

Ela bufou, beijou minha testa e saiu.

Embora eu quisesse ligar desesperadamente para Damon e pedir para que ele viesse para cá, ou só escutar sua voz, eu não o fiz. Preferi ficar deitada, lembrando de tudo...

pov. Damon.

Os copos se bateram e um pouco de líquido escorreu em nossas mãos. Eu ri.

–-Á liberdade! – gritamos, e então virei tudo do copo guela abaixo.

– Caraca, dois meses e só agora livre? – Jhonatas me perguntou.

– Pois é... Liberdade! – exclamei e tomei o resto da garrafa de uísque.

– Sei não, ele está livre aqui, mas acho que esta amarradão na americana. – Gustavo provocou. Só não bati nele porque, infelizmente, ele tinha razão.

A filha da puta foi embora sem se despedir, e eu estava apaixonado por ela. Idiota, idiota, idiota. Eu e ela. Idiotaaaaaaaaaaaaaaaas.

– Liga para ela bonitão, quem sabem fazem sexo internacional por telefone? – eles gargalharam.

– Haha, sem graça. – revirei os olhos, paguei o dono do bar e sai dali. Não queria ouvi-los desmoralizar aquela idiota que foi embora – ela deveria ter ficado!!!

Enquando andava de volta para casa, me lembrava de cada beijo daquela idiota. E eu a queria tanto aqui que chegava a doer. Parecia um idiota, um besta apaixonado. Se eu pudesse, comia meu coração por me fazer ficar estranho.

Assim que cheguei em casa, o telefone tocou. Não foi surpresa ser minha mãe.

– Querido! Tudo bom?

– Uhum...

– Sua voz está estranha. Você andou bebendo senhor?

– Mãe... não enche. – me joguei no sofa. – precisava comemorar minha liberdade...

– Comemorar a liberdade ou esconder a decepção?

Fiquei calado. Velha vidente.

– Liberdade. – insisti. Foi isso... eu fui comemorar a liberdade. Mentir pra mim mesmo é a melhor forma de tornar isso verdade.

– Sei, mas sem problemas. Isabella falou muito bem de você, e está com saudades. Ela veio acabada de tanto chorar.

– Ahã, sei.

Então por que não me ligou? Estou te esperando!!

– Por que não liga para ela? Pergunta como foi a viagem... se ela gostou daí... quando vão se ver...

– Mãe... Não. Por favor. – fiquei de pé com tudo. Não assumiria que eu estava apaixonado por aquela idiota. Apaixonar-se é para os fracos. EU sou forte (e burro, assumo) – vou tomar um banho e comemorar meu ultimo dia aqui, ok?

– Pense com carinho filho...

A despedida foi mais lenta do que eu gostaria. Entrei rapidamente no chuveiro e após algum tempo refletindo na vida, fiz algo que ha muito não fazia.

Eu chorei.