Lá estava ele, impecavelmente perfeito (como sempre). Patrick Jane estava juntando suas coisas e se preparando para ir embora. Eu estava sentada em seu sofá e, pela primeira vez, o observava de forma mais detalhada e intensa. Ele sorria enquanto conversava com Rigsby e retirava suas coisas de uma das gavetas de sua mesa. Eu percebi que estava perdendo tempo demais apreciando suas covinhas próximas aos lábios. Mas...Deus, como eu nunca havia reparado naquele sorriso antes?

Jane começava a abraçar cada um que encontrava nos corredores do CBI: ''Foi um prazer trabalhar com você'' dizia. Eu ria da sua ironia em abraçar funcionários que ele nem conhecia. Quando ele , finalmente, começou a se despedir da nossa equipe, o clima se tornou um pouco mais tenso.

VanPelt o abraçou docemente. Eu pude ver as lágrimas se formando em seus olhos. Logo depois, Rigsby apertou as mãos de Jane a gaguejou algo como ''Você vai fazer falta''. Cho também se despediu.

Jane se virou em minha direção e começou a caminhar até mim. Eu estava sentada então ele estendeu sua mão para que eu pudesse me levantar. Eu o abracei, me controlando para não fazer nada que não devesse. Foi um longo abraço e minha cabeça ficou apoiada em seu ombro por um bom tempo. Era tão confortável.

Eu me soltei um pouco de seus braços, na incerteza de que conseguiria falar alguma coisa. Havia um nó na garganta que me impedia até de respirar.

– Juízo...- Murmurei. Isso foi o máximo que consegui fazer? Jane riu em resposta e logo voltou a ficar sério novamente.

–Me acompanha até a portaria?

–Claro - Não conseguiria responder nada além disso.

E de repente estávamos em frente ao seu velho Citroen azul-claro, um de frente para o outro. Em silêncio. Tive a estúpida ideia de ''quebrar o gelo''.

–Então...é isso?

–Lisbon, tem algumas coisas que eu queria te dizer antes de ir embora.

–Pode falar.

–Quero...quero agradecer você. Por tudo! Se não fosse por você, Red John estaria solto por aí. E eu já teria perdido a cabeça.Obrigado. Você foi muito importante pra mim nesse últimos anos.

Eram tantas as coisas que eu queria dizer pra ele também, antes que fosse embora. Minha cabeça se revirou tentando encontrar as palavras certas. Mas, infelizmente, dessa busca toda, só consegui dizer

–Não há de quê... -Ele riu do meu nervosismo. Eu percebi que ele estava olhando pras minhas mãos, então tentei parar de tremer.

–Vou sentir sua falta. -Quando ele disse isso, seus olhos pareciam ter ficado mais azul do que o habitual.

–Eu também vou. Aquele sofá vai ficar vazio sem você aqui...

–Você pode se deitar nele se quiser. Ele é todo seu.

Nós rimos por um tempo. Depois ele ''abraçou'' minha cabeça, a levou para perto de si e me deu um beijo na testa. Quando ele deu a partida no carro, o nó na garganta parecia ficar maior a cada segundo. Só Deus sabe a força que eu fiz para não gritar e suplicar que ele ficasse.

Mas ele havia ido embora...

Eu subi novamente no prédio e, ao sair do elevador fui me sentar naquele sofá. Acariciei o couro macio. O cheiro de Jane ainda estava lá. Desviei meus olhares e percebi que estava sendo observada...Pela equipe toda!

–O que estão olhando? Não têm trabalho a fazer?

–Boss, sabemos que não está sendo fácil pra você.... - Grace? Como ela ousa? Ela está me enfrentando? Tentei ser educada.

–Grace, não estou sofrendo....Porque estaria? Está tudo bem.

– Bom, Jane saiu... nós sabemos como vocês dois eram próximos e ...

–Chega! Jane saiu sim, mas as regras aqui continuam as mesmas! Vamos arranjar alguém para substituí-lo e vai ficar tudo bem. - Me levantei daquele maldito sofá, furiosa. Poderia despedir cada um deles agora mesmo!

PELA NOITE

À noite fui pra casa e preparei um chá. Mas, espere um minuto....Preparar um chá? Céus, por que estou fazendo isso? Eu nem bebo chá.

Com um grito, abandonei o que estava fazendo e peguei meu celular. O número DELE estava salvo nos favoritos. Ligo ou não ligo? Seria melhor aceitar que ele foi embora e esquecê-lo ou parecer fraca, covarde e ligar pra ele? A primeira opção me parecia tão mais promissora. Mas eu não podia enganar a mim mesma. Eu SOU fraca e covarde. Estava me rendendo. Meus dedos se direcionavam ao botão ''Call''. Mas antes que eu fizesse a ligação, o celular começou a tocar. Meu Deus, era ele! Era ele! Era ele! Era ele! Senti uma brisa gelada percorrer meu corpo, começando na ponta dos pés e terminando na cabeça. ''Atenda Teresa!''Eu dizia para mim mesma.

–Alô?

–Lisbon, você estava prestes a me ligar, eu suponho.

–Eu? O que? Você está louco? Nem estava com meu celular nas mãos. -Jane riu.

– Ah Lisbon, já estava sentindo falta das suas mentiras mal contadas ....

–Não me provoque!

– Ok. Ok senhora nervosinha. Bem, como você enrolou para me ligar, eu mesmo o fiz.Tenho uma surpresa pra você!

–Surpresa? -Suspirei

–Isso.

–Que surpresa?

– Você não quer tentar adivinhar?

–Fala logo, Jane!

– Bom..abra a porta e veja você mesma.

– Abrir a porta? Mas o que diabos você...- Enquanto me auto-questionava, fui até a porta e a abri cuidadosamente. Havia um homem cujo rosto estava escondido atrás de um buquê de flores. Era Jane. Oh céus, aquele homem havia se materializado ali...

–Jane?

–Olá, Lisbon. Posso entrar?