Rapidamente o tempo passou. Era o dia de meu aniversário, onde eu copletaria, definitivamente, dezessete anos. Amanheci com o sol em meu rosto, entrando pelas cortinas abertas. Abri os olhos e ele estava lá, sentado em minha cama, me observando.

"Bom dia".

"Bom dia", respondi sem muita convicção.

Nosso dias tinham sido assim. Estávamos afastados. Nos amávamos mas não podíamos ficar juntos. Bem, ao menos não por enquanto. Eu precisava dar um tempo.

Alguns dias atrás, ele definitivamente havia terminado a relação que tinha com Anne. "Quando eu olho para ela, eu vejo você" foi o que ele havia dito.

"Parabéns" ele cortou meus pensamentos. "Feliz aniversário."

Eu sorri. "Obrigada, irmãozinho."

Ele beijou rapidamente meus lábios e saiu do quarto.

À noite, muitos convidados vieram à minha casa para uma recepção organizada por minha mãe para mim.

"Feliz aniversário, Kelly."

"Obrigada, mamãe. Por mais que falem, a senhora nunca vai deixar de ser minha mãe."

"Te amo, filha."

"Eu também te amo, mamãe."

"E a mim?" meu pai estava se aproximando.

"O senhor sabe que também te amo papai."

"E agora, o meu presente de aniversário para Kelly." A voz de Nick encheu a sala, e todos fizeram silêncio para prestar atenção. Quando ele tirou do bolso aquela caixinha preta, os convidados vibraram na expectativa."

"Kelly, me daria a honra de ser minha esposa? Quer se casar comigo?"

Sua voz era tão doce ao pronunciar essas palavras! Ele abriu a caixa e mostrou o seu conteúdo para mim.

"Meu Deus!" Foi apenas o que consegui dizer diante de tamanha beleza. Certamente aquele anel custara uma fortuna. Eu me sentia realizada, me casaria com Nick! Há algum tempo atrás, nem poderia imaginar que isso aconteceria.

"Eu te amo demais."

A estas palavras, os convidados bateram palmas, e eu quase desmaiei. Nick colocou o anel em minha mão direita. Olhando dentro de meus olhos, disse:

"Nada mais vai nos impedir de ser feliz. Eu te amo."

Nick me beijou. Beijou como nunca antes. Com o corpo, com a alma e com o espírito. Os convidados bateram palmas e exultaram freneticamente. Meu pai abriu uma garrafa de champagne e eu percebi quando Anne deixou a casa.

No dia seguinte, quando cheguei na escola, ouvi o sarcástico som de sua voz.

"Aí vem a traidora!"

Virei-me e vi Anne com suas amigas.

"Por que traidora, Anne?" era minha amiga, Leslie.

"Ah, Leslie, você não sabe nada. Essa daí, logo soube era adotada, partiu pra cima do querido irmão, nem ligou para a dor da família, ao dizer que ela não era filha deles. Talvez fosse até conveniente. Garota mal agradecida essa, não?"

As meninas da torcida riam de mim. Tanto que nos ensaios costumavam implicar comigo, não faziam nada certo.

"Desse jeito, Anne, a Kelly não vai mais querer ser líder de torcida."

"É esse mesmo o meu objetivo. Breve, ela vai desistir, e eu vou ficar no lugar dela."

Eu estava chegando à quadra, nos ensaios, quando ouvi Leslie e Anne conversarem.

Mas eu não desisti de nada. Nem de líder de torcida nem do amor de Nick. Às vezes chorava muito por todas as garotas me desrespeitarem, mas eu tinha de aguentar. Anne estava com raiva porque Nick a deixou para ficar comigo. Ela não nos deixaria em paz. Ligava toda hora para falar com ele, para dizer que estava apaixonada e eu não o merecia.

Um inferno. Ela não nos deixaria em paz tão facilmente. Não mesmo.