Eu estava tão desesperada, que só dei meu nome na recepção do hospital, e fui correndo para ver se meu pai tinha notícias de minha mãe.

Já passava das duas da madrugada, e não tinham nenhuma notícia ainda. O doutor Brant Houser teve que fazer uma cirurgia na perna de minha mãe. Pois com a queda da escada ela teve fratura esposta.

—Essa cirurgia está demorando muito. - diz meu pai.

—Você já pode ir para casa. Eu fico aqui com meu pai. -digo para Vick.

—Não. Está tudo bem. Sério mesmo. Nós vamos ficar aqui com você. -diz Vick.

—É, não tem importância. Amigos são para essas coisas. -diz David se intrometendo na conversa.

Não tinha percebido que ele estava aqui ainda, pois estava um pouco mais afastado.

—O que você ainda está fazendo aqui? Pensei que já tinha ido embora.

—Eu quero ficar aqui parta te dar uma força.

—Eu não preciso da sua força! Eu preciso que você vá embora! - falei grossa.

—Emily, não fale assim com ele! Ele está sendo gentil conosco. -diz meu pai - Muito obrigado por ficarem aqui. Mas vocês já podem ir para casa. E se não for pedir muito gostaria que levassem Emily com vocês.

—O quê? Não pai eu quero ficar aqui com você!

—Você não precisa filha! Se acontecer alguma coisa eu te ligo. Não se preocupe.

—Pai...

—Vá, meu bem. Vou ficar aqui com ela.

—Tudo bem. - suspirei derrotada - Me ligue a qualquer hora, pai.

—Tudo bem. Tome cuidado.

Nós trés nos retiramos do hospital, e assim que entramos no carro de David eu desabei. E no desespero abraçei David e acabo dormindo em seu colo.

Quando chegamos na minha casa já passava das seis da manhã. Eu continuava a dormir no colo de David, eu acho. Mas eu tenho quase certeza que ele tinha me colocada na cama. Eu não estava completamente dormindo, uma parte de mim estava acordada. E foi essa parte que escutou a conversa de David e Vick.

—Acho que vou ficar aqui com ela David. - diz Vick.

—Você deve estar cansada. Vá para casa, eu fico aqui com ela. Descanse um pouco qualquer coisa eu te ligo.

—Mas você também deve estar muito cansado, não está?

—Não, eu estou bem. Estou acostumado a ficar acordado até tarde.

—Mas...

—Vá, eu fico aqui.

—Tá. Qualquer coisa me ligue.

Senti que alguém tinha se deitado ao meu lado na cama. Senti um braço envolvendo minha cintura. Ele me beija de leve e não percebe que eu estou acordada.

—O que você está fazendo?

—Me deitando com você?

—Por quê?

—Humm... me pediram para ficar aqui e cuidar de você.

—E por que me beijou novamente?

—Ah, você não se lembra, não é?

—Lembro do que?

—Do que eu acabei de fazer.

— E o que você acabou de fazer?

David me beija novamente.

—David, dá pra você parar de fazer isso?

—Isso o que? Eu não estou fazendo nada.

Ele me beija de novo agora com mais força. E ele não segura nem um pouco sua língua. David coloca seu corpo sobre o meu para impedir que eu fuja.Sinto que é mais forte que a maioria dos garotos dasua idade. Seu beijo estava diferente desde a ultima vez que nos beijamos. Não tem mais o gosto da bala de hortelã, mas tem um gosto doce. Eu não sei com o que se parecia o gosto de seu beijo mas era muito bom. Era quente, desesperado, parecia que ele queria ter feito antes.

—David, pare com isso.

—Por quê? Vai falar que você não gostou do beijo de mais cedo?

—Não é isso. E que não dá. Eu não posso fazer isso com minha melhor amiga.

—Ela não vai ficar sabendo.

—Mas é claro que vai! Eu não sei mentir. Depois daquele beijo de manhã eu não consegui olhar nos olhos dela.

—Ah, por favor.

—Por favor nada, David. Eu não posso fazer isso. Eu... eu tenho um namorado.

