I Need You Tonight escrita por Débora Falcão


Capítulo 6
Solidão




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Eu estava sozinha no meu quarto. Não queria sair pra nada. Eu só queria ficar lá, e pronto. O fim de semana inteiro sem ver ninguém. Não desci pra comer, pra nada. Meu irmão estava na piscina pela manhã, e me viu observando-o na janela. Ele acenou e pediu que eu fosse me juntar a ele. Eu não quis.

Aliás, eu não queria nada do que estava vindo à minha mente naquele momento. Eu o estava espiando. Por quê? Não sei. Eu simplesmente ouvi o barulho do mergulho dele e fui até à janela para vê-lo. Lindo como sempre. Ele emergiu e estava olhando diretamente para mim. E me chamou.

"Vem, Kelly. A água está ótima!"

Eu nem respondi. Entrei em meu quarto. E continuei ouvindo os sons da água. Meu coração estava apertado de tanta dor. E eu nem tinha me tocado ainda para o que estava acontecendo.

Foi quando a ficha caiu. Eu estava com ciúmes. Ciúmes do meu irmão. Mas não era ciúmes de irmão para irmão. Eu simplesmente não suportava saber que ele podia ficar com alguma garota. Eu o queria para mim, só para mim.

Fiquei horrorizada quando me descobri com esses sentimentos. Tanto que comecei a me martirizar mentalmente, para esquecer esse tipo de coisa. Era como se fosse uma doença, que precisasse ser extirpada.

"Por que você não vem?"

Nick entrou em meu quarto, terminando de se enxugar, apenas de calção e chinelos, esfregando a toalha nos cabelos e espirrando água para todos os lados. E eu? Fiquei parada, sentada na minha cama como estava, olhando para ele, perfeito, ali, parado de pé na minha frente, no meu quarto. Meu cérebro me traiu e comecei a ter pensamentos loucos...

"Nick, a mamãe vai te matar!"

Tirei os olhos dele. Eu nem tinha notado que o barulho da água cessara, tão absorta que estava em meus pensamentos.

Nick riu alto. "Vai nada! Vem, maninha, vamos dar um mergulho!"

"Não, eu já disse que não vou!"

"Você tá aí com a maior cara de jururu... brigou com o Ryan foi?"

"O Ryan não tem nada a ver com isso."

"Então, você vai descer agora, e vai me dar a graça de mergulhar com você..."

E ele disse isso me abraçando e me apertando entre seus braços, e já caminhando para a porta. Eu me debatia em vão, pois ele era muito mais forte que eu.

"Não, Nick, não!"

Ele sorria e continuava a me apertar, para que eu não conseguisse sair de seus braços. O corpo dele mexia com meus sentidos, e eu já não queria mais sair dali. Parei de lutar aos poucos, e comecei a perceber a pele macia, ao mesmo tempo que seus músculos fortes me seguravam. O cabelo ainda estava molhado, e algumas gotas de água escorriam pelo pescoço. Tinha cheiro de piscina.

"Desistiu foi?"

Ele parou de me apertar e afrouxou os braços para um abraço terno, afastando o rosto para me olhar. Ao mesmo tempo, levantei o rosto para vê-lo e ficamos a poucos centímetros de distância um do outro.

Engoli em seco. Os lábios dele, que estavam sorrindo, ficaram sérios de repente. Seus olhos perscrutavam meu rosto inteiro, e minha respiração acelerou.

Foi quando Nick começou a aproximar o rosto do meu.

Eu não podia permitir! Era meu irmão. Mas como eu queria! Queria sentir seu beijo, seu toque, seu abraço sem ser de uma forma tão "irmã". Queria que ele me visse como mulher e não como irmã. E agora...

"Nick!"

Ele parou. Eu também. Ficamos olhando um para o outro.

"Nick, você é meu irmão!"

Ele engoliu seco. "É, eu sei."

Mas não nos afastamos. Continuamos abraçados.

"Nick... você está me torturando..."

"É uma tortura para você estar abraçada a mim?"

Assenti com a cabeça. Não tinha voz para responder.

"Você não suporta mais meu abraço?"

"Não, Nick, não assim. Eu estou morrendo por dentro. Isso tá me matando."

Ele ficou em silêncio.

"Há quanto tempo?" perguntou por fim.

"Não sei. Há alguns meses."

Ele tocou meu rosto com a ponta dos dedos, descendo pela lateral até o meu queixo, levantando meu rosto para o dele, forçando-me a olhá-lo diretamente para seus olhos. A proximidade entre nós agora era quase mínima. Foi quando ele falou em voz quase inaudível.

"E você acha que essa tortura é somente para você?"

Foi quando ouvimos passos no corredor. Mamãe.

Nos separamos rapidamente, antes que ela abrisse a porta do quarto.

"Vão ficar aí? Vem, vamos almoçar."

"Eu... eu vou indo..." respondi, mas sem vontade de ir. Mamãe saiu e Nick a acompanhou, sem tirar os olhos de mim até fechar a porta.

Sozinha.

Foi como fiquei em meu quarto. E fiquei assim pelo resto do dia. Não queria ver ninguém. Muito menos Nick. Mal a porta se fechou e eu desabei em prantos. Como ele podia fazer isso comigo?

Apaixonada. Era o que estava acontecendo. Morbidamente, eu estava completamente apaixonada pelo meu irmão.


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