Fazia três dias desde minha conversa com Gina. Três monótonos dias.
Eu estava saindo da sala de Transfiguração quando esbarrei em alguém, meus livros caíram. Abaixei-me para pegá-los logo antes que alguém chutasse ou fizesse algo.

A pessoa também se abaixou em silencio. Senti que estava me observando, levantei a cabeça.

Aquele nome causava um efeito sobrenatural em mim.

Terminei de pegar meus livros, levantei-me e caminhei para longe dele. Observei em volta, como o corredor ficou vazio tão rápido? Parei.

– Hermione. – ele cumprimentou apreensivo.

Suspirei. Virei-me para ele.
– Malfoy.

– Me chame de Draco, por favor. – pediu.

Olhei-o de canto.
– Não.

Ele suspirou.
– Ok. Precisa de ajuda? – apontou para meus livros.

– Não, obrigada. – respondi.

Seus lábios formaram uma linha fina e ele assentiu com a cabeça. Comecei a andar. Uns dez passos à frente eu me virei.

Malfoy tinha colocado a mochila em um ombro e estava caminhando daquele jeito casual com as mãos nos bolsos da calça, eu o observei ate chegar à virada do corredor, para minha surpresa ele parou.

Senti o ar faltar, virei-me e comecei a correr. Ele ia ver que eu o estava observando.

Corri para os jardins, passando por vários alunos que me observavam com curiosidade, não me importei. Sentei-me embaixo de uma arvore, era meu lugar preferido que dava de frente para o lago. Joguei meus livros no chão e finalmente respirei.

Seria assim daqui pra frente? Sem ofensas? Eu estava literalmente ferrada. Eu não queria magoá-lo, mas aparentemente já magoava. E pensar que alguns dias atrás eu queria magoa-lo mais que tudo.

Coloquei os fones e deitei-me na grama olhando para o céu. O céu estava me deixando deprimida.

No sir, well, I don't wanna be the blame not anymore

It's your turn so take a seat we're settling the final score

Why do we like to hurt so much?

I can't decide

You have made it harder just to go on

Why? All the possibilities... Well, I was wrong

(Não, senhor, bem, eu não quero ser a culpada, nunca mais

É a sua vez então sente-se, nós vamos acertar as contas

Por que nós gostamos tanto de nos machucar?

Eu não consigo decidir

Você tornou mais difícil para prosseguir

Por quê? Todas as possibilidades... Bem, eu estava errada)

Mas… como assim? Essa musica?

That's what you get when you let your heart win – whoa (2x)

I drowned out all my sense away with the sound of its beating.

And that's what you get when you let your heart win – whoa

(É isso que você ganha quando deixa seu coração ganhar - Woah!

Eu afoguei toda a minha razão com o som da batida

É isso que você ganha quando deixa seu coração ganhar - Woah!)

Pain make your way to me - to me

And I'll always be just so inviting.

If I ever start to think straight

This heart will start a riot in me...

(A dor guia seu caminho até mim... até mim

E eu sempre serei muito convidativa

Se algum dia eu começar a pensar direito

Esse coração vai começar um tumulto em mim)

Why do we like to hurt so much?

Why do we like to hurt so much?

That's what you get when you let your heart win-whoa

(Por que nós gostamos tanto de nos machucar?

Por que nós gostamos tanto de nos machucar?

É isso que você ganha quando deixa seu coração ganhar.)

A musica parou. Era a ultima da playlist.
Levantei-me da grama juntando meus livros.
Eu precisava conversar com Gina.

Procurei-a pelos jardins, ela também estava lá, e estava vindo na minha direção.

– Gina você faz telepatia?

Suas sombrancelhas se juntaram.
– Não, por que?

– Por que eu estava indo te procurar.

Ela riu e se sentou ao meu lado.
– O que foi?

Contei a ela tudo sobre Ridley.

– Essa mulher nunca vai existir na arvore genealógica dos Black Hermione, ela é uma nascida trouxa, a Sra. Black apagou até Sirius por ele amar uma.

– Sim, eu imaginei.

– Isso é estranho, por que ela diz que vão acontecer coisas ruins se você ficar aqui?

– Não sei. Realmente soa trapaça.

Ela me olhou com desconfiança. Corei.
– Você esta escondendo algo.

– Não Gina, que isso. – menti.

– Hermione, não insulte minha inteligência.

– Já sei, é o Malfoy. – ela sorriu.

Arregalei os olhos.
– Como você sabe que eu ia falar dele?

– Seus olhos ficam esquisitos. Como se fosse proibido e doloroso falar dele.

Corei violentamente dessa vez.
– Er... Não sei se devo acreditar mas ele disse hmm.. eledissequegostademim.

Que tal se isso virar uma Hashtag? #MalfoyDisseQueGostaDeMimEAgoraNaoSeiOQueFazer.

Não me importa se ela escutou ou não, eu não repetiria aquilo nunca mais, era tão patético pensar no Malfoy daquela maneira que eu nem me reconhecia.

– Merlin! Isso é tão... Onwt amor entre inimigos..

– Gina, você não presta hein?

– Mas Mione, ele só disse isso?

– Não, ele também falou algumas coisas pra me comover, eu fiquei sem fala e ele aproveitou a deixa.

Ela exclamou.
– Que cena digna de um filme!

Olhei-a de canto bufando.
– Gina, desculpe, não me comovi. Não gosto dele. Não quero vê-lo. Não quero ficar com ele mais. E isso vai ser ate fácil depois que Ridley foi embora.

– Mas você devia dar uma chance a ele. Ele não vem te insultando mais e uma serie de coisas deixou de fazer.

– Você não esta ajudando.

– Ok. Se isso é atrapalhar... Atrapalhar é mais legal.

– Eu não preciso de ninguém, eu não quero. Entende?

– Não. Eu não entendo. Ninguém é feliz sozinho Hermione, e eu já disse isso.

– Gina, sofrer por um cara é a ultima coisa que eu quero.

– Amar não é só sofrer.

Olhei diretamente para ela.
– Ate hoje praticamente todas as pessoas que eu amei foram embora ou me fizeram perder o rumo e eu acabei ficando sozinha. Eu não vou me dedicar a ninguém para depois me decepcionar, eu não sou de chorar por ninguém que não mereça minhas lagrimas. Dói Gina, você não sabe o quanto dói ser deixada, esquecida.

Gina me olhou, não era pena. Ela não tinha pena de mim e eu agradecia isso, não existe nada pior do que uma pessoa que sente pena de você.
– Quero que você jogue esse discurso no lixo. Passou, você vai superar por que você é forte. E eu não estou sendo dura demais. Quero que você se levante dai, pense e vá imediatamente falar com o Malfoy. Você não vai passar sua vida toda solitária reclamando que o amor destruiu a sua vida, ou vai? – arqueou as sombrancelhas.

Baixei a cabeça
– Tenho medo de não ser boa o bastante. – as palavras voaram daminha boca.

– A gente não consegue ser bom o tempo inteiro. A gente não consegue deixar de lado as mágoas e seguir em frente. Tem coisa que alfineta, cutuca, aperta. E é preciso gritar, tirar, sair desse círculo vicioso e ruim.

Gina as vezes tinha o dom da palavra. Abracei-a.
– Obrigada Gina.

– Ok. Agora me largue e vá fazer o que eu sei que você vai fazer.

Sorri. Ela me conhecia tão bem, agradeço a Deus por me dar uma irmã quando eu perdi todos.
Então eu corri.