—Tem mesmo? Se tivesse eu já estaria sabendo. Sabe, sua amiga tem a lingua um pouco grande de mais. Foi ela mesma que me disse que você não tem nenhum amigo além dela.

—Isso não te interessa. Aposto que você ficou aqui a noite toda sem fazer nada comigo?

—Não, eu não fiz nada com você enquanto dormia. Eu nao seria tão baixo de fazer isso com voce dormindo. Mas eu quero fazer agora, já que você esta acordada. Fiquei te desejando o dia inteiro.

—Que coisa não? Você não tem nenhum pingo de alto controle.

—Não quando estou com você!

Ele era muito pesado. Todo seu corpo tão perto do meu estava me deixando nervosa e muito quente.

—Você poderia sair de cima de mim, por favor.

—Eu não posso te deixar, amor.

—Como assim? Você tem que me deixar sair, David.

—Eu não vou. Eu tenho que ficar ao seu lado, Amor. Era isso que eles estavam tentando me dizer. - eu não sei do que ele estava falando. Parecia que ele estava falando consigo mesmo mais em voz alta.

—"Eles" quem, David? Do que você esta falando?

—Você já sonhou comigo, antes de me conhecer?

—O que? Como voce sabe disso? Eu não contei pra ninguém.

De repente ele começa com uma risada frenética. Era como se ele estivesse curtindo uma piadinha interna, do tipo: " Toc, toc? Quem bate? Chuif. Alguém chora mas não sou eu." Hahaha coisas desse tipo. Ridiculo eu sei.

—Você caiu! - falou depois que parou com sua risada frenética.

—Como?

—Você caiu igual um patinho. Você esta apaixonada por mim!

—_Eu... é... você e um idiota sabia? Saia de cima de mim agora! Você esta me sufocando!

David continua deitado em cima de mim. Por mais que eu peça ou implore David não sai de cima de mim.

—David, por favor!Você esta me machucando!

Ele enfia seu rosto no meu pescoço , e começa me beijar, me morder, deu um chupão tão forte que eu soltei um grito.

—David! Pare por favor!

—Não! Eu não vou parar até você falar que gostou do meu beijo.

—Eu... Gostei... do...seu... beijo!

—Não me convenceu.

Ele tirou sua camisa. Na mesma hora eu coloquei minhas mãos em suas costas. Mas o toque não o agradou muito, porque ele ficou muito tenso e pálido.

—Tire suas malditas mãos daí! - disse ele não se afastando completamente da minha boca.

—O que?

—Eu já mandei você tirar suas mãos daí! Estou mandando!

—E quem você acha que é para mandar em mim?

—Sou a pessoa que pode transformar sua vida em um inferno! Então tire suas malditas mãos daí!

—Eu não vou tira-las enquanto você não sair de cima de mim!

David saiu de cima de mim, mas seu rosto estava muito pálido. Parecia que ele estava fazendo esforço só para ficar de pé.

O meu celular começa a tocar e tomei um susto e saí correndo para atende-lo.

—Alô? Pai? Aconteceu alguma coisa?

—Sua mãe acabou de sair da cirurgia. Demorou muito porque tiveram que fazer duas cirurgias. Quando caiu, ela teve uma hemorragia. Mas já está tudo bem. Ela vai ficar em observação por alguns dias.

—Ainda bem que ela está bem! Eu já estou indo para ai.

—Você não está cansada, filha?

—Não pai. Eu dormi um pouco aqui em casa.

—Então está tudo bem. Tenha cuidado filha! Te amo!

—Também te amo pai!

Encerrei a ligação e perguntei sem me virar para David:

— Você pode me levar de volta ao hospital? - pergunto para ele. Mas ele já não estava mais em meu quarto. Ele tinha ido embora.

Não minto que fiquei decepcionada. Eu acreditei em suas palavras e na hora em que mais precisava dele, ele havia me deixado para trás. E nem tinha se dado ao trabalho de se despedir. Ainda acho que tem alguma coisa errada com ele e eu vou descobrir o que é